sábado, 10 de março de 2012

MEUS TEXTOS NO BOM DIA BAURU (165, 166 E 167)

O NORDESTE REVERTEU SUA POSIÇÃO – publicado BOM DIA BAURU edição de 25.02.2012 Vizinho ao lado de minha casa mora Luciano, nordestino do interior de Pernambuco. Veio para cá nas famosas levas que sempre deixaram a região em busca do algo novo no denominado Sul Maravilha. Fez a vida por aqui e tem uma filosofia muito especial para designar a permanência de todos seus conterrâneos espalhados Sudeste afora: “Ninguém veio para interferir na vida de ninguém. Viemos para trabalhar, somos bons nisso e estamos dando nossa laboriosa parcela de contribuição para a pujança paulista”. Concordo. Esse meu melhor vizinho. Numa conversa de calçada, revela algo digno de nota. “Perceba que já não descemos mais com a freqüência de antes. O Nordeste hoje é outra coisa, nunca foi tão altaneiro e com um progresso tal que, muitos daqui é que estão dando de se estabelecer por lá. Dinamismo único na história e já somos a maior reserva de mercado do país”. Concordei novamente, pois é a mais pura verdade. Um maravilhoso sinal de novos tempos, mesmo que a exclusão continue sendo uma realidade local. O atual ciclo de crescimento precisa criar meios de se sustentar, reduzindo as desigualdades regionais. Crescer optando pela inclusão. De uma coisa todos devem ter certeza, o Nordeste não é problema, o Nordeste é solução. Em muitos dos seus estados a estrutura que opera na região e o sistema fundiário que perpetuou as desigualdades sociais estão em plena transformação. Permanecem resquícios feudais, como no Maranhão, mas a maioria avançou a olhos vistos. São Paulo representa hoje o estado mais reacionário da federação, pois nele ainda permanecem intactos vários sinais da idade média, precisa olhar com outros olhos para o Nordeste, pois lá é a região do país que na última década mais evoluiu. Um estacou, o outro anda. Até pouco menos de uma década ainda tínhamos a impressão de que tudo por lá era dominado por oligarquias retrógradas, terra do “coronelismo, enxada e voto”, mas o panorama se inverteu. Para começar o voto de cabresto nos dias de hoje é especialidade paulista. Luciano já sacou tudo isso.

O “NEGÓCIO” DA INSPEÇÃO VEICULAR – publicado BOM DIA BAURU edição de 03.03.2012 Você já fez Inspeção Veicular no seu carro? Com certeza, sim. Lembro aqui como tudo foi criado. No Brasil a obrigatoriedade foi imposta em 2009, pelo CONAMA – Conselho Nacional de Meio Ambiente. A justificativa era das mais edificantes. Viria para apontar o índice de emissão de gases poluentes na frota de veículos nas cidades brasileiras. Na prática, a idéia básica era com o uso da compilação desses dados criarem um programa de controle da poluição. Na prática, não foi bem isso o que aconteceu. Logo depois de colocada em execução o que se viu foi a facilitação, abertura de mais uma brecha, via contratos terceirizados, em alimentar esquemas milionários de arrecadação e, porque não dizer, de corrupção, deslavada e consentida. A idéia inicial também previa que tudo deveria acontecer em estados cujas capitais possuíssem frotas superiores a três milhões de veículos. Ou seja, somente São Paulo e Rio de Janeiro. O negócio virou um “grande negócio” e tudo foi alastrado para estados onde os carros ainda não atravancam o movimento das ruas. Por onde se sabe, no espremer desse limão, seu sumo é mais do que amargo. Em São Paulo, Kassab, o prefeito, por causa disso teve até os seus bens bloqueados momentaneamente. José Serra, o então governador paulista, implantou a inspeção no estado e exportou um tal de Faustino Neto, que fez misérias no Rio Grande do Norte (ínfima frota), com um esquema fraudulento, coisa de quadrilheiros, pagando constantes e gordas propinas para manter os contratos das empresas em funcionamento. Eu quando me deparo com isso me recordo de tanta coisa. Lembram-se daquele penduricalho médico que éramos obrigados a carregar no porta-luvas do carro? Quando todos compraram o seu, percebeu-se ser uma furada. Essa inspeção mostra-se local propício para arrecadações fáceis, ilícitas e onde poucos ganham muito nas custas de todos os donos de veículos. Querem saber mais? É simples. Descubram quem são verdadeiros donos desse grande negócio e me digam se não tem gato nessa tuba.

O MAL (U) FUNCIONÁRIO PÚBLICO – publicado BOM DIA BAURU edição de 10.03.2012
Não generalizo em nada que escrevo, mas todos sabem, os bons acabam pagando pelos maus. Mais que Lei de Murphy, uma Lei da Vida, a da Selva. Essa introdução é para descrever os procedimentos de funcionário público dos mais sacanas. Desses a denegrir qualquer categoria profissional, especialista nas artimanhas para ludibriar seu horário de trabalho. Exemplo às avessas de tudo o que de ruim existe num segmento profissional. Um salafra. Inventou no seu local de trabalho um banco de horas, do qual faz uso ao seu bel prazer. De posse desse instrumento, necessitando se ausentar, a alegação é a de desconto de horas já trabalhadas. O espertalhão tem outro emprego e o prioriza, deixando sempre em segundo plano o público. Todo começo de ano é a mesma coisa, primeiro ele verifica como será o horário no outro, depois vai dar um jeito de fazer todas as adequações necessárias para continuar desfrutando das duas fontes de renda. Sendo somente isso, até compreensível, mas o acinte é que sem escrúpulo nenhum, tem início suas ausências injustificadas, descontos de horas, saídas no meio do expediente, tudo como se fosse a coisa mais normal desse mundo. Sua ação não se encerra aí. Ainda faz corpo mole, que na linguagem dos que dela se utilizam é o “matar o tempo”. Sabe tudo do seu trabalho, poderia produzir muito e fazer valer o que lhe pagam mensalmente, mas descaradamente comparece ao local de trabalho só para enrolar. Pressionado, a alegação é a de sofrer perseguição, um injustiçado e incompreendido. Finalizando a sacanagem, quando a viola está quase em caco, saca sua última arma. É amigo de um influente político e a mãozinha não lhe é negada nesse momento de dificuldade. Esse personagem existe de verdade. É de carne e osso. Atua livremente e não é um ser isolado. São muitos e todos com a mesma momentânea preocupação, a de uma inovação que, dizem, o serviço público instalará em breve nas repartições todas, o ponto eletrônico. De uma coisa tenham certeza, já arquitetam um jeito de burlar a inovação.

FECHANDO A TAMPA DO CAIXÃO – Meu último e definitivo comentário sobre os Rodeios, uso de animais, shows de gosto mais do que duvidosos, pagamentos de cachês para sertanejos universitários e nada para uma Escola de Samba da cidade, tenho a dizer somente uma coisa: Ontem, sexta, 09/03, no SESC, 20h, entrada gratuita, um show com algo do que de melhor existe no quesito musical no Brasil (quiçá no planeta), ZIMBO TRIO. Lá estive junto do amigo Aldo Wellicham e da nata musical da cidade (cito alguns, Nino, Ralinho, Denise Amaral, George Vidal, Neto Amaral, Vilela, dentre outros). Ouço ao final algo do maestro George Vidal: “Se jogarem uma bomba hoje aqui matariam quase 80% dos músicos de Bauru”. Ralinho, o baterista, não saiu defronte a bateria enquanto não viu sua última peça ser desmontada, numa espécie de reverência. Gravei só um curto trechinho da batida e do balanço do trio e aqui publico para deleite de quem gosta de música, na acepção da palavra. Os sons de conversa ao fundo são do Nino, o monstro da bateria, que não conseguia se segurar nas calças com o que via. Sintam o clima a seguir e se existe a tal da "busca pela batida perfeita" (dito de Marcelo D2), ei-la:

3 comentários:

  1. Procura-se maquinista
    José Roberto de Toledo - Estadão - 04/07/2011

    São Paulo está ficando para trás. A desaceleração da velha locomotiva é suave, mas persistente. Enquanto o interior do Brasil e outras metrópoles pisam no acelerador, a capital paulista anda com o freio de mão puxado. Nem por isso seus governantes deixam de dar nota máxima a si mesmos, como se não tivessem mais nada a fazer. Talvez não tenham mesmo.

    Entre 2000 e 2010, a renda dos paulistanos cresceu apenas 4% acima da inflação, uma fração do que cresceu o rendimento dos brasileiros e o pior desempenho entre todas as capitais. Nas outras 26, a renda teve um crescimento real de 37%, na média.

    Quais problemas atrasaram o desenvolvimento da cidade na década passada? Uma série deles. Desde a mudança do perfil do emprego até o baixo desempenho de seu sistema de ensino, passando pela perda de competitividade ocasionada, entre outras coisas, pela piora do trânsito e aumento do custo de vida.Menos qualidade no dia a dia associada à possibilidade de trabalhar à distância expulsaram muitos paulistanos dos extratos mais altos de renda para o exterior, cidades do entorno ou para outras capitais. Foi o caso de Florianópolis, destino de muitos ex-moradores de São Paulo que queriam viver melhor. Não por acaso, a catarinense tornou-se a 1.ª no ranking de renda das capitais e a 2.ª entre todas as cidades brasileiras.Enquanto Florianópolis subia, São Paulo caía: do 4.º para o 7.º lugar no ranking de renda das capitais, e para o 15.º, entre todas as cidades do País. Vitória, Brasília, Porto Alegre, Rio de Janeiro e Curitiba já têm renda por habitante maior do que a paulistana. E, no ritmo atual, logo Belo Horizonte também ultrapassará São Paulo. Está no Censo 2010.

    Não foi só na renda que a posição relativa da capital paulista piorou em comparação a outras capitais. A taxa de analfabetismo das pessoas de 10 a 14 anos que moram em São Paulo oscilou de 1,9% para 2% na década passada. Parece baixa, mas não é. A taxa das crianças curitibanas era maior do que a das paulistanas dez anos atrás, agora é metade. São Paulo caiu do 9.º para o 10.º lugar no ranking de alfabetização de crianças em idade escolar. A cidade não mais importa analfabetos, os produz aqui.

    continua...

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  2. continuação...

    Crianças que não são alfabetizadas no momento certo engrossam as estatísticas do atraso escolar e acabam abandonando seus estudos precocemente, sem saber o básico para arrumar um bom emprego. Vão ganhar mal e alimentar a espiral do baixo crescimento da renda.Nos últimos dez anos, a oferta de emprego - motor que fez São Paulo crescer e atrair imigrantes do mundo inteiro em outras eras - mudou de marcha. A indústria e a administração pública, que pagam melhores salários, viram sua fatia diminuir pouco a pouco no bolo do mercado de trabalho paulistano, enquanto cresceram as do comércio e, principalmente, dos serviços. Proporcionalmente menos metalúrgicos e professores, mais office-boys e balconistas.

    Como pizza ainda não é material de exportação, a balança comercial da cidade também sofreu. De um superávit de quase US$ 1 bilhão, em 2003, para o maior déficit do século em 2010: menos US$ 7,9 bilhões.

    Se São Paulo fosse uma empresa com ações na Bolsa, sua cotação estaria em baixa. Não uma queda abrupta, daquelas que provocam manchetes, mas um suave e confortável plano inclinado que leva do protagonismo à mediocridade. Ainda não chegou lá, mas está a caminho.Esse câmbio de locomotiva a vagão mais lento do comboio já foi detectado por pesquisadores, como André Urani (Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade - Iets). Mas talvez o bairrismo e a falta de drama tenham evitado que o assunto ganhasse o destaque necessário - para sorte dos políticos que, em tese, deveriam liderar o processo oposto.

    Nenhum partido que passou pela Prefeitura de São Paulo nos últimos 15 ou 20 anos tem a ganhar politicamente com a desaceleração paulistana. Nenhum nível de governo (municipal, estadual e federal) é inocente. Da falta de planejamento (de estratégia, de prioridades corretas) à taxa de câmbio supervalorizada, passando pela guerra fiscal, todos deram sua contribuição para inclinar o plano no sentido errado.

    A eleição de 2012 é mais uma oportunidade para encarar o problema e enfrentá-lo. Mas os representantes dos paulistanos parecem mais ocupados com o rame-rame de seus joguetes pelo poder. O trem passa e eles olham da estação. Falta um maquinista.

    reproduzido por PASQUAL - RIO RJ (E viva o Nordeste!)

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  3. Em 2006 assistí no ilha porchat club em são vicente chick corea herbie hancock gonzalo rubalcaba pianista cubano & ron carter foi demais. o show do zimbo trio no sesc de bauru tbem foi demais !!!

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