quinta-feira, 19 de abril de 2012

BAURU POR AÍ (66)

DIA HISTÓRICO - PETRÓLEO, FERROVIA E NA MÚSICA BAURUENSE
Cito aqui dois casos, um da Argentina e um nosso, bauruense.

No da Argentina, caso já citado aqui no blog em texto de anteontem, com o Governo assumindo 51% das ações de empresa exploradora de petróleo naquele país, no caso a espanhola Repsol. Diante de seguidas irregularidades, dessas que fazem um Governo até se ajoelhar diante dos interesses predatórios do capital, a decisão da presidenta Cristina Kirchner em resgatar para o país o que de fato sempre foi seu, o petróleo saído do seu território. Agourentos a fazer a defesa do capital em detrimento dos interesses do próprio país onde nasceu e mora existem tanto lá como cá, enfim, verdugos custeados pelo “deus dinheiro” estão espalhados mundo afora. Escrevem e dizem besteiras mil, tudo seguindo os ditames do que lhes prescreve as leis neoliberais. Reproduzo aqui duas manchetes de jornais em lugares distantes e campos opostos a exemplificar o que digo, do acertado da decisão da Casa Rosada. No Jornal da Cidade, Bauru, edição de hoje, lá está: “YPF: Expropriação tem apoio da Oposição – Membros de partidos tradicionais da oposição se somaram ao projeto, somando 59 votos dos 72 possíveis”. No argentino Pagina 12 de hoje: “El oficialismo consiguió el apoyo de dos opositores para la firma del dictamen que habilita que el Senado vote la semana que viene la expropiación del 51 por ciento de YPF”.

Vamos ao caso bauruense, onde, infelizmente, o DIA HISTÓRICO não é positivo, e sim, negativo. A ALL- América Latina Logística, concessionária da malha ferroviária (cessão do Governo Federal) está praticamente encerrando suas atividades administrativas e fechando sua linha de reparos férreos, tornando Bauru um mero polo de passagem de trens, nada mais. Tudo o mais será transferido para Mairinque. Devolve tudo e lacra as portas, transfere ou demite funcionários e dá um adeus bem dado para a cidade que até então a acolheu. Essa a prática de todas essas concessionárias onde o dinheiro, o lucro fácil está acima de tudo. O Dia Histórico de hoje é um DIA DE LUTO, pela segunda (acho até que seriam muitas outras) PUNHALADA nas ferrovias na cidade, primeiro quando da privatização e agora, com o encerramento de atividades ferroviárias na cidade.

Critica-se a decisão Argentina, mas ela é soberana, altiva e de resgate dos interesses de uma nação. Algo louvável e a demonstrar coragem. Aqui pelo Brasil, falta isso. Não seria o momento de uma retomada na questão férrea? Não seria o caso de uma revisão do que foi feito e o que queremos para o projeto modal férreo no país? Não seria o caso de exigir na Justiça tudo o que esse pessoal dessas concessionárias assinaram que fariam com as nossas ferrovias e nunca o fizeram? Essa, vejo, a única possibilidade de reverter esse Dia de Luto em Dia Histórico, talvez Dia de Resgate. Mas isso é um mero sonho e sonhos, bem, não passam de sonhos.

UM RESGATE HISTÓRICO PARA ENCERRAR O DIA: Quem gosta de música na cidade, já deve ter ouvido falar de um menino roqueiro, que tocava uma guitarra como ninguém outro e acompanhado de uma voz a se destacar por onde passou. Tocou e encantou pelos quatro cantos bauruenses, foi sucesso, mas se perdeu nos descaminhos da vida. Seguiu caminhos evangélicos, tocou sozinho seus acodes religiosos na nossa mais famosa praça e sumiu do mapa. Na última terça, quando Turco tocava lá no Saudosa Maloca, deu uma canja para CID, esse do texto introdutório e ele pode demonstrar do que ainda é possível. Foram momentos de puro resgate, um Dia Histórico na vida de quem sabe e já vivenciou voltas e voltas, idas e vindas, “devorteios”, como diriam alguns. Lá reencontrou NETO, um dos tecladistas a encantar Bauru e reviveram juntos passagens de décadas a trás. CID está mais velho, sinal dos tempos, mas mostra que se lhe derem novas chances pode voltar a retomar a trilha perdida. Esse trem está tinindo para voltar a circular nos trilhos musicais, diferente do outro, o da ALL, que está prestes a deixar os trilhos férreos. Vejam e ouçam CID:

4 comentários:

  1. Henrique

    Triste a sina de nossa ferrovia, do maior entroncamento ferroviário da América Latina, por onde já circularam trens da Noroeste, Paulista e Sorocabana e hoje viam circular esses arremedos da ALL, uma empresa, como todas as depois da privatização, que vieram só para rapinar o que restou. Como reverter isso, meu caro henrique? Na Europa o trem é tudo e aqui não é nada. Qual a culpa que possuem essas empresas de onibus, como essa que manda em Bauru?

    Queria finalizar dizendo que conheci esse moço que voce escreve no final. Não me lembro do seu nome. Achava que era outro. Sempre foi uma talento, uma pessoa dessas que prometia muito, mas deu em nada. Ele tocava muito. Saber que está tentando voltar é grandioso, uma notícia para alegrar quem gosta de música. Torço por ele. Sua imagem na gravação está muito escura, mas deu para ouvir bem e gostei de rever o moço.

    André Ramos

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  2. CARO ANDRÉ

    O caso das ferrovias é cada vez uma chaga, aberta, exposta e nunca cicatrizada. Só e tão somente isso.

    Quanto ao CID, confesso, ter pouca recordação dele no passado, mas ter gostado muito do que vi hoje. Sabe tocar, o faz bem, tem estilo e após uma superação, voltou a tentar trilhar um caminho.

    Tendo mais novidades dele divulgo aqui.

    Henrique - direto do mafuá

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  3. Henrique, a ALL opera com o modelo de corredor de exportação. Os seus trens transportam produtos primários (minério, celulose,cimento e grãos). São os trens chamados de origem destino. Dentro desta modelagem, que consideramos atrasada, a empresa por questões de custo com o sistema de operação, vem desenvolvendo a manutenção de locomotivas e vagões em Mairinque. Em Bauru, nas oficinas centrais já não eram feitas manutenções de larga escala. Aqui permaneceram postos de manutenção/de socorro. Este desenho já vinha sendo elaborado desde 1996, quando a empresa foi privatizada. Esta mesma modelagem vem sendo implantada em todo o país, em virtude de as ferrovias não transportarem cargas gerais, desprezando as atividades meio, e tão pouco efetuando o transportes de passageiros. A maioria dos empregados, por negociação feita pelo sindicato, ficou em Bauru, na área de manutenção de máquinas de via permanente, outros foram para o setor de operação e estação. Ocorreram 18 demissões de empregados que se sentiram atraídos com a transferência para Mairinque. Dentre estes haviam 6 que já estavam aposentados. Apresentamos esta situação ao prefeito Rodrigo, tendo em vista, que a cidade poderá receber alguns imóveis que estão em bom estado, para que possa instalar departamentos da prefeitura. Um prédio já conseguimos junto a Secretaria de Patrimônio da União em 2009, para que fosse instalada a SEMMA. Fica agregado à SEBES na Daniel Pacífico. A preocupação do prefeito Rodrigo Agostinho é justa, pois assim como em outras cidades, os ativos não operacionais, principalmente imóveis que são devolvidos à União, acabam por ser constituírem em problemas para os municípios. Como o Sindicato dos Ferroviários de Bauru e MS-CUT tem debatido e explicado há anos, este modelo precisa ser alterado. O Brasil necessita de um Novo Plano Nacional de Viação, que contemple como matriz o modal ferroviário, que estimule a intermodalidade de transportes e o transporte de cargas gerais, de passageiros de médio e longos percursos,o que o atual Plano Nacional Ferroviário elaborado pleno governo federal não dá da conta, pois está vinculado diretamente ao Plano de Aceleração do crescimento,que não passa de uma Plataforma Agromineral, e que está comprometido em virtude da crise européia e da China.(Roque).

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  4. Henrique

    A ferrovia foi extinta desde sua privatização e vai vivendo meio que no soro, oxigenada pela força de trabalhadores que não esmorecem nunca. Roque sabe muito bem que a pal de cal foi jogada antes da privatização, quando o lobby rodoviário foi incrementado e implantado no país. Bauru teve participação decisiva nisso e de dentro do Congresso Nacional. A sobrevivência depois disso foi a cada dia sendo feita por aparelhos. Falta só desligar e apertar o botão. Mas se houvesse disposição política, com um projeto novo, inevitável diria, tudo poderia tomar outro rumo. Será que querem isso? Será que irão deixar isso acontecer? Nem avião queria, deixar ter mais em Bauru, quanto mais trem.

    Viva o que a presidente da Argentina fez. A coragem de lá falta aqui.

    Daniel Carbone

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