A PRESSA E UMA MULTA NO MEIO DO CAMINHO - Crônica publicada na Revista do Caminhoneiro, edição nº 289, março 2012, circulação nacional com tiragem de 100 mil exemplares:
Meu nome é Manoel, sou caminhoneiro urbano aqui na grande Vitória, capital do Espírito Santo. Faço entregas e carretos com um bruto de carroceria fechada, dessas de alumínio e minhas viagens são todas na região metropolitana. Sou desses a pernoitar em casa todo santo dia, junto da esposa e dos filhos. Somos muito felizes e como bom contador de história, tenho uma a envolver a Neli, minha alma gêmea, que conheci ainda molecão e comigo vive numa felicidade de dar gosto.
Relembro para enaltecer o papel da mulher junto ao homem. O faço em tom jocoso, de brincadeira, mas no fundo, ressalto não viver sem a companhia dessa bruta (no bom sentido) mulher, espécie de bússola a me orientar.
Sem delongas, conto aqui minha história. Num dia cheio de atribulações, precisei deixar a esposa lá belas bandas do centro da cidade, onde iria pagar nossas contas e resolver outros probleminhas do nosso dia-a-dia. Estava cheio de muitos compromissos, entregas variadas e sem tempo nenhum. No meio disso tudo ela liga pedindo para ir buscá-la. Foram três ligações e antes da quarta já estava voando ao seu encontro. Não deu outra, fui multado por ultrapassar um radar em alta velocidade. Não discutimos por causa da imprudência e quando a multa chegou lá em casa, não tendo como me justificar, tasquei lá algo com o seguinte teor, só para brincar um pouco em cima da situação:
“DEFESA PRÉVIA
Sim, assumo minha culpa. Passei no radar a 63 km, como aferido, sendo o permitido 50 km. Pena grave e tenho minha justificativa pela assumida pressa. Minha esposa encontrava-se do outro lado da cidade, onde a havia deixado horas atrás. Ligou a primeira vez para ir buscá-la há mais de uma hora e não fui. Ligou uma segunda vez e cheio de serviço, também não atendi. Na terceira seu tom de voz estava já um tanto alterado e não tinha mais como me justificar. Quando vi o celular tocando pela quarta vez, voei em sua direção. Previa que o reencontro poderia não ser dos mais agradáveis e acabei correndo mais do que devia. Tinha pressa, muita pressa.
Como o Sr avaliador sabe, mulher plantada esperando pelo marido é evidente sinal de problemas no relacionamento conjugal. Falatório além da conta. Acredito que a grande maioria dos que me julgam são casados e sabem do que escrevo. Errei e assumo minha culpa. Esse o motivo de minha pressa. Compreensão é o que peço. Quando o negócio é uma esposa irritada do outro lado da cidade, tudo deve ser feito para amenizar o problema. Fazemos coisas pelas quais depois iremos nos arrepender. Foi o que aconteceu. Peço para se colocarem no meu lugar e clamo por perdão”.
Só para finalizar, paguei a multa (melhor, pagamos), pois me responderam assim, “Está perdoado”, mas não me livraram de pagar a dita cuja. Eu e a Neli selamos um pacto, respeitando mais as sinalizações e daquele dia em diante, ciente das atribulações diárias, não solicita mais minha urgente presença junto dela e nunca mais levei nenhuma multa. E continuamos vivendo felizes para sempre.
Henrique Perazzi de Aquino, professor de História, contador de muitas histórias e de algumas estórias.
A EXPLICAÇÃO DA ORIGEM DA IDÉIA: Essa não saiu na revista, mas sai aqui no blog. De fato ocorreu uma infração de trânsito muito parecida com a citada no texto e uma tentativa de minha parte de recurso junto aos órgãos da EMDURB bauruense, como comprovado com cópia publicada ao lado, minha Defesa Prévia. Hoje o assunto é motivo de risadas e até geradora desse texto, porém me rendeu à época boas dores de cabeça. Relembro isso sem traumas, sem pedantismo, numa clara demonstração de como encaro essa vida, tentando torná-la um local menos amargo e pueril. E aos 51 anos confirmo, não consigo mais agir de outra forma.
Para encerrar o domingo com chave de ouro, hoje pela manhã estive na feira Estação Arte, realização da SMC e lá, 10h30 presenciei a apresentação do CORAL ARTE EM CANTO, do Núcleo Residencial Gasparini, capitaneado pelo competente e uma espécie de faz tudo por lá, o artesão, ferroviário e também cantor e apresentador, CHICO CARDOSO. Gravei uma música com eles, escolhida a dedo, "CIO DA TERRA" e com ela desejo a todos (as) uma feliz semana.
Henrique
ResponderExcluirO Coral Arte EmCanto mora no coração do bairro Gasparini. Cria nossa, ensaiam toda semana na casa do seu Chico, fazem pasteladas mensais e outras formas de arrecadação para conseguir pagar a mensalidade do seu maestro e continuam fazendo o que gostam, cantar e encantar. Merecem aplausos não só do bairro, mas de toda a cidade. Que outro coral em Bauru corre tanto atrás de recursos para conseguir se manter em atividade? E o Chico é um dos muitos que não descansam um só minuto de defender as coisas do bairro e do coral. Ficou lindo o vídeo que voce fez com eles.
Geraldo - do Gaspa