UM LUGAR POR AÍ (24)
“O TORTO”, UM BOTEQUIM A REVERENCIAR MANÉ GARRINCHA
Na estada que tive em Curitiba semana passada, meu amigo Kizahy Baracat NETO (como é conhecido por lá) acabou por me apresentar a um bar que gostei logo de cara (me mostrou outros, mas a empatia maior foi com esse). Nome dos mais sugestivos para um botequim, “O TORTO” e tudo lá dentro homenageando algo que o dono do estabelecimento revencia, a arte do drible e a magia de jogar futebol de Mané Garrincha. Um desses lugares que ao entrar pela primeira se faz necessário uma respirada mais do que funda e mesmo com aquele olhar embasbacado, tentar visualizar tudo e decifrar cada foto colocada nas paredes, os textos, as frases, as pinturas e tudo o mais versando sobre o Mané da bola, nosso gênio nas quatro linhas. Um, assim como muitos (entre os quais me incluo), consegue atuar divinalmente durante algum tempo na sua vida profissional, mas quando tenta fazer o mesmo com a sua vida pessoal, a catástrofe é inevitável. Mané foi mestre na bola e em dar murro em ponta de faca.
O bar fica num esquina de Curitiba, poucos quarteirões além do famoso Largo da Ordem, na rua Paula Gomes 354 e o dono, que infelizmente pouco conheci, é o Arlindo Ventura, o Magrão, um sujeito que soube muito bem conciliar a vida comercial, o seu ganha pão, com algo que deve lhe trazer um prazer danado. Eu que já fui dono de restaurante (não de bar) sei o quanto esse negócio é uma espécie de prisão, de segunda a segunda e se bobear de sol a sol. Quando se tira prazer, contentamento disso tudo, proporcionando uma vida feliz e trazendo a felicidade para os demais, tudo acaba virando uma grande festa. Adoro bares assim, onde predominam a alegria, uma real possibilidade de ser feliz pelos minutos (ou horas, sei lá) da estada dentro daquela espécie de santuário. E quem não quer voltar a um lugar assim? Fazer logo amizade com o dono e dentro das possibilidades até ter o nome incluído na caderneta dos que podem pendurar a conta.
O local só pelo fato de reverenciar Garrincha já cai no meu agrado definitivo. E o Magrão teve muito bom gosto em ir pregando tudo nas paredes, juntando pequenas coisas em cima de geladeiras e até do próprio balcão. Tudo parece que foi juntado por algum especialista em decoração, em alinhamentos inexistentes na cabeça de botequineiros. Não tem como firmar um assunto com alguém, um bate papo sério e não ficar virando o pescoço e relembrando do Garrincha e dos seus feitos. Neto, que me ciceroneou até lá entendeu tudo e me deixou a vontade, com o pescoço virando para tudo quanto é lado. Ainda lá dentro descobri que o Magrão tem um projeto onde fecha a rua, enche tudo de mesas e cadeiras, monta palco e mensalmente apresenta show na rua. Num dos últimos levou Rolando Boldrin e noutro Odair José, o rei do brega e no mês passado nada menos que o sambista paulistano Germano Mathias foi quem esteve por lá. Imagina o astral do lugar recebendo gente desse quilate.
Li um texto que o jornal Gazeta do Povo, de Curitiba publicou tecendo loas ao local. Para ler cliquem a seguir, no “um gauche na vida”: http://www.gazetadopovo.com.br/cadernog/conteudo.phtml?tl=1&id=1234942&tit=Um-gauche-na-vida . E depois, descubro que possuem também um blog, onde cada um que me lê pode conferir se o que aqui escrevo é mentira ou verdade. Trata-se do http://otortobar.blogspot.com.br/ . No pouco tempo que lá permaneci, além de curtir cada detalhe garrinchista, permanecei em pé, quase ao lado do caixa (a casa estava cheia, bombando, semana do Festival de Teatro), senti como são as coisas pelos lados da cozinha. O staff da casa não é composto de muita gente, mas cada um se desdobra e tudo fica preparadinho na geladeira, cada porção embaladinha e preparada na hora, sem apertos, sufocos e precipitações. O dono do buteco, acostumado com sua clientela, sabe como fazer todos esperarem pela sua vez, que uma hora há de chegar e todos ficam felizes, como devem ser os procedimentos dentro de uma casa desse naipe.
E quem precisa de algo além disso quando sai em incursões pelos botequins da vida? Ali o suprassumo de tudo o que um bom botequim pode proporcionar. Como me sinto cada vez mais um consciente Mané, desses tortos até a medula, confesso, estava em casa. Deixo a dica para os que aqui me leem e para os que porventura passem por Curitiba. Dica imperdível.
OBS.: Poderia (e faço isso sempre) escrever de botequins valorosos aqui por Bauru, mas uma coisa não invalida e nem inviabiliza a outra. Gosto de me sentir bem num botequim, aqui, acolá e escrever de todos eles.
Olá Henrique, faço as atualizações no blog do Torto. Na sequência vamos postar o link dessa matéria do seu blog.
ResponderExcluirE quando voltar a Curitiba passe pelo bar.
Abraço
ANDRÉ AMORIM