UMA ALFINETADA (96)*
*Reproduzo aqui a partir desse post, uma vez por mês, de 3 em 3, meus antigos textos publicados n’O Alfinete, iniciados no ano de 2000. Começo com esses, os primeiros, temas antigos. Chico e Orestes já são falecidos, Tito já não canta mais e nem o semanário publica mais seus textos. Valem pelo registro feito 12 anos atrás.
APONTAMENTOS DA PERIFERIA DE PIRAJUÍ 01 – EU TAMBÉM CONHEÇO TITO MADI – publicado seminário O Alfinete nº 65, Pirajuí SP, 27/05/2000:
Li recentemente o texto do professor Omar Khouri, na edição nº 54 e quero relatar para os amigos de Pirajuí, o meu encontro com Tito Madi. 1997, Teatro João Caetano, Praça Tiradentes, centro velho do Rio de Janeiro, 18h30, Projeto Seis e Meia, show de TITO MADI e CLAUDETE SOARES, ingresso a R$ 5 reais.
Tudo muito convidativo. O Tito Madi havia aparecido recentemente num programa de TV sobre a Bossa Nova e havia falado muito de Pirajuí. Admirador de sua obra e de suas influências, a entrada no teatro foi inevitável. Se já gostava, sai de lá amando. Na primeira parte, cada um cantou suas músicas em separado e depois juntos. O público, de meia idade para frente, cantou com os dois, todos os grandes sucessos. Tito se mostrou um ótimo contador de histórias. Foi uma viagem deslumbrante sobre sua obra. Voltaram ao palco duas vezes para atender ao bis.
A possibilidade de conversar pessoalmente com o mestre Tito Madi surgiu com a venda dos seus CDs, no camarim, após o show. Fui em busca do autógrafo e de uma boa conversa. Falamos muito de Bauru e, principalmente, de Pirajuí. Quando lhe indaguei se havia tempo que não fazia shows em sua cidade natal, ele demonstrou uma certa mágoa, não pela falta de reconhecimento, mas pela pouca valorização que lhe deram nas últimas vezes que foi convidado a tocar por aí. “Eles querem que eu cante de graça e assim não dá, né?”, foram suas palavras. Afirmava isso, sem perder o humor e a picardia.
Essa relação artista/cidade natal, nem sempre é a mais perfeita. Tudo compreensível. O artista tem seu preço, mas nós que gostamos dele, nem sempre o valorizamos à altura e pagamos o que realmente vale. Mas, o que importa é sempre o amor pela obra, pela divulgação do nome da cidade por onde vá e isso ele faz com maestria. O Tito é uma grande pessoa e merece todo o nosso carinho.
APONTAMENTOS DA PERIFERIA DE PIRAJUÍ 02 – NOTÍCIAS DA ZÉLIA PELO CHICO – publicado seminário O Alfinete nº 66, Pirajuí SP, 03/06/2000:
Li outro dia, entrevista na revista semanal “Bundas”, com o humorista Chico Anísio. Num certo momento surge o assunto inevitável, Zélia Cardoso de Mello, sua ex-esposa, com quem teve dois filhos. Zélia não traz boas recordações para muitos, principalmente para o Chico. Faço questão de compartilhar com os diletos leitores d’O Alfinete o que Chico disse:
“Conheci Zélia num jantar no Antiquarius. Sentei para conversar, ela era agradável, me convidou para festa de aniversário dela. Depois nos encontramos em São Paulo, e aí... Eu já a conhecia porque ela havia feito uma aparição na Escolinha do professor Raimundo. (...) Depois, com quinze dias de namoro, pintou o papo do livro com Fernando Sabino. Falei: Zélia, esse livro é uma roubada. (...) Você está abrindo a tampa de uma cacimba e qualquer uma vai passar a ter direito de jogar uma lata lá dentro, tirando a água que quiser. Você está querendo se vingar do Bernardo Cabral e vai acabar dando força a ele. Você vai virar um Simonal com esse livro. Se eu estivesse namorando a Zélia há um mês, não teria deeixado. (...) O livro foi um desastre. Todos estavam esperando uma oportunidade de dar uma marretada na cabeça dela e ela ofereceu de bandeja. (...) Muita gente não malhou mais a Zélia em atenção a mim. Fui meio biombo pra ela nessa hora e por isso fico zangado quando ela diz que não fiz nada por ela. (...) Ela é uma boa mãe. Podia até ser menos supermãe. (...) O casamento acabou porque não aguentei mais. Foi o único casamento que eu acabei. A Zélia era inteiramente diferente do que ficou, se dedicou muito à Economia e colocou um muro de cada lado. (...) As pessoas ficam espantadas porque casei com a Zélia. Era de espantar que eu casasse com o macaco do Edmundo, por exemplo. (...) Estava ficando chato, tudo o que eu fazia era errado. (...) Mas apesar de não gostar dela, de não ter sido legal para mim, reconheço que tudo que tem de novo nesse país foi feito por ela. A importação aberta, cartão de crédito valendo no exterior, o cheque nominal que acabou derrubando o Collor... (...) Nem sei se ela é boa economista, mas a equipe dela no governo Collor funcionou. O que houve de aproveitável no governo Collor, partiu da Zélia, haja visto que três dos assessores dela são ministros atualmente, Kandir, Paulo Renato e Malan”.
Nem sei se vale muito a pena ficar relembrando esses fatos, alguns desagradáveis, mas fica o registro pelas duas pessoas serem públicas e, uma delas, natural de Pirajuí. Quem quiser saber mais, basta consultar a revista BUNDAS, edição nº 20, de 26/10/1999.
APONTAMENTOS DA PERIFERIA DE PIRAJUÍ 03 – HOMENAGEM A POLÍTICO VIVO – publicado semanário O Alfinete nº 67, 10/06/2000:
Quero, antes de entrar no assunto, contar uma historinha bem antiga, do tempo do “Zé Gaia”. Foi quando levaram o interventor do Paraná, Manoel Ribas até Ponta Grossa, sua cidade natal, para a inauguração de uma praça com seu nome. Solenidade, discursos, palmas, ficou encantado com a placa, seu nome inscrito para a eternidade. Já ia saindo chamou o secretário: “Mas essa praça tinha nome. Eu não lembro qual era, mas sei que tinha”. O secretário respondeu: “Tinha sim, era Praça Rio Branco”. Voltou, subiu de novo no palanque, pegou o microfone: “Meus senhores, , acabo de saber que essa praça se chamava Rio Branco. Já tinha esquecido. Pois a placa está desinaugurada. Ponham novamente a placa dele. Quem sou eu para substitituir Rio Branco?”.
O codão dos puxa-sacos certamente ficou desolado. Mas, isso tudo é para tentar demonstrar o quanto nossos políticos gostam de ficar homenageando gente que ainda está viva e, que nem sempre são merecedoras do nosso eterno carinho. Na hora de dar nome a praças, ruas, estradas, bairros, pontes, vez ou outra, vemos gente viva já imortalizadas. Aqui em Bauru existem bons exemplos. Cito o general Geisel, que ainda vivo, veio dar nome a um bairro. Aí em Pirajuí tem um exemplão e sempre que entro na cidade penso no assunto. Uma baita de uma avenida, porta de entrada da cidade, com o nome de Orestes Quércia. Que será que o homem fez pela cidade, além de ter sido nosso governador?
Homenagem assim é feita para ser dada e também ser retirada. Já que a grande maioria dos homenageados não tem o mesmo bom senso do falecido Manoel Ribas, nós mesmos é que temos que pensar no assunto.
Gostei da Matéria: O último comunista de Bauru ,na revista Carta Capital.
ResponderExcluirAbraço
Beatriz Alves Torres
A Zélia é muito querida em Pirajuí, sr Henrique. Sua família toda mora aqui e seus dois filhos com o Chico são lindos. O que passou, passou. Isso tudo relembrado aqui já tem mais de doze anos.
ResponderExcluirCláudia Martins - Pirajuí