segunda-feira, 16 de julho de 2012

CHARGE ESCOLHIDA A DEDO (57)

PAPO DOMINICAL DE QUANDO O ROTO DISCUTE SOBRE O ESFARRAPADO
Domingo à noite, aqui por onde ando nessa semana, reunimos uns amigos em torno de uma fumegante churrasqueira e entre todos os papos que rolaram no entorno de brasas, fumaça e carnes, um acabou por prevalecer na boca dos comilões por mais tempo: a endemica corrupção que acomete o Brasil. Lastimável, mas entendível a posição ocorrida nessa semana do Judiciário suiço, que analisando o imbróglio do indiciamento de Ricardo Teixeira e João Havelange, acabou por sacramentar que não havia tomado providências antes, pelo simples fato de que fatos iguais ao ocorrido eram corriqueiros no Brasil, faziam parte de nossa rotina, habituê. Simples assim. Vergonha para alguns, mas nada mais do que uma constatação, doída, porém real. Nos enxergam assim. O que mais foi discutido pelo grupo foi o fato de aqui no Brasil o roto espezinhar o esfarrapado, mas praticar de forma oculta algo pior do que o denunciado. Meu pai sempre me disse para desconfiar dos moralistas, pois esses escondem os piores segredos. Dito em feito com Demóstenes e tantos outros. A revista veja (minúscula mesmo) se dizia caçadora de corruptos, mas faz, fez e continuará fazendo acordos espúrios com alguns de nossos mais conhecidos corruptos e corruptores. O PT criticava tanto o que ocorria no país, mas quando no poder caiu de boca no mesmo erro. Imperdoáveis, pois se diziam impolutos e diferentes. Hoje quem os criticam, como Serra e FHC, praticaram o mesmo em passado recente e no mesmo nível, como o denunciado na Privataria Tucana e na compra de congressistas no período tucano no poder federal.

Não existe muito o que discutir sobre o tema, só constatações e nas observações evidências de que a corruptela está mais do alastrada. Tudo à nossa volta envolve pequenas formas de propina, subornos, facilitações, benefícios e benesses. Uma pouca vergonha que vai do mais baixo ao mais alto escalão. Poucos, mas poucos mesmo escapam de estar incluídos no rol dos praticantes de algo em benefício pessoal. “Tá tudo dominado”, diriam muitos. E é isso mesmo, desde aquelas campanhas de arrecadações de agasalhos, quando uns separam os melhores para os seus e os demais distribuem aos necessitados até os casos grandiosos de propinas para obtenção de altos negócios. Ninguém escapa de estar envolvido numa questão de favorecimento pessoal. Não se iludam, pois vivendo onde vivemos, enfronhados até a tampa nessa sistema excludente e onde o vil metal é o deus, não existem os que vivam como ilhas isoladas de tudo e todos. Atire a primeira pedra quem não tiver cometido algum ato desabonador. Impossível, pois o envolvimento é quase que compulsório, automático e via de regra na maioria das ações do dia a dia. Daí os suíços estarem com a razão quando nos cutucaram. Tem gente que não aceita a pecha, mas ela cola em todos: SOMOS CORRUTOS, VIVEMOS EM ESTADO DE PLENA E CONSTANTE CORRUPÇÃO. Contestar é possível, mas negar impossível. Para os que vierem apontando o dedo e querendo se mostrar diferentes, fácil demonstrar por A + B que são também farinha do mesmo saco. Vivendo onde vivemos, da forma como vivemos, com as influências todas, impossível ficar de fora desse balaio. Ações como as do casal de mendigos que devolveram os vinte mil reais são cada vez mais raras, mas acontecem. Ontem mesmo sai cedo para comprar pão numa padaria aqui na esquina, dei vinte reais para a atendente, nota nova, lisinha, peguei o troco e já estava saindo, quando ela me chamou e disse que não havia percebido, mas entregado duas de vinte, uma meio que colada na outra. Ficamos nesses casos agradecendo de montão por algo que deveria ser o normal, natural, mas todos sabemos hoje passou a ser exceção. No estado que vivemos a devolução passou a ser a própria anormalidade.
OBS.: As charges corrupteladoras e corruptelantes são de autoria do Gilmar, Angeli e Kemp e foram todas gileteadas da internet, com a devida citação da fonte.

Um comentário:

  1. É VERDADE, CRITICAMOS O ERRO ALHEIO, MAS NÃO ENXERGAMOS OS NOSSOS PRÓPRIOS, QUE SÃO IGUAIS OU ATÉ PIORES QUE OS CRITICADOS.
    Paulo Loureiro

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