sábado, 18 de agosto de 2012

FRASES (92)

HORINHAS PASSADAS NA FESTA DE REGINÓPOLIS E RELATOS INESQUECÍVEIS
Vivo levando duras. Nesses dias mais uma. Meu considerado lá de Reginópolis, o locutor da rádio FM Rainha dos Anjos, o Zé Rolinha me cobra um escrito aqui sobre o que vi por lá no último final de semana, 11 e 12/08. “Cê vai escrever ou vou ter que te puxar a orelha?”, diz. Ele quer falar de mim e do Fausto nas ondas reginopolenses e busca subsídios no que escrevo. Vou atendê-lo com um breve relato do que foi nossa meteórica aterrissagem por aquelas bandas do sertão paulista. Fausto havia chegado uns dias antes e gastou muita sola de sapato andando de um lugar para outro, bebericando nos bares, visitando e revendo gente que gosta. É quando se recarrega para depois voltar a enfrentar as agruras da cidade grande, no seu caso, Guarulhos, onde mora.
Eu, Ana, meu pai Heleno com 84 anos e a mana Helena chegamos no sábado, final da tarde e nos instalamos no hotel pousada Pôr do Sol, quase todo coberto pela maior mangueira que vi na vida. Deve ter mais de uns 30 metros. De lá fomos andar com o Fausto pelas ruas, esbarrar nas pessoas. Numa esquina, paramos o carro no meio da rua para jogar conversa fora com o irmão do Lázaro Carneiro, noutra outro papo furado, dessa vez com o mecânico, contador de causos e também mestre cuca, o Nenê Donato. Meu pai queria jantar e como em cidade pequena isso é praticamente impossível, o que achamos, na Casa Verde, foi um imenso omelete, saboreado entre cervejas e sucos. De lá caímos na festa e padre Geraldo nos reservou um lugar de destaque, um quiosque entre o de pastel e o de doces. Ficamos entre a cruz e a espada. Quitutes de todos os gostos. E vimos a cidade inteira passar diante de nossos olhos. Vendemos alguns livrinhos, “Reginópolis, sua História”, mas o gostoso mesmo foi ir revendo as pessoas.

Conto duas passagens. Numa um senhor bem vestido, folheia o livro e puxa conversa. No papo descobrimos ser do Grajaú, bairro carioca, o mesmo da nascença e morada da família da Ana Bia. Coincidências dessa vida. Falante, cai nas graças de todos e por fim pergunta: “Qual acha ser a minha profissão?”. Um diz ser comunicador, arquiteto, professor e eu vendo uma cruz em sua lapela, desfiro: “É padre”. Pois era o padre Jorge, lá da paróquia do Grajaú e perdido no interiorzão paulista, de férias, na casa de familiares em Pongaí. Veio conhecer a quermesse e encontra alguém de sua aldeia. Em outra, todos papeamos com uma simpática e bonita senhora, quando Fausto me faz lembrar quem era ela. Ela trabalha na Prefeitura, varre a praça todos os dias e tirei uma foto dela varrendo a mesma com uma imensa folha de coqueiro, para que o trabalho renda. O Fausto aquarelou e é um dos desenhos mais bonitos do livro. Ela, idem tanto passeando, como trabalhando. E a menina que canta no coral e se viu desenhada no livro, foi correndo buscar o pai e tanto fez que esse não teve outro jeito, comprou para ela. Toda pimpona mostrou para todos, maravilhada estava por se ver ali retratada.
Vivemos de pequenas histórias e de ir revendo as pessoas. No domingo, primeiro fomos visitar a rádio do Zé Rolinha e tiramos uma foto todos juntos, só depois fomos na praça vender nossos livros e presenciar mais um Festival de Música Sertaneja e foi um tal de duplas de tudo quanto é lugar e procedência. Ainda bem que a maioria era de raiz, poucas desse negócio modernoso do estilo universitário, ruim de ouvir, bom de alvejar com restos de churrasco. Uma moçona grandona, negra retinta, bate nos ombros da Ana e lhe pergunta: “Não me conhece?”. Era a Sueli, que também trabalha na Unesp e junto do marido formavam a dupla, Suca e Miranda, 7º lugar na competição. Veio competir e ganhar o dia, como disse: “Só de estar aqui, levar esse livro para casa, reencontrar esse clima todo que gosto muito, não podia ter feito opção melhor para um domingo”. Um dos remanescentes dos Meneghetti, da famosa marca de aguardente do local, morador de Araraquara estava lá e contou mais histórias da família e de como faz para manter umas garrafas em casa do extinto alambique, guardadas há mais de vinte anos. “Passa lá para provar?”, nos diz.  Fui me esquecer de pegar o endereço.

O domingo era Dia dos Pais. Três filhos do seu Heleno; eu, Helena e o mano Edson (veio de Bauru com a família só para o almoço) no Restaurante do Machado e saboreamos um porquinho a pururuca de fechar o comércio (que já estava fechado, era domingo). Ficamos mais um pouco, vendemos mais uns livrinhos, juntamos mais histórias e volto com minha trupe pouco depois das 16h. O corpo estava cansado, mas o dia, como o da cantora Sueli, estava ganho. Assim como Fausto faz, eu e os meus estávamos todos recarregados, pilha repostas e prontos para o embate que se iniciaria no dia seguinte. Para quando voltaremos para lá mesmo?, é a pergunta que me faço.

UMA DICA – No Templo Bar, por duas semanas, exposição com pinturas do chargista e artista plástico, NICOLIELO, em naif, sua especialidade e com o tema dos esportes olímpicos. Vá lá, depois me conte se não achou tudo "chique no úrtimo". E no vídeo um bocadinho de Rosa Passos no SESC, anteontem.

Um comentário:

  1. Li seu blog e achei sensacional!!! Muito bom, um dos melhores textos que você escreveu sobre essa nossa saga. Valeu, mesmo!

    Fausto Bergocce

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