terça-feira, 4 de setembro de 2012

O QUE FAZER EM BAURU E NAS REDONDEZAS (19)

O MOITARÁ REVIVE ALGO PERDIDO, MAS NUNCA ESQUECIDO
“Desde 1986, foliões de todos os lugares dos Estados Unidos e do mundo reúnem-se no deserto de Black Rock, em Nevada, para celebrar o mais popular festival hippie norte-americano, o 'Burning Man'. O evento começa na última segunda-feira do mês de Agosto e termina na primeira segunda-feira de Setembro. Descrito por muitos participantes como um festival de expressão individual, é associado ao movimento hippie, muito forte nos Estados Unidos na década de 1960. Apesar de ser muito conhecido pela música e pelas artes, o festival é aberto para todos os tipos de manifestações artísticas e para todas as pessoas que queiram fugir momentaneamente das restrições impostas pela sociedade. Mais de 60 mil pessoas participaram do festival de 2012, cujo tema foi 'Fertilidade 2.0'”, esse texto eu achei na internet e demonstra como a cultura hippie, ou seja, a contracultura não morreu e vigora, mesmo com todo o incentivo no sentido contrário. Hoje, um símbolo do desacordo existente no ser humano com a crueldade imposta pelo capitalismo é o filme “Na Estrada” (assista o trailer: http://www.youtube.com/watch?v=uUzklNReJbs), dirigido por Walter Salles e relatando apenas uma das passagens da vida de Jack Kerouac.

Uso esses dois temas, o festival e o filme para comentar algo que fiz questão de presenciar em Bauru na última semana de agosto, a festa mensal do grupo MOITARÁ. Esse agrupamento cultural, capitaneado pelo pessoal ligado umbilicalmente ao Souto, da empresa de propaganda Propag, promove algo de uma sensibilidade impar, pouco visto no mundo atual. A festa do Moitará é uma reunião mensal para cultuar a vida, o congraçamento humano, a importância do ser sobre essa atribulada vida atual. Reinam no ar um espírito de muita paz, gente jovem, todos alegres e contentes. No evento presenciado, um casal de colombianos cantou e o palco foi depois oferecido a todos os presentes e ali aconteceram manifestações diversas, de gente descomprometida do oficialismo. Tudo muito simples e natural. Comidinha natural, sucos, lanches com muito vegetal e nada de bebida alcoólica.

O local do evento é onde funciona nos demais dias a Propag e ali ocorre uma transformação das mais instigantes. Um cenário doutro mundo, doutro espaço, de outra mentalidade. Muita cor e um ajuntamento de objetos, numa decoração com a cara hippie, mesmo não o sendo e com a cara do filme e do que representou Kerouac, mesmo muita coisa sendo distante uma da outra (tudo muito distante e muito próximo). Vejo uma importância muito grande na valorização de eventos como esse e faço questão de divulgá-los, pois eles demonstram uma real possibilidade da convivência dos desiguais, os inconformados, os desajustados e os que não querem estar inseridos no contexto proposto (quase imposto) pelo mundo do pensamento único.

Fico a matutar aqui no meu interior, de como é bonito essa proposta, do viver mais simples, do viver voltado para e com a natureza, do demonstrar que outro mundo é possível (basta querer e executá-lo). O Moitará faz isso em Bauru e suas festas, “necessitando de divulgação”, como me disse o Souto, são lugares ótimos para, depois daquele corre-corre que são as vidas de nós todos, a real possibilidade de ficar desplugado de tudo o mais, chegando a uma simples e sensata conclusão: tudo pode e deve ser bem mais simples do que acreditamos. A Propag fica na rua Afonso Pena, bem pertinho da rua Bernardino de Campos e a festa, como já disse, acontece sempre na última semana de cada mês e lá, além disso tudo, uma lojinha de coisinhas só encontradas ali. Só indo lá para ver e crer.

4 comentários:

  1. Moitará, Movimento Beatnik, Kerouac,
    Beats, On the road, On the beats.

    Henrique muito oportuna a associação de conceitos da contra-cultura com o
    movimento do Moitará Cultura.
    Nossa celebração é pela Cultura de Paz e pelo Amor.
    Agradecemos a sua presença, e pela cobertura colaborativa no Mafuá do HPA.

    Coletivo Moitará Cultura.

    Nina Lídia, Amanda Jeronimo, Eliane Katayama, Loh Goulart, Heliakin Trevisan, Rafael Maia, Caique Rufatto,Raul Sanches, Van Dir Souto
    Joseane Turatto.

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  2. meus caros e caras moitarenses:
    Adorei tudo e foi bater os olhos, meu vi num cenário de Kerouac, em plena selva de pedra da insensibilidade bauruense. É com gente como voces que esse mundão tem salvação. Não desistam, nem procurem outros caminhos, pois voces estão no certo e nós, os ditos normais na trilha do desajuste. Como fazemos para adentrar esse time moitareano?

    Henrique - direto do mafuá

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  3. HENRIQUE
    Que bom que voce descobriu o Moitará. Eles são tudo de bom. Um oásis dentro do caos urbano.
    Sônia

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  4. HENRIQUE

    Não conheço o Moitará, mas de ouvir falar aqui na cidade te digo uma coisa. O trabalho deles é bonito, porém não dá para fazer uma comparação como a que fizeste com o movimento Beatnik e a própria ação do Kerouac. Eles estão em outra. Tentam se mostrar libertários, mas Kerouac era insisivo contra o gonerno norte-americano, NIxon e tudo o mais. Esbravejavam e contestavam, não eram somente contemplativos, dançando e cantando para eles mesmos, louvando algum deus que os dessem paz interior. Uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. Compare bem e veja se não tenho razão. Depois, se achar conveniente, comente aqui mesmo. Não desmereço eles, mas a comparação não é correta, só isso.

    Um abraço do André Ramos

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