* continuo hoje reproduzindo meus textos publicados doze anos atrás n'O Alfinete, semanário de Pirajuí SP, nos tempos de direção de Marcelo Pavanato. Mais três na sequência:
Grandes redes de supermercados estão invadindo as médias e grandes cidades, reabrindo o debate sobre o estabelecimento de regras para conter, ou pelo menos compensar o avanço indiscriminado das grandes corporações do ramo varejista. O que se presencia aqui em Bauru são concentrações que trouxeram benefícios, mas também muitos problemas. A velocidade do processo de consolidação das redes supermercadistas tem surpreendido. Claro que todos nós somos defensores da livre concorrência, mas fica também evidente que o setor precisa de regras. Acredito ser necessário alguns cuidados, com a criação de mecanismos nacionais antitrustes. Essa chegada dos gigantes do ramo, vem com grande publicidade. Anunciam em alto e bom som trazerem um aumento significativo no número de empregos, que possuem um poder de barganha elevado junto aos fornecedores e que os preços são mais baixos. Será que é tudo isso mesmo? Temos que analisar o outro lado da questão. Enquanto esses gigantes do ramo chegam com muita pompa, muitos pequenos comerciantes se veem com as calças na mão. É o início de um verdadeiro inferno astral, pois mesmo que tentem não conseguirão ter os mesmos atrativos do gigante concorrente. Como eles chegam atendendo todos os segmentos do comércio e a maioria dos pequenos comerciantes é segmentada, como padarias, açougues, bazares, lojas de miudezas, armazéns, etc, ficam num verdadeiro beco sem saída. Aí começamos a escutar aquele papo de quem não se moderniza tende a fenecer. Quem não acompanha a modernização tende a estagnação. Será que é só isso? Fica outra pergunta: Como um pequeno, com restrito poder aquisitivo, pode querer fazer frente a um gigante, muitas vezes, multinacional com irrestrito poder financeiro? O buraco é muito mais embaixo. O reflexo é imediato em toda a economia local. A resistência do pequeno comerciante não é muito grande. As portas vão se fechando rapidamente e quando se percebe estamos todos nas mãos dessas corporações. Se, por um lado, se ganha mais empregos dentro da cidade, de outro perdemos muitos outros. Fica difícil avaliar quem perde mais. Pior que tudo é a constatação de que todo o ganho auferido não mais fica na cidade. Tudo é transferido imediatamente para a matriz da empresa. Discute-se hoje meios de compensar essa perda, com a imposição pela construção de creches, investimentos no meio ambiente etc. A questão é muito polêmica. Basta observar quantas portas estão se fechando na cidade nos últimos tempos. Os reflexos não ficam somente na cidade. Observem quantas pessoas saem de Pirajuí todas as semanas, somente para efetuar suas compras nas grandes redes de Bauru. Essa invasão mostra o potencial de poder aquisitivo regional, também sendo explorado e sem analisar quem ganha e perde com isso tudo. Valeria mesmo a pena continuar incentivando irrestritamente esse esquema? A sociedade começa a discutir esse assunto, certamente acaloradas de ambos os lados. E você, de que lado está?
Ainda quando era ministro, o já falecido Serjão, das Comunicações disse certa vez, que os jornalistas e o povo em geral não tem um projeto de felicidade. Claro, não possuíam um emprego como o dele. Outro ministro, o também ex, Adib Jatene, foi mais verdadeiro: “o homem do povo não tem amigos no poder”, disse ele. E agora, se me permitem, digo: aqui embaixo onde vivemos não só não temos amizades estratégias, mamatas e privilégios, como estamos sob o estrito jugo da lei. Aqui embaixo a lei funciona e com rigor. O empresário dos aviões não paga o banco estadual que quase faliu. E continua em céu de brigadeiro. O deputado não paga seu financiamento a módicos juros. E tudo fica como dantes. Experimente o cidadão, o homem comum embaralhar-se em suas contas domésticas e ter um único cheque devolvido. Será imediatamente atirado na marginalidade, sua conta será fechada e o cheque especial cassado. Pagará compulsoriamente taxas extravagantes. Aqui embaixo estamos sujeitos a todo tipo de exigência (afinal somos mesmo pessoas suspeitas e mal intencionadas). Em certos hospitais, o paciente em vias de ser operado tem que assinar um termo de responsabilidade que é um libelo de culpa. É obrigado a inocentar previamente o hospital (portanto, se houver um culpado será o paciente) por qualquer problema que lhe acontecer (a morte, eventualmente). Até mesmo para o caso de contrair infecção hospitalar. O autor dessas linhas já foi obrigado a assinar um desses documentos de prévia condenação. Era de um plano de saúde, desses sabidamente interessados não no lucro – jamais -, mas em beneficiar a sociedade com exemplar atendimento de saúde. Nos termos, se a pessoa que eu dizia ser minha dependente não fosse realmente minha dependente, eu me confessava desde já culpado pela falsa declaração. Mais ou menos como obrigar um suspeito de assalto a se responsabilizar pelos assaltos que porventura venha a cometer. A comparação está equivocada: sem dúvida eu era um suspeito. Como sou suspeito ao entregar uma folha de cheque no caixa de um supermercado qualquer. Esse simples ato desencadeia uma frenética investigação. Menos nos bancos, que são mais práticos: não aceitam cheques.
Andaram acontecendo algumas coisinhas durante a semana que se encerra, me despertando para algo que já parecida extinto: a criação de sacis. Isso mesmo, sacis, aquelas criaturinhas pequenas, safadas e ariscas. Pude constara que os sacis resistem e continuam espalhando suas artes por aí. Tudo começou após uma chuvarada e alguma neblina. Bem em frente minha casa, aqui em Bauru, tem um terreno baldio todo gramado, com duas árvores. A maior delas, fica bem em frente minha casa, é daquelas choronas, cujos galhos quase chegam ao chão. No começo da noite achei estranho uma agitação nos galhos. Chegando perto me deparei com aquela criaturinha de gorro vermelho, negrinho, sentado num galho, com uma perna só e um cachimbo apagado no canto da boca. Assustei, mas permaneci firme e tentei puxar conversa. Não foi possível e, enquanto não ofereci perigo, ficou lá se expondo com aquela carinha de arteiro. Quando fui chamar os de casa ele sumiu na noite. Incrédulos, não acreditaram na minha “história”. Veja só se eu seria capaz de inventar algo assim. Ainda mais porque no dia seguinte ouvi pela vizinhança comentários de peças de roupas com nós pelos varais, latas de lixo reviradas na porta das casas, cachorros com lacinhos nos rabos e outras artes bem próprias dos sacis. Comecei a me interessar pelo assunto. Pesquisei, li a respeito, consultei especialistas e descobri que aqui, bem pertinho, na vizinha serra de Botucatu, existe um grande criadouro de sacis. Lá, a vegetação íngreme da serra propicia a fácil proliferação da espécie, pois eles gostam muito de mato fechado, ar puro e riachos límpidos. Botucatu já é considerada a terra dos sacis. Lá, a criação é tão intensa que até criaram a ANCS – Associação Nacional dos Criadores de Sacis. O negócio é dos mais organizados, porém, não muito rentável, tanto que já possuem até endereço na internet – www.ansaci.com.br. Turma grande, tem desde carteiros a professores universitários. Gente de conversa mansa, prosa comprida, pois o assunto é muito rico em detalhes. Todos criadores recebem um kit, com carteirinha e tudo, mas tem de comprovar a existência da criação. Eles dão todas as dicas, acompanham tudo desde o início. É uma trabalheira, mas a gente pega gosto e não quer parar mais. Há riscos no começo, ficam mais dóceis e amigos com a passar do tempo. Dizem que todos acabam se acostumando com suas estripulias, todas muito divertidas. Andei pensando muito sobre o assunto e cheguei a conclusão de que outra região muito propícia, onde os sacis vão se sentir em casa é aí em Pirajuí, na Estiva. Por ser terra de violeiros, muita paz, onde a vida corre mansa, longe das agruras de cidade grande, os sacis procriarão com facilidade. Queria perguntar para o Levi Ramiro, que deve ser um entendido no assunto, se ele já botou os olhos em sacis. Se ainda não o fez, não sabe o que está perdendo. Dá até para sair uma lindona moda de viola sobre o assunto.
Olá Henrique tudo bem??? estou te mandando essa matéria para voce postar no seu blog, ok... grande abraço .. eu sou Gisela Nardelli, tenho um portal de notícias em Bauru, entra no link e veja.. vc vai gostar
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Reviravolta no caso SEAR repercute na mídia local
digitalnews.inf.br
A notícia da nova denuncia no caso SEAR, desta vez contra Luiz Ornelas repercutiu em toda a imprensa...
GISELA NARDELLI