sábado, 10 de novembro de 2012

MEUS TEXTOS NO BOM DIA BAURU (201 e 202)

QUANTO VALE UMA CATÁSTROFE – publicado edição de 03/11/2012
Por que temos tanta fixação por alguns fatos ocorridos em certos lugares e nenhum em outros? Faço uma comparação com algo visto país afora nessa semana e divago em cima de catástrofes climáticas ocorridas, por exemplo, em Nova York e em outras partes do mundo. Na de Nova York pouco mais de trinta mortes, muitos estragos e estardalhaço mundial. Já nas repetidas de Cingapura ou Bangladesch a matança sempre supera os milhares, incalculáveis prejuízos e nada. Um peido em Nova York provoca efeitos colaterais no resto do mundo e aldeias inteiras sendo dizimadas mundo afora merecem meras notas de rodapé e citações no estilo vapt-vupt nos noticiários. Como podemos se ajustar como imensa sociedade global diante dessas disparidades? Como entender que algo valha Y num lugar e noutra esquina valha W? Esse exemplo de gritantes desigualdades, concepções diferenciadas, nos mostra o quanto valorizamos mais algo e quase nada em outros. O critério de avaliação passado pelos meios de comunicação e aceito pela imensa maioria dos receptores demonstra também algo oculto e pouco entendido. Recebemos a informação de fonte privilegiando o seu mundo e nós, os receptores acabamos sabendo mais daquele mundo do que de nós mesmos e de nossos vizinhos. Somos na América Latina o único país a falar uma língua diferente dos demais. Não avalio os motivos do distanciamento brasileiro da cultura latina, mas enxergo nitidamente sabermos mais e darmos mais importância para a vida, por exemplo, de astros do cinema hollywoodiano do que a história de todos nossos países vizinhos. Perguntem a qualquer brasileiro quem foi Martin Fierro, José Marti ou mesmo Simon Bolivar e sintam o desconhecimento. Experimentem fazer o mesmo sobre Brad Pitt, Angelina Jolie ou Lady Gaga. Achando que viajo na maionese, afirmo mais: sabemos mais dos personagens da história norte-americana do que de qualquer latino. Influências de mando, de poder, impostas e aceitas, algo bem ao estilo da metrópole para a colônia. O furacão também passou pelo Caribe, mas...

TEA PARTY DELES E O NOSSO – publicado edição de 10/11/2012
Nunca observei grandes diferenças entre o conservadorismo dos Democratas e dos Republicanos norte-americanos.  No frigir dos ovos são farinha do mesmo saco. Depois dos anos Reagan ambos se alinharam muito mais à direita, com propostas muito parecidas, estando anos luz de distância do que propunham nos anos 60/70. Evidente salto para trás. Não lutam mais pela erradicação da pobreza como responsabilidade do governo federal. Os republicanos querem o desmanche de todas as conquistas nesse quesito e o fim das alíquotas de impostos para ricos. Os democratas reduziram muito seus apoios de ajuda aos pobres e foram decisivos na desregulação da economia. Obama está hoje bem mais à direita do que já foram um dia os Democratas. Foi decisivo no resgate financeiro aos bancos e fez quase nada aos desprovidos que se danaram na questão das hipotecas. Ou seja, nem um lado, nem outro querem mais defender o pobre, o trabalhador e o desprovido. O negócio agora é outro e estabeleceu-se um “salve-se quem puder” entre os que pouco ou nada possuem. Esse o motivo do bonzinho Obama ter perdido apoio dos progressistas e ter balançado, quase tombando na eleição finalmente ganha. A política governamental nos EUA hoje é feita do e para o bem provido. A concessão ao conservadorismo possui um preço, cobrado logo na virada da esquina. Cauteloso, conservador e centrista, esse o perfil de Obama. Continua passando imagem de bom moço, sorriso franco, mas na hora do vamos ver, sua canetada é favorável aos poderosos. Pífias reformas. A alegação sempre será de que faria mais, impedido pelos jogos de interesses. Sim, isso ocorre, mas ele não grita, nem esperneia. Simplesmente, joga o jogo. E do lado republicano tudo é piorado, venais e insanos. Aqui em São Paulo algo parecido na restrição e repressão aos avanços sociais. Forças retrógradas se impõem e ditam normas de conduta. Comparem Alckmin e Serra com Montoro ou Covas, todos tucanos e sintam a diferença. Estão a um passo de discurso e prática idêntica a do Tea Party. E o paulista continua votando neles.
Explicação: As ilustrações, todas gileteadas da internet,  pouco ou quase nada tem a ver com os textos e expressam inscrições perpetuadas em locais inusitados, desde placas, frases escritas a canetas, recados em cantos de rua, etc. Algo que gosto muito de observar e registrar, se possível.

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