domingo, 4 de novembro de 2012

UM LUGAR POR AÍ (31)

FEIRAS AO ESTILO “MERCADO DE PULGAS”, CONHECI MAIS UMA: RIO ANTIGO NA LAVRADIO
Por onde ande um dos primeiro lugares que faço questão de conhecer e bater perna, trocar experiências são as feiras, lugares convidativos, espécie de cartão de apresentação do lugar. Não importa o tamanho da cidade, todas possuem as suas, desde as menores.  Já escrevi muito aqui sobre a bauruense Feira do Rolo, o espaço da miscelânea na cidade. Lá tem de tudo um pouco e junto da feira dominical é um alento para as manhãs dominicais. Para mim, como não me canso de afirmar por aqui, uma espécie de recarregador de baterias, pois depois de uma semana sempre intensa, nada melhor do que a obrigatória (e necessária) passagem por lá e o reencontro consigo mesmo na saída.

Sempre me sinto assim em lugares desse tipo. Além da Feira do Rolo de minha aldeia, já escrevi aqui sobre a Feira de San Telmo, a mais famosa de Buenos Aires, Argentina. Também escrevi sobre o que acontece na avenida Las Hamblas e ao seu lado no Mercado La Boqueria, ambos no coração de Barcelona, Espanha. Da cidade do Rio de Janeiro escrevi sobre uma feira que acontece aos sábados, começando na Praça XV e seguindo debaixo dos viadutos até nas proximidades do Museu Histórico Nacional. Lá antiguidades de todos os tipos e algo sui generis, ela começa chique e vai se tornando mais popular, chegando no final com produtos já retirados do lixo e com alguma tentativa de reaproveitamento. Dessas todas, a diferente é a da Boqueria, pois é de comida. Quando estive em São Luís, Maranhão, também produzi um breve relato de outras duas com alimentação típica. Adoro também os Mercados de Peixe. Nessa citação genérica não posso deixar de citar a Feira Ubá, com o artesanato de nossa região e outra, que acontece uma vez ao mês dentro do espaço do MIS (antiga Estação da Cia Paulista), a Estação Arte, também com artesanato e maravilhosa, pois promove uma umbilical ligação com a do Rolo. Lembro agora de outra, que por duas vezes já escrevinhei aqui no blog, uma Internacional de Artesanato, que primeiro vi em Presidente Prudente de depois, já por duas vezes em Bauru. Nelas stands de vários países e produtos de cada um deles.

Tudo isso me encanta muito. Sou um ser das feiras e adoro essa convivência, o transitar por eles, sentir o cheiro advindo de cada local, conhecer as pessoas, os frequentadores e principalmente os expositores e seus produtos. Nessa semana conheci mais uma bem ao estilo do que Gonzaguinha certa feita propagandeou numa de suas músicas, a “Grávido”, quando cantava, “vi o povo na rua em plena gravidez”. Isso mesmo, o povo não sai para a rua só para trabalhar ou pra promover revoltas e revoluções. Sai também para desfrutar de lugares como a FEIRA DO RIO ANTIGO, uma que acontece no primeiro sábado de cada mês na famosa RUA DO LAVRADIO, região da Lapa carioca. Essa rua sempre foi famosa por causa das suas lojas de antiguidades, ponto de encontro de gente atrás de raridades. Uma efervescência de dar gosto, pois além dos móveis e peças antigas, alguns comerciantes introduziram música nos seus espaços e ali ocorrem shows com cobras da boa música. Ali naquela rua, quase esquina com a rua do Senado era a sede do jornal Tribuna da Imprensa, do Hélio Fernandes (irmão do Millôr), que hoje só circula via internet e quase no mesmo local, quem está ali locado é o Cordão do Bola Preta, reduto de samba e de homéricas feijoadas.

A Rua do Lavradio é um encanto, possui luz mais do que própria. Além disso tudo, desemboca na rua Mem de Sá, coração da Lapa, hoje um dos melhores lugares da noite carioca. Também faz parede meia com a Fundição Progresso e com o homenageado Circo Voador. Abriga o Tribunal de Justiça e na sua frente dois marcantes lugares, a primeira Loja Maçônica da cidade e ao seu lado algo que gosto muito, um CIEPs, aquela maravilha de escola que o Darcy Ribeiro criou e o Brizola bancou, um primor dentro de todos os projetos educacionais que esse país já teve. Ainda na rua, o Museu dos Pracinhas, com o símbolo do “Senta a Pua” na frente, reunindo peças que relembram a participação brasileira na Segunda Guerra Mundial. Pelas lojas todas, os bares a rua de umas cinco quadras é um encanto por si só, mas tem mais.

Uma vez por mês o Rio se reúne ali naquele reduto e celebra a felicidade, o congraçamento, a beleza de em concepções diferentes, bancas e mais bancas com tudo o que o carioca produz de diferenciado. Barracas mil, no meio dos móveis espalhados pelas calçadas, mesas de bares, músicos variados, numa espécie de cordel colorido e esvoaçante. Indescritível o lugar para quem não o conhece. Gente do mundo todo, bancas representando não só o Rio, mas alguns estados e até países. E na junção disso tudo algo que torna o Rio o grande diferencial, sua gente, seu povo e todos os outros que vieram se associar a ele. Um oásis dentro do próprio Rio de Janeiro. Os tipos são muitos, desde o trio nordestino tocando e vendendo seus CDs, o violinista tocando com o chapéu estendido, os Hare Krishnas vendendo seus livros, o saxofonista sentado no chão e fazendo muitos viajarem sem sair do chão, os africanos confabulando entre si em dialetos que desconhecemos e um batuque bem brasileiro na entrada, bate lata lindo, congestionando o lugar. Andando e olhando para as casas, vê-se uma só com lustres antigos, noutra um barbeiro pinta nas horas vagas e revende enquanto corta cabelos, seu quadros em naif. E assim por diante, cada cantinho possui seu encantamento próprio.

Lugar para marcar presença e esquecer-se de tudo o mais. Nada de pressa, pois do contrário não se curte tudo da forma mais adequada. Penei, pois cheguei ao meio da tarde e quis fazer meu trotuá antes do sol se por. Aproveitei o que deu e um bocadinho de tudo está exposto nas fotos tiradas por mim. Curtam cada pequeno detalhe e marquem em suas agendas: indo ao Rio, vale a pena uma passada no primeiro sábado de cada mês na FEIRA RIO ANTIGO NA LAVRADIO.

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