ALFINETADA (109)
MAIS TRÊS TEXTOS E UM DESABAFO: INTIMIDARAM O AZENHA, ESSE UM AVISO...
Seguindo um cronograma de rever meus antigos textos publicados n'O Alfinete (Pica mas não fere!), da vizinha Pirajuí, seguem mais três, todos do ano de 2000, para registro. Não tendo tempo de digitagizá-los, faço a reprodução em tamanho grande. Tentem me entender, continuo com a mesma incompreensão de antes, talvez até ampliada nos dias atuais. Boa leitura:
Ontem pipoca por todos os lados algo ocorrido com o AZENHA, do site VIAMUNDO. Bauruense, ganhou o mundo muito cedo, trabalhou por muitos importantes meios de mídia, inclusive na TV Globo, mas ao optar por continuar exercendo sua profissão dentro da verdade factualdos fatos, bate de frente com a direção da emissora, conhece outros meios e cria um site onde extravaza o que pensa. Criou um problemão para si ao bater de frente com os interesses "Globais", capitaneados por Ali Kamel. O resultado foi esse: http://www.viomundo.com.br/humor/justica-conclui-que-ali-kamel-nao-manda-na-globo.html
domingo, 31 de março de 2013
sábado, 30 de março de 2013
MEUS TEXTOS NO BOM DIA (220, 221 E 222)
FINANCIADORES DE OPRESSÃO – texto publicado na edição de hoje, 30/03/2013:
Essa brasileira Comissão Nacional da Verdade deixa muito a desejar. Ela não pune ninguém, tem uma dificuldade tremenda em chamar alguém para depor, cheio de cuidados com algozes do passado e mais por receio, vai sendo tocada meio que no vai da valsa. Queríamos algo mais contundente, com exposição de fatos, motivos e na não incidência de punições, ao menos, que o país inteiro pudesse tomar conhecimento de quem fez algo mais do que danoso contra a pátria. Infelizmente, nem isso vai acabar sendo divulgado. Em outros países latinos, que também vivenciaram regimes de opressão, desmedida truculência, tem até ex-presidente detido em prisão domiciliar. Por aqui tudo caminha a passos de tartaruga e a presidente para não ferir suscetibilidades (nome bonito, não?), não faz mínimo esforço para ver tudo caminhando. Seria de bom alvitre ver tudo revelado, horrores execrados, algo mínimo para que nada pudesse voltar a ocorrer. Algo me intriga mais que tudo e diz respeito a fatos ocorridos aqui na nossa aldeia, Bauru e pouco discutidos. Trata-se da participação do poder econômico privado, o que não só apoiou como também financiou aquele horror todo. Quem seriam por aqui os que colaboraram com a repressão? Muitos deles é mais do que sabido ainda estão por aí, todos pimpões, como se nada houvesse ocorrido e nesse momento, fazendo o que sempre fizeram, dando o seu quinhão, torcendo contra o momento atual e clamando por um retorno a governos autoritários. A tolerância do poder econômico com propostas autoritárias torna esses ainda mais poderosos. No Brasil garantiram um prolongado poder de dominação. Com a redemocratização brasileira, a repressão foi desarticulada, a guerrilha armada foi desmantelada, mas o poderio econômico conservador permaneceu ativo. Esses só se reforçaram e no momento em que são criados as Comissões da Verdade país afora nada melhor do que desvendar quem foram seus financiadores e apoiadores. Aqui em Bauru quem teria bancado aquele festim todo? Longe de ser delação, revelar isso é fazer história.
QUANDO A RELIGIÃO NÃO É ÓPIO – texto publicado em 23/03/2013:
Escrever de religião é sempre um eterno pisar em ovos. O que mais se vê são opiniões e cartas nos jornais sobre esse tema, desmedida demonstração de fé. Respeito todas, mas não suporto as que desmerecem outras e, principalmente as se mostrando conservadoras, excludentes, homofóbicas e preconceituosas. “E diante disso, sobraria alguma?”, poderiam me perguntar. Hoje está difícil, confesso, mas quando jovem tentei seguir os ditames de pregações de Casaldaliga, Boff, frei Beto, Cardenal, Hélder e Arns. Foram expoentes de algo bem diferente do pregado hoje em dia. Aqui em Bauru muitos estiveram ao lado de uma igreja libertadora, tendo o progressista bispo Dom Cândido Padin como seu maior expoente. Tivemos muita sorte, pois esse não se vergava. Aroeira pura. Hoje, muitos dos que estiveram ao seu lado, pregam o contrário do aprendido lá atrás e demonstram nada terem depurado de salutar com a vivência ao seu lado. De todos só Casaldaliga e Cardenal resistem, defendendo os pobres de forma verdadeira e sincera. Nunca se aliaram a nenhuma podridão e o que sempre fizeram foram arriscar e muito a própria pele. Os púlpitos atuais são outros. O discurso indiscutivelmente mais moderado, quase um reverso da moeda. Junto todas no mesmo balaio e as vejo pregando e usando as escrituras para justificar uma ladainha cada vez mais andando para trás. Pregam contra os pobres, pois não o defendem. Quando criticados, pedem para que os deixem em paz, não se metendo com as coisas de sua fé, porém insistem em tentar fazer valer seu credo como verdade única para todos. Fazem até lobby nesse sentido. Como aceitar isso? Não posso nem mais decidir o que fazer livremente com meu próprio corpo. Creio numa igreja (se é que ela existe), seja ela qual for, que proceda como o dito por frei Tito, torturado pela ditadura militar, respondendo a um jornalista italiano que perguntava se ele era marxista. “Para quem pretende mudar as estruturas da sociedade, Marx é indispensável”, respondeu. A que defendo é assim e está bem longe de ser o “ópio do povo”.
É PROIBIDO PROTESTAR - texto publicado em 16/03/2013:
Esse negócio de ser favorável a tudo é de uma chatice cavalar. Sou de um tempo (e não faz tanto tempo assim) que a manifestação contrária era livre e até incentivada. Vivíamos mais oxigenados, podendo numa encruzilhada escolher entre vários caminhos. Hoje, quando uma voz se levanta e se mostra do contra, sempre pipocam agourentos conceitos conservadores. Vivíamos, mesmo saindo de um regime opressor, mais libertos e sem essa pressão quase nos obrigando a seguir uma só linha de pensamento. A passagem da inexpressiva blogueira cubana pelo Brasil evidenciou isso. No resto do mundo está sendo recebida com desprezo, pois não representa nada a não ser ela mesma e aqui foi endeusada pelos que a usaram para atingir seus objetivos, espezinhar a pobre ilha caribenha que despreza o deus dinheiro. Ousaram criticá-la com gritos, apupos e daí tudo veio à tona, evidenciando estarmos todos impedidos até disso. No meu tempo de estudante apartávamos políticos e era regra vê-los em situação vexatória. Quem não se lembra de um repórter ao estilo de Ernesto Varela espezinhando Maluf e o Nabi? Aqui em Bauru muito engravatado suou para escapulir de saias justas. Até o refinado Fernando Morais, investido do cargo de Secretário da Educação penou junto de professores revoltados. Fino, ouviu a todos, pois via no ato uma demonstração de algo dentro da mais absoluta normalidade. Vaia para autoridades em cima de palanque já foi mato, mas hoje sofre certa resistência. Foi-se o tempo. Ser do contra virou crime hediondo. Um mero protesto, gritar palavras de ordem, demonstração espontânea de discordância, faixas e cartazes é tudo considerado ofensa grave. Resumo tudo num trecho do algo lido e desfavorável aos protestos: “sentimo-nos atacados naquilo que mais prezamos e propalamos: o direito do cidadão”. Esse direito só parece valer para os discordantes dos que protestavam. E onde fica o direito do cidadão de protestar? Inverteram tudo só para fazer valer suas ideias. Estamos a um passo de protesto dar cadeia.
FINANCIADORES DE OPRESSÃO – texto publicado na edição de hoje, 30/03/2013:
Essa brasileira Comissão Nacional da Verdade deixa muito a desejar. Ela não pune ninguém, tem uma dificuldade tremenda em chamar alguém para depor, cheio de cuidados com algozes do passado e mais por receio, vai sendo tocada meio que no vai da valsa. Queríamos algo mais contundente, com exposição de fatos, motivos e na não incidência de punições, ao menos, que o país inteiro pudesse tomar conhecimento de quem fez algo mais do que danoso contra a pátria. Infelizmente, nem isso vai acabar sendo divulgado. Em outros países latinos, que também vivenciaram regimes de opressão, desmedida truculência, tem até ex-presidente detido em prisão domiciliar. Por aqui tudo caminha a passos de tartaruga e a presidente para não ferir suscetibilidades (nome bonito, não?), não faz mínimo esforço para ver tudo caminhando. Seria de bom alvitre ver tudo revelado, horrores execrados, algo mínimo para que nada pudesse voltar a ocorrer. Algo me intriga mais que tudo e diz respeito a fatos ocorridos aqui na nossa aldeia, Bauru e pouco discutidos. Trata-se da participação do poder econômico privado, o que não só apoiou como também financiou aquele horror todo. Quem seriam por aqui os que colaboraram com a repressão? Muitos deles é mais do que sabido ainda estão por aí, todos pimpões, como se nada houvesse ocorrido e nesse momento, fazendo o que sempre fizeram, dando o seu quinhão, torcendo contra o momento atual e clamando por um retorno a governos autoritários. A tolerância do poder econômico com propostas autoritárias torna esses ainda mais poderosos. No Brasil garantiram um prolongado poder de dominação. Com a redemocratização brasileira, a repressão foi desarticulada, a guerrilha armada foi desmantelada, mas o poderio econômico conservador permaneceu ativo. Esses só se reforçaram e no momento em que são criados as Comissões da Verdade país afora nada melhor do que desvendar quem foram seus financiadores e apoiadores. Aqui em Bauru quem teria bancado aquele festim todo? Longe de ser delação, revelar isso é fazer história.
QUANDO A RELIGIÃO NÃO É ÓPIO – texto publicado em 23/03/2013:
Escrever de religião é sempre um eterno pisar em ovos. O que mais se vê são opiniões e cartas nos jornais sobre esse tema, desmedida demonstração de fé. Respeito todas, mas não suporto as que desmerecem outras e, principalmente as se mostrando conservadoras, excludentes, homofóbicas e preconceituosas. “E diante disso, sobraria alguma?”, poderiam me perguntar. Hoje está difícil, confesso, mas quando jovem tentei seguir os ditames de pregações de Casaldaliga, Boff, frei Beto, Cardenal, Hélder e Arns. Foram expoentes de algo bem diferente do pregado hoje em dia. Aqui em Bauru muitos estiveram ao lado de uma igreja libertadora, tendo o progressista bispo Dom Cândido Padin como seu maior expoente. Tivemos muita sorte, pois esse não se vergava. Aroeira pura. Hoje, muitos dos que estiveram ao seu lado, pregam o contrário do aprendido lá atrás e demonstram nada terem depurado de salutar com a vivência ao seu lado. De todos só Casaldaliga e Cardenal resistem, defendendo os pobres de forma verdadeira e sincera. Nunca se aliaram a nenhuma podridão e o que sempre fizeram foram arriscar e muito a própria pele. Os púlpitos atuais são outros. O discurso indiscutivelmente mais moderado, quase um reverso da moeda. Junto todas no mesmo balaio e as vejo pregando e usando as escrituras para justificar uma ladainha cada vez mais andando para trás. Pregam contra os pobres, pois não o defendem. Quando criticados, pedem para que os deixem em paz, não se metendo com as coisas de sua fé, porém insistem em tentar fazer valer seu credo como verdade única para todos. Fazem até lobby nesse sentido. Como aceitar isso? Não posso nem mais decidir o que fazer livremente com meu próprio corpo. Creio numa igreja (se é que ela existe), seja ela qual for, que proceda como o dito por frei Tito, torturado pela ditadura militar, respondendo a um jornalista italiano que perguntava se ele era marxista. “Para quem pretende mudar as estruturas da sociedade, Marx é indispensável”, respondeu. A que defendo é assim e está bem longe de ser o “ópio do povo”.
É PROIBIDO PROTESTAR - texto publicado em 16/03/2013:
Esse negócio de ser favorável a tudo é de uma chatice cavalar. Sou de um tempo (e não faz tanto tempo assim) que a manifestação contrária era livre e até incentivada. Vivíamos mais oxigenados, podendo numa encruzilhada escolher entre vários caminhos. Hoje, quando uma voz se levanta e se mostra do contra, sempre pipocam agourentos conceitos conservadores. Vivíamos, mesmo saindo de um regime opressor, mais libertos e sem essa pressão quase nos obrigando a seguir uma só linha de pensamento. A passagem da inexpressiva blogueira cubana pelo Brasil evidenciou isso. No resto do mundo está sendo recebida com desprezo, pois não representa nada a não ser ela mesma e aqui foi endeusada pelos que a usaram para atingir seus objetivos, espezinhar a pobre ilha caribenha que despreza o deus dinheiro. Ousaram criticá-la com gritos, apupos e daí tudo veio à tona, evidenciando estarmos todos impedidos até disso. No meu tempo de estudante apartávamos políticos e era regra vê-los em situação vexatória. Quem não se lembra de um repórter ao estilo de Ernesto Varela espezinhando Maluf e o Nabi? Aqui em Bauru muito engravatado suou para escapulir de saias justas. Até o refinado Fernando Morais, investido do cargo de Secretário da Educação penou junto de professores revoltados. Fino, ouviu a todos, pois via no ato uma demonstração de algo dentro da mais absoluta normalidade. Vaia para autoridades em cima de palanque já foi mato, mas hoje sofre certa resistência. Foi-se o tempo. Ser do contra virou crime hediondo. Um mero protesto, gritar palavras de ordem, demonstração espontânea de discordância, faixas e cartazes é tudo considerado ofensa grave. Resumo tudo num trecho do algo lido e desfavorável aos protestos: “sentimo-nos atacados naquilo que mais prezamos e propalamos: o direito do cidadão”. Esse direito só parece valer para os discordantes dos que protestavam. E onde fica o direito do cidadão de protestar? Inverteram tudo só para fazer valer suas ideias. Estamos a um passo de protesto dar cadeia.
sexta-feira, 29 de março de 2013
FRASES (103)
CONVERSINHA DE FERIADO DE SEXTA: SOU DURO, MAS SOU MACIO...
“O paradoxo - Tem muitas coisas no facebook com as quais não concordo. Opiniões que são contrárias à minha. Músicas que me desagradam. Piadas que eu não gosto. Imagens exageradas, às vezes absurdas. Gente repetindo o que nem leu. E por aí vai. E, sabe?, é exatamente isso que mais me atrai aqui. Porque se fosse para ficar só com minhas ideias, com meus conceitos, em minha zona de conforto, eu não precisaria de face, mas só de travesseiro”, esse texto eu encontrei hoje na interne logo ao acordar. É do jornalista Márcio ABC e expressa algo pelo qual concordo. Adoro esse negócio de cutucar e ser também cutucado (aí!). “Faz parte”, diria alguns, “Aí, como eu sofro”, diria Maria Inês Faneco e assim tocamos o barco. Sexta de feriado, templos lotados, muito peixe na mesa e ontem, também pelo facebook, um dileto amigo diante de algumas polêmicas pelas quais me envolvo resolve me denominar de “Boca Maldita”. Essa é do aniversariante do dia, o produtor cultural Kyn Jr.
Dizem que critico demais e isso não se faz. Criticar e ser criticado faz parte de quem entra nesse baile que é a Comédia Humana. Cito dois exemplos de elogios feitos recentemente. No primeiro algo de um amigo conquistado recentemente, o RUI ZILNET. Dele escrevi e reproduzo aqui: “RUI ZILNET é gaúcho, fotógrafo e jornalista, dos bons e de uma velha cepa, resistente e persistente, ainda encantando-se com temas que o fazem virar as questões do avesso. Começou a carreira no Rio de Janeiro, sendo um dos seus primeiros empregos a já extinta Última Hora. Sempre com uma máquina na mão fez história e tem muita coisa para contar. Acabou aportando em Bauru décadas atrás quando veio trabalhar para a Editora Abril, na experiência de lançarem a Vejinha Interior (a Abril era mais palatável). Ficou por aproximadamente três anos na cidade e por aqui fez amizades eternas, circulou pelos lugares mais marcantes e acabou por firmar um amor mais do que eterno por um tema que tem tudo a ver com a cidade, a ferrovia. Os laços com a cidade não se dissolveram com a partida e sempre volta, com o fez semanas atrás e num dia inteiro ficou a fotografar a degradação férrea do famoso entroncamento do passado. Foram mais de 800 fotos, mostrando cada detalhe de uma situação mais do que caótica. Rui faz isso não só para mostrar o que sabe fazer bem feito, tirar fotos, mas com o intuito de mover céu e terra para dar o seu quinhão possibilitando o retorno das ferrovias no Brasil. O Rui não para de querer buscar solução para isso tudo, inquieto e inquietante, pois expõe com clareza os males já feitos e insiste que solução existe. Instigante caminhar ao seu lado”. No segundo, esse um amigo mais antigo, o árbitro de futebol TONHÃO: “TONHÃO é pessoa ilustre, beirando os 70 anos de idade, morador do Residencial Sabiá, lá na saída para Piratininga, cabelos esbranquiçados, falante e distinto senhor, com um nome de batismo pouco conhecido, Antônio Sanchez Galvez. Em duas atividades faz, acontece e produz histórias. Na primeira, trabalha de segunda a sábado no balcão do Carimbos Pavan, ali na Rodrigues, onde além de exercer a função de coringa no atendimento de carimbador, exerce o papel de comentarista esportivo de tudo o que vai pelo futebol na cidade, estado, país e no mundo. Um catedrático. Nos domingos e feriados a cátedra é outra e seu negócio são os gramados. Juiz de futebol consagrado e requisitado, apitou por décadas o amador de Bauru, tendo medalhas e troféus lhe auferindo títulos e títulos (ganhador de inúmeros Troféus Ligados). Aposentou-se do amador, mas não para, pois bate cartão em jogos lá pelos lados do BTC de campo e adjacências, sempre enérgico e preciso, durão e fagueiro, sem nunca perder a galhardia e a autoridade. Tonhão é um mestre no ofício de apitar e com isso faz sua vida rolar com alegria. Vê-lo não querendo nunca aposentar o apito é a certeza de que a vida pode tornar-se longeva e radiante, bastando uma dedicação com amor, afinco e buscar forças lá no fundo para dar vazão ao que nosso interior não quer abandonar. Tenham certeza, hoje sexta santa, comércio fechado, jogos aqui e aqui, Tonhão está em atividade em algum desses lugares. Essa sua vida”.
Singelo com uns e duro com outros, como ontem no caso dos pastores homofóbicos. Um deles criou até um termo, o PASTORFÓBICO, que discorrerei aqui daqui a alguns dias. Para esses não tenho “papas (sic) na língua” e continuarei sendo um atroz perseguidor, pois representam o que de mais atrasado existe dentro do país atualmente. Perseguem tudo à sua volta, mas não gostam de serem perseguidos. Implacável com esses, os piores e para esses casos sempre faço uso de frase lapidar de meu pai, Heleno Cardoso de Aquino, hoje com 84 anos, com a sapiência dos anos vividos sempre me repete: “Cuidado com os moralistas, esses os piores, fazem tudo às escondidas”. Sou amigo de muitos e inimigo de alguns, muitos me detestam, mas alguns gostam do que faço e como faço. Aos 53, acredito que não mudo mais e como não sei o que ainda me resta de vida, deixa eu continuar a cutucar os que insistem em querer danar o que tão duramente foi conquistado. Caminho sempre para frente e repudiando sempre os que lutam para que ela ande para trás. Nos vemos amanhã, sempre nesse mesmo bat canal.
CONVERSINHA DE FERIADO DE SEXTA: SOU DURO, MAS SOU MACIO...
“O paradoxo - Tem muitas coisas no facebook com as quais não concordo. Opiniões que são contrárias à minha. Músicas que me desagradam. Piadas que eu não gosto. Imagens exageradas, às vezes absurdas. Gente repetindo o que nem leu. E por aí vai. E, sabe?, é exatamente isso que mais me atrai aqui. Porque se fosse para ficar só com minhas ideias, com meus conceitos, em minha zona de conforto, eu não precisaria de face, mas só de travesseiro”, esse texto eu encontrei hoje na interne logo ao acordar. É do jornalista Márcio ABC e expressa algo pelo qual concordo. Adoro esse negócio de cutucar e ser também cutucado (aí!). “Faz parte”, diria alguns, “Aí, como eu sofro”, diria Maria Inês Faneco e assim tocamos o barco. Sexta de feriado, templos lotados, muito peixe na mesa e ontem, também pelo facebook, um dileto amigo diante de algumas polêmicas pelas quais me envolvo resolve me denominar de “Boca Maldita”. Essa é do aniversariante do dia, o produtor cultural Kyn Jr.
Dizem que critico demais e isso não se faz. Criticar e ser criticado faz parte de quem entra nesse baile que é a Comédia Humana. Cito dois exemplos de elogios feitos recentemente. No primeiro algo de um amigo conquistado recentemente, o RUI ZILNET. Dele escrevi e reproduzo aqui: “RUI ZILNET é gaúcho, fotógrafo e jornalista, dos bons e de uma velha cepa, resistente e persistente, ainda encantando-se com temas que o fazem virar as questões do avesso. Começou a carreira no Rio de Janeiro, sendo um dos seus primeiros empregos a já extinta Última Hora. Sempre com uma máquina na mão fez história e tem muita coisa para contar. Acabou aportando em Bauru décadas atrás quando veio trabalhar para a Editora Abril, na experiência de lançarem a Vejinha Interior (a Abril era mais palatável). Ficou por aproximadamente três anos na cidade e por aqui fez amizades eternas, circulou pelos lugares mais marcantes e acabou por firmar um amor mais do que eterno por um tema que tem tudo a ver com a cidade, a ferrovia. Os laços com a cidade não se dissolveram com a partida e sempre volta, com o fez semanas atrás e num dia inteiro ficou a fotografar a degradação férrea do famoso entroncamento do passado. Foram mais de 800 fotos, mostrando cada detalhe de uma situação mais do que caótica. Rui faz isso não só para mostrar o que sabe fazer bem feito, tirar fotos, mas com o intuito de mover céu e terra para dar o seu quinhão possibilitando o retorno das ferrovias no Brasil. O Rui não para de querer buscar solução para isso tudo, inquieto e inquietante, pois expõe com clareza os males já feitos e insiste que solução existe. Instigante caminhar ao seu lado”. No segundo, esse um amigo mais antigo, o árbitro de futebol TONHÃO: “TONHÃO é pessoa ilustre, beirando os 70 anos de idade, morador do Residencial Sabiá, lá na saída para Piratininga, cabelos esbranquiçados, falante e distinto senhor, com um nome de batismo pouco conhecido, Antônio Sanchez Galvez. Em duas atividades faz, acontece e produz histórias. Na primeira, trabalha de segunda a sábado no balcão do Carimbos Pavan, ali na Rodrigues, onde além de exercer a função de coringa no atendimento de carimbador, exerce o papel de comentarista esportivo de tudo o que vai pelo futebol na cidade, estado, país e no mundo. Um catedrático. Nos domingos e feriados a cátedra é outra e seu negócio são os gramados. Juiz de futebol consagrado e requisitado, apitou por décadas o amador de Bauru, tendo medalhas e troféus lhe auferindo títulos e títulos (ganhador de inúmeros Troféus Ligados). Aposentou-se do amador, mas não para, pois bate cartão em jogos lá pelos lados do BTC de campo e adjacências, sempre enérgico e preciso, durão e fagueiro, sem nunca perder a galhardia e a autoridade. Tonhão é um mestre no ofício de apitar e com isso faz sua vida rolar com alegria. Vê-lo não querendo nunca aposentar o apito é a certeza de que a vida pode tornar-se longeva e radiante, bastando uma dedicação com amor, afinco e buscar forças lá no fundo para dar vazão ao que nosso interior não quer abandonar. Tenham certeza, hoje sexta santa, comércio fechado, jogos aqui e aqui, Tonhão está em atividade em algum desses lugares. Essa sua vida”.
Singelo com uns e duro com outros, como ontem no caso dos pastores homofóbicos. Um deles criou até um termo, o PASTORFÓBICO, que discorrerei aqui daqui a alguns dias. Para esses não tenho “papas (sic) na língua” e continuarei sendo um atroz perseguidor, pois representam o que de mais atrasado existe dentro do país atualmente. Perseguem tudo à sua volta, mas não gostam de serem perseguidos. Implacável com esses, os piores e para esses casos sempre faço uso de frase lapidar de meu pai, Heleno Cardoso de Aquino, hoje com 84 anos, com a sapiência dos anos vividos sempre me repete: “Cuidado com os moralistas, esses os piores, fazem tudo às escondidas”. Sou amigo de muitos e inimigo de alguns, muitos me detestam, mas alguns gostam do que faço e como faço. Aos 53, acredito que não mudo mais e como não sei o que ainda me resta de vida, deixa eu continuar a cutucar os que insistem em querer danar o que tão duramente foi conquistado. Caminho sempre para frente e repudiando sempre os que lutam para que ela ande para trás. Nos vemos amanhã, sempre nesse mesmo bat canal.
quinta-feira, 28 de março de 2013
CARTAS (100)
REPÚDIO ÀS IDEIAS RELIGIOSAS RETRÓGRADAS - Tribuna do Leitor JC, 28.03.2013
Já não se fazem mais religiosos como antigamente. Infelizmente todos estão hoje mais conservadores que dantes. Católicos, evangélicos e todos os demais. Poucos se salvam nessa barafunda que se tornou os temas defendidos dos ensinamentos de Cristo. Dariam para serem contados nos dedos de uma das mãos. Lembro com saudade do cardeal católico dom Evaristo Arns, do pastor Wright e do rabino Sobel na celebração ecumênica quando da norte de Vladimir Herzog. Isso ainda seria possível? Dificilmente, pois hoje, como as torcidas de futebol, a maioria se tornou rival uma da outra, trilhando o mesmo caminho num só tema, o do preconceito, homofobia, exclusão e conservadorismo. Passaram todas a caminhar em marcha a ré. Eles tentam de todas as formas impingirem à sociedade brasileira o que deveria ser somente regras para quem segue uma determinada religião. Quando isso é imposto como regra para todos, o estado perde o seu sentido laico.
Lobbies ocorrem para tudo, sugerindo que uma era de trevas como a da Inquisição pode estar se encaminhando. Isso pode ser verificado nos escritos e atitudes de alguns dos seus representantes. Cito aqui quatro exemplos. A Igreja Católica se nega a discutir a falta de resistência da igreja de Bergoglio, conivente com desmandos na Argentina, enquanto a daqui resistia bravamente (eis uma pela qual tenho saudade), assim como discutir corrupção interna e pedofilia. Dentre os evangélicos, no primeiro caso o pastor Celso Nascimento, representante do PSC de Feliciano na cidade, prega a mesma coisa que ele e todos no seu partido, mas se diz revoltado com uns meros cartazes diante do seu portão. Em dois momentos aqui no JC, algo mais repugnante. Em textos na seção Opinião, primeiro em “Desconselho de Medicina” (http://www.jcnet.com.br/editorias_noticias.php?codigo=228000), 25/03, escrito por Gilson Souto Maior Junior, pastor da Igreja Batista do Estoril, pregando o absurdo da medicina atrelar seus avanços aos dogmas religiosos. O entendimento dele sobre “biologização” do ser humano é um retrocesso inimaginável. Por que não deixam simplesmente as pessoas decidirem o que fazer com seus próprios corpos? A religião tolhe as liberdades mais elementares. No segundo, “A democracia em risco” (http://www.jcnet.com.br/editorias_noticias.php?codigo=228020), de Edson Valentim de Freitas Filho, pastor da Igreja Batista Bereana de Bauru, 27/03, algo ainda mais sério, pois quer nos confundir. A maior ilegalidade é Feliciano, pelo que representa querer presidir algo totalmente o oposto do que prega. Ele nos confronta a todos e não nós a ele. Tacanha sua visão de Lula querer “cubanizar” o país, termo injusto e recheado de preconceitos. Monstruosa inversão histórica, mostra sua face mais horrenda ao taxar Dilma de “guerrilheira” num tom pejorativo. Ela lutou para sermos o que somos hoje e isso ele ignora. Prega um confronto, nada religioso, declara guerra aos ainda livres, soberanos e sóbrios. Veja como eles entendem de forma tacanha isso tudo. Querem nos obrigar todos a seguir o que suas religiões pregam e quando contestamos, quando os colocamos na parede, levantam as mãos e gritam bem alto: “Estamos sendo agredidos nas nossas liberdades individuais. Deixem-nos em paz, respeitem os que pensam diferente”. Sim, mas eles precisam entender que não tem como permanecer indiferente diante de teses criacionistas, contra pesquisa células tronco, camisinha, aborto, legalização drogas, perseguições a outras tendências religiosas, políticas e fazendo uso da fé pública para ludibriar incautos. Sou um “pastorfóbico” assumido, pois diante de discurso e práticas tão maléficas seria incoerente comigo mesmo se não demonstrasse o quanto é pernóstico o pensamento que defendem. Proponho um amplo debate na cidade, uma grande mesa, tendo ao lado expoentes de um lado e outro e veremos quem tem mais garrafas vazias para vender. Topam? |
quarta-feira, 27 de março de 2013
RETRATOS DE BAURU (140)
ZÉ MARIA, INCANSÁVEL SEM TERRA, ARTESÃO DOS BAMBUS
Quem aporta pelo Assentamento Aimorés, entre Bauru e Pederneiras não tem como não conhecer uma das pessoas mais ativas do local, Zé Maria, o José Maria Rodrigues, filho de outro guerreiro, o seu Toninho da Ave Maria. Desde o primeiro momento, um que nunca arredou pé da luta pela posse da terra e de continuar o mesmo de sempre, fazendo a luta coletiva e buscando sempre o bem comum. Quando a Unesp local incentivou a criação do Projeto Bambu (olha a foto do barracão erguido lá)por volta de 1990, ele descobriu ali estar a sua verdadeira habilidade como artesão. Entrou de cabeça no projeto e hoje é um dos seus alicerces e pilares. Chego a afirmar ser a cabeça, tronco e membros do mesmo. “A cada dia descobrimos um novo uso para o bambu e mais famílias são capacitadas para esse trabalho”, palavras dele sobre sua fonte de renda. Simpatizar-se por sua pessoa é simples, bastando dar uma passadinha lá por Aimorés, sendo inevitável vê-lo sempre envolvido em algo de muito suor, não só para si, mas para a comunidade. Já o vi fazendo de tudo, organizando as festas, envolvido nas marchas, mutirões por todos os cantos e dentro da sua perua, mostras e mais mostras da sua arte como artesão. O que nunca vi até hoje foi vê-lo engomadinho, pois mesmo nas festas. lá está sempre envolvido numa espécie de trabalho. A última lição aprendida foi semana passada, quando ouviu serem os estudantes da Unesp os que fazem as peças do projeto Bambu. “Quem te disse. Eles nos trouxeram a técnica, muito nos ajudam, mas tudo é feito por nós, os daqui”, disse encerrando o assunto e uma confusão sempre recorrente. Tirar isso deles é o mesmo que o menosprezo de uns ao termo Sem Terra, que continuam utilizando com orgulho, mesmo depois da terra onde moram ter sido conquistada de vez. O quem se vê no dia a dia desse Zé é que a luta não tem trégua e ele sabe muito bem como enfrentar tudo o que já veio e o que virá pela frente.
terça-feira, 26 de março de 2013
BAURU POR AÍ (82)
BAURUENSE E CIPRIOTA VIVENDO NO CHIPRE, OLHO DO VULCÃO, RELATOS DO CAOS
Cartas demoravam tempo indeterminado para atravessar o Atlântico. Hoje tudo é num vapt-vupt, como um raio cruzando os céus e já estamos lendo o que nos postam do outro lado do mundo numa rapidez inimaginável no século passado. Ontem ao ouvir alarmantes noticiários, que a situação na ilha de Chipre estava um caos, batuco um texto para a bauruense lá residente, a fotojornalista Luciana Franzolin. Ela havia optado por morar na Europa décadas atrás, escolheu Londres como porto seguro e por lá tocou a vida, conheceu um cipriota, o também fotojornalista Alex Mita. Ano passado retornou de passeio à sua aldeia, Bauru SP, trazendo consigo Alex e era nítida a reclamação de ambos sobre a situação europeia, fruto das injustiças cometidas pela insensibilidade da cruel trinca a dominar a Europa atual, a Troika, junção maligna contendo o FMI, Banco Central Europeu e Comissão Europeia.
BAURUENSE E CIPRIOTA VIVENDO NO CHIPRE, OLHO DO VULCÃO, RELATOS DO CAOS
Cartas demoravam tempo indeterminado para atravessar o Atlântico. Hoje tudo é num vapt-vupt, como um raio cruzando os céus e já estamos lendo o que nos postam do outro lado do mundo numa rapidez inimaginável no século passado. Ontem ao ouvir alarmantes noticiários, que a situação na ilha de Chipre estava um caos, batuco um texto para a bauruense lá residente, a fotojornalista Luciana Franzolin. Ela havia optado por morar na Europa décadas atrás, escolheu Londres como porto seguro e por lá tocou a vida, conheceu um cipriota, o também fotojornalista Alex Mita. Ano passado retornou de passeio à sua aldeia, Bauru SP, trazendo consigo Alex e era nítida a reclamação de ambos sobre a situação europeia, fruto das injustiças cometidas pela insensibilidade da cruel trinca a dominar a Europa atual, a Troika, junção maligna contendo o FMI, Banco Central Europeu e Comissão Europeia.
Envio um e-mail, querendo saber notícias e recebo como resposta isso: “Sim, a situação no Chipre é de entristecer, e acabou adiantando a nossa volta ao Brasil, dia 16 de abril, de vez. Estive morando lá nos últimos três meses. Encaminhei pra você um relato que o Alex fez na terça, 19, hoje até piorado”. O sonho europeu nunca acaba, mas o retorno a um país em ascensão é algo que muitos gostariam de fazer. Eles o fazem.
O relato de Alex está na íntegra e não deixa dúvidas, a Europa está se esfacelando, sendo derretida a fórceps por alguns poucos possuidores de mais valia, em detrimento da maioria detentora de menos valia. Leiam:
“Fotojornalista Cipriota casado com bauruense relata através de imagens a atual crise na Ilha do leste do mediterrâneoChipre é o quinto pais do bloco Europeu a pedir ajuda.O meu pais já passou por sua quota justa de sofrimento. Da revolução contra os Britânicos na década de 50, à violência interna entre grego-cipriotas e turco-cipriotas, e finalmente à invasão turca na década de 70 que resultou na divisão da ilha entre a parte ocupada pela Turquia no norte (não reconhecida internacionalmente) e a Republica do Chipre ao sul (desde 2004 parte da União Europeia).
Como fotojornalista, tive a sorte de cobrir acontecimentos em tempos melhores. Estive presente quando duas passagens da zona ocupada pela ONU que divide o país, a Green Line, foram abertas pela primeira vez para os dois lados, grego e turco, em 2003. Fotografei também a ocasião da queda definitiva do muro que dividia o centro da capital Nicósia em 2008. As pessoas eram felizes nesta época.
No momento atual, os cipriotas estão passando pela pior crise financeira desde a Guerra de 1974. Os bancos do país estavam perigosamente expostos à Grécia, que recebeu por sua vez resgate financeiro em duas ocasiões.
A união europeia ofereceu um pacote de 10 bilhões de euros para resgatar o Chipre e salvar o país da falência. O acordo foi feito apos reuniões em Bruxelas entre os ministros e o Fundo Monetário Internacional. Em retorno, foi pedido ao Chipre que cortasse o seu debito, encolhendo o setor bancário e aumentando os impostos. Os cidadãos cipriotas entraram em pânico. Houve filas imensas em caixas eletrônicos e todos tentaram sacar o maior valor possível. As notas se esgotaram e os bancos permanecem fechados até quarta. O que chocou os cipriotas foi que como parte deste acordo, teriam que pagar uma percentagem de suas poupanças bancárias.
A união europeia ofereceu um pacote de 10 bilhões de euros para resgatar o Chipre e salvar o país da falência. O acordo foi feito apos reuniões em Bruxelas entre os ministros e o Fundo Monetário Internacional. Em retorno, foi pedido ao Chipre que cortasse o seu debito, encolhendo o setor bancário e aumentando os impostos. Os cidadãos cipriotas entraram em pânico. Houve filas imensas em caixas eletrônicos e todos tentaram sacar o maior valor possível. As notas se esgotaram e os bancos permanecem fechados até quarta. O que chocou os cipriotas foi que como parte deste acordo, teriam que pagar uma percentagem de suas poupanças bancárias.
Na noite de 19 de Marco, o parlamento cipriota rejeitou a proposta da União Europeia. Centenas de pessoas que estavam protestando do lado de fora do parlamento comemoraram quando a decisão foi anunciada. Mas a realidade é que estamos de volta à estaca zero. Na noite passada, rumores indicaram que o pacote revisado provavelmente será aceito, afetando poupanças bancarias com mais de 100 mil euros.
O futuro do Chipre é incerto, mas uma coisa é certa: os bancos do país perderam toda a credibilidade e são os cipriotas que, mais uma vez, vão sofrer as consequências”.
Alex Mita é casado com a fotojornalista bauruense Luciana Franzolin, ex Jornal da Cidade. O casal, que se conheceu e morou por dez anos em Londres, se encontra atualmente na ilha de Chipre em meio à turnê europeia de sua escola de fotografia itinerante, a World Photo School, que passou por Bauru em Outubro de 2012.Todas as fotos são do Alex, tiradas durante o protesto em frente ao Parlamento Cipriota na noite de 19/03 e com autorização de publicação.
segunda-feira, 25 de março de 2013
AMIGO DO PEITO (77)
SEU TONINHO DA AVE MARIA DE AYMORÉS E O PIMENTÃO ENVENENADO
Tem uns por aí que dizem não ter mais nada a aprender nesse mundo. Eu sempre tenho. Na beirada dos 53 sou um semianalfabeto, pouco sei, mesmo com tanta informação aqui do meu lado, uma infinidade de livros e essa internet sempre me proporcionando descobrimentos outros. Sábado passado, 23/03, visitei pela enésima vez o Assentamento de Aymorés, um local que antes até podia ser denominado “acampamento de sem-terras”, mas hoje com tudo legalizado, todos os mais de 400 lotes são todos dos que por lá resistiram até verem vingar a tal da reforma agrária. Ali ela aconteceu de fato e de direito. Existem problemas por lá, como em todos os outros desse torrão varonil, mas existem experiências valorosas de bom uso da terra e é sobre um desses casos que escrevo aqui. Lá estive com dois estudantes, a Débora e o Celso, irmãos, ela de Design e ele de Jornalismo. Não são de Bauru, são de uma cidadezinha vizinha de Piracicaba e os levei para conhecer o lote onde mora um personagem do local, o seu Toninho da Ave Maria. Um mineiro com 68anos, desses que quando se encanta com o oponente abre logo o coração e o papo não para mais. Foi o que aconteceu com a gente. Ele, depois de tentar várias frentes de trabalho, a última criando cabras, hoje tem 20 cabeças de gado e está enfiado praticamente o dia todo dentro de uma estufa, erguida por ele e o filho, o Zé Maria, um dos mais atuantes do local, peça principal do projeto Bambu/Taquara. Seu Toninho nos conta ter aprendido tudo nos cursos, tipo os que o Senai patrocina por lá e hoje é um especialista em sementes orgânicas. Planta tudo seguindo os ditames ensinados pelos técnicos e tira bons proveitos, pois hoje praticamente planta só por encomenda. Sua revolta é pelos belos cursos, gente de fora e especializada indo até lá e poucos se interessando. E depois, quando o calo aperta vão atrás dele para ver vomo as coisas se resolvem. Já tendo visto de tudo nessa vida, pra alguns ensina, pra outros espera padecer um bocadinho, para só depois dar a dica facilitadora.
Todos sempre saem encantados com tão magnífica pessoa. Quero ser breve e conto dessa vez só um causinho, ou melhor, uma dica dada por ele. Lá na estufa tem semente de quase tudo e disse para nós que o pimentão que é vendido por aí é o mais perigoso de todos. “Aqueles lindões, grandões, bem vermelhos, brilhantes, pode ter certeza são os mais envenenados. O pimentão é o que mais pega agrotóxico. É o que nos envenena mais, pois naquela casquinha linda, o produto do mal entra e não sai mais. Quando forem comprar pimentão comprem os mais pequenos, os mirradinhos, pois nesses os produtinhos não conseguiram o mesmo efeito dos demais. Façam isso com tudo, com as maçãs, as beterrabas, os chuchus, laranjas, e principalmente com os tomates. Depois os camaradas morrem tudo cedo, câncer que não acaba mais e não sabem o motivo. Eu sei”, relata. O susto foi grande e saímos todos de lá querendo mudar de vez os hábitos alimentares.
Seu Toninho pode muito bem ser o Consultor para Assuntos Alimentares de todos nós, mas não podemos abusar de tão ocupada pessoa. Por isso vou lá só de vezem quando. A Débora se encantou e já decidiu que irá fazer o seu TCC com ele e o irmão quer fazer uma grande matéria com ele, um documentário propiciando aos restantes dos mortais conhecerem tão edificante pessoa. É o menestrel do pessoal Com Terra lá de Aymorés, título conseguido não numa eleição como outra qualquer, mas pela sapiência dos anos vividos na labuta, uma enciclopédia ambulante e em constante ebulição. Pimentão daqui para a frente só com o crivodo seu Toninho, o da Ave Maria, o de Aymorés, o mineiro de Botelho.
SEU TONINHO DA AVE MARIA DE AYMORÉS E O PIMENTÃO ENVENENADO
Tem uns por aí que dizem não ter mais nada a aprender nesse mundo. Eu sempre tenho. Na beirada dos 53 sou um semianalfabeto, pouco sei, mesmo com tanta informação aqui do meu lado, uma infinidade de livros e essa internet sempre me proporcionando descobrimentos outros. Sábado passado, 23/03, visitei pela enésima vez o Assentamento de Aymorés, um local que antes até podia ser denominado “acampamento de sem-terras”, mas hoje com tudo legalizado, todos os mais de 400 lotes são todos dos que por lá resistiram até verem vingar a tal da reforma agrária. Ali ela aconteceu de fato e de direito. Existem problemas por lá, como em todos os outros desse torrão varonil, mas existem experiências valorosas de bom uso da terra e é sobre um desses casos que escrevo aqui. Lá estive com dois estudantes, a Débora e o Celso, irmãos, ela de Design e ele de Jornalismo. Não são de Bauru, são de uma cidadezinha vizinha de Piracicaba e os levei para conhecer o lote onde mora um personagem do local, o seu Toninho da Ave Maria. Um mineiro com 68anos, desses que quando se encanta com o oponente abre logo o coração e o papo não para mais. Foi o que aconteceu com a gente. Ele, depois de tentar várias frentes de trabalho, a última criando cabras, hoje tem 20 cabeças de gado e está enfiado praticamente o dia todo dentro de uma estufa, erguida por ele e o filho, o Zé Maria, um dos mais atuantes do local, peça principal do projeto Bambu/Taquara. Seu Toninho nos conta ter aprendido tudo nos cursos, tipo os que o Senai patrocina por lá e hoje é um especialista em sementes orgânicas. Planta tudo seguindo os ditames ensinados pelos técnicos e tira bons proveitos, pois hoje praticamente planta só por encomenda. Sua revolta é pelos belos cursos, gente de fora e especializada indo até lá e poucos se interessando. E depois, quando o calo aperta vão atrás dele para ver vomo as coisas se resolvem. Já tendo visto de tudo nessa vida, pra alguns ensina, pra outros espera padecer um bocadinho, para só depois dar a dica facilitadora.
Todos sempre saem encantados com tão magnífica pessoa. Quero ser breve e conto dessa vez só um causinho, ou melhor, uma dica dada por ele. Lá na estufa tem semente de quase tudo e disse para nós que o pimentão que é vendido por aí é o mais perigoso de todos. “Aqueles lindões, grandões, bem vermelhos, brilhantes, pode ter certeza são os mais envenenados. O pimentão é o que mais pega agrotóxico. É o que nos envenena mais, pois naquela casquinha linda, o produto do mal entra e não sai mais. Quando forem comprar pimentão comprem os mais pequenos, os mirradinhos, pois nesses os produtinhos não conseguiram o mesmo efeito dos demais. Façam isso com tudo, com as maçãs, as beterrabas, os chuchus, laranjas, e principalmente com os tomates. Depois os camaradas morrem tudo cedo, câncer que não acaba mais e não sabem o motivo. Eu sei”, relata. O susto foi grande e saímos todos de lá querendo mudar de vez os hábitos alimentares.
Seu Toninho pode muito bem ser o Consultor para Assuntos Alimentares de todos nós, mas não podemos abusar de tão ocupada pessoa. Por isso vou lá só de vezem quando. A Débora se encantou e já decidiu que irá fazer o seu TCC com ele e o irmão quer fazer uma grande matéria com ele, um documentário propiciando aos restantes dos mortais conhecerem tão edificante pessoa. É o menestrel do pessoal Com Terra lá de Aymorés, título conseguido não numa eleição como outra qualquer, mas pela sapiência dos anos vividos na labuta, uma enciclopédia ambulante e em constante ebulição. Pimentão daqui para a frente só com o crivodo seu Toninho, o da Ave Maria, o de Aymorés, o mineiro de Botelho.
domingo, 24 de março de 2013
MÚSICA (99)
PASTORES FELICIANO E CELSO NASCIMENTO, MÚSICAS "GRÂNDOLA VILA MORENA" E "CAMINHANDO"
Ontem aqui em Bauru uma manifestação das mais oportunas, contra o deputado Feliciano, do PSC – Partido Social Cristão (um dos piores do país) estar no comando da Comissão dos Direitos Humanos da Câmara dos Deputados. Do Feliciano tudo já foi dito, um ser desprezível e por tudo que vi, deveria já ter sido indiciado e condenado, pois ludibria a fé pública, dela tira proveito e tudo na cara dura. Do ato em Bauru e de todos que lá estiveram, efusivas palmas. Tudo foi finalizado num lugar nem um pouco insólito, defronte a residência do manager do PSC em Bauru, o já conhecido e também pastor Celso Nascimento. Alguns já estão criticando a posição dos manifestantes, pois o Celso não teria nada a ver com a posição do Feliciano. Tem sim e tudo, afirmo. Ele é ponta da lança de um movimento conservador, retrógrado, homofóbico e excludente. Eles combatem hoje algo contra o homossexualismo, já o fizeram contrários às liberdades individuais e amanhã, com certeza, o farão contra as esquerdas e tudo o mais que estiver no caminho de devassidão (sic) e arcaísmo. Como escrevi ontem num texto para o Bom Dia, reafirmo que “Respeito todas, mas não suporto as que desmerecem outras e, principalmente as se mostrando conservadoras, excludentes, homofóbicas e preconceituosas”. E o PSC do Celso é tudo isso e mais um pouco e assim sendo, tenho plena certeza de que a manifestação acertou em cheio ao encerrar o ato diante da residência do pastor Feliciano, desculpe, pastor Celso. A confusão é porque o discurso é o mesmo, cada vez mais perigoso. Sinto, mas sinto mesmo, por não ter tido tempo de lá estar. Parabenizo a todos os organizadores, apoiadores e participantes.
E para continuar nesse tema, junto algo não tão distante disso. Na Euroipa de hoje, uma crise sem tamanho e o povo cada vez mais encurralado por posicionamentos conservadores e danosos à maioria da população. A tal da nova legislação imposta pela Troika (FMI, Banco central Europeu e Comissão Europeia), comandada pela alemã Angela Merkel. A Grécia já se danou, hoje ilha de Chipre está em convulsão e Portugal/Espanha com manifestações diárias por suas ruas. Ontem me emocionei ao ver pelo youtube uma manifestação na Espanha revivendo um símbolo da resistência contra a opressão, uma música de outro movimento, a da Revolução dos Cravos, ocorrida 40 anos atrás em Portugal e sendo cantada por todos espanhóis. Depois percebi que a Europa inteira a está entoando. Essa música, a “Grândola, Vila Morena”, do português Zeca Afonso, foi uma espécie de hino da revolução dos Cravos, em Portugal. Ocorrida no 25 de abril de 1974 e novamente volta a ser entoada como um hino de resistência ao que está acontecendo com os países europeus. A história dessa música e de como foi símbolo de resistência de um povo é maravilhosa. Em Portugal todos voltaram a cantá-la pelas ruas e na Espanha idem. Quando chega o momento da frase "o povo é quem mais ordena", uma união que se fortalece. Confira isso no: http://www.youtube.com/watch?v=VWZuQ0g6Uoo. Isso me faz lembrar-se do Geraldo Vandré e a nossa "Caminhando", com o "vem vamos embora que esperar não é saber...". Esse o nosso hino de resistência, que também precisa ser resgatado e o deles, europeu já o foi. Precisamos resgatá-la e entoar em todos os momentos em que estivermos nas ruas, como uma demonstração clara de descontentamento e de que estamos incomodados (e não nos mudaremos) com tanto desrespeito. Posto novamente uma bela interpretação dela para irmos novamente nos acostumando com sua letra: http://www.youtube.com/watch?v=gVmmgvgB8Ms
Feliciano não nos representa, Celso Nascimento é a ponta de lança dele na cidade e um dos retrógrados pastores de plantão e manifestações nesse sentido precisam se repetir a todo instante, para que nem queiram ensaiar um retrocesso ainda maior. E cantando “Caminhando” diante dos seus templos, residências, locais de trabalhos os estaremos incomodando. É a melhor resposta que podemos dar a esses representantes do atraso.
PASTORES FELICIANO E CELSO NASCIMENTO, MÚSICAS "GRÂNDOLA VILA MORENA" E "CAMINHANDO"
Ontem aqui em Bauru uma manifestação das mais oportunas, contra o deputado Feliciano, do PSC – Partido Social Cristão (um dos piores do país) estar no comando da Comissão dos Direitos Humanos da Câmara dos Deputados. Do Feliciano tudo já foi dito, um ser desprezível e por tudo que vi, deveria já ter sido indiciado e condenado, pois ludibria a fé pública, dela tira proveito e tudo na cara dura. Do ato em Bauru e de todos que lá estiveram, efusivas palmas. Tudo foi finalizado num lugar nem um pouco insólito, defronte a residência do manager do PSC em Bauru, o já conhecido e também pastor Celso Nascimento. Alguns já estão criticando a posição dos manifestantes, pois o Celso não teria nada a ver com a posição do Feliciano. Tem sim e tudo, afirmo. Ele é ponta da lança de um movimento conservador, retrógrado, homofóbico e excludente. Eles combatem hoje algo contra o homossexualismo, já o fizeram contrários às liberdades individuais e amanhã, com certeza, o farão contra as esquerdas e tudo o mais que estiver no caminho de devassidão (sic) e arcaísmo. Como escrevi ontem num texto para o Bom Dia, reafirmo que “Respeito todas, mas não suporto as que desmerecem outras e, principalmente as se mostrando conservadoras, excludentes, homofóbicas e preconceituosas”. E o PSC do Celso é tudo isso e mais um pouco e assim sendo, tenho plena certeza de que a manifestação acertou em cheio ao encerrar o ato diante da residência do pastor Feliciano, desculpe, pastor Celso. A confusão é porque o discurso é o mesmo, cada vez mais perigoso. Sinto, mas sinto mesmo, por não ter tido tempo de lá estar. Parabenizo a todos os organizadores, apoiadores e participantes.
E para continuar nesse tema, junto algo não tão distante disso. Na Euroipa de hoje, uma crise sem tamanho e o povo cada vez mais encurralado por posicionamentos conservadores e danosos à maioria da população. A tal da nova legislação imposta pela Troika (FMI, Banco central Europeu e Comissão Europeia), comandada pela alemã Angela Merkel. A Grécia já se danou, hoje ilha de Chipre está em convulsão e Portugal/Espanha com manifestações diárias por suas ruas. Ontem me emocionei ao ver pelo youtube uma manifestação na Espanha revivendo um símbolo da resistência contra a opressão, uma música de outro movimento, a da Revolução dos Cravos, ocorrida 40 anos atrás em Portugal e sendo cantada por todos espanhóis. Depois percebi que a Europa inteira a está entoando. Essa música, a “Grândola, Vila Morena”, do português Zeca Afonso, foi uma espécie de hino da revolução dos Cravos, em Portugal. Ocorrida no 25 de abril de 1974 e novamente volta a ser entoada como um hino de resistência ao que está acontecendo com os países europeus. A história dessa música e de como foi símbolo de resistência de um povo é maravilhosa. Em Portugal todos voltaram a cantá-la pelas ruas e na Espanha idem. Quando chega o momento da frase "o povo é quem mais ordena", uma união que se fortalece. Confira isso no: http://www.youtube.com/watch?v=VWZuQ0g6Uoo. Isso me faz lembrar-se do Geraldo Vandré e a nossa "Caminhando", com o "vem vamos embora que esperar não é saber...". Esse o nosso hino de resistência, que também precisa ser resgatado e o deles, europeu já o foi. Precisamos resgatá-la e entoar em todos os momentos em que estivermos nas ruas, como uma demonstração clara de descontentamento e de que estamos incomodados (e não nos mudaremos) com tanto desrespeito. Posto novamente uma bela interpretação dela para irmos novamente nos acostumando com sua letra: http://www.youtube.com/watch?v=gVmmgvgB8Ms
Feliciano não nos representa, Celso Nascimento é a ponta de lança dele na cidade e um dos retrógrados pastores de plantão e manifestações nesse sentido precisam se repetir a todo instante, para que nem queiram ensaiar um retrocesso ainda maior. E cantando “Caminhando” diante dos seus templos, residências, locais de trabalhos os estaremos incomodando. É a melhor resposta que podemos dar a esses representantes do atraso.
sábado, 23 de março de 2013
DROPS – HISTÓRIAS REALMENTE ACONTECIDAS (85)
DENTRO DA TV GLOBO, ALGUNS ATORES FAZEM A DIFERENÇA
Quem foi que disse que dentro da TV Globo não existem os que pensam diferente da tacanha linha capitaneada por Ali Kamel? Conheço alguns que se impõem pela qualidade do que fazem, são atores na acepção da palavra e não se calam. Dou dois exemplos:
Exemplo 1 – JOSÉ DE ABREU – Esse Zé é dos tempos do Congresso de Ibiúna, o estudantil e conhece todos seus personagens, inclusive Zé Dirceu. Conviveu com todos. Hoje, aos 67 anos, após interpretar o famoso e divertido vilão Nilo, na telenovela Avenida Brasil, continua nos palcos com Bonifácio Bilhões e está prestes a assinar ficha de filiação com o PT. Da época de militância no período militar , relembra com saudade que foi um dos que transportou com seu carro parte dos dólares surripiados dos cofres da amante do Adhemar de Barros. Visível demais na campanha da presidente Dilma, apareceu em inúmeras fotos, exposição que lhe causou problemas internos com a direção da emissora. Chegou a postar em seu twitter: “Serra abandonou o mandato até como presidente da UNE”. No último debate na TV Globo foi ele quem a buscou com carrinho do Projac no heliporto da emissora e depois apareceu em todas as fotos. A risadinha do Nilo (hihihi), sua marca registrada, nasceu, segundo ele, de um “ímpeto socialista do ator de valorizar o trabalho da maquiadora, que passava mais de uma hora a deixar feios os seus dentes, escondidos por baixo da espessa barba do personagem”. Do mensalão diz: “Que mensalão? Eu sei que não aconteceu. Este julgamento foi o maior espetáculo virtual, uma grande farsa. Como uma pessoa sem foro especial como o Zé Dirceu é julgado sem ter direito de recurso. Pondero, que se comprovou no mínimo caixa 2. Óbvio, sim, cometemos esse crime. Não se elege um presidente com 10 mirréis”. Na Globo não teve problemas, mas sim na editora Abril, com um veto de aparecer nas edições da Contigo! por bater demais no seu proprietário. “O Roberto Civita queria ser o Roberto Marinho. Acho o Civita um sujeito torto, nasceu acéfalo”, diz. Na última polêmica pelas redes sociais declarou-se bissexual e brincou divulgando um vídeo onde aparece com o suposto “namorado” Rafinha Bastos, visto por mais de 650 mil internautas no Youtube. Explica tudo dessa forma: “Para vencer meu machismo, meus preconceitos, teria de fazer parte de uma minoria. Não posso fingir que sou negro, nem que sou índio, nem que sou gay. Mas bissexual vão acreditar, pensei. Foi por isso que falei”.
Exemplo 2 – Wagner Moura – Ele sempre usa sua visibilidade para comunicar algo relevante: opina na política, critica a mídia, faz-e ouvir. Recusa papéis que não se conjuguem com seus ideais. Wagner, 36 anos, perto da merca dos 20 longas-metragens, nunca aceitou pacificamente as bestialidades de parte da televisão. Inesquecível o entrevero com o Pânico, quando ao sair de uma premiação em São Paulo, foi besuntado na cabeça com uma geleia verde. Não revidou, mas redigiu uma famosa carta: “É a espetacularização da babaquice. Compartilho minha indignação porque sei que ela diz respeito a muitos, pessoas públicas ou anônimas, que não compactuam com esse circo de horrores(...). A mediocridade é amiga da barbárie! E a coisa tá feia”. De outra feita, o poder da revistra Veja não o intimidou e a criticou em entrevista a revista Caros Amigos, quando a classificou como “de extrema direita. Eu me lembro de uma capa que me indignou profundamente, sobre o desarmamento, que dizia ‘Dez motivos para você votar não’. Eu me lembro claramente da revista elogiando Tropa de Elite pelos motivos mais equivocados do mundo. E, semana sim, semana não, sacaneando colega nosso, Fábio Assunção, Reynaldo Gianecchini, de uma forma escrota, arrogante e violenta”. Desde então se recusa a dar entrevista para Veja, pois sua linha editorial o incomoda: “Nunca fui atingido de forma direta por ela, mas não compartilho ideológica nem eticamente com a revista”. Não se incomodou em interpretar um dos personagens de Tropa de Elite e se revolta quando dizem da postura fascista do trabalho de José Padilha: “Como era possível um filme que mostrava a polícia daquela forma, em toda a sua violência, ser fascista?”. Essa sua postura e o sucesso fez merecer olhar internacional com sua primeira produção internacional, Elysium, de Neill Blomkamp.
UMA BICADINHA NUM FATO DE VEJA E DA MÍDIA – Só para relembrar como a Veja e parte considerável da mídia é horrorosa. Quando a presidente Dilma não emitiu uma nota oficial a respeito da renúncia do papa Ratzinger, caíram-lhe de pau, como se isso fosse pecado grave. E por que deveria se manifestar? Laudas e laudas com pura perda de tempo. Nesse momento ocorre o inverso. A presidenta vai a Roma para audiência com o novo papa e a mesma mídia que a criticava por não emitir nota de lamentação, agora a investiga a respeito dos gastos de sua comitiva. Na capa da semanal da Abril algo surreal, um papa enorme, como se grande fosse diante de uma passado nada glorioso e as duas presidentas latinas que com ele estiveram, a argentina e a brasileira pequenas diante de figura tão gutural. Só a Veja mesmo e dela um algo mais. Via facebook, recebo um questionamento do que faria diante de uma Veja na sala de espera do dentista. Minha resposta: “Iria embora, pois se ele lê aquilo, não o vou querer mexendo na minha boca. Procuraria outro”.
OBS.: Textos feitos após ler matérias com os atores na semanal Carta Capital, uma que também rema contra a maré da mediocridade e sacanagem que assola o Brasil de hoje em dia.
sexta-feira, 22 de março de 2013
O QUE FAZER EM BAURU E NAS REDONDEZAS (28)
A discussão é antiga e a retirada vai sendo adiada, mas chegará o dia da desobstrução do caminho. Sim, eles serão retirados e para onde irão? Boa pergunta, essa ainda não discutida a contento. Em muitas cidades algo parecido foi feito e a remoção ocorreu com a criação de “camelódromos”. Conheço vários espalhados país afora. Todos, indistintamente não possuem visuais bonitos e nem segurança adequada (pelo ajuntamento, facílimo um incêndio). E por que não se pensar num local diferente de tudo o que já foi feito? Bauru não conseguiu ainda nem discutir algo em torno da criação de um necessário Mercado Popular (olha o galpão defronte à Feira do Rolo ainda dando sopa), quanto mais isso, mas já circula a boca pequena que a remoção não vai demorar.
Texto de minha lavra e inspiração recebida após leitura de matéria do JC: http://www.jcnet.com.br/Geral/2013/03/prefeitura-vislumbra-futuro-sem-os-camelos-no-centro-lei-impede-novos-cadastros-desde-2004.html (OBS.: Minhas imagens são meramente ilustrativas e expressam problema nacional, quiçá mundial).
DICA PARA ESCAPULIDA: E para arejamento capilar de começo de noite, nada melhor do que curtir algo salutar, uma saidinha noturnica e com categoria. Show no Espaço Cultural Celina Neves, ali na Gerson França, com a cantora bauruense Lu Nóbrega, com um estilo musical pra lá de bom. Desse jeito nem a chuva me segura em casa...
O CERCO DE FECHA E OS AMBULANTES/CAMELÔS PAGARÃO O PATO
Tudo já está definido pela Prefeitura Municipal de Bauru e os ambulantes da região central da cidade estão com os dias contados. A remoção ocorrerá mais dia menos dia, não se sabe para onde. A justificativa dada é sempre a da revitalização do centro da cidade, modernização, mas junto disso está embutido um algo mais, a higienização, algo que sempre vem com uma pitada de preconceito ao pobre (e não só aqui, por todos os lugares). Sob a alegação de que muitos ambulantes estariam atuando de forma ilegal, todos pagarão o pato. Mas que irregularidades são essas? A de que alguns já possuem até firma legalizada, com CNPJ e tudo, tendo alguns também mais de um ponto, o que configura a saída da situação de extrema necessidade. Vejo isso de forma muito simples e isso está claro no procedimento que estão querendo adotar, a de que por causa de uns poucos, a maioria necessitada viverá um verdadeiro inferno astral. E por que não melhorar a fiscalização, descobrir os irregulares e não penalizar todos? É que isso não foi feito em lugar nenhum do país, quando o preferido é sempre retirá-los para lugares afastados, longe dos olhos de todos e assim, problema não visto, problema não existente.
A discussão é antiga e a retirada vai sendo adiada, mas chegará o dia da desobstrução do caminho. Sim, eles serão retirados e para onde irão? Boa pergunta, essa ainda não discutida a contento. Em muitas cidades algo parecido foi feito e a remoção ocorreu com a criação de “camelódromos”. Conheço vários espalhados país afora. Todos, indistintamente não possuem visuais bonitos e nem segurança adequada (pelo ajuntamento, facílimo um incêndio). E por que não se pensar num local diferente de tudo o que já foi feito? Bauru não conseguiu ainda nem discutir algo em torno da criação de um necessário Mercado Popular (olha o galpão defronte à Feira do Rolo ainda dando sopa), quanto mais isso, mas já circula a boca pequena que a remoção não vai demorar.
E qual a melhor solução para o problema? Não sou bidu e nem tenho bola de cristal, mas de forma sensata proponho um estudo coletivo, unindo vários segmentos sérios (os ambulantes incluídos, viu!), buscando uma saída honrosa para esses trabalhadores informais. Aproveitadores, atravessadores, usurpadores, rufiões, mequetréficos enganadores existem em todos os lugares e de todas as matizes. Dentre os ambulantes também. Vamos todos pensar coletivamente num belo local para abriga-los, moderno, ousado e funcional e lá, com sério cadastramento só os que realmente necessitam. Ideias não faltarão, lugares idem e a viabilização também. Expulsá-los sem eira nem beira é que vejo como inadmissível e se isso ocorrer, lá estarei para me posicionar ao lado deles. Pobre tem que ser respeitado, no mínimo.
Texto de minha lavra e inspiração recebida após leitura de matéria do JC: http://www.jcnet.com.br/Geral/2013/03/prefeitura-vislumbra-futuro-sem-os-camelos-no-centro-lei-impede-novos-cadastros-desde-2004.html (OBS.: Minhas imagens são meramente ilustrativas e expressam problema nacional, quiçá mundial).
DICA PARA ESCAPULIDA: E para arejamento capilar de começo de noite, nada melhor do que curtir algo salutar, uma saidinha noturnica e com categoria. Show no Espaço Cultural Celina Neves, ali na Gerson França, com a cantora bauruense Lu Nóbrega, com um estilo musical pra lá de bom. Desse jeito nem a chuva me segura em casa...
quinta-feira, 21 de março de 2013
PRECONCEITO AO SAPO BARBUDO (56)
SUBVERSIVA PALESTRA: LATUFF E O ‘O QUE EU POSSO FAZER’
“Desde 1990 trabalho com charge e para a imprensa sindical. Quero saber quem daqui fez ou faz parte do movimento estudantil? Ninguém. Hoje existe um avanço muito grande idéias conservadoras e se faz necessário estarmos engajados em algo para reverter isso. Alguém já assistiu o filme Matrix? Sabem o que é a pílula azul e a PÍLULA VERMELHA? É ela que transforma as pessoas, consumam essa. Não caiam na lábia de gente que se utiliza das escrituras para justificar o preconceito. Cada vez mais se fala e escreve contra a homossexualidade e poucos estão reagindo. Os evangélicos não devem ser perseguidos, pois quando pregam algo assim para seus seguidores é problema deles, mas quando expõem isso e querem que todos aceitemos, daí o perigo. Hoje são os gays e amanhã será a esquerda, depois... Hoje os pastores são ponta de lança de um pensamento homofóbico, excludente, preconceituoso e conservador, tudo de ruim. Por que diabos eu tenho que me preocupar com a vida dos outros? Isso para nós aqui é um absurdo, mas lá fora está fazendo sentido. Homossexuais continuam sendo agredidos nas ruas. Nossos pais foram ensinados a serem machistas e hoje o trabalho tem que ser intenso para não fazer o mesmo. Um absurdo os trotes machistas, como o Rodeio das Gordas (Unesp Araraquara), o Miss Bichete (USP São Carlos) e Caloura Xica da Silva e Saudação Nazista (Universidade Federal MG). Isso não tem nada de engraçado, isso não pode passar em branco, estamos no século XXI e já devíamos ter superado o fascismo de nossas vidas. É necessário se levantar contra isso. Eu faço isso através do meu trabalho e cada um pode fazer o mesmo pelo seu. Todas as fobias provem da ignorância. Hoje não tenho religião, pois não quero me guiar por um livro. Depois que você toma a pílula vermelha sua vida muda. Religião só tem sentido se torna sua vida melhor. Fazendo isso, ótimo, mas uma que usa de preconceito e intolerância não serve pra ninguém. Outra coisa é a violência atual contra os estudantes. Antes só com pobre, hoje o pau pega em Chico e no Francisco. Não é possível permitir a criminalização dos movimentos sociais, como os Sem Terra, Sem Teto, etc. William Bonner nunca falará isso aqui para vocês, viu. Eles falam só o que interessa a eles, injetam isso diariamente pela TV e querem que só discutamos o que eles querem. O Brasil é tão atrasado que ainda estamos discutindo reforma agrária. Somos ainda uma imensa oligarquia, nossa política é feita com o princípio básico das oligarquias. Na questão do estudante, veja que o invasor é um cara de fora querendo entrar, só que no caso do estudante a casa é dele, tudo é feito para ele, só existe a instituição de ensino por causa dele e batem nele quando reivindica um algo a mais. Na questão da terra a mesma coisa. Como se criminalizar movimentos que são justos? Temos que estar sempre atentos nessas questões e repudiar os ataques. Faça uma pergunta para você mesmo: No que eu posso ajudar? Vamos aos movimentos sociais perguntar isso a eles e ajuda-los, não criticá-los. Cuba é outra coisa interessante, pois tudo o que passam para a gente é antes filtrada. Quando se fala em Cuba logo é pensado em atraso econômico, falta liberdade expressão, isso é o senso comum que a TV passa. A maioria das pessoas que são contra Cuba nunca estiveram lá, debatem sem conhecimento de causa. O senso comum deles é ficar batendo sempre em Chávez, Cuba e assim, não mostrando o outro lado, nunca teremos conhecimento real do que de fato acontece. A esquerda poderia fazer o contra ponto, mas ela já não se comunica mais com o povo, mas somente com seus pares. Sabe quem fala hoje com as massas? O pastor. A esquerda não tem que abrir mão do princípio, mas peca por não disputar hegemonia, não fala a língua do povo. O Lula foi eleito como um Chávez, mas deixou de fazer as reformas, mantendo a máquina funcionando com uma pseudo esquerda. Ele representa a força de um símbolo. Ele não forja o falar errado, ele senta com Obama e com os sem terra. Vai de A a Z, só que não trabalha mais para o proletariado. A Dilma além de ser mulher foi presa política, mas a nossa Comissão da Verdade não vale nada. Não tivemos mudança nenhuma. Mas mesmo com tudo isso, a saída continua somente na esquerda, não pense por outra via, pois não ocorrerá. O Brasil, pela sua força pode exercer para toda a América Latina o podere do exemplo. O Brasil se libertando ele levaria consigo toda a América Latina a reboque, porém continuamos com o princípio de um país colonizado. Essa a nossa lógica. Precisamos é de uma outra lógica, pensando o país verdadeiramente como nação. Continuamos oligárquicos. Hoje caminhamos para uma situação parecida com a dos EUA, quando mudam-se os síndicos, mas o condomínio é o mesmo. Aqui isso de só PT e PSDB administrando a máquina capitalista é ruim, pois não tocam no maior problema, o sistema. O Brasil possui uma cara velha e ao invés de construir outra melhor, acaba pintando tudo por cima e por baixo continua tudo a mesma coisa. O sistema político que você tem a sua mãe doente e eles te perguntam se tem cheque para pagar a conta, esse sistema não me serve. São excludentes e não serve para a maioria das pessoas. Esse modelo em que a necessidade das empresas vem sempre na frente da necessidade das pessoas tem que acabar. O princípio que me norteia é transformar esse sistema, destruí-lo, pois o que eu quero nunca será o que o capitalista quer. O mais importante e você sair daqui com a consciência de que é preciso mudar. É a mesma coisa de você ter uma cascavel como animal de estimação, o capitalismo não tem conserto. Hoje uma revolução armada não faz a menor diferença, a sua arma tem que ser a sua consciência. O negócio é levar a pílula vermelha para as pessoas. Chávez fez isso, o povo começou a ter consciência. Trabalho para tirar as pessoas do coma. O importante é fazer e cada um tem que encontrar a sua maneira e fazer. Como vejo a situação do Irã, Síria e Coréia do Norte? É temerário o inimigo do meu inimigo ser sempre meu amigo. Vejo todos ruins, pois o que virá depois é tão ou até pior do que está aí. As nações trabalham com o pragmatismo do Real Politik. Se a Coréia cutuca os EUA eu vou apoiar, isso uma questão estratégica. Se Israel pode o Irão também deve poder ter energia nuclear. Não analiso a geopolítica somente numa visão simplista. Não existem mocinhos nessa história, tem é interesse. Todos os movimentos existentes, como o maoísta, trotskista, comunista, socialista, stalinista, tem seus erros e acertos, mas apontam para o mesmo norte e temos sempre algo em comum. O grande norte hoje é cada um de nós descobrir o seu talento inerente e utilizá-lo na transformação, dar sua contribuição na mudança. Acordar as pessoas do coma, fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para que a mensagem transformadora chegue até as pessoas. Vamos encerrar falando sobre a questão das drogas. Ela sempre acompanhou a vida da humanidade e o tráfico só existe por causa da corrupção. Ninguém quer fechar uma loja ou um negócio que dá lucro. Quem fala sério hoje sobre o assunto fala em descriminalização. Penso que a solução passa pela Redução de Danos, ou seja, levar essa questão a sério. O traficante não é guerrilheiro, não quer derrubar o sistema, o que quer é lucrar com o seu negócio. Uma campanha sobre a questão não pode ser feita na base moralista. Encerro esperando que guardem muitas palavras e pensem sempre: O QUE EU POSSO FAZER. Se a realidade aí fora não serve mais para você, como não serve para mim, o que eu posso fazer para mudar isso? Consumam a tal da pílula vermelha. Não existe espaço vazio. Se alguém deixa algum vazio, outro vai lá e ocupa. Vamos lá ocupar esses espaços todos”.
SUBVERSIVA PALESTRA: LATUFF E O ‘O QUE EU POSSO FAZER’
Carlos Henrique LATUFF dispensa apresentações. Elas estão todas aí mais do que disponíveis via internet. O gajo aportou ontem à noite para uma SUBVERSIVA palestra no Colégio D’Incao e o encantamento que produz junto aos estudantes (sala entupida de gente, mais de 150 pessoas) vem da forma como dá o toque, provoca, instiga e demonstra claramente o quanto estamos sendo ludibriados e o que podemos fazer para reverter isso. A proposta é mais ou menos essa:
“Desde 1990 trabalho com charge e para a imprensa sindical. Quero saber quem daqui fez ou faz parte do movimento estudantil? Ninguém. Hoje existe um avanço muito grande idéias conservadoras e se faz necessário estarmos engajados em algo para reverter isso. Alguém já assistiu o filme Matrix? Sabem o que é a pílula azul e a PÍLULA VERMELHA? É ela que transforma as pessoas, consumam essa. Não caiam na lábia de gente que se utiliza das escrituras para justificar o preconceito. Cada vez mais se fala e escreve contra a homossexualidade e poucos estão reagindo. Os evangélicos não devem ser perseguidos, pois quando pregam algo assim para seus seguidores é problema deles, mas quando expõem isso e querem que todos aceitemos, daí o perigo. Hoje são os gays e amanhã será a esquerda, depois... Hoje os pastores são ponta de lança de um pensamento homofóbico, excludente, preconceituoso e conservador, tudo de ruim. Por que diabos eu tenho que me preocupar com a vida dos outros? Isso para nós aqui é um absurdo, mas lá fora está fazendo sentido. Homossexuais continuam sendo agredidos nas ruas. Nossos pais foram ensinados a serem machistas e hoje o trabalho tem que ser intenso para não fazer o mesmo. Um absurdo os trotes machistas, como o Rodeio das Gordas (Unesp Araraquara), o Miss Bichete (USP São Carlos) e Caloura Xica da Silva e Saudação Nazista (Universidade Federal MG). Isso não tem nada de engraçado, isso não pode passar em branco, estamos no século XXI e já devíamos ter superado o fascismo de nossas vidas. É necessário se levantar contra isso. Eu faço isso através do meu trabalho e cada um pode fazer o mesmo pelo seu. Todas as fobias provem da ignorância. Hoje não tenho religião, pois não quero me guiar por um livro. Depois que você toma a pílula vermelha sua vida muda. Religião só tem sentido se torna sua vida melhor. Fazendo isso, ótimo, mas uma que usa de preconceito e intolerância não serve pra ninguém. Outra coisa é a violência atual contra os estudantes. Antes só com pobre, hoje o pau pega em Chico e no Francisco. Não é possível permitir a criminalização dos movimentos sociais, como os Sem Terra, Sem Teto, etc. William Bonner nunca falará isso aqui para vocês, viu. Eles falam só o que interessa a eles, injetam isso diariamente pela TV e querem que só discutamos o que eles querem. O Brasil é tão atrasado que ainda estamos discutindo reforma agrária. Somos ainda uma imensa oligarquia, nossa política é feita com o princípio básico das oligarquias. Na questão do estudante, veja que o invasor é um cara de fora querendo entrar, só que no caso do estudante a casa é dele, tudo é feito para ele, só existe a instituição de ensino por causa dele e batem nele quando reivindica um algo a mais. Na questão da terra a mesma coisa. Como se criminalizar movimentos que são justos? Temos que estar sempre atentos nessas questões e repudiar os ataques. Faça uma pergunta para você mesmo: No que eu posso ajudar? Vamos aos movimentos sociais perguntar isso a eles e ajuda-los, não criticá-los. Cuba é outra coisa interessante, pois tudo o que passam para a gente é antes filtrada. Quando se fala em Cuba logo é pensado em atraso econômico, falta liberdade expressão, isso é o senso comum que a TV passa. A maioria das pessoas que são contra Cuba nunca estiveram lá, debatem sem conhecimento de causa. O senso comum deles é ficar batendo sempre em Chávez, Cuba e assim, não mostrando o outro lado, nunca teremos conhecimento real do que de fato acontece. A esquerda poderia fazer o contra ponto, mas ela já não se comunica mais com o povo, mas somente com seus pares. Sabe quem fala hoje com as massas? O pastor. A esquerda não tem que abrir mão do princípio, mas peca por não disputar hegemonia, não fala a língua do povo. O Lula foi eleito como um Chávez, mas deixou de fazer as reformas, mantendo a máquina funcionando com uma pseudo esquerda. Ele representa a força de um símbolo. Ele não forja o falar errado, ele senta com Obama e com os sem terra. Vai de A a Z, só que não trabalha mais para o proletariado. A Dilma além de ser mulher foi presa política, mas a nossa Comissão da Verdade não vale nada. Não tivemos mudança nenhuma. Mas mesmo com tudo isso, a saída continua somente na esquerda, não pense por outra via, pois não ocorrerá. O Brasil, pela sua força pode exercer para toda a América Latina o podere do exemplo. O Brasil se libertando ele levaria consigo toda a América Latina a reboque, porém continuamos com o princípio de um país colonizado. Essa a nossa lógica. Precisamos é de uma outra lógica, pensando o país verdadeiramente como nação. Continuamos oligárquicos. Hoje caminhamos para uma situação parecida com a dos EUA, quando mudam-se os síndicos, mas o condomínio é o mesmo. Aqui isso de só PT e PSDB administrando a máquina capitalista é ruim, pois não tocam no maior problema, o sistema. O Brasil possui uma cara velha e ao invés de construir outra melhor, acaba pintando tudo por cima e por baixo continua tudo a mesma coisa. O sistema político que você tem a sua mãe doente e eles te perguntam se tem cheque para pagar a conta, esse sistema não me serve. São excludentes e não serve para a maioria das pessoas. Esse modelo em que a necessidade das empresas vem sempre na frente da necessidade das pessoas tem que acabar. O princípio que me norteia é transformar esse sistema, destruí-lo, pois o que eu quero nunca será o que o capitalista quer. O mais importante e você sair daqui com a consciência de que é preciso mudar. É a mesma coisa de você ter uma cascavel como animal de estimação, o capitalismo não tem conserto. Hoje uma revolução armada não faz a menor diferença, a sua arma tem que ser a sua consciência. O negócio é levar a pílula vermelha para as pessoas. Chávez fez isso, o povo começou a ter consciência. Trabalho para tirar as pessoas do coma. O importante é fazer e cada um tem que encontrar a sua maneira e fazer. Como vejo a situação do Irã, Síria e Coréia do Norte? É temerário o inimigo do meu inimigo ser sempre meu amigo. Vejo todos ruins, pois o que virá depois é tão ou até pior do que está aí. As nações trabalham com o pragmatismo do Real Politik. Se a Coréia cutuca os EUA eu vou apoiar, isso uma questão estratégica. Se Israel pode o Irão também deve poder ter energia nuclear. Não analiso a geopolítica somente numa visão simplista. Não existem mocinhos nessa história, tem é interesse. Todos os movimentos existentes, como o maoísta, trotskista, comunista, socialista, stalinista, tem seus erros e acertos, mas apontam para o mesmo norte e temos sempre algo em comum. O grande norte hoje é cada um de nós descobrir o seu talento inerente e utilizá-lo na transformação, dar sua contribuição na mudança. Acordar as pessoas do coma, fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para que a mensagem transformadora chegue até as pessoas. Vamos encerrar falando sobre a questão das drogas. Ela sempre acompanhou a vida da humanidade e o tráfico só existe por causa da corrupção. Ninguém quer fechar uma loja ou um negócio que dá lucro. Quem fala sério hoje sobre o assunto fala em descriminalização. Penso que a solução passa pela Redução de Danos, ou seja, levar essa questão a sério. O traficante não é guerrilheiro, não quer derrubar o sistema, o que quer é lucrar com o seu negócio. Uma campanha sobre a questão não pode ser feita na base moralista. Encerro esperando que guardem muitas palavras e pensem sempre: O QUE EU POSSO FAZER. Se a realidade aí fora não serve mais para você, como não serve para mim, o que eu posso fazer para mudar isso? Consumam a tal da pílula vermelha. Não existe espaço vazio. Se alguém deixa algum vazio, outro vai lá e ocupa. Vamos lá ocupar esses espaços todos”.
Foi mais ou menos isso, tudo aqui transcrito de uma só talagada, respiração presa. Um soco no estomago dos conformistas e acomodados. Disse a ele no final: “Latuff, você não disse nada de novo, nada do que os mais vividos, como eu, já não sabiamos, mas a diferença é que você faz, põe para fora, faz a sua parte para vivermos num mundo mais justo e a maioria fica guardando para si, não coloca em prática o que acabou de dizer, o tal do O QUE EU POSSO FAZER”. Onde é mesmo que tem essa tal de pílula vermelha para tomar uma?