Mafuá do HPA

UM LUGAR POR AÍ (36)

ITAJU/AREALVA, A TRAVESSIA DO TIETÊ FEITA POR UMA NOSTÁLGICA BALSA

A quinta por aqui pelos lados do mafuá é de agitação, estrada pela frente e pouco tempo diante de um computador. Tenho que ser rápido e fagueiro. Antes de pegar novamente a estrada, sempre à serviço, descrevo algo ocorrido na semana passada, numa espécie de congraçamento que tento fazer a cada vez que me coloco a viajar: a conciliação entre o trabalho e algum lazer, o desfrutar de algo bom no meio do caminho. 

Em 04/04, quinta, algo assim voltou a ocorrer. Tinha no roteiro Jaú, Bariri, Itaju, Arealva e Reginópolis. Tudo junto e no mesmo dia. Loucura para fazer tudo acontecer a contento no mesmo dia. Para não viajar só, contei com a presença do amigo Aldo Wellicham, bom de papo, para nos intervalos do trabalho, ou seja, quando no volante, colocarmos todas as conversas em dia. E no meio disso tudo, encravado entre as cidades de Itaju e Arealva, o nosso mais famoso rio, o Tietê, separando tudo e sem uma ponte a facilitar o acesso de um lado a outro.

Viemos pela margem de Itaju, parando na beirada do rio e ali uma foto incrível, com um gramado em baixo de uma frondosa árvore e todo colorido com flores caídas e parecendo um mosaico dos mais belos, tudo natural. Pisar naquilo era como se pisássemos num quadro, numa tela recém pintada. Não me peça para narrar o que havia em volta, pois nem tudo é tão bem cuidado nas margens do Tietê. O que valia era a presença da natureza, bela, imponente e altaneira.

O que nos leva para o outro lado do rio é uma balsa, que circula em aproximadamente de meia em meia hora, a preços módicos. Paguei R$ 8 reais para estacionar meu carro dentro dela e viemos olhando tudo à nossa volta, num descanso do trabalho do dia. Os igarapés se avolumam demais da conta na beira do rio e até prejudicam a navegação de embarcações pequenas. Não clamo pelo fim deles, pois tem sua função, prego por um controle mais adequado, o que decididamente não ocorre.

Na outra margem, Arealva, um porto inadequado, lugar com uma apresentação ainda inadequada. Um estabelecimento comercial às margens do rio e se fosse seu proprietário, mesmo que o poder público não me auxiliasse, teria mais cuidado na preservação do lixo ao lado do rio, pois muito sai de suas mesas e balcões. A pessoa é obrigada a adentrar o bar, pois no tempo de espera é inevitável beber e comer algo. Ao lado, muitas embarcações, algumas balsas postadas uma ao lado da outra, num cenário bonito para fotos. E daí por diante, a cidade de Arealva e lá no seu centro algumas sorveterias divinais, que o Aldo faz questão de que experimente alguns sabores exóticos.

De tudo, ressalto algo. Eu, na qualidade de bauruense, homem criado no asfalto, mas com um pé no mato e caipira por osmose gosto desse contato com as pequenas cidades (Itaju e Arealva na beira do rio) e vejo como ainda é mal explorada essa atração existente por uma travessia de balsa, por exemplo. Isso tudo, se bem elaborado poderia tornar-se uma atração turística, com passeios programados, comidinhas de ambos os lados e com tudo revitalizado. É o que falta, pois a natureza está lá para ajudar, o passei  já existe e o rio continua no mesmo lugar de sempre. Falta o bicho homem colocar a cabeça para funcionar e agitar o pedaço.

E hoje volto à estrada, dessa vez, Jaú, Bocaína e Araraquara. Sempre fico a observar algo novo, sob um olhar mais atento, despretensioso, romântico, saudosista e fugaz. Mas isso é história para outro dia qualquer.