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HUMANIZAR O TÉCNICO – publicado no Bom Dia Bauru edição de 11.05.2013
Estamos vivendo meio como uma nau sem rumo, perdida no meio do oceano. Conservadorismo exacerbado. Nem sempre foi assim. Tempos atrás o debate e as cabeças mais oxigenadas. Hoje, mais bitoladas, focadas demais no dito cujo “mercado”. O motivo é claro e evidente. Tudo começa nas escolas. Num passado não tão distante todos os pensadores eram amplamente discutidos nos bancos escolares, conhecimento ampliado. Hoje não mais. De uns tempos para cá foi sendo introduzido uma tal necessidade de preparar mais o aluno para o mercado de trabalho do que para a vida. Os rumos foram alterados.HUMANIZAR O TÉCNICO – publicado no Bom Dia Bauru edição de 11.05.2013
Percorrendo escola por escola, das públicas às particulares, uma triste constatação, todas tendo deixado de lado a Filosofia, Conhecimentos Gerais, História, ou seja, Humanas, para intensificar muito mais Exatas na cabeça de todos. O conhecimento técnico passou a ser o must. Nada contra isso, mas isolado é muito ruim, pois torna o profissional pouco sensível, mais embrutecido, mera peça de uma insensível engrenagem, pensamento mecanizado. Vencer e vencer, nada mais.
Por isso vemos por aí muitos médicos sabendo tudo da técnica da sua profissão, mas quase nada de procedimentos humanos. Engenheiros, advogados, físicos do mesmo jeito, todos desumanizados. A educação brasileira está necessitando urgentemente de uma renovada e necessária dose contínua de Kant, Marx, Sócrates, Platão, Aristóteles, pois sem esses, o que sai das universidades é a insensibilidade. Aceitar calado uma escola reduzindo os ensinamentos dos grandes pensadores, sem terem lidos todos os clássicos é embrutecer demais as relações humanas. A isso dou um nome, Cruzada contra o Totalitarismo. A cura do mundo passa por isso, tornar as pessoas mais palatáveis, sensível não somente à sua necessidade, mas a do seu semelhante. Com certeza, tornar todos menos conservadores e intolerantes. Com a redução do tecnicismo de um lado e a ampliação do lado ético de outro isso será possível.
OBS FINAL E UM ALGO A MAIS: Temos que ser honestos em tudo que fazemos. Esse meus texto foi escrito em algo realmente sentido, porém, li algo anterior sobre o mesmo tema e com muito mais consistência e embasamento. Trata-se de “HORA DE REAGIR”,do competente jornalista Mauro Santayana, publicado na versão online do Jornal do Brasil RJ, edição de 30/04/2013. Vale a pena ler e reproduzir seu enunciado:
“Em sua cruzada contra o totalitarismo, Arthur Koestler disse que é possível explicar o racismo e identificar a origem da brutalidade dos torturadores e dos genocidas. Mas é necessário combatê-los, isolá-los, impedir que nos agridam e matem. Em alguns casos, podemos até mesmo curá-los. Mas isso não significa que devamos perdoá-los. A aceitação das ideias alheias, que é o sumo das sociedades democráticas, tem limites e eles se encontram na intolerância dos fanáticos e extremistas.
Na verdade, dois são os vetores da brutalidade: o medo e a loucura. Os grandes assassinos são movidos pela paranoia, e a paranoia oscila entre o ilusório sentimento de absoluta potência e a frustração da impotência. É dessa forma que Adorno, em Mínima Moralia, diz que o fascista é um masoquista, que só a mentira transforma em sádico, em agente da repressão. Quem são esses jovens embrutecidos que agrediram um nordestino junto à Estação das Barcas, em Niterói — e foram contidos pelas pessoas que ali se encontravam? São trastes humanos, ainda que sejam trabalhadores e estudantes, tenham família e amigos. O que os faz reunir-se, armar-se, sair às ruas, a fim de agredir e — quando podem — matar outras pessoas? São trastes humanos
Individualmente, apesar de suas artes marciais, seus socos ingleses, seus punhais e correntes de aço, são apenas seres acoelhados, agachados atrás de si mesmos, que só crescem quando se agrupam e se multiplicam, em suas patas, seus punhos, suas armas. Eles não nasceram com garras, nem tendo a cruz suástica e outros símbolos riscados na pele. Foram crianças iguais às outras, que encontraram pela frente uma sociedade brutalizada pelo egoísmo. Não é difícil que tenham sentido no lar o eco de uma civilização corrompida pela competição e destruída, em sua alma, sob o capitalismo sem freios. Às vezes nos esquecemos que só um por cento dos homens controla toda a riqueza do mundo.
Tampouco nasceram assim os que matam os moradores de rua, movidos pelo mesmo medo e pela mesma ideia de que é preciso manter as cidades “limpas”. Nestes últimos meses, tem aumentado o número de moradores de rua assassinados em todo o país — mas mais intensamente em São Paulo, no Rio, em Belo Horizonte, em Goiânia. De acordo com as estatísticas, 195 deles foram mortos em 2012 e nos primeiros meses deste ano. A imprensa internacional está debitando o massacre à conveniência de “sanear” as maiores cidades, antes do afluxo de visitantes que se esperam para a Jornada Mundial da Juventude, neste ano, e para a Copa do Mundo, no ano que vem. É bom lembrar que a matança de crianças na Candelária foi atribuída a uma “caixinha” de comerciantes da região, interessados em varrer as ruas desses bichos “incÿmodos e sujos”, que são os meninos pobres.
Há historiadores e antropólogos que amenizam o mal-estar contemporâneo diante dessa realidade, com a afirmação de que, desde as cavernas, o homem é naturalmente predador. Ocorre que, contra essa perturbadora condição de bichos que somos, prevaleceu o sentimento de solidariedade que nos tornou humanos, e foi possível sobreviver às catástrofes naturais, como os terremotos e as pestes, e às guerras continuadas. Mas, dentro da ideia dialética de que a quantidade altera a qualidade, chegamos a um ponto insuportável. Há dois caminhos na luta contra essa nova barbárie. Um é o da fé religiosa, outro o da razão materialista. A fé — um acordo entre o homem primitivo e o mistério da vida, a que ele deu o nome de Deus — tem sido o principal suporte da espécie, sempre e quando ela não se perde no fanatismo.
A razão se encontra com a fé no exercício do humanismo. Mas há sempre razão na fé, como há fé na lógica do ateu. As duas posturas são de autodefesa da sociedade humana e se realizam na coerente ação política. Como disse Tomás de Aquino, a filosofia das coisas humanas só se concretiza com a prática da política. Há novos pensadores, sobretudo na velha França, que buscam recuperar o humanismo de Marx, o do jovem filósofo dos Manuscritos econÿmicos e filosóficos, de 1844, e as suas reflexões sobre a alienação. O trabalho de Marx correspondeu à necessidade de defesa dos trabalhadores contra o liberalismo do século 19, e a desapiedada exploração dos pobres pelas oligarquias burguesas, substitutas do velho feudalismo.
Retornar a Marx é buscar novas e mais eficazes respostas contra o neoliberalismo de nossos dias. É ainda possível a aliança entre o humanismo cristão e os pensadores agnósticos, fundada em uma constatação fácil, a de que é preciso salvar o homem de si mesmo. É urgente salvá-lo do barbarismo reencontrado na estupidez do egoísmo neoliberal. Isso faria do planeta o seguro espaço da vida. O retorno esperado à Teologia da Libertação é uma das vias de acesso à Terra Prometida. O filósofo francês Dany-Robert Dufour, em um de seus ensaios, pergunta que homem emergirá do ultraliberalismo de hoje. Não é necessária a pergunta: ele já está aí, no corpo volumoso adquirido nas academias e nutrido de anabolizantes; na cabeça reduzida pelas mensagens de uma cultura castradora, fundada no efêmero e no inútil; na pele usada como o anúncio de cada um, mediante as tatuagens; na ilusão da fama e da eternidade, nas postagens arrogantes no Facebook; no ódio ao outro, celebrado no culto à morte.
É ainda possível a aliança entre o humanismo cristão e os pensadores agnósticos. Essa visão nublada do mundo está contaminando grande parte de nossa juventude, nas escolas e universidades. É preciso que as escolas deixem o tecnicismo que as reduz, e voltem ao módulo ético, para fazer dos homens, homens, e deles afastar os instintos dos predadores. É preciso reagir. Os alemães dos anos 20 e 30 não reagiram, quando grupos de nazistas atacavam os judeus e os comunistas. Os democratas europeus não reagiram contra as chantagens de Hitler no caso do Sarre, da anexação da Áustria, do ultimato de Munique. Dezenas de milhões pagaram, com o sofrimento e a vida, essa acovardada tolerância”.
OBS.: essas cinco fotinhas são dos professores paulistas apanhando da polícia militar na capital do maior estado da federação brasiliera.
Sr.
ResponderExcluirNem a polícia faz isso, nem Marx deve ser dado nas escolas.
caro anônimo:
ResponderExcluirVejo tudo oposto a ti.
A PM sempre fez isso, pois é o braço armado do Estado.
Não só Marx, mas todos os outros pensadores PRECISAM voltar a serem estudados em sala de aula, pelo bem de todos e saúde da nação.
Discutir com quem lança uma provocação e nem ao menos se identifica é loucura.
Mas como sou louco, reaja...
Henrique - direto do mafuá