AS HISTÓRIAS CONTADAS A MIM PELO FUNILEIRO ADELINO
Existem lugares em Bauru onde acabo indo e esqueço da vida, perco o rumo e deixo de lado compromissos ditos mais importantes. É que algumas pessoas são tão envolventes, tão boas de prosa que, ao cruzar com algum destes, para dali escapulir é uma luta (e quem me diz que quero escapar). Passei por isso esses dias quando fui até seu ADELINO SILVESTRE, um funileiro dos bons (meu lanterneiro para o que der e vier), com estabelecimento bem atrás de onde hoje está a Seccional da Polícia Civil, na vila Cardia. Confiram aqui o que já escrevi dele:
http://mafuadohpa.blogspot.com.br/search?q=adelino. Aqui CINCO histórias contadas por ele:
PRIMEIRA: Um rico senhor, dono de muitos negócios, idade de aproximadamente 80 anos, teve sua bolsa de mão roubada e ali todos seus documentos, cheques, cartões, celular e uma boa bolada, perto de R$ 5 mil reais. Desesperado em ter que fazer tudo novo, acabou passando pela funilaria do seu Adelino e desabafa. Adelino lhe pergunta: “Já ligaste para o celular?”. Ele ainda não havia pensado nisso e ligam ali da oficina. O cara atende e após uma conversa acertam que tudo seria devolveria , menos a grana, essa já gasta. E pede o que quer em troca: “Gastei tudo. Quero mais R$ 100 reais. Se topar deixo a bolsa dentro de uma lata debaixo do viaduto na Rondon com o PVA, você pega ela e deixa a grana lá dentro. Não tente bancar o esperto, pois tenho o endereço do velho”. Adelino foi sozinho, fez tudo como combinado e ao dar a volta no retorno, ao olhar para o lugar, nem a lata já estava mais no lugar.
SEGUNDA: Uma cliente lhe contou essa. Bateram no seu carro e ficou uma discussão sem fim, dessas sem acordo. Foram todos fazer o Boletim de Ocorrência para ela acionar o seguro. Ali a surpresa, ela ouve o cara dizer o nome do pai, nos dados para preenchimentos dos papéis e vê ser o mesmo do seu. Acabam descobrindo que são filhos do mesmo pai. Ela vivendo com o seu até sua morte, meses atrás, ciente de que ele teve outra família, mas nunca tendo notícia alguma deles. Histórias antigas, ouvidas quando muito criança. Ele, não sabia quase nada do seu, só ser esse o seu nome, mas que sua mãe nunca mais o tinha visto desde a separação. Descobriram-se irmãos ali na delegacia, reencontraram-se num desentendimento.
TERCEIRA: O rico fazendeiro, dinheiro a dar com pau, deixa uma caminhonete para ele consertar, valor combinado e com o serviço quase pronto, o cliente pede que leve o carro para um tapeceiro de sua confiança fazer a parte de tapeçaria. O cara cobra um valor três vezes acima do combinado, ciente da grana do dono do carro, gerando desconfiança. Quando o fazendeiro foi conferir o preço com os concorrentes descobre o engodo e quer desfazer o negócio. O tapeceiro tenta rever e quando cai sua ficha, oferece um serviço até mais barato que todos os demais. “Agora nem de graça, perdi a confiança em ti e aqui não boto mais os pés. Alicerce a gente faz com bom cimento. Sabe dos motivos do prédio ter caído em São Paulo, cimento fraco. Tome cuidado, pois do jeito que quis fazer negócio comigo, pode até estar rico, mas está usando cimento fraco”, foi a lição dada ao tapeceiro. “Essa do cimento fraco eu ouvi ainda hoje, agorinha mesmo, pouco antes de você chegar”, finaliza.
QUARTA: Certa vez fez um serviço e no momento de apresentar o orçamento, confundiu-se com outro, apresentando um valor bem maior que o combinado. O cliente ficou um tanto desconfiado, mas como gostou do serviço, disse que pagaria. Trouxe a parte maior em dinheiro vivo e o restante em cheque. No final da tarde, conferindo tudo descobriu o erro e foi correndo ao cliente, isso já quase dez da noite. Esse o recebe da seguinte forma: “Ainda lhe devo algo, Adelino?”. “Não, pelo contrário eu é que lhe cobrei mais e vim lhe explicar o que ocorreu. Trouxe tudo para o acerto final”, diz. O cliente disse-lhe que tinha certeza ter ele errado no preço, mas preferiu não discutir e explicou dos motivos de ter pago em dinheiro e cheque. Tornaram-se além da continuidade dos negócios em comum, amigos para sempre. “Ainda bem que fui conferir os outros orçamentos, percebi a troca e deu tempo de resolver tudo”, conta.
QUINTA: Essa para encerrar. Uma vó cria o neto após a perda muito jovem da mãe. Tudo caminha bem, com o menino, estudioso e bem encaminhado na vida. Quando esse atinge 14 anos, ela procura como fazer para que ele comece a trabalhar, pensar no futuro. Descobrem que ela, avó, 85 anos cuida do menino sem ter a guarda e querem ficar com ele, encaminhando-o para um abrigo de menores. A alegação é de que ela já está muito velha e se morrer o menino não terá com quem ficar. Sua resposta: “Posso viver muito bem até ele atingir a maioridade, mas se me retirarem ele aí sim é que morro logo”. Para seu espanto, eis a resposta ouvida do outro lado: “Um dia todos nós teremos mesmo que morrer”. Ela continua com a guarda do menino, mas a situação não está totalmente definida. A solução deverá ser sua outra filha assumir a guarda do menino. E ela nem dorme direito.
Complicado reduzir tantos detalhes de cada uma das histórias e em tão poucas linhas. Ele me contou pelo menos mais duas, mas deixo para outra hora. Casos envolvendo a oficina ele diz ter na memória e para escrever um livro. Eu acredito. Acabou por me segurar mais um pouco e não escapei dele enquanto não me contou a história do pescador Tibúrcio, essa dentro do projeto “Pequenas Histórias”, assistido por ele no Canal Brasil. A historinha é tão cheia de passagens interessantes que recomendo assistirem também: Parte 1 http://www.youtube.com/watch?v=WhWRQGkIB68, Parte 2 http://www.youtube.com/watch?v=3LzWz6YM9tI e Parte 3 http://www.youtube.com/watch?v=cPciKm0wyt4. Boa sexta a todos e todas.
SEGUNDA: Uma cliente lhe contou essa. Bateram no seu carro e ficou uma discussão sem fim, dessas sem acordo. Foram todos fazer o Boletim de Ocorrência para ela acionar o seguro. Ali a surpresa, ela ouve o cara dizer o nome do pai, nos dados para preenchimentos dos papéis e vê ser o mesmo do seu. Acabam descobrindo que são filhos do mesmo pai. Ela vivendo com o seu até sua morte, meses atrás, ciente de que ele teve outra família, mas nunca tendo notícia alguma deles. Histórias antigas, ouvidas quando muito criança. Ele, não sabia quase nada do seu, só ser esse o seu nome, mas que sua mãe nunca mais o tinha visto desde a separação. Descobriram-se irmãos ali na delegacia, reencontraram-se num desentendimento.
QUARTA: Certa vez fez um serviço e no momento de apresentar o orçamento, confundiu-se com outro, apresentando um valor bem maior que o combinado. O cliente ficou um tanto desconfiado, mas como gostou do serviço, disse que pagaria. Trouxe a parte maior em dinheiro vivo e o restante em cheque. No final da tarde, conferindo tudo descobriu o erro e foi correndo ao cliente, isso já quase dez da noite. Esse o recebe da seguinte forma: “Ainda lhe devo algo, Adelino?”. “Não, pelo contrário eu é que lhe cobrei mais e vim lhe explicar o que ocorreu. Trouxe tudo para o acerto final”, diz. O cliente disse-lhe que tinha certeza ter ele errado no preço, mas preferiu não discutir e explicou dos motivos de ter pago em dinheiro e cheque. Tornaram-se além da continuidade dos negócios em comum, amigos para sempre. “Ainda bem que fui conferir os outros orçamentos, percebi a troca e deu tempo de resolver tudo”, conta.
Complicado reduzir tantos detalhes de cada uma das histórias e em tão poucas linhas. Ele me contou pelo menos mais duas, mas deixo para outra hora. Casos envolvendo a oficina ele diz ter na memória e para escrever um livro. Eu acredito. Acabou por me segurar mais um pouco e não escapei dele enquanto não me contou a história do pescador Tibúrcio, essa dentro do projeto “Pequenas Histórias”, assistido por ele no Canal Brasil. A historinha é tão cheia de passagens interessantes que recomendo assistirem também: Parte 1 http://www.youtube.com/watch?v=WhWRQGkIB68, Parte 2 http://www.youtube.com/watch?v=3LzWz6YM9tI e Parte 3 http://www.youtube.com/watch?v=cPciKm0wyt4. Boa sexta a todos e todas.
e fui eu que perdi o sono e pedir pra me contar estórias daquele tipo "era uma vez", de preferência com final feliz... tentando retomar o sono, escuto as estórias do seu adelino - querido! daí, não se dorme mais. coisas do henrique.... e se dormir de novo - digo 6 horas da manhã - ainda se sonha com a estória da senhorinha perdendo o neto.... vai amar assim.... estórias geniais, mas rendem o dia sem o sono devivo.... mesmo assim, o amor está acima de tudo! ana bia andrade - com sono
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