CENA BAURUENSE (111)

A VELHA SENHORA, SEU NOME “404”

Bauru possui imensos e inenarráveis problemas, mas nessa sexta faço vista grossa para todos eles e escrevo algo sobre uma velha senhora, uma que está estacionada num dos parques bauruenses, o Bosque da Comunidade. Quem disse que velhas senhoras não merecem respeito e consideração? Quem disse que velhas senhoras não ficam lindíssimas quando repaginadas e com novas roupagens? Passo pelo citado bosque por esses dias e lá constato algo que muito me entristecia até dias atrás, a situação de uma de nossas pomposas velhas senhoras, a LOCOMOTIVA MARIA FUMAÇA 404. Ela recebeu um trato mais do que significativo e está brilhando novamente e lindona de ser vista por quem passa ali ao lado, pela rua Araújo Leite ou possui um tempinho a mais e adentra os portões do bosque.

José Luiz Schubert depois de sua aposentadoria acabou por se transformar em algo muito além de um “inspetor de quarteirão”. Ele hoje é uma espécie de valoroso “Inspetor da Cidade”. Alguns fazem isso por essa nossa Bauru, denunciam suas irregularidades, fotografam o desleixo, as arbitrariedade, o despreparo e publicam tudo na internet. Cobram e espalham isso para que todos possam ver o que doeram para seus olhos. A situação dessa locomotiva sempre incomodou esse escrevinhador e também Schubert. Suas cobranças foram quase diárias. O fato é que tudo hoje está revitalizado, pois o pessoal lá da Secretaria Municipal de Cultura atuou de forma impecável e restaurou a peça importante, que se não está rodando, ao menos está bem cuidada.

Vejam o que ele postou por esses dias sobre o assunto: “Bosque LOCOMOTIVA - Antes, quando quem cuidava era a SEMMA - Secretaria do Meio Ambiente ela esteve abandonada, suja, apodrecendo. De tanto que reclamamos, pode até ser coincidência mas tiraram da SEMMA e passaram pra Secretaria da Cultura e essa SECRETARIA em poucos dias decidiu por fazer a limpeza e restauração e a velha locomotiva 404 está linda, cheirosa e toda iluminada ( a noite) para a apreciação de todos quantos passarem pelo local ou visitarem o Bosque. Não sabemos as razões, mas a SEMMA simplesmente nem deu bola para as nossas reclamações e deixou durante 5 anos de solicitações para a limpeza e restauração, como sempre esteve. Suja e apodrecendo e até sendo roubada pelos NÓIA que andaram levando algumas peças prá vender no ferro velho...”.

Gosto de reverenciar algo bauruense todos os dias da semana, mas hoje é sexta e o faço com maior galhardia, vésperas de passeios outros pela cidade e um desses lugares é o Bosque da Comunidade. Não o vejo sendo trato de forma impecável, certo desleixo é presenciado. Vivemos de toques, pois pelo que vejo, nem sempre existe uma determinação de conduta. Isso não só no serviço público, somos na maioria das vezes displicente conosco mesmo e só nos tocamos após alguém nos avisar pelo descuido. “Pô, Henrique, faça essa barba, não percebe estar grande demais, visualmente horrorosa”, me dizem e daí retorno ao cabeleireiro Gil e peço a ele para fazer milagres. Ele tenta, assim como vejo os zelosos servidores municipais fazendo o mesmo com a cidade. Ninguém é perfeito, nem eu, nem o Schubert e também nossos servidores.

Publico por esses dias, fotos de um museu ferroviário que visitei no Uruguai e aproveito para escrever sobre essa paixão pelo tema ferrovia e de como poderíamos juntos mobilizar essa cidade para tirar da podridão a centena (são mais que cem) de itens férreos espalhados pelos nossos trilhos urbanos. Aguardem. Por hoje, bato palmas para a roupa nova de uma de nossas velhas senhoras. 
OBS.: Todas as fotos foram gentilmente cedidas pelo "vigilante" José Luiz Schubert.