sábado, 14 de setembro de 2013

MEUS TEXTOS NO BOM DIA BAURU (244, 245 e 246)


LER E OUVIRpublicado edição de hoje, 14.09.2013:
A solução para todas essas crises atuais não está e nunca esteve nas mídias sociais. Vejo essas sendo por demais sobrecarregadas e todo um passado de luta sendo desmerecido. Ainda mais porque a ressonância das ruas, essa vibrando em meus ouvidos possui algo de muito dúbio. Presto atenção, apuro os sentidos e para meu espanto constato: a maioria dos que hoje estão nas ruas são mais conservadores que os de minha geração e não estão propondo nada de revolucionário. E onde poderei então buscar a acertada reflexão, o encaminhamento mais correto? Não me peçam para seguir e apostar minhas fichas nos mascarados nas ruas. Não o farei. Eles já me decepcionaram por demais. Primeiro o Anonymous, no Brasil os únicos do planeta com postura conservadora, beirando fascismo. Depois os Blacks Blocs, intitulando-se anarquistas, porém sem nenhuma teoria, atirando para todos os lados, quebrando tudo e querendo com isso o que nem eles mesmo sabem. Já tiveram os seus quinze minutos de fama e se mostram muito parecidos um com o outro, na postura e apresentação de propósitos. Não me representam. As certezas que sempre tive na vida continuam mais válidas que nunca. O atual sistema político está falido, o capitalismo remendado e tentando se mostrar humano. Nada disso me convence. No frigir dos ovos a conta nunca fecha. Sempre serão cruéis e favorecendo uns poucos privilegiados. Luto por algo diferente, um mundo mais justo, sem desigualdades e opressão, onde o ser humano valha mais que o deus dinheiro. Formulo a pergunta e a respondo. A solução para mim está onde sempre esteve: nos livros. A teoria que defendo está neles muito bem fundamentada. No vazio de ideias e pensamentos nada será construído de edificante. Das ruas vejo despontar algo altamente negativo. Os dois grupos citados não querem ouvir ninguém, se acham prontos e baluartes de algo que nem conseguem conduzir. E, consequentemente, leram muito pouco e insistem nesse erro. “Esqueceram que ler e ouvir é mais saber”, li outro dia numa revista. Queria que entendessem isso, cresceriam tanto. Esse só um toque de alguém com um pouco mais de experiência de vida.

ENGESSADO, JAMAIS!publicado na edição de 07.09.2013
Vivo sem seguir preceitos ditos divinais e morais. Esse negócio de ter somente um deus e ele impor regras difíceis demais de serem cumpridas, não é algo para ser levado muito a sério. Leis inventadas pelos homens, sejam religiosas ou para qualquer outros fins são feitas para serem mesmo desrespeitadas. Não bastasse o tacão patronal e ainda querem impor impedimentos de toda natureza. Diante de tudo, nada como andar mesmo na contramão. Desrespeitar quem me desrespeita é o mínimo a ser feito. Faço tudo sem me penitenciar. Do contrário, passaria boa parte dos meus dias entre lamurias. Engessamentos desnecessários são prejudiciais, tornam a vida mais penosa, quando deveria ser exatamente o contrário. O mundo lá fora evoluiu (será?) e por que logo eu tenho de me manter atrelado a algo feito para me amarrar? Viver sem amarras e fazer tudo sem prestar contas é mesmo uma delícia (mas tem seus preços, viu!). Semana passada fiscalizaram uma feirinha (a da Madrugada) lá no Mello Morais. Quem nunca comprou roupa pirata que levante a mão?  Vejo também batidas frequentes em quem revende CDs piratas nas feiras. Confesso continuar consumindo música e filmes dessa forma. Quem erra mais, o que coloca o preço lá nas alturas para quintuplicar seus lucros ou o que multiplica tudo? Poderíamos consumir muito mais com preços mais baixos e justos. Conheço muitas costureiras contratadas por grifes, montando roupas em suas máquinas caseiras e nelas costurando etiquetas famosas. Nas lojas nos vendem gato por lebre, preços astronômicos. Tentam nos enganar dessa forma e o troco é dado comprando o assumido falsificado, mais barato. A teologia que sigo é a da abrangência total e visceral. Sacanagem retribuo com sacanagem. Tentam nos passar a perna de um lado e a retribuição deve vir na mesma moeda. Só entendem essa linguagem. Se o uísque e o perfume importado me são repassados por proibitivos preços, procedência idem, assumo e levo para casa os com a descarada etiqueta da caveirinha. E quem me diz que estou errado? Ou estamos todos?

GARRAFINHAS COLORIDASpublicado na edição de 31.08.2013
Não tenho muita coisa contra produtos importados (gosto de muitos), mas no caso que vou citar (com impactante justificativa), sim e quanto ao seu uso. Explico. Quando estou numa palestra, reunião com importantões, show de artistas, adentro um chique lançamento, vernissages e acabo me deparando com esses portando suas próprias garrafinhas de água, sendo essas das cores azul ou verde, fico logo com um pé atrás. Não entenderam? É simples. A garrafinha azul, importada é água da marca Evian, francesa e a verde, Perrier, também importada, francesa. Nada diferente das nossas águas vendidas em garrafinhas, tamanhos e embalagens variadas. O conteúdo, sendo inspecionado, de boa procedência, todas possuem o mesmo intuito, o de saciar a sede dos mortais. Necessidade elementar desse líquido para nossa sobrevivência. Fora disso, algo preocupante. Não sou afeito a patrulhar procedimentos, afinal cada um toca sua vida ao seu jeito e modo, mas nesse caso expresso uma ressalva. Portadores dessas duas embalagens, a azul e a verde, na maioria das vezes não consomem esse produto no seu dia a dia, mas em casos específicos, quando querem aparecer, mostrarem-se diferenciados, o fazem sacando uma de suas bolsas e as colocando bem visíveis, diante dos olhos de todos, tudo para que a percebam com outros olhos. “Nossa, como Matilde está podendo, só bebe Evian!”, é o comentário esperado pela portadora. Já vi gente carregando uma dessa vazia e quando a peguei no flagra enchendo-a num bebedouro (essa sim de procedência discutível), ficou com cara de tacho. Mesmo assim colocou a tal garrafa sobre a mesa diante do grupo tomando uma mineral normal, dessas encontradas em qualquer geladeirinha de posto de combustível, marcas conhecidas de todos nós. Queria aparecer, impactar. Escrevo esse texto e o uso exemplificando como alguns gostam de ser tratados no Brasil atual, diferentes dos ditos normais. Parcela dos médicos brasileiros rejeitando trabalhar nos rincões e querendo impedir que outros o façam devem adorar a água da garrafa colorida.

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