sábado, 19 de outubro de 2013
MEUS TEXTOS NO BOM DIA BAURU (249, 250 e 251)
O DONO DA CIDADE – publicado na edição de hoje, 19/10/2013 Vejo no vídeo denúncia do pecuarista José Mobaid algo mais sobre os prováveis donos da cidade de Bauru. Ele é mais um tentando definir quem seriam esses. Na sua visão ele vem da especulação imobiliária, mais precisamente da mais influente empresa imobiliária hoje na cidade, a Aiello. Sua justificativa é plausível e cita dentre os horrores praticados pelo grupo, o de manter, segundo ele, um escritório para defender seus interesses dentro da SEPLAN, a Secretaria de Planejamento da Prefeitura Municipal. O velho e rentável Balcão de Negócios. Outros donos já foram apontados em outras ocasiões. Muitos afirmam ser ele o dono do jornal. A mídia, uma que já foi considerada o quarto poder, hoje país afora é o próprio poder. Poucos enxergam o prefeito com o devido poder de mando, afinal, ocupa cargo passageiro, temporário e todos os outros de longuíssima duração. E os poderosos de fato acabam de aproximando desse e fazendo valer sua força junto a ele. Pressão daqui, ofertas dali e tudo vai se encaixando a contento. Durante anos quem mandou na cidade foi um homem militarizado e introduzido aqui pelo próprio regime de então, veio coordenar os destinos da empresa férrea e acabou sendo consultado para tudo. O poder de mando mudou de lado com o declínio da ferrovia. Até a igreja já mandou além da conta aqui e por tudo quanto é canto. Excomungou a cidade por causa de uma praça e hoje ao fazê-lo com um padre já não gera tanta aflição. Perdeu o poder de mando. O poder, como pode ser notado é um tanto rotativo, mas como me alerta um amigo, permanece intacto por longos períodos. “O prefeito pode até mudar de quatro em quatro anos, mas quem de fato está por detrás dele, esse fica e continua mandando”, foram suas palavras. E por detrás de todos esses poderosos (e também de Mobaid) algo sempre presente, o deus dinheiro. Em seu nome é exercido tudo isso e enquanto perdurar a adoração e o culto desbragado, acima de tudo e de todos, mudam-se os nomes, não o sentido da coisa. Esse o maior mal do capitalismo.
SÓ SE FOR PARA TODOS – publicado edição de 12/10/2013 Primeiro conto uma historinha, depois explico dos motivos da lembrança. Nelson Rodrigues Filho, famoso pela longa barba, foi preso durante a ditadura militar e levado para um presídio ao lado de outros companheiros sob a acusação de subversão (sic). Seu pai, o famoso dramaturgo Nelson Rodrigues, mantinha certa aproximação com os militares golpistas e condoído pela situação do filho negociou sua saída da prisão. Conseguiu, mas esqueceu de avisá-lo de que somente ele seria libertado e seus amigos permaneceriam presos. Não houve acordo, Nelsinho não quis sair sozinho e lá permaneceu. Penso nas várias histórias iguais a essa ao longo da história. Quem hoje ao receber um benefício não o aceita prontamente sem pensar na ampliação quando voltado para o coletivo? Acabei lembrando-se dessa história numa alusão com algo ocorrido recentemente. Os estudantes bauruenses conseguiram algo almejado há tanto tempo, uma redução considerável no preço de suas passagens nos ônibus urbanos. Lotaram a Câmara dos Vereadores e aos brados conquistaram o desconto. Valorosa luta, digna de efusivos aplausos, porém poderia ter sua extensão ampliada e ainda mais enaltecida se no ato, dissessem que ela só teria sentido se estendida também aos trabalhadores, esses sim padecendo muito mais que todos com os preços e as condições do transporte urbano de Bauru. Imagine a pressão sobre a cabeça dos administradores e legisladores com algo nesse sentido? Não o fizeram, uma pena. A luta deles continua e quando os vejo novamente junto ao Legislativo municipal clamando por melhorias na saúde, um ótimo alento. A mobilização não tem mesmo sentido em ser desfeita, porém poderia também causar mais problemas a quem não os teve até agora, os donos das empresas de ônibus. Tudo até agora foi arcado pelos cofres municipais, nem terminais urbanos temos e o lucro dos proprietários não sofreu sequer um arranhão. Com a unificação das lutas o movimento cresce, ocorre um fortalecimento para o atendimento das reivindicações e todos ganham. É o tal do pensar coletivamente.
COEFICIENTE ELEITORAL – publicado edição de 05/10/2013 Para quem observa de fora é hilariante a dança de alguns interessados em participar do próximo pleito, todos em busca da melhor (sic) legenda eleitoral para esse intento. Para quem possuí embutido dentro de si algo ideológico, ver religiosos fundamentalistas assinando fichas em partidos dito socialistas, gente que se diz de esquerda adentrando hostes até então reduto de alas conservadoras e vice-versa, parece até ofensa ao bom senso. Tudo virou um balaio de gatos e como o prazo final expira hoje, sábado, 05/09, absurdos se repetem. Ninguém parece se assustar com mais nada. Exemplificando isso tudo cito somente um exemplo local. O ex-prefeito de Agudos, Carlos Octaviani continua pensando qual delas vai se utilizar para concorrer na disputa pela pretensão de ser deputado estadual ano que vem. É um declarado e assumido peemedebista, reiterou isso em várias oportunidades, mas teve o disparate de afirmar com o peito estufado e sem ruborizar a face: “No PMDB vou precisar de muito mais votos e em qualquer outro, bem menos. Estou analisando”. Em sua mesa algumas siglas que o favoreçam nesse sentido, sendo o que menos importa o tal do alinhamento ideológico, até porque, a grande maioria das siglas hoje são mesmo muito parecidas. Isso me faz lembrar uma velha história. O cara entra numa sorveteria e diante de si uma lista com mais de 50 opções de sabores. Ele demora um bocado de tempo para escolher o de sua preferência e quando o faz, o sorveteiro abre a tampa do freezer, lá somente uma cumbuca e dali sai o sabor escolhido. Todos os demais também sairiam da mesma cumbuca. E quem me diz que no emaranhado político partidário atual o mesmo não está se repetindo? Tudo leva a crer que sim. O dilema de Octaviani prova isso. Todos o aceitam, uma beleza. Um amigo, muito proseador e cheio de boas sacadas, deu a melhor definição possível para todos esses indefinidos desse final de semana. “A ideologia deles todos é uma só, chama-se Coeficiente Eleitoral”, me diz. Foi preciso. Uma minoria ainda decide segundo sua ideologia, “bobões, antiquados”, expele a maioria.
HENRIQUE
ResponderExcluirLeio os jornais de Bauru pela internet e em nenhum deles vi publicado os nomes citados pelo Mobaid.
A imprensa bauruense tem medo do que? O cara não disse textualmente que aguentaria o rojão e se deixou gravar fazendo questão de citar um monte de nomes, muitos deles funcionários públicos?
Quando algo assim ocorre, começo a coçar a cabeça e vejo que tem mais gato nessa tuba do que possa supor nossa vã filosofia.
Não é mesmo para ficar mais apreensivo do que se deveria.
Daniel Carbone
Não é a Aiello a mais influente Henrique.
ResponderExcluirRoberto Antonielli
O texto versa sobre todos os donos, alguns o enxergam num reduto, outros noutro. Na verdade são vários os que se acham donos, alguns o foram de fato e outros o querem ser, fazem de tudo para isso.
ResponderExcluirHenrique - direto do mafuá
Imaginei mesmo que vc não tenha conhecimento deste ranking
ResponderExcluirRoberto Antonielli
caro Antonelli
ResponderExcluirO texto versa sobre todos os donos, alguns o enxergam num reduto, outros noutro. Na verdade são vários os que se acham donos, alguns o foram de fato e outros o querem ser, fazem de tudo para isso.
henrique - direto do mafuá
o dono é um ser que encabeça o "quarto poder" . isso é o que eu penso.
ResponderExcluirRoberto Antonelli
Talvez sim, o texto aventa algo disso. As questões envolvendo disputas de poder são sempre muito calientes. Tudo feito entre metáforas, citações an passant, pois numa aldeia não tão grande, todos estamos ainda bem próximos uns dos outros. Por isso sempre afirmo é sempre mais fácil falar mal de um Lula, Alckmin, FHC, Serra, Dilma do que os figurões daqui. Poucos se atrevem.
ResponderExcluirHenrique - direto do mafuá