FRASES (112)

CARLÃO OCTAVIANI NÃO SABERIA O QUE É “ZOOLIAR”, MAS ENTENDE MUITO DE “XAROPISMOS”

Criticar é preciso, assim como o “navegar” na famosa poesia de Fernando Pessoa. Nem todos entendem assim. Critiquei (e continuarei criticando) essa semana um ser político de nossa região, o ex-prefeito de Agudos, José Carlos Octaviani – PMDB, também conhecido por Carlão. Acredito que toda pessoa que se predisponha a entrar para a vida pública deixa a partir daí sua vida mais exposta, sujeitas a “chuvas e trovoadas”. Nada mais natural que assim o seja. Ninguém é dono da verdade, acerta todas e está acima do bem e do mal (e da lei). Nem quem opina e nem quem recebe a crítica ou o elogio. Como não vejo nada de muito abonativo na trajetória política do dito Carlão, me acho no direito de expor isso, não de julgá-lo, mas de espezinhá-lo. Os onipotentes, os que se enxergam acima das críticas e reagindo de forma intempestiva, grosseira, devem mesmo merecer uma admoestação mais incisiva, talvez até a ficha cair e voltar a navegar com os pés mais no chão, mais modestos.

Carlão comete repetidamente fatos novos merecedores de muitas críticas. O exemplo que ele apregoa para a Agudos governada por eles deve ser entendida por outros ângulos. Fica evidente que houve ali um arroxo na atividade oposicionista, verdadeiro massacre. Não é preciso ser bidu para constatar que Agudos vive uma situação sui generis no quesito arrecadação de recursos. Daí o fazer muito mais do que as demais cidades, além da obrigação, a certeza da utilização dos recursos existentes. Recentemente ele ficou até o último dia da data de filiação, para definir por qual partido iria disputar o próximo pleito como deputado. Um horror isso, pois demonstra como encara os partidos, como mero aluguel para disputa eleitoral. Queria escolher o que teria menos trabalho para chegar ao seu intento. Continua na mesma linha quando dentro do PMDB diz morrer de amor por membro de outro partido e fará campanha para esse, no caso o deputado Pedro Tobias - PSDB. Para pessoas como ele os partidos não existem. O compromisso não se faz com linhas partidárias e sim, com uma proposta pessoal de conduta. O que se pode dizer disso?

Dos seus oito anos governando a vizinha Agudos, comento. Até então Agudos vivia uma situação política com constante alternância de suas lideranças, vários partidos tendo prefeitos eleitos. Ele mudou o quadro. Fica evidente que está impondo o clã da família Octaviani como quem de fato dá as cartas por lá. Nada mais é permitido sem a anuência deles. Ocuparam de fato e de direito todos os espaços, até a Câmara Municipal é presidida por um deles. Ouço horrores da situação vivida e de quem tenta algo para quebrar isso. Quer algo mais insensato de quando não pode mais se reeleger a indicação do seu sobrinho para ocupar a Prefeitura e quando esse é eleito, cria o cargo de Gerente da Cidade, para permanecer no comando de tudo. Ainda bem que a Justiça tomou as medidas necessárias para impedir o acinte autoritário e antidemocrático. Outra coisa odiosa é a constatação da utilização religiosa embutida no discurso político, algo com declarada conotação conservadora. Dessa forma tentam aglutinar os votos dos evangélicos, atuando em cima da boa fé religiosa e constituindo-se no que hoje se denomina de Prefeituras Teocráticas. Abomináveis em todos os sentidos e incentivando para que o país perca seu laico sentido.

Poderia me estender (e o farei se a polêmica prosseguir) com maior detalhamento dos procedimentos que, tenho certeza não condizem com o recomendável para a política. Prefiro reproduzir nesse momento os adjetivos pelos quais fui taxado pelo Carlão, somente por apontar-lhe o dedo e demonstrar onde o vejo errando. Primeiro me chama de “tolo” e na sequência “imbecil”, “ridículo”, “julgador do mundo”, “frustradão”, “invejoso”, “incompetente”, “trouxa” e por fim solta um “xaropão”. Juntei tudo no mesmo balaio e deixou claro que a todos os questionamentos feitos, não respondeu a sequer um. Destilou seu ódio aos que o questionam. Trato pessoas iguais a ele com muita ironia, fazendo questão de acentuar cada vez mais as suas contradições, que no caso desses são muitas e uma mais evidente que a outra. Alguns dos adjetivos que cospe sobre mim, não fazem jus à minha pessoa e os repudio de forma veemente. Outros, mesmo não os incorporando retribuo, sem os devolver para sua pessoa, mas promovendo algo bem diferente do que o tenho visto fazer ao longo de sua vida. Fazer política todos fazem, mas cada um a seu jeito. Ele na dele e nunca quereria eu fazer igual a ele (toc toc toc). Meu estilo é outro e conto abaixo.

Na quarta mesmo fui fazer política junto de pessoas queridas lá no SESC Bauru, quando no seu Ginásio de Esportes aconteceu um show com CLÁUDIO ZOLLI, um mestre do soul brasileiro, que nos anos 70/80 encantou toda uma geração com seu suingue malemolente e um toque mais do refinado na guitarra. O nome do show, “Vem pro Baile”, é algo que Octaviani não deve fazer já há um bom tempo entretido e tendo seu tempo todo tomado com suas atividades agudenses. Eu vou regularmente a bailes, aliás, como todo “xaropão” igual a mim. Nós gostamos de diversão, mas estaremos sempre atentos a gente igual a ele, que precisam mesmo ser denunciados em caso de passar dos limites. Com Zolli a xaropice é outra, puro resgate da cultura negra vivenciada nos bailes blacks, com uma mistura mais do que contagiante com funk, soul, hip hop, samba, rock e blues. Xaropões, em outra sintonia da do Octaviani gostam demais disso e pelas fotos que publico junto ao esse texto, dá para sentir como se divertem.

Saio de lá e recebo a notícia de que meu nome estaria entre os doze homenageados do Prêmio Luiz Mahin, para pessoas que não destilam ódio de classe e não são efetivamente xaropões no trato com o semelhante. Na noite de quinta, ao sair da homenagem, passo num bar (adoro bares, viu Octaviani, assim como a maioria dos xaropões), o Dona Pinguetta e lá na calçada, um senhor de uns 70 anos me aborda com um intuito, me entregar um brinde. Era o querido Zé da Viola, músico e uma pessoa sintonizada com o lado bom dessa vida. Ganhou um raro CD com dois mestres do instrumental, Dominguinhos no acordeon e Yamandu Costa no violão, gravou alguns exemplares e o distribui para diletos amigos. Entrega um a mim e o pergunto: “Está entregando esse para os xaropões?”. Fica sem entender, mas sua resposta foi exemplar: “Que isso, meu! Xaropões não gostam de música boa e nunca o faria para gente assim”. Tirem as conclusões que quiserem.

Por fim não me venha esse representante da clã dos Octaviani’s responder e me acusar de baladeiro, biriteiro, viado, inoperante, desregrado, destrambelhado, desajustado, inoperante, inócuo, bestalhão, xarope, imbecil, desocupado ou qualquer outro adjetivo. Não cola rebater o que lhe questiono dessa forma, seria mais uma clara demonstração de fraqueza e de todo o seu despreparo.  Eu sigo minha vida ZOLLIANDO, pelas quebradas do mundaréu, na exata contramão de tudo o que gente como esse Octaviani faz. Minha sintonia xaropiana é bem outra, mas saibam que, algo repudiado por todos iguais a mim são os falsos moralistas, os que se dizem impolutos, os que pagam jabá para frequentarem programas de TV, os que pretendem dominar uma cidade pela força, os que criam cargos para tornarem-se ainda mais poderosos, etc etc. Gostamos de farra, mas nossos olhos continuam mais do que abertos e prontos para denunciar as mazelas do dia a dia. E tenho dito.

Carlão, “navegar é preciso”, assim como no caso de sua atuação política, “criticar é mais do que necessário”.

OBS.: Todas as fotos foram tiradas no show do Cláudio Zolli lá no SESC.