sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

PALANQUE – USE SEU MEGAFONE (51)


O ROLEZINHO, EU E A VISÃO DE MINO CARTA E MARCOS PAULO
Demorei um pouco para escrevinhar algo sobre os tais ROLEZINHOS e o faço agora. Sexta, final da tarde, quando me preparo para o meu rolezinho, muito diferente desse outro das manchetes dos jornais. Li tudo o que pude a respeito, vi muita coisa aqui nos meios internéticos e na TV. Aqui no Brasil aproveita-se qualquer momento, qualquer oportunidade para duas coisas, bem antagônicas uma com a outra. Tudo é oportunidade para espezinhar Dilma e os seus, tentar tirar uma lasca a mais destes e consequentemente, conseguir o intuito de deletá-los definitivamente do poder. A oposição que temos agarra-se facilmente até em fio desencapado para obter esse intuito. A outra é enxergar realmente o que está acontecendo e friamente tentar explicar algo disso tudo.

Tento fazer isso. Primeiro o preconceito que grassa em boa parcela da população e nesses momentos flui, sendo exposto como fratura exposta. A demonstração mais irracional disso é o que acaba de ocorrer na Barra da Tijuca, reduto dos novos e velhos ricos cariocas, quando um administrador de um condomínio barra acintosamente um grupo de trabalhadores porque “trariam poluição visual e mal cheiro” ao local. Esse tipo de reflexo é o mesmo dos que usam de artifícios mil para barrar um grupo de determinadas pessoas e libera outro. Uns podem andarem em grupo dentro do shopping, outros não. Almir Ribeiro, professor e militante do PSTU reproduz a charge ao lado no seu facebooke com um título curto e grosso: “Tem tanto preconceito quanto verdade”. Poderíamos divagar horas aqui sobre isso, mas me abstenho, pois seria pura perda de tempo.

Quem melhor sacou dos espaços públicos brasileiros foi o jornalista Mino Carta no editorial de sua revista saindo amanhã nas bancas: “O shopping center resulta de uma grande hipocrisia, de um monumental engodo, de um ardil sinistro destinado a enganar o distinto público. Finge ser uma praça com as intenções mais malignas. A praça é o logradouro público por excelência, o palco de um povo que naturalmente o elegeu e o preserva. É uma extraordinária oportunidade de congraçamento, de intercâmbio cultural, de interação democrática. O shopping, pelo contrário, não passa de paraíso dos mercadores e de garantia dos oligarcas. Aqui o povo, plebe rude e ignara de ricos e pobres em virtude de uma perversa democracia atada apenas e tão somente à ignorância geral, lá vai em busca da praça e encontra o apelo consumista, tanto mais sedutor na ausência de estímulos e alternativas. O shopping é rincão deprimente, de aterradora melancolia, onde fermentam, em áspera contraposição, ilusões e frustrações a demarcar as diferenças sociais acima da pobreza intelectual e do conformismo comuns. E se a praça é do povo, o shopping tem dono, e cada dono conta com seus jagunços, e os exatos papéis e competências dos jagunços são bastante confusos, incertos, impalpáveis, donde sujeitos ao arbítrio quando público e privado se misturam. Chego ao ponto, os chamados rolezinhos. Jovens da periferia perfumam-se, transformam a cabeleira em casca de ouriço, vestem a bermuda das noites de sábado e refluem em bando para o shopping. Cantam, dançam, “zoam”. E “causam”, quer dizer, provocam suavemente, sem liderança, reivindicação explícita, faixas ou cartazes. Não se registraram até agora consumo ostensivo de drogas, roubos ou depredação. Mesmo assim, os donos chamam os jagunços. (...) No momento, não se fala de outra coisa, sem contar os analistas a enxergarem sintomas de luta de classe. Até o governo demonstra preocupação. A presidenta Dilma convocou uma reunião ministerial para debater as possíveis consequências do fenômeno. Pode haver, quem sabe. Mas é certo que, por enquanto, o enredo é patético. De um lado, assistimos ao sonho de consumismo da juventude suburbana, que pretende ser admitida à tertúlia, a imitar heróis novelescos e a sociedade de Caras, em busca da afirmação pelo acesso às grifes. Do outro, o pavor de sempre, o calafrio a percorrer a dorsal dos privilegiados, na expectativa da rebelião das massas. Sosseguem, leões. Por ora, não é o caso. Por ora, creio eu, e ainda por muito tempo”.

Por fim, a sacada final. Recorro a trechos de um texto recebido de um grande amigo, o comunista Marcos Paulo Resende: “É o fracasso do Brasil como nação, fracasso pelo entreguismo ao capital, pela sacramentada destruição educacional e cultural de um país. (...) Imaginem só, cerca de mil pessoas adentrando um lugar cantando Funk, isso por si só já seria motivo de críticas, não me venham os politicamente corretos, acho um saco isso, dizerem que esse é o gosto deles, o som da periferia, porque não é, periferia não é e nunca foi sinal de lixo cultural, vale lembrar que as maiores culturas populares vem das periferias, vale lembrar o Blues dos escravos norte americanos, do Samba brasileiro, a belíssima musica popular de Botsuana nascida no meio do miseráveis explorados por colonizadores. Esse chamado Funk carioca que se apropriou de um título que em nada tem a ver com o Funk verdadeiro que James Brown e Funkadelic faziam, essa merda foi trazida ao Brasil pelo DJ Marlboro e tem sido sinônimo de lixo, de morte cerebral, o fim de uma juventude. É de uma babaquice, coisas de críticos caricatos, querer enfiar racismo no meio, que estão sendo discriminados, impedidos de ir e vir, que estão enfrentando a burguesia, argumentos rasos típicos de gente tão retardada quando funkeiros, pra não dizer de alguns oportunistas políticos nessas horas. Ninguém é impedido de entrar em Shopping em qualquer lugar, para os analistas de Facebook, que nunca pisaram na periferia, o Shopping Itaquera por exemplo, é na periferia e sempre foi frequentado por esta população, lembro também uns anos atrás quando fui numa exposição em SP sobre o Andy Warhol, cerca de 50 mil pessoas por dia visitavam gratuitamente o local, e se via muitos trabalhadores, gente das periferias da cidade, dizer que SP não oferece lazer para essa gente, que é só para a elite, não é verdade, há muitas opções, e as melhores, mais culturais são gratuitas, e o pessoal vai em peso, conheço muitos de lá e daqui de Bauru também, amigos das periferias, trabalhadores que sofrem o dia a dia do capitalismo, mas dentro das limitações procuram algo bom para o lazer. Agora não esperem ver essa massa de manobra funkeira nesses lugares, não interessa ir, e não serve apenas a justificativa que são vítimas do sistema, todos nós somos, agora não vou passar a mão na cabeça de cultura lixo que acaba com qualquer bom senso das pessoas, abomino Funk. Um dos garotos organizadores deu uma entrevista ontem, o tratavam como se fosse um líder revolucionário, cheio de consciência, olhem a resposta quando a repórter perguntou sobre o que querem com os rolezinhos: "A gente só qué beija umas mina, curtir, cantar uns funk e fazer uma pegação, ontem mesmo beijei umas 20 mina."
Esse é o sujeito, o naipe do "idealismo" tão defendido nos últimos dias por sociólogos, antropólogos e outros caralhos de pseudo intelectuais, como se tudo fosse algo para ser crítico ao sistema como a juventude do passado buscava ocupar os espaços, longe disso, a merda que vai dar nessa história ainda será grande, tem sido assim ultimamente em véspera ou ano eleitoral, não se espantem se depois da merda, aprovarem leis aumentando a repressão contra movimentos legítimos de confronto ao sistema, a massa de manobra serve como o escape para as reformas que desejam os canalhas.(...) No fundo só querem fazer parte desta insanidade chamada consumismo do capital, usam bonés importados, corrente brilhante no pescoço, são fãs do Mc Daleste que a melhor coisa que ostentou foi uma bala de pistola no peito. (...) Pois não se trata de gosto e sim de uma péssima cultura colocada goela abaixo das pessoas, vivemos um processo de emburrecimento da nação, temos que saber aonde direcionar a crítica sim, separar o que é boa cultura, o que é organização consciente das massas de lixo, de bagunça. (...)tudo hoje é racismo, nada é luta de classes, o grande Morgan Freeman numa entrevista foi perguntado porque era contra a criação do dia da história negra americana, ele respondeu "qual o dia da história branca?? Eu não o chamo de homem branco, assim como não devo ser chamado de homem negro, só vamos parar com essa coisa de racismo deixando de falar nisso, pois nosso país vive uma desigualdade social onde TODOS os homens e mulheres que trabalham pela nação são explorados." Perfeito, alguém julga as atitudes canalhas imperialistas do sr. Obama por sua cor ou pela sua consciência burguesa??? Que inveja dos povos latinos de nossa América, que na consciência revolucionária se organizam nas selvas colombianas, em Chiapas no México, pra não esquecer também do heroísmo cubano, sempre lutaram para TODOS, e usando a máxima do José Martí, "Somente o homem culto pode ser livre". Lembrem-se disso meus caros".

Pronto, tá tudo dito. Minha linha de pensamento sobre o assunto segue na mesma dos dois citados. Seus textos por inteiro, a quem interessar, estão publicados nos comentários do blog. Separemos o joio do trigo, pois sem fazer isso não dá para analisar nada. Bom final de semana a todos (as), cada um promovendo o seu rolezinho ao seu modo e jeito.

13 comentários:

  1. Shopping center não é praça
    Miúda dissertação sobre um patético fenômeno chamado “rolezinho”, enésima prova da visão primitiva dos envolvidos
    por Mino Carta — publicado 17/01/2014 06:04




    A praça que mais me impressionou, entre todas as que conheço, do ponto de vista da participação, da intensidade do fervor de quem a frequenta e ama a vida, foi a principal de Bolonha, espraiada entre o palácio do rei Enzo e a catedral, com sua severa fachada enobrecida pelos altos-relevos de Iacopo della Quercia, gênio dos começos de 1400.

    Aqui me permito uma digressão. A respeito do uso impróprio que se faz nas nossas plagas da palavra nobre. Horário nobre, espaço nobre etc. etc. Ora, ora: nobre por quê? Porque encarece a publicidade da televisão no caso do horário? Este esbanjamento é próprio de uma sociedade que não tem nobreza alguma e desconhece o exato significado das palavras. Fecho o parênteses e vou ao que me move, para afirmar, alto e bom som como o editorial de um jornalão: shopping center não é espaço nobre.

    O shopping center resulta de uma grande hipocrisia, de um monumental engodo, de um ardil sinistro destinado a enganar o distinto público. Finge ser uma praça com as intenções mais malignas. Falava de Bolonha, a qual, diga-se, como conjunto arquitetônico, só é inferior a Florença e Veneza. Pois, ao cair da tarde, aquela praça deslumbrante enche-se de cidadãos aos milhares, lotam os bares para enfrentar umas e outras, mas a maioria fica de pé para tomar conta do asfalto, e forma grupos excitados em meio ao vozerio. O que se discute em Bolonha são, sobretudo, os problemas da cidade e a política nacional.

    A praça é o logradouro público por excelência, o palco de um povo que naturalmente o elegeu e o preserva. É uma extraordinária oportunidade de congraçamento, de intercâmbio cultural, de interação democrática. O shopping, pelo contrário, não passa de paraíso dos mercadores e de garantia dos oligarcas. Aqui o povo, plebe rude e ignara de ricos e pobres em virtude de uma perversa democracia atada apenas e tão somente à ignorância geral, lá vai em busca da praça e encontra o apelo consumista, tanto mais sedutor na ausência de estímulos e alternativas. O shopping é rincão deprimente, de aterradora melancolia, onde fermentam, em áspera contraposição, ilusões e frustrações a demarcar as diferenças sociais acima da pobreza intelectual e do conformismo comuns.

    continua

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  2. continuação...

    E se a praça é do povo, o shopping tem dono, e cada dono conta com seus jagunços, e os exatos papéis e competências dos jagunços são bastante confusos, incertos, impalpáveis, donde sujeitos ao arbítrio quando público e privado se misturam. Chego ao ponto, os chamados rolezinhos. Jovens da periferia perfumam-se, transformam a cabeleira em casca de ouriço, vestem a bermuda das noites de sábado e refluem em bando para o shopping. Cantam, dançam, “zoam”. E “causam”, quer dizer, provocam suavemente, sem liderança, reivindicação explícita, faixas ou cartazes. Não se registraram até agora consumo ostensivo de drogas, roubos ou depredação. Mesmo assim, os donos chamam os jagunços.

    No JK Iguatemi, templo do consumismo “nobre” em São Paulo, foi instituída, com aval judiciário, multa de 10 mil reais para cada participante de rolezinho, identificado na área interna ou externa do formidável estabelecimento. Um oficial de Justiça, a PM e os seguranças do shopping foram incumbidos da triagem, diligentemente executada ao sabor de critérios raciais e avaliação dos traços fisionômicos. Lombroso apreciaria.No momento, não se fala de outra coisa, sem contar os analistas a enxergarem sintomas de luta de classe. Até o governo demonstra preocupação. A presidenta Dilma convocou uma reunião ministerial para debater as possíveis consequências do fenômeno. Pode haver, quem sabe. Mas é certo que, por enquanto, o enredo é patético.

    De um lado, assistimos ao sonho de consumismo da juventude suburbana, que pretende ser admitida à tertúlia, a imitar heróis novelescos e a sociedade de Caras, em busca da afirmação pelo acesso às grifes. Do outro, o pavor de sempre, o calafrio a percorrer a dorsal dos privilegiados, na expectativa da rebelião das massas. Sosseguem, leões. Por ora, não é o caso. Por ora, creio eu, e ainda por muito tempo.

    Carta Capital, editorial, nas bancas em 18.01.2014

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  3. ROLEZINHO: A MANIFESTAÇÃO CULTURAL DA BURRICE


    Marcos Paulo

    Na semana em que o bombardeio midiático foi sobre o novo BBB e o tal Rolezinho, nos traz algumas reflexões.

    Isso tudo, não só a tal "manifestação" em si, mas ao observar o nível dos debates, das análises superficiais, fanáticas, oportunistas, partidárias sobre o tema, percebo claramente uma coisa, é o fracasso do Brasil como nação, fracasso pelo entreguismo ao capital, pela sacramentada destruição educacional e cultural de um país.

    O que mais me decepciona é ver a total falta de capacidade crítica, de leitura social, principalmente de antigos camaradas e gente que se diz de esquerda, mas não passam hoje de uma caricatura de esquerda, desculpem, mas pessoas que tem como fonte de informação Blog do Azenha, do Paulo Henrique Amorim, nitidamente chapas brancas do governo, ou do Wikipedia, não tem a mínima condição de debater nada.

    Tem sido um arrasta as formas de análises, um fanatismo absurdo, relacionar o tal rolezinho como um movimento, um manifesto social contra as condições do estado burguês é de uma sandice tremenda de gente que hoje não consegue diferenciar um poste de um extintor de incêndio.

    Imaginem só, cerca de mil pessoas adentrando um lugar cantando Funk, isso por si só já seria motivo de críticas, não me venham os politicamente corretos, acho um saco isso, dizerem que esse é o gosto deles, o som da periferia, porque não é, periferia não é e nunca foi sinal de lixo cultural, vale lembrar que as maiores culturas populares vem das periferias, vale lembrar o Blues dos escravos norte americanos, do Samba brasileiro, a belíssima musica popular de Botsuana nascida no meio do miseráveis explorados por colonizadores. Esse chamado Funk carioca que se apropriou de um título que em nada tem a ver com o Funk verdadeiro que James Brown e Funkadelic faziam, essa merda foi trazida ao Brasil pelo DJ Marlboro e tem sido sinônimo de lixo, de morte cerebral, o fim de uma juventude.

    continua...

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  4. continuação 2:

    É de uma babaquice, coisas de críticos caricatos, querer enfiar racismo no meio, que estão sendo discriminados, impedidos de ir e vir, que estão enfrentando a burguesia, argumentos rasos típicos de gente tão retardada quando funkeiros, pra não dizer de alguns oportunistas políticos nessas horas. Ninguém é impedido de entrar em Shopping em qualquer lugar, para os analistas de Facebook, que nunca pisaram na periferia, o Shopping Itaquera por exemplo, é na periferia e sempre foi frequentado por esta população, lembro também uns anos atrás quando fui numa exposição em SP sobre o Andy Warhol, cerca de 50 mil pessoas por dia visitavam gratuitamente o local, e se via muitos trabalhadores, gente das periferias da cidade, dizer que SP não oferece lazer para essa gente, que é só para a elite, não é verdade, há muitas opções, e as melhores, mais culturais são gratuitas, e o pessoal vai em peso, conheço muitos de lá e daqui de Bauru também, amigos das periferias, trabalhadores que sofrem o dia a dia do capitalismo, mas dentro das limitações procuram algo bom para o lazer.

    Agora não esperem ver essa massa de manobra funkeira nesses lugares, não interessa ir, e não serve apenas a justificativa que são vítimas do sistema, todos nós somos, agora não vou passar a mão na cabeça de cultura lixo que acaba com qualquer bom senso das pessoas, abomino Funk. Um dos garotos organizadores deu uma entrevista ontem, o tratavam como se fosse um líder revolucionário, cheio de consciência, olhem a resposta quando a repórter perguntou sobre o que querem com os rolezinhos: "A gente só qué beija umas mina, curtir, cantar uns funk e fazer uma pegação, ontem mesmo beijei umas 20 mina." Esse é o sujeito, o naipe do "idealismo" tão defendido nos últimos dias por sociólogos, antropólogos e outros caralhos de pseudo intelectuais, como se tudo fosse algo para ser crítico ao sistema como a juventude do passado buscava ocupar os espaços, longe disso, a merda que vai dar nessa história ainda será grande, tem sido assim ultimamente em véspera ou ano eleitoral, não se espantem se depois da merda, aprovarem leis aumentando a repressão contra movimentos legítimos de confronto ao sistema, a massa de manobra serve como o escape para as reformas que desejam os canalhas.

    Esses garotos, e aí entra a incoerência dos "analistas" que dizem ser um movimento contra a discriminação racial e social, um protesto contra a burguesia, que o funk bosta que eles cantam, como disse também na entrevista o garoto e depois um desses MCs de merda, que o funk é de ostentação, que se um garoto vê um carro importado eles cantam sobre isso para que o motive a buscar na vida esse objetivo, mais consciência burguesa que isso impossível, no fundo só querem fazer parte desta insanidade chamada consumismo do capital, usam bonés importados, corrente brilhante no pescoço, são fãs do Mc Daleste que a melhor coisa que ostentou foi uma bala de pistola no peito.

    Ontem conversava com um conhecido na rua, que exaltado começou a defender esses caras, daí peguei no calo dele, o cara tem uma filha adolescente de 13 anos, procura dar uma boa educação, manda ler Shakespeare, ouvir de Raul a Beethoven, o sugeri que levasse a filha então, já que ali são todos inocentes, apenas querendo passear e expor seu "gosto" musical, para ser curtida na pegação, beijada por uns 20, colocar um shortinho enfiado no cu e dança o funk ostentação, o bicho pirou na hora, é fácil falar do que não bate a sua porta não é mesmo?? Parece o gosto já ficou amargo. Pois não se trata de gosto e sim de uma péssima cultura colocada goela abaixo das pessoas, vivemos um processo de emburrecimento da nação, temos que saber aonde direcionar a crítica sim, separar o que é boa cultura, o que é organização consciente das massas de lixo, de bagunça.



    continua

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  5. continuação 3:

    Mal sabem hoje os "analistas" o que é luta de classes, a desigualdade social que gera a humilhação para todos os trabalhadores, trazer isso para o lado racial é de um absurdo sem tamanho, tudo hoje é racismo, nada é luta de classes, o grande Morgan Freeman numa entrevista foi perguntado porque era contra a criação do dia da história negra americana, ele respondeu "qual o dia da história branca?? Eu não o chamo de homem branco, assim como não devo ser chamado de homem negro, só vamos parar com essa coisa de racismo deixando de falar nisso, pois nosso país vive uma desigualdade social onde TODOS os homens e mulheres que trabalham pela nação são explorados." Perfeito, alguém julga as atitudes canalhas imperialistas do sr. Obama por sua cor ou pela sua consciência burguesa???

    Estamos vivendo um nazismo absurdo no Brasil, e os caricatos dando aval para isso, gente opinando como uma esquerda que nunca abriu um livro de Marx na vida, estamos fazendo classificação racial no Brasil, a Ministra Luiza Barrios disse ontem que os que reclamam do rolezinho são os brancos com medo, ela deveria ser presa na hora, raso, totalmente despreparada para fazer uma observação dessas, estamos incitando um ódio onde não tem, é visto em vários lugares gente escrevendo "Poder para o Povo Preto", é de um nazismo isso tremendo, John Lennon cantava em 1969 "Poder para o Povo", porque todos somos um, e aqui hoje, graças a estes intelectualóides como dizia o velho Brizola, estamos incitando ao ódio, ao invés da consciência revolucionária e unidade entre todos nós vítimas deste capitalismo.

    Antes de escrever, conversei com duas pessoas amigas de SP, uma amiga de Itaquera e outro amigo do Tatuapé, ambos viram in loco o que vem acontecendo e são pessoas da maior confiabilidade, pois não vou me basear em vídeos de youtube, eles trabalham próximos dos Shoppings, ela presenciou duas vezes esse rolezinho, e diz que do nada um corre todos os outros começam a correr também, daí a confusão que se inicia, gritos desde "vai corinthians" até "é arrastão", bagunçam o ambiente, na real, uma palhaçada sem tamanho isso, tentem convocar pessoas para irem protestar contra esse consumismo imposto a sociedade para ver se alguém vai, que nada, o negócio é ostentar, consumir.

    E cá entre nós, ninguém merece aguentar mil caras cantando Funk, se ser retardado fosse crime no Brasil faltaria cadeia. Lembram anos atrás quando eram aquelas turmas de Emos que bagunçavam nos shoppings, cantando aquelas merdas também tipo NX Zero?? Só que ninguém falava nada, era algo da classe média e ninguém tá nem aí pra classe média, ela não decide eleição, quem decide são os ricos que bancam e o povão massa de manobra que vota, lembram-se também guardada a devida proporção, dos protestos manobras do ano passado?? Qualquer semelhança e utilização de manobras em ano eleitoral não será mera coincidência, a mídia já está dando o show dela, trouxas os que caem nessa.

    continua...

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  6. continuação parte final:

    Que inveja dos povos latinos de nossa América, que na consciência revolucionária se organizam nas selvas colombianas, em Chiapas no México, pra não esquecer também do heroísmo cubano, sempre lutaram para TODOS, e usando a máxima do José Martí, "Somente o homem culto pode ser livre". Lembrem-se disso meus caros.

    Ah e pra fechar e também refletir, não é zoação não, uma garota aqui do bairro, de 17 anos frequentadora de bailes funk, essa cultura "maravilhosa" que respeita as mulheres, tão puros e românticos que a chama de cachorras, ela está grávida e não faz nem ideia de quem seja o pai, a roda da pegação do funk é grande, essa é a cultura da nossa nova geração, onde o tal ídolo Mc Rodolfinho da ostentação diz que não é chegado em literatura.

    Um amigo me perguntou o que eu faria se trombasse num lugar com mil pessoas cantando Funk Ostentação, eu enfiaria a porrada em todo mundo e acho que a única forma de entenderem algo era esfregar o pênis na cara de tudo mundo, não tem saída civilizada mais no Brasil, tudo parece ter que terminar em bagunça e sexo anal, na nossa bunda é claro.

    O sistema criou essa merda de funk pra alienar, então vamos varrer o sistema e essa merda juntos, defendam os sem-terra, os trabalhadores, os sem-teto que estão organizando, esse sim uma reivindicação sólida e para refletir em nossa luta.

    Nessas horas dá vontade de sair do país, mas como no momento estou sem grana, não posso ostentar nem um caixão para cair morto rs.


    "Pioneiros para o Comunismo, seremos como Che Guevara"

    "Comandante, Ordem!
    ordem sobre esta terra,
    nós faremos guerra,
    se o imperialismo vier"

    "Ódio e Morte para o Imperialismo Norte Americano!"
    Hasta La Victoria Siempre

    Camarada Insurgente Marcos Paulo "Stalin III"
    Comunismo em Ação - A RETOMADA

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  7. Reflexões muito oportunas, lúcidas e bem fundamentadas do meu amigo Henrique
    Perazzi de Aquino. Tenho satisfação em compartilhar
    José Larangeira - Bauru

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  8. Boa partida para eu buscar um entendimento do assunto. Estou confusa com o "rolezinho" , sou Asistente Social, como vc sabe; trab com adolescentes e hj vou participar da ação q o jornal chamou de "fiscalização do rolezinho" em Bauru, mas q na verdade não é. A principio trata-se d uma ação socuoeducativa para orientar sobre o abuso d alcool entre os jovens. Eu disse: a principio, pq não sou eu q mando... vamos ver no q dá!
    Claudia Pereira

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  9. Legal, mas tenho dúvidas sobre a origem não-popular do chamado funk, por menos que o suporte. Infelizmente, a música pobre brasileira sempre sofreu perseguições e comparações com a música de qualidade da época. É claro que influências cada vez mais terríveis impõem-se sobre todos nós através da única escola que temos: a tv.
    Wellington Leite

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  10. Henrique, meu amigo.
    Eu também não aguento mais essa enxurrada de besteiras produzida por essa juventude burra e manipulada, traduzida, agora em "rolezinho".
    Um bom livro, creio, nem sabem que existe. Uma boa música, desconhecem, pois o que falam e escreve e o que ouvem e cantam dá asco, nojo!
    Repugno também quem acha ou defende a ideia de que esses "pobrezinhos" são discriminados. Os discriminados no Brasil têm outro nome.
    Esses aí, pela sua burrice, contribuem com o sistema opressor e capitalista brasileiro. Então, se contribuem com o sistema opressor capitalista brasileiro, estão contribuindo com a cultura da morte. Então são iguais, se merecem. Sempre defendi o direito à igualdade no confronto histórico da luta de classes, visando sempre uma vida melhor, digna e saudável. E não essa enxurrada de cultura degradante que toma conta do nosso dia a dia.
    No texto do Marcos Paulo, nosso querido Camarada Insurgente Marcão, não tiro nem uma vírgula. Assino com ele. Um belo texto, bem melhor que o do Mino Carta.

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  11. Caro HPA tudo fenômeno natural. Na minha época de jagunço a unica diferença era que não havia o funk. tudo natural.

    Roberto Antonielli

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  12. Carta Maior- 07/01/2014
    O rolé do espaço público

    Wanderley Guilherme dos Santos

    Os shoppings das grandes cidades transformaram-se em espaços de soberanias contestadas. Em princípio são espaços públicos para negócios privados.

    Arquivo
    Prisões e hospitais são espaços segregados nos quais se entra compulsoriamente e a saída depende de documentação liberatória. Quartéis exigem senha ou símbolos em código na entrada e filtro na saída. É enorme o número de espaços preclusos em qualquer cidade, incorporados ao que se parece, mas não é, a natureza. Já

    em tempos pré-cristãos os muros da cidade referiam-se a obstáculos físicos propriamente ditos. Durante a idade média, idem, e no interior das cidades muradas emparedavam-se castelos. No mundo moderno os limites territoriais das nações substituíram por postos de aduana, sentinelas e pedras ou monumentos simbólicos as sólidas e extensas construções antigas. Isto é, até recentemente, quando teve início o renascimento dos muros.

    Os mais conhecidos são a gigantesca cerca construída pelos Estados Unidos na fronteira com o México e a recente parede erguida por Israel separando-o dos árabes e palestinos. A África do Sul mantém inclusive cercas eletrificadas na fronteira com o Zimbawe. A Arábia Saudita ergueu altíssima estrutura de concreto no limite com o Yemen e projeta outra no encosto com o Iraque. Por razões variadas a Índia vem estabelecendo arranjos materiais para impedir o trânsito entre seu território e os vizinhos Paquistão, Bangladesh e Birmânia. Esses arranjos incluem o enterro de minas explosivas e a instalação de aparatos eletrificados ao longo de sua fronteira. O Uzbesquistão isolou-se do Kyrgystão, em 1999, e do Afganistão, em 2001, sendo por sua vez isolado pelo Turkemenistão.

    A política de preclusão de espaços é utilizada também pela Botswana, Tailândia, Malásia, Irã e Brunei, entre outros países. A lista é impressionante e crescente, sublinhando importante aspecto da vulnerabilidade da secular instituição da soberania nacional, conforme magnífica pesquisa de Wendy Brown, de Berkeley (Walled States, Waning Sovereignty, 2010). Mas o fenômeno é, também, intra-nacional.

    Os escandalosos conflitos nos presídios maranhenses são parentes próximos das controvérsias provocadas pelo rolézinho atribuído à juventude das periferias urbanas. Parentes, mas não siameses. A prisão se funda em inconteste soberania de seus administradores e a quase total suspensão dela em seus internos. Assim como nos hospitais em relação a médicos e funcionários de um lado e pacientes de outro. O conflito do rolézinho se dá em torno a soberanias contestadas, e isso faz toda a diferença.

    continuará a seguir

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  13. continuação do texto publicado acima:

    Portões de ferro impedindo a entrada em edifícios é uma demarcação de soberania, defesa contraposta a presumidos assaltos. Cacos de vidro encaixados em muros de mansões equivalem às minas indianas soterradas. O extraordinário aparato de segurança ostentado por condomínios residenciais de alta renda lembra a militarização de fronteiras, só ultrapassadas mediante adequadas senhas ou símbolos. A separação entre o público e o privado impedindo a invasão do privado pelo público é matéria legal e consuetudinária. Há lugares no mundo em que os carros não são trancados nem são fechadas as entradas das residências. Quando lecionei na Universidade de Wisconsin, em Madison, as portas dos fundos das casas eram apenas encostadas e no condado de Palo Alto, Califórnia, os carros ficavam abertos ao relento.

    Também ocorre a segregação física do público para prevenir a intromissão do privado. Praças dispõem de grades, assim como monumentos. Os habitantes sem teto das cidades são denunciados por se banharem em chafarizes urbanos. O consenso sobre a invasão de soberanias aqui é extenso. O potencial de conflito se esconde na sutil distinção entre o fim da soberania privada e o início da soberania pública. São espaços de soberania contestada cujo esclarecimento demanda negociações e senso de medida, de acordo com o espaço disputado. Se parece razoável o fechamento noturno de alguns parques públicos, evitando sua transformação em dormitório de grupos carentes (o humanismo do politicamente correto ainda não abriga esta variante), a cobrança de ingressos para a fruição de praias litorâneas estimularia distúrbios gigantescos. No entanto, alguns hotéis de alto luxo, à beira-mar, vêm fazendo precisamente isso sem grandes alvoroços das populações. Consuetudinariamente a soberania privada substituiu a pública.

    Os shoppings das grandes cidades brasileiras transformaram-se em espaços de soberanias contestadas. Em princípio são espaços públicos para a transação de negócios privados. Tais como as feiras semanais. Os passantes ou simples observadores das barracas não são obrigados a apresentar documentação para andar por ali, observar os negócios e, se desejarem, negociar. Os comerciantes não têm como saber se os passantes combinaram encontros ali para um almoço, se são clientes em potencial ou se são criminosos oportunistas. Seus negócios são, certamente, privados, mas estabelecidos em espaço público. Delimitar a fronteira entre as duas soberanias não é tarefa simples. Figuradamente, a prática democrática lembra uma porta giratória, sem maiores dificuldades para entrar ou sair. O diabo é descobrir de que são feitos os gonzos.

    postado por pasqual macariello - rio rj

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