O
DISCURSO DO FRANKLIN É CONCILIADOR – SERÁ QUE NEM ISSO O OUTRO LADO ACEITA
DISCUTIR?
Ontem
no final do dia publiquei nas redes sociais um texto marcando várias pessoas.
Era um CONVITE para algo que ocorreria hoje na cidade: “Quarta-feira
(29/01) às 9h AULA PÚBLICA NA UNESP BAURU - VAMOS??????? Franklin Martins,
jornalista, cientista político e ex-ministro da Comunicação Social, responde:
“por que a mídia deve ser regularizada? Praticamente todas as sociedades
democráticas do mundo têm mecanismos de regulação dos meios de difusão. Salta aos
olhos, então, a necessidade de avançar nessa área e promover o debate na esfera
pública", afirma Franklin”. Um tema que nossa mídia foge de discutir e é
inconcebível uma mesma empresa ter tanta influência, tanto poder, querer atuar
em todas as frentes, achar isso normal e quando vão falar de leis a eles, dizem
que isso é falta de liberdade de expressão. Quem ainda confunde as bolas, eis
uma rara oportunidade de amanhã cedo esclarecer tudinho. No meu carro cabem
mais quatro... Quem vai? Coisas do HPA”.
Lá estava às 9h e da
fala dele, toda gravada pela TV Unesp, eis o que consegui extrair:
“Todos sabemos que
o verdadeiro dono dos meios de comunicação no Brasil é o Governo Federal. É
necessário que ele dê autorização de funcionamento no setor. E por que dá a um
e não a outro? E se dá, quais as regras de controle? O Estado precisa fazer
valer algumas regras, o cumprimento de algumas básicas obrigações. Regras
claras de funcionamento e fiscalização. Tudo deve ter um prazo determinado.
Precisa existir freios para impedir oligopólios e monopólios no trabalho de
levar a informação à pessoa interessada nela. Hoje pequenos grupos manipulam e
fazem o que querem com a informação. Dessa forma não existe como evitar a
manipulação e a concentração. No mundo todo existe esse controle estatal, tudo
acompanhado por agências reguladoras. O Brasil precisa desesperadamente dessa
regulação. Não temos regulação nenhuma. A Lei vigente é de 1962, muito antes da
existência das TVs ao modo de hoje e do mundo virtual. O setor mudou muito em
50 anos e possuímos uma legislação de 50 anos atrás. Ela não responde pelos nossos
problemas atuais. Hoje existe um festival de regulação no país, uma gambiarra
onde cada um faz o quer, ganhando muito dinheiro com isso e fazendo tudo ao seu
bel prazer. São grande oligopólios que puxam a sociedade para os seus
interesses. Escondem, sentam em cima de canais, manipulam. Quando alguém
levanta a voz e tenta falar em regular o setor, logo levantam a voz e dizem que
estão atentando contra a liberdade de expressão. Dessa forma querem interditar
o debate. Querem impedir a discussão. Existe uma clara satanização de todos que
querem discutir seriamente o tema.
O que se busca na
verdade são tempos novos, onde todos possamos sair juntos do cercadinho de como a
tema ainda é discutido hoje. Qualquer coisa que diminua o oligopólio é para
eles abuso e afronta à liberdade de imprensa. Essa questão interessa a toda
sociedade, inclusive aos que bloqueiam a discussão. Eles sabem muito bem disso.
Não somos a Argentina e não queremos copiar o que foi feito na Argentina. Temos
é que aprender com a Argentina, não fazer como ela. Eles formam e perdem
maiorias políticas muito rapidamente. Eles são um potro fogoso, nós somos um
elefante, que jamais tira mais do que uma pata de cada vez do chão e se o
fizer, quebra-se todo. Não nos esqueçamos que Lula só foi eleito na quarta
tentativa. Aqui tudo se consolida de uma forma mais demorada, lenta e quando se
chega lá é muito mais difícil uma volta para trás. Perceba que as conquistas
que tivemos são sem volta. Olhamos sempre para a frente. E dessa forma,
voltando para o tema da conversa, por que temos que comer na mão de 4 ou 5
grupos? Hoje pela América Latina toda vemos uma superação de suas contas com o
passado, contas essas que não batem com o futuro vislumbrado na nossa frente. É
mais do que necessário a abertura de um debate público, aberto e franco, ou o
elefante vai acabar passando por cima de nós todos.
O outro lado da
questão, os grupos de poder sabem da necessidade desse debate. Fogem dele, mas
sabem. Analisem hoje junto comigo o deslocamento dos anúncios feitos nesses
meios. O que o Google recebe hoje está se aproximando muito do que a Globo
recebe. Na somatória o Google já recebe mais do que a somatória de todas as
outras emissoras. Esse dinheiro não fica aqui, vai todo para fora. O mercado
precisa limitar isso, os prejudicados são os próprios barões brasileiros que
vem isso acontecendo e estão perdendo a rica oportunidade de fazer uma
discussão séria sobre o assunto. Precisa alguém determinar um caminho, as
empresas querem assim, o mercado propõe isso. Só que eles já sentem o prejuízo
no bolso, mas não querem um debate público, aberto e transparente. Querem
decidir entre eles, numa mesa e sem mais ninguém. Assim não dá.
A regulação não tem
nada diferente do que reza hoje a Constituição. Aqueles artigos que já estão lá
dizendo que político não deve ter concessão, espectro dividido, essas coisas.
Faz 25 anos que não sai nada de novo no papel. Mesmo eles sabendo estarem entre
a cruz e a espada, continuam satanizando todos que levantam a voz. E daí os
políticos nada fazem, pois se algum levanta a voz, a mídia cai de pau e o
sataniza. E assim eles recuam e vão fazer outras coisas, cuidar de outros
temas. Inevitável ocorrer essa discussão, não podemos mais perder tempo. Não dá
mais para suportar algo além desses 25 anos de espera. O dinheiro é a mola
mestra da conduta de todos eles. Não sabem andar mais para a frente e estão
precisando de um sonoro empurrão. O que resolve isso tudo é a disputa política
dentro da sociedade. Ninguém está querendo acertar contas com o passado. O que
ser quer é criar condições para o futuro, pondo fim aos conluios hoje
existentes. Muita coisa já foi conquistada, mas é necessário encarar e viver os
desafios propostos para o futuro. Mais do que nunca se faz necessário pensar,
compor, fazer alianças e resolver. Ficar nesse impasse não dá mais. O Brasil é
o tal elefante, ele é pesado e corre. Pode passar por cima de todos, os de um
lado e do outro. Precisamos saber o que ele quer conquistar e estar junto nessa
caminhada. O momento é agora”.
De tudo o que ouvi, algo muito simples, que até dá título para meu texto, o discurso do Franklin é conciliador, não propõe nenhuma brutal ruptura. Alguém tem que ceder em algum momento, pois os absurdos no setor consolidaram monopólios disformes e brutos. Essa adequação aos novos tempos ou vai acontecer a fórceps, ou diante desse impasse, o que vejo é uma perda coletiva, de ambos os lados. Será que nem isso os tais dos “Donos da Mídia” aceitam discutir? Foi isso o que extrai de sua fala, ouvida atentamente por muitos alunos do Curso de Comunicações - Jornalismo e por alguns dinossauros (sic) bauruenses, dentre os quais cito alguns dos seus nomes: Gilberto Maringoni, Juarez Xavier, Dino Magnoni, Darcy Rodrigues, Wellington Leite, Francisco Machado, Cleide Portes, Angelo Sotovia e eu, todos muito interessados na continuação desse debate.
me ajude a divulgar isso
ResponderExcluirhttps://secure.avaaz.org/po/petition/Ao_Presidente_Federal_da_Camara_dos_Deputados_Henrique_Eduardo_Alves_Nos_somos_contra_o_Projeto_de_Lei_no_6003_2013/?fbss
Marília Duka
Creio que esse debate tem que continuar e as emissoras públicas, educativas têm papel fundamental nesse processo. A Rádio Unesp apóia essa ideia.
ResponderExcluirCleide Portes
Foi uma pena perder esta oportunidade Henrique Perazzi de Aquino. Hoje estive em Sao Paulo justamente num Encontro Nacional de Comunicaçao com um pessoal da Carta Capital, sindicalistas e assessores da CUT e das Confederaçoes dos Trabs. Metalurgicos, Quimicos, Vestuarios, Alimentaçao e Contruçao Civil. To precisando falar contigo sobre um projeto local. Qual seu numero?
ResponderExcluirJoão Andrade
Bem observado, Henrique.
ResponderExcluirPedro Pomar