domingo, 18 de maio de 2014

CARTAS (123)


CARTAS QUE GOSTARIA DE TER ESCRITO
 
O que mais gostei hoje no Jornal da Cidade foi ler a carta do amigo Arthur Monteiro Junior, contra os ataques caricatos do missivista Ivan Goffi. Seu texto foi tão salutar que merece ser espalhado para tentar diminuir a homofobia, raiva reinante em bestiais textos hoje sendo espalhados como praga via internet. Eu já travo uma desigual luta contra o que escreve Goffi há muito tempo e acredito que desmascará-lo é mais do que necessário. Abaixo a carta:

QUEM É IVAN GOFFI? - carta publicada hoje na Tribuna do leitor, Jornal da Cidade Bauru SP
Pessoalmente, não o conheço, mas, pela leitura das inúmeras cartas que envia para esta tribuna, é possível extrair seu perfil: homofóbico, racista, reacionário e hidrófobo. Com sangue nos olhos e ira nas ventas, destila veneno pelo canto da boca e nutre um ódio mortal aos comunistas em particular e aos militantes de esquerda em geral. Algum trauma de infância ? Será que quando criança algum comunista o obrigou a dividir suas bolinhas de gude com os amiguinhos? Ou quando adolescente sua namorada o deixou em razão de uma paixão avassaladora por um marxista revolucionário? Talvez a leitura compulsiva da revista Seleções ou quem sabe a atenção dispensada aos comentaristas do Manhattan Connection tenham afetado seus neurônios.

Causa pena sua doentia obsessão. Certamente deve passar por infindáveis insônias, pensando ter um comunista embaixo de sua cama. Na época do Natal desespera-se ao deparar com a figura de Papai Noel, imaginando ter pela frente o velho Karl Marx, disfarçado de bom velhinho. Alucinado, ainda acredita que o PT é um partido de esquerda e que um levante comunista está prestes a eclodir.

Ao contrário do que afirma o nobre visionário das ideias retrógradas, não se esperou 30 anos para começar a “campanha massiva de desmonte histórico” mas sim foi se construindo, durante todos estes anos, a luta para o resgate histórico do que de fato ocorreu durante a tenebrosa ditadura civil militar que perdurou por 21 anos e, se tantos fatos não vieram a tona antes, é porque a transição da ditadura para a democracia foi feita pelas elites, sem punição aos criminosos do regime ditatorial e sem a participação popular, com acordos entre vários ex-membros do antigo regime que, diante do seu naufrágio, bandearam-se para o outro lado, tais como Sarney e Antonio Carlos Magalhães.

Numa sociedade democrática temos que conviver com todas as diferenças, mas o que dizer de um sujeito que defende o covarde ataque ianque a Hiroshima e Nagasaki, quando a guerra já estava definida, apenas para mostrar seu poderio bélico e quem era o senhor do mundo ? Ou que defende claramente a tortura ao afirmar que “infelizmente poucos tomaram pau”? Dr. Goffi, tortura é crime e sua apologia também o é. Negar a história é pior do que omiti-la. As aberrações contidas no texto do fiel pupilo do autor de “Mein Kampf” nem mesmo nos tristes tempos das aulas de EPB e OSPB tinham os professores coragem de ministrar. Acredita ele na velha máxima do ministro nazista Joseph Goebbels: “Uma mentira mil vezes repetidas se transforma numa verdade”.

Mas certamente, sr. Ivan Goffi, prefiro a bela figura de Dom Quixote à do rei Arthur. Sempre desprezei os poderosos, seus palácios e suas benesses e, sem dúvida, chamar-me de quixotesco não é uma ofensa, muito ao contrário. Porque todos que sonham e lutam por um mundo melhor, justo e igualitário, acreditando tornar possível o impossível e carregam consigo a nobre qualidade da solidariedade, tem algo de quixotesco. Assim são os verdadeiros socialistas e lutadores das causas populares.

Enquanto o porta-voz do atraso vocifera seus impropérios, preso nos seus preconceitos, na sua violência e no seu senso de destruição, a história da humanidade segue seu curso. Afinal, como diz a canção de Chico Buarque e Pablo Milanes: “A história é um carro alegre, cheio de gente contente, que atropela indiferente, todo aquele que a negue”.

Arthur Monteiro Junior - advogado

5 comentários:

  1. No facebook, com 21 "curtir", eis os comentários até agora:

    Arthur Monteiro Junior obrigado dr. Darcy!
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    Wellington Leite Grande Arthur! Você fez um dasabafo que muitos de nós queremos fazer diante de tamanha ignorância! Abração!
    há 6 horas · Descurtir · 3

    Arthur Monteiro Junior Valeu Wellington Leite, um abração!
    há 6 horas · Descurtir · 2

    Alberto Pereira Lindo texto. As ações necessárias para que não se repitam nos também tomamos.
    (Plantio de pau-brasil em memória das vítimas da ditadura)
    Foto de Alberto Pereira.
    há 5 horas · Descurtir · 4

    Arthur Monteiro Junior valeu Alberto Pereira!
    há 5 horas · Descurtir · 2

    Roque Ferreira Meu mais que amigo Arthur Monteiro Junior foi generoso no seu texto. Este Ivan, é uma figura abjeta que estabeleceu como objetivo de vida, ser o porta vós dos setores mais reacionários e conservadores da cidade de Bauru.
    há 4 horas · Curtir · 2

    Ademir Elias Parabens pelo texto amigo Arthur, tenho orgulho de pertencer ao circulo de amulizade de um intelectual de tamanha invergadura.
    há 4 horas · Descurtir · 2

    Cassio Guarani Kaiowá Cardozo de Mello Este sujeito aí deve pertencer ao círculo de amizades de um tal de Pedro Tobias com certeza. ..
    há 3 horas · Descurtir · 2

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  2. CONVERSAÇÃO NA PÁGINA DO "BAURU NA POLÍTICA":

    Miriam Tebet Se eu não me engano, voce é comunista de carteirinha. A partir daí............
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    Henrique Perazzi de Aquino Sou não Miriam, até gostaria de ser, mas influenciado por 53 anos de vida dentro do capitalismo doentio, acho que o máximo que consegui ser foi me considerar um socialista mequetréfico. Mas abomino os excessos proferidos por gente como Goffi, pois a maioria do que profere é algo bestial a qualquer sensatez. Não acha?
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    Miriam Tebet Não sou "cult" a ponto de levar essa discussão a níveis mais elevados, como voce. E peço desculpas por isso. Mas, não entendo essa de "capitalismo doentio". Se não fosse o capitalismo, (pelo pouquíssimo que entendo), seria o que? Aquele regime daquela "ilhazinha de Cuba, que a tantos incomoda"?????
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    Miriam Tebet Não sou homofóbica, racista, hidrófoba, mas um pouco reacionária sim. São 65 anos bem vividos, bem observados, e , sinceramente, éramos felizes e não sabíamos.
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    Henrique Perazzi de Aquino Não necessariamente, cara Miriam. Cuba não é um paraíso, mas também não é o inferno que pintam. Ali as desigualdades tão evidentes aqui, inexistem ali. Imagine um país onde cultura, saúde, educação, transporte, tudo isso é gratuito para a população. Claro que merece vindo daqui as maiores críticas, pois o deus deles não é o dinheiro como o nosso. Lá o ser humano estará sempre em primeiro lugar e no capitalismo nunca. Acredito e luto por um outrro mundo possível. Só isso.
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    Henrique Perazzi de Aquino Não acho que o ser humano necessite de ter inúmeros imóveis, manter uma disparidade imensa entre uns e outros. Quando todos mais próximos, viveremos melhor, mais algres, um olhando e amparando o outro de fato e de direito. Avareza é sintoma de capitalismo doentio. Na vida mais simples vive-se melhor. o certo é que vejo o capitalismo como hoje é exercido, o neoliberalismo como doentio, provoca nas pessoas reações homofóbicas e de intolerância. Precisamos abolir isso de nossas vidas. Sem traumas, mas para vivermos melhor.
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    Miriam Tebet Respeito seu ponto de vista, embora discorde radicalmente. Agora, como estamos conseguindo discutir civilizadamente, o que está difícil entre pessoas com idéias diferentes, eu me permito uma pergunta: voce e vários outros defendem Cuba, o Fidel, y otras cositas más que acontecem na ilha.Então, me respondam: o que impede voces de morarem lá, viverem de acordo com as facilidades, viver dentro de uma igualdade sem par, sem a concorrencia desleal entre as elites e a "massa", dentro da liberdade total e irrestrita que tanto se comenta que existe lá?
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    Leila Tebet Lá a igualdade é baseada na miséria.
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    Miriam Tebet O que eu entendo por capitalismo é: meu pai e meus tios, filhos de imigrantes, dormiram durante anos em balcão de loja, a roupa deles era feita com saco de arroz, que minha avó fazia. Trabalharam feito condenados, deram um duro danado, não tinham Bolsas, Cotas, Ongs, nada desse assistencialismo barato. Era só sacrifício, que hoje resultou em estudo de primeira prás filhas, uma herança modesta , mas tranquila prá todas (que sempre trabalharam tb), e uma velhice tranquila com cuidadores que lhe proporcionam todo conforto. Isso prá mim é ser capitalista, dar duro e ser recompensado pelo seu trabalho, de acordo com o que ele fez. E o Estado, com os impostos absurdos que recolhe é responsável pela geração de empregos, e o povo tem que trabalhar prá conseguir uma vida digna. O que no momento não vem acontecendo nesse país. 70 por cento dos baianos que recebem a Bolsa não trabalham e por aí vai....
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    CONTINUA...

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  3. CONTINUAÇÃO...

    Henrique Perazzi de Aquino Primeiro não aceito a provocação que fazem, "então vá morar lá". Sou brasileiro e preferiria melhorar esse país que moro, amo e vivi meus 53 anos. Depois não acho Cuba um paraíso, mas o paísque mais possui igualdade social. Isso incomoda e leve em consideração isso: se ele incomoda, ele precisa ser combatido e até com armas sujas, desinformando, inventando inverdades. Alguns acreditam cegamente, outros não e vão se informar melhor. Faça isso. O que acontece lá, tenha certeza, guardadas todas as proporções é melhor do que aqui. São pobres, dignos, querem viver a vida lá deles e nós é que nos importamos com eles. NÃO ACHO O SISTEMA ONDE VIVEMOS JUSTO, AS DESIGUALDADES SÃO EVIDENTES E NÃO É SÓ NO BRASIL, TODOS, INCLUSIVE OS EUA. Cuba merece ser vista com nossos próprios olhos. Quando fizer isso, entenderá tudo aquilo de forma diferente. Estive lá anos atrás por 30 dias, andei o país inteiro de mochila junto de um amigo e estamos organizando um retorno com um grupo de bauruenses. Poderá ser uma oportunidade de enxergar e ver a situação de forma diferente. Procure, como faço, deixar de se influenciar com tudo o que a nossa mídia nos passa. Veja os interesses dela e olhe para o outro lado. A igualdade lá não é baseada em miséria alguma. Ser pobre e saber o sê-lo sem que ninguém seja humilhado, ultrajado já é um grande avanço. De nada adianta ficarmos promovendo Marchas como essa da Família, que querem o que, somente retirar um grupo de poder e colocar outro. Nada além disso e o que isso melhoraá o país. Nada.
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    Miriam Tebet Voce escreve e se expressa muito bem, mas no dia a dia, essa literatura pouco soluciona: o que um país precisa prá dar certo não são regimes, teorias, filosofias: é de um governo (relativamente) honesto, que usa dos impostos pro bem do povo. Um povo com saúde, trabalho, segurança, lazer consegue ter uma vida digna e fazer o país andar prá frente. Cada um na sua condição. O pedreiro tem que ter as mesmas chances de TRABALHO que o engenheiro, e gnhar de acordo com seu trabalho. Não é justo o engenheiro ganhar 700 reais como o pedreiro, mas é justo que o pedreiro tenha tb uma mesa decente prá se alimentar.
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    Leila Tebet Emais, esse capitalismo selvagem que todo socialista condena está longe do nosso alcance mesmo.
    Capitalismo no Brasil é roubo seguido de morte (rsrsr), como é o caso dos politicos atuais e de governos passados também.
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    Henrique Perazzi de Aquino O debate está bom, mas eu sou um rueiro inveterado. Adoro a feira dominical e mais que isso, a Feira do Rolo. Lá tem um livreiro magistral, indico que o conheçam. Tenho que me despedir, volto depois do almoço. A feira e o contato humano, o bate papo in loco me esperam. Continuamos depois, mas gostei, pois ninguém se agrediu e papeamos, avançamos.
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    Miriam Tebet Um abraço.
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  4. Direita se mexe no lodo! - Tribuna do Leitor JC, edição hoje:

    Nas últimas semanas essa democrática tribuna foi invadida por direitistas empedernidos, que biliosa e deseducadamente ofenderam – ao meu sentir – o trabalho de meu colega e amigo Arthur Monteiro Júnior junto à Comissão da Verdade da OAB. Eu pacientemente esperei que o Arthur se pronunciasse de que tinha certeza depois de um contato que tivemos. E a resposta do dr. Arthur surgiu – como sempre – de modo gentil, sereno, educado e com argumentos irrefutáveis que justificavam (embora não o precisasse) seu ideário político. Isto feito, posso dizer o que penso.

    A velha direitona do Brasil, hoje praticamente falida, começa a erguer a cabeça do lodaçal em que estava enterrada, certamente por entender que de novo chegou a sua vez. E que teria eleitoralmente alguma chance no pleito que se desdobrará em outubro deste ano. Nada mais improvável porque hoje a direita brasileira é praticamente o exército de um homem só: Jair Bolsonaro. Ela que no passado tinha intelectuais como Gustavo Corção e Tristão de Athayde, o bispo dom Sigaud e Plínio Correa de Oliveira (e sua TFP) luziu o quanto foi possível na época do golpe militar de 64.

    Contrariamente ao que afirmaram o advogado e o professor de história - a quem não conheço, o que não altera meu sono em qualquer hipótese – a mão, os braços e principalmente os pés dos Estados Unidos foram decisivos para que um grupo de militares se empolgasse e tomasse o poder. Primeiro porque Jango era muito fraco como presidente. Conciliador em demasia, homem acostumado ao bom uísque e às belas mulheres (inclusive a própria), não era comunista coisa nenhuma. Estancieiro rico acostumado a cavaquear nas coxilhas de céu sangrento dos pampas, tinha extrema afinidade com o povo. Aliás, era adorado pelo povo. Os EUA temiam sua liderança e urdiram o golpe. Isto está provado por cartas trocadas entre o então embaixador americano Lincoln Gordon e o secretário de Estado americano, quando não o próprio presidente da república (Lindon Johnson). Cartas publicadas por jornais brasileiros totalmente avessos ao pensamento esquerdista, como O Globo e o Estadão. Portanto, esta é mais uma prova de credibilidade.

    continua

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  5. continuação....

    A Comissão da Verdade é um órgão de Estado. E para tristeza dos achacadores do dr. Arthur, foi criada não no governo Lula, mas no governo FHC. E agora, como ficamos? Será que os eleitores de Aécio sabem disso? O papel que a OAB representa é de crucial importância nestas comissões. Tanto o dr. Arthur como o dr. Gilberto Truijo (que encontro sempre com renovada satisfação, no Forum Trabalhista) são pessoas dedicadas a uma causa nobilíssima. O Brasil precisa redescobrir sua verdade, exorcizar seus demônios, para se tornar uma nação completa e adulta. Semelhante ao que aconteceu com a Alemanha ao reconhecer a atrocidade do nazismo. E até da Igreja, ao reconhecer a prática de pedofilia praticada por padres e bispos. Ocorre que os crimes cometidos pelos militares durante a Ditadura são imprescritíveis, porque crimes contra a humanidade. Daí a necessidade de descobrir os culpados e puni-los. E não adianta vir com a chorumela que a anistia zerou tudo. Não é verdade!

    Às vítimas da ditadura se atribuía resumidamente uma única culpa. O delito de pensar diferentemente do pensamento tacanho e verticalizado das hostes e dos chefes militares. Honra seja feita a vários militares que foram cassados (por ex. Nelson Werneck Sodré) e outros que, à sua maneira, condenaram o golpe como, por exemplo, o general Lott, o general Albuquerque Lima, o general Euler Bentes Monteiro e tantos outros..

    Portanto, como isto não é uma aula de história, concluo sentindo pena dos alunos de História do tal professor missivista, bem como lamentando a atitude raivosa e pouco ética do advogado, na medida em que ambos, usando da liberdade que foi conquistada nesta país a duras penas (inclusive com a imolação de Rubens Bernodt Paiva, que parece, está finalmente solucionada pela Comissão da Verdade com seu desaparecimento e morte atribuído a alguns oficiais do Exército brasileiro), elegeram o dr. Arthur como seu alvo preferido. Ao alvejar o Arthur me alvejaram também e certamente muitos outros, ou a maioria dos homens de bem deste país.

    Arthur, repito, é um homem educado, democrata convicto (do tipo “não concordo com uma palavra que você diz mas defenderei até a morte seu direito de fazê-lo”) e pronto para travar o bom combate de ideias. O que faz brilhantemente, tendo uma bagagem informativa no campo político que poucos podem ostentar. O que, lamento, não deve ser o qualificativo do professor de história e do advogado provocador. Pelo seu perfil, creio que Arthur não levará o advogado ao Tribunal de Ética da OAB. Mas deveria fazê-lo. E eu gostaria muito de assistir a uma solene sessão de desagravo na nossa tão querida OAB, com a presença solidária de todos que sonham um Brasil e um mundo melhor. Atenciosamente.

    Marco Antônio de Souza

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