domingo, 25 de maio de 2014

MEMÓRIA ORAL (161)


ESSE ‘HPA’ NÃO É POUCA BOSTA – UMA ENTREVISTA NA FEIRA DO ROLO

O contato foi feito dessa forma e jeito, pelo Bate Papo do facebook: “Henrique, boa tarde. Tudo bem? Sou estudante de Jornalismo da Universidade Sagrado Coração e meu grupo está produzindo um radiodocumentario sobre a Feira do Rolo para a disciplina de Laboratório de Radiojornalismo. Assisti a uma matéria da TV Unesp da qual você foi fonte e gostaria de saber se pode colaborar também com o nosso trabalho... Responder algumas perguntas, falar um pouco sobre a sua relação - como profissional de história e também como freqüentador - com o local. De antemão, já agradeço. Um abraço!”, escreveu Samanta Ravazzi.

Se tem coisa que envaidece esse velho macanudo são os convites de estudantes para dar depoimento sobre algo que defendo e uma dessa é a Feira do Rolo. Aceitei de bate pronto e fomos parlando mais e mais: “Posso sim, só que esse final de semana não estarei em Bauru, viajo hoje e só volto Bauru na terça. Marcando algo para próxima semana ou mesmo na feira do rolo, só semana que vem em diante. Veja aí e vamos nos falando por aqui. Essa Feira é contagiante...Henrique”, foi minha resposta semanas atrás. O pessoal foi me passando mais detalhes: “Ah, que bom que topou! Acredito que na sexta que vem seja o ideal pra nós, mas vamos nos falando pra ver se você pode. O problema de ser na Feira é o barulho... O material tem que ser gravado em áudio, pois é um trabalho para rádio... Se você puder na sexta, de preferência durante o dia, perfeito. Caso contrário, combinamos o melhor pra você. Obrigada!”.

Falar dessa feira é tudo de bom, mas ocorreram percalços pelo caminho e fui adiando a tal entrevista e eles pressionando: “Como moro em Ibitinga e não conseguimos nos falar, vou pra Bauru amanhã apenas na hora do almoço. Tenho uma entrevista com o tenente responsável pela fiscalização da feira, amanhã a tarde, na USC... Caso você consiga um tempo, entre em contato. Das 15h30às 16h30 tenho um tempo lá. Gostaríamos mesmo de poder contar com seus depoimentos. Obrigada!”. Como negar a um convite assim? Impossível né! Não contava com essa viagem amalucada que tive que fazer semana passada e me ausentei não só de Bauru, mas de estar plugado em telefone e internet por seis dias. “Desculpe, tive que viajar para adiantar um projeto pessoal e estou semana toda isolado e sem conecção com internet e meu celular não pega. Domingo em Bauru nos falamos semana que vem. Ainda dá tempo?”, respondi.

Olha a resposta que recebi da Samanta: “Oi Henrique. Nesse domingo você estará na feira? Estaremos por lá. Sua palavra seria de extrema importância!”. Diante disso não podia mesmo negar fogo. “Estamos realmente em cima do prazo. Mas domingo lá pelas 9h30 estaremos na feira”, foi o próximo recado. “Vou pra feira então 9h30, me esperem na banca de livros do CARIOCA, bem defronte a associação dos aposentados...”, respondi. Sai de casa no horário combinado, mas minhas idas para a feira é o grande motivo de me sentir alguém nesse lugar. Parei em três ocasiões, pessoas conhecidas e em busca de um curto papo. Não houve jeito e só cheguei até o grupo de estudantes por volta das 10h. Eles (quatro meninas e um menino) já haviam me ligado e achavam que não iria mais. Cheguei e fui tão bem recebido que me senti o sujeito mais importante do mundo.

Daí deitei falação sobre a feira, da sua importância, os seus personagens, o que imagino sendo feito ali naquela região, a reforma da Estação da Cia Paulista, o tal do Mercado Popular que a maioria das pessoas sensatas imaginam ali na frente, bati de frente com os que querem marginalizar o espaço e seus freqüentadores e mais e mais. Nisso as pessoas iam passando, o Carioca já havia falado, o Manoel Rubira idem na semana passada e passando ao meu lado o radialista Chico Cardoso, da Auri-Verde, que leva um susto ao introduzi-lo na entrevista. Ele segue na mesma linha que a minha na defesa do rico espaço, o “mais democrático de Bauru”, segundo afirmo, pois toda a concentração ali existente não necessita de prévio contato, tudo flui naturalmente e a cada domingo as maravilhas se renovam.

Vendo Chico com uma sacola o deixei numa saia justa e o perguntei: “Comprou na feira e ele vai mostrar para gente o que é...”. Chico abre o saco e lá um filme pirata. Eu e ele não temos vergonha nenhuma em afirmar comprarmos CDs piratas ali na feira. O preço imposto pelo mercado fonográfico é impeditivo para que o consumidor possa comprar filmes e dessa forma a pirataria cumpre maravilhosamente seu papel. Chico respondendo a uma pergunta curta e grossa define a feira em uma só palavra: “must”. Rimos pela sua rapidez e certeza. Continuo falando e nisso quem passa por ali é seu Mário da Paz Pereira, presidente da Associação dos Aposentados ali do lado e ele leva um susto, pois não nos bicamos muito (posicionamentos de vida), mas o introduzo sem problemas na conversa e ele fala tanto da importância da movimentação do lugar, como da associação que preside. Deu a única bola fora acredito que de todo o trabalho feito pelos estudantes quando disse mais ou menos isso: “Acho que feira vai ter um fim em breve, pois a modernidade chegará até aqui e nada disso aqui será mais útil” (sic). Calado fiquei, respeitando sua opinião.

Gravei mais um pouco e tiramos todos fotos juntos. Perguntei pelo nome de todos e Samanta me diz que passará pelo facebook. E o faz mesmo, pois ao chegar em casa por volta da meio dia lá estava seu registro: “Henrique, muito obrigada por hoje! Foi extremamente produtivo pra nós... Já estou te adicionando! E os outros componentes no grupo são Marco Nascimento, Cynthia Kaline, Letícia Toledo e Amanda Malavazi. Abraço!”. Envaidecido fiquei com a atenção de todos e ao carinho demonstrado não só a mim, mas a todos na feira. Gravaram tudo e ainda me prometeram entregar uma fita com o resultado final, que deverá sair no início do próximo mês.
 
Eu continuei um tempo mais na feira e ainda bati um papão com o farmacêutico Quico, com o Rubira e o dono da banca de livros do pedaço me interpela com algo revelador de como se dá as relações de amizade por ali. “Reservei um livro para ti, desde a semana passada quando não estava em Bauru”, diz. E me entrega o ‘Batismo de Sangue’, do frei Beto, que já tive e perdi ao longo dos anos. Fico com o livro por meros R$ 7 reais e quando me preparava para as despedidas, eis que num grupo surgem duas antagônicas pessoas, o professor Almir Ribeiro, sua esposa, o ex-vereador Carlos Roberto Ladeira e seu filho. Ladeira, com o qual já cervejei e papeei muito no passado, porém hoje estamos afastados por causa de imbróglio ideológico. Tiramos fotos juntos e tento sair às pressas para o almoço dominical com meu pai.

Deixo aqui a minha reflexão sobre os alunos da USC: Não foram por demais simpáticos para comigo? Ganhei o domingo com eles...

2 comentários:

  1. alguns comentários do meu facebook:
    Gisela Nardelli O chico é celebridade mesmo sendo humilde!!!! mas é rico de coração esse cara!! boa época quando trabalhávamos juntos !!
    25 de maio às 19:29 · Editado · Curtir · 3

    Roque Ferreira Estive pela feira hoje,como faço todos os domingos. Não consegui descer até a feira do rolo, ainda com dificuldades para andar, mas deu deu para tomar um café com Chico.
    25 de maio às 19:50 · Descurtir · 6

    Liliana Martins Parabéns Henrique Perazzi de Aquino
    25 de maio às 19:55 · Descurtir · 2

    Noraldino Fernandes Filho Fernandes · 3 amigos em comum
    NOSSA QUE COMENTÁRIO OTÁRIO MM SENDO POBRE E DAI.... CARATER NÃO SE MEDE POR RIQUEZA,,, GISELA REVEJA SEUS CONCEITOS SOBRE GENTE (SER HUMANO)
    25 de maio às 20:24 · Curtir · 1

    Gisela Nardelli Eu falo dessa forma meu amigo Noraldino Fernandes Filho Fernandes, porque tenho uma amizade profunda pelo chico e toda a sua família, e embora ele seja humilde, é uma pessoa famosa, que conquistou seu espeço como comunicador, mas sinceramente o que o senhor pensa não me interessa !! comentei sobre meu amigo e vc não tem nada com isso, não gostou, tá nervoso? vai pescar!! kkkkkk
    25 de maio às 20:27 · Curtir · 4

    Gisela Nardelli è importante o senhor saber também que atualmente existe legislação que nos protege contra algumas palavras ofensivas na internet, cuidado com seus comentários , porque não te dei liberdade para me chamar de Otária... já copiei e colei o que escreveu, pode pagar por isso na justiça..
    25 de maio às 20:28 · Curtir · 4

    Cacilda Paula de Paula · 7 amigos em comum
    Aconteceu algo com você Camarada Roque Ferreira, ficamos preocupadas....Abraços
    25 de maio às 20:29 · Descurtir · 3

    MIrian Martinelli MAzzuchelli Otimo artigo Parabens....
    25 de maio às 20:39 · Descurtir · 3

    Samanta Ravazzi Henrique , tenha certeza de que, pra nós, foi uma experiência enriquecedora. Durante o dia, nosso roteiro foi preparado com mais fundamento e, cada vez mais, com carinho e interesse pela Feira. Ainda hoje falamos que começamos a perceber que essa atividade universitária não só nos ajuda a crescer acadêmica e profissionalmente, mas também nos leva a uma paixão pelo tema. É assim que estamos com a Feira, com a incrível pluralidade social e cultural que aquele espaço representa. Obrigada por fazer parte disso! Abraço!
    25 de maio às 21:12 · Descurtir · 6

    Paul Sampaio Chediak Alves ser útil pra quem tá chegando é uma demonstração de alta humanidade, Henrique Perazzi de Aquino ... show de bola mais uma vez amigo
    Ontem às 07:16 · Descurtir · 4

    Chico Cardoso Valeu HPA obrigado.
    Ontem às 08:34 · Descurtir · 2

    Carminha Fortuna Marco, eu não disse que Henrique é o cara!!!
    Ontem às 09:06 · Editado · Descurtir · 3

    Chico Cardoso Valeu Gi, obrigado.
    Ontem às 09:54 · Descurtir · 2

    Helena Aquino Grande matéria, gde explanação ..... é muito ser povo, povo participante... liberdade de expressão .... beijos mano ....
    Ontem às 11:06 · Descurtir · 2

    Lorena Fagundes Montagnane · 58 amigos em comum
    Chico Cardoso tá importante!!!!
    Ontem às 18:54 · Descurtir · 1

    Dierckx Fernanda Muito legal HPA !
    Saudades de Bauru. Bjo no seu
    há 22 horas · Descurtir · 1

    Marco Nascimento Realmente Carminha, ele é o cara!
    há 21 horas · Descurtir · 1

    Carminha Fortuna Eu sou uma vergonha, nem acordo para ir a feira, mas em compensação vejo montarem
    há 21 horas · Descurtir · 3

    Helena Aquino E vc mora em frente heim Carminha Fortuna .....rssss
    há 7 horas · Curtir

    Carminha Fortuna Quase dentro da barraca da Rosa... hahahaha
    há 7 horas · Curtir

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  2. HENRIQUE

    Somos amigos, distantes mas sempre amigos, mas tenho que aproveitar o momento para te alfinetar, desculpe.

    Chico Cardoso da Auriverde, Carlos Ladeira do PSDB e Mario da Paz Pereira da Associação dos Aposentados são exemplos de gente que adoram ficar do lado daqueles que voce mesmo chama de poderosos de plantão.

    Tem muito mais gente para voce trombar aí na feira.

    Seu texto continua sempre muito bom. Que bom ter tirado umas férias de algunsdias por aqui, fazia tempo que não parava, hem!!!

    Paulo Lima

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