segunda-feira, 28 de julho de 2014

RELATOS PORTENHOS (12)


EU E MINHAS VIAGENS - O QUE EXTRAIO DELAS 

1.) OS PARALELEPÍPEDOS DE BUENOS AIRES
Hoje mesmo, primeiras horas pelas ruas de San Telmo, a mais famosa feira dominical de Buenos Aires, paro tudo quando vejo operários reparando como se fossem artesãos (e não o são?) ruas laterias da feira. Esse é um trabalho meticuloso, rico, cheio de detalhes, precioso e daí saem verdadeiras obras de arte nas ruas e calçadas mundo afora. Em Bauru existia algo assim. Até coisa de uns dez anos atrás existia uma equipe na Prefeitura Municipal de Bauru especializada em reparar e trocar paralelepípedos e lajotas. Ela foi desativada e hoje nas ruas onde fazem qualquer reparo e por ventura exista a necessidade da retirada dos mesmos, em seu lugar colocam pixe, ou seja, alfaltam. O horror dos horrores. Aqui, parei de perambular nas ruas da capital argentina para ficar vendo como era feito o trabalho dessas pessoas. Coisa linda, uma preciosidade e o resultado é mais do que lindo, duradouro e a cidade sai ganhando.
Tempos atrás, quando ainda no Codepac impedimos que o espaço da Feira do Rolo fosse totalmente asfaltado. A Polícia Militar havia solicitado junto da Prefeitura que para facilitar a fiscalização e seu trabalho no local fossem retirados os paralelelípedos e em seu lugar tudo fosse asfaltado. O local é tombado pelo patriomônio histórico e conseguimos embargar o estrago fatal. Fizemos um bafafá e tudo parou, mas um parte está lá asfaltada. Quando da repuração daquele lugar, acredito (toc toc toc) que todo o calçamento de paralelepípedo deverá retornar em grande estilo, nivelado e com desenhos simetricos, enfeitando nossa Bauru. Daí lanço daqui perguntas que não querem calar: Será que custa tanto assim recuperar a equipe de instalação de lajotas e paralelepípedos em Bauru? Ou até formar uma nova se utilizando da técnica de seus antigos funcionários? Ou mesmo fazer como Curitiba faz e em suas ruas históricas, quando necessário contratam uma equipe terceirizada e especializada nisso. Gosto muito de ver algumas de nossas ruas com seu calçamento original, principalmente as com caráter histórico, como esse largo junto da Feira do Rolo. Lanço o assunto para discussão e me despeço. Um bom final de domingo a todos e todas.

2.) GARÇON É GARÇON EM QUALQUER LUGAR DO MUNDO
Garçon é garçon, mas existem uns mais que os outros. Isso em todos os segmentos. Uns mais, outros menos. Algo natural e encarado com a maior naturalidade. Em tudo existem aqueles que se especializam e aqueles que passam uma vida toda exercendo um ofício e nele não se especializam, nem o fazem com o devido esmero. Nesse quesito garçon, existe de tudo. Conheço garçons que fazem de sua profissão um sacerdócio e primam por um atendimento abalizado, criterioso e seguindo um padrão com muito requinte. Vejo muitos negligentes por aí. Em Bauru frequento tudo quanto é tipo de bar (alguns quase restaurantes) e a maioria com garçons. Em alguns o próprio proprietário do estabelecimento. Na imensa maioria das vezes faço amizade rapidamente com garçons e tenho com muitos deles uma duradoura amizade. Poderia citar vários aqui, mas para não me esquecer de nenhum deles, não o faço com nenhum de Bauru e sim de um de longe, um que conheci hoje e num restaurante aqui em Buenos Aires. Dizem que o argentino é um chato, o que nunca concordei, pois conheço vários e a imagem que tenho deles é do razoável para cima, como a do brasileiro.
Eu, Ana Bia, Ana Rebello e Andre Kit (três designers) estavámos numa tarde animada, cheia de conversa para ser jogada fora e enquanto os três confabulavam até não mais poder fiquei a maior parte do tempo prestando a maior atenção numa pessoa que desde que entrei no lugar me despertou algo pra lá de curiosidade, o garçon. Ele fazia tudo de uma forma tão meticulosa, tão cronometrada, tão precisa, tão senhor de si, tão acertado, que resolvi escrever dele. O cara é o fino no quesito atendimento. A casa onde trabalha é um famoso restaurante, o Chiquilim (desde 1927),esquina das ruas (aqui são calles) Sarmiento com Montevideo (pertinho do hotel onde estamos instalados) e seu nome é OSCAR. Puxo conversa, fico sabendo detalhes de sua profissão e um algo mais, trabalha na mesma casa há 40 anos. Esse é um baita de um profissional. Confiram e tentem mesmo a distância vislumbrar o que vi além das fotos no jeito suave, quase fliutuando desse distinto senhor platino. Eu me encantei com os seus gestos e daí sentei aqui antes de deitar e resolvi fazer uma homenagem a alguém, que acredito nunca mais verei na vida. Terei para sempre boas recordações dele.

Um comentário:

  1. De repente me lembrei do Juvenal, garçom do inesquecível Riviera de Sampa.
    Maria Cristina Romão

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