Depois a festa. Roberto lá numa mesinha cercado de amigos por todos os lados. Gente aos borbotões, mesas cheias e aquele clima instalado de bom bate papo, conversas mais do que fiadas, pouco sérias, reencontro varonis, risos aqui e acolá. Somos todos muito chamegados, requisitados Roberto só não declamou em público porque não souberam exigir isso dele. Ele não se cansa de dizer que guarda a timba no porta malas do carro, pois era só fazer tocá-la, nem que fosse a forceps. O melhor da noite, além do próprio Roberto, foram o casal (sic) Leonardo de Brito e Sinuhê Preto, ambos acocorados no balcão dos fundos e apregoando algo pelo qual quero começar a tentar fazer uso a partir de agora: “Esse negócio de lançar livro na segunda é uma boa, pois é mais um motivo para virmos ao bar sozinhos. Agora num dia em que não havia desculpa nenhuma que convencesse a cara metade a nos deixar sair do conforto do lar”. Pronto, mais uma para nosso rol de infalíveis desculpas barzisticas, devidamente incorporada. Daqui por diante digo lá em casa nas próximas segundas: “Vou no lançamento do livro, coisa só de macho”. Apanho na volta, mas tudo bem, faz parte do negócio uns cascudos.
Falei com quase todo mundo, pelo menos os conhecidos e cito somente alguns, pois a memória está um tanto ruim e não estou mais em condições de lembrar o nome de todos. Ultimamente ando com um papelzinho no bolso e anotando os nomes de quem encontro, pois já na virada da curva da primeira esquina esqueço. Acho que ando um tanto alzaiermado e nem estou me dando conta. Pois bem, falemos primeiro de uma mestra na acepção da palavra, a professora Mariza Bianconcini (parabéns Roberto por ter conseguido tirá-la do seu protegido bunker). Ela me foi apresentada (já a conhecia, mas adoro reapresentações) pela também divinal professora Vera Tamião, toda pimpona e linda ao lado do só seu Valdir. Falamos do seu texto sobre a interpretação comunista da bíblia (já escrevi disso no mafuá) e como já esqueci tudo (o alzaiermismo de novo), Vera ficou de me enviar os textos da amiga. “Muitos me acham a mais comunista de todos”, me diz Mariza, rindo e falante como todos devemos ser em convescotes dessa natureza. Até os comunistas riem, fico sabendo e me conforto: Ufa!
Numa outra mesa, Nino, o baterista de Jaú e do mundo, sócio do Roberto nas escolas de redação mundo afora apartava até os músicos no meio das apresentações, impaciente que é e querendo cantarolar, botar os bofes pra fora. Nino não se segura nas calças, nunca, não consegue e acredito nem tente. Estávamos brigadinhos, mas me abraçou e disse assim em alto e bom som, provocando frisson em quem ouviu tal declaração: “eu te amo”. Eu não o beijei na boca ali no meio de todo mundo, porque alguns poderiam querer fotografar e colocar a foto hoje no facebook. Quase no final da noite, ele e Giovani, o cantor lírico dos Altos da Cidade, duetaram (não confunda com duelaram, viu!) à capela duas canções e presenciei algo inesquecível. Nino perde o amigo, mas não a piada. Ao acabar de cantar uma, alguém veio na roda e disse: “Que lindo, isso é Johnny Mathis”. Nino ficou sério na hora e soltou isso como se fosse um forte pum: “Não, não se metas nisso”, nesses improvisos cheios de aguda picardia versando com o nome do cantor. A cantoria continuou para dissipar algo no ar.
Ocorreu tudo muito certinho (perigoso quando tudo dá tão certo nesse lugares). Pagamos nossas contas e como bons meninos e meninas por volta das 23h, revolucionariamente todos se dirigiram para suas casas, com decibéis acima da potência da caixa de ressonância permitida pela idade dos presentes. Para os que achavam que não comentaria nada sobre os livros do Roberto, o faço agora. Deixei-os devidamente guardadinhos ontem à noite ao lado do lugar onde mais adoro ler pela manhã, o vaso sanitário. Explico. Acordei 6h da manhã, estômago meio que estrebuchando (muito queijo na noite passada) e vou fazer algo do qual não abro mão pelas manhãs, o da leitura no trono dentro do banheiro onde vivo. Sentadinho ali, li os três primeiros contos do livro Satánas e aqui registro algo já grifado e do qual comungo e confesso padecer do mesmo percalço: “Sempre achei que relógio deveria ser apenas um relógio, um marcador de horas, nada mais. Acredito que um dos grandes males da humanidade é colocar nas coisas funções que delas não deveria ser. Veja-se, por exemplo, o telefone celular: grava imagens, arquiva músicas, disponibiliza internet, funciona como cartão de crédito, garante orientação espacial, tira fotografias e, além de tudo isso, serve para telefonar. Por que as coisas não podem ser só o que realmente são?”. Lindo, não? Amanhã continuo com mais três e de três em três leio tudo rapidinho e meu intestino funciona maravilhosamente. Adoro livros e revistas e jornais que fazem meu intestino funcionar, daí já gosto deles de cara.
No mais e para encerrar, falo de uma fixação do professor Roberto, percebida já nos três primeiros contos. Ele, assim como eu, adora colocar a culpa de tudo na sua esposa. Deve ser espezinhado por ela e devolve o troco nos escritos, em forma de poética escrita. Elas nos cobram demais, nos fazem de gato e sapato, nos ridicularizam até não mais poder, mas não vivemos sem elas. E daí brincamos com ela, nos dizendo eternos perseguidos. Confesso fazer o mesmo. Dito isso, vou para a parte final. Já em casa, ou seja, no escritório junto da casa do meu pai, trago comigo os livros e os coloco em cima da mesa. A digníssima e prestativa senhora (não tão senhora assim) que cuida de mim e do meu pai durante todo o dia (dois bons velhinhos, borrões e borrados) ao fazer a limpeza, toda pimpona se aproxima do mafuá com o espanador em punho e leva um susto. Sai às pressas do recinto e vou reconfortá-la na cozinha: "O que foi, mulher? Viu o bicho por acaso?”. Sua resposta é ótima para começar o dia com chave de ouro: “Me recuso a passar o espanador em cima daquele treco que o senhor tem em cima da mesa com o nome do demo. O senhor lê coisa assim? Não tem medo de atiçar o danado?”. É o livrinho do Roberto já me causando embaraços no primeiro dia da estadia no novo lar.
Roberto Magalhães Obrigado, amigo. Mas, encarecidamente, peço-lhe não me levar pro seu banheiro.
ResponderExcluirOntem às 09:50 · Curtir · 2
Henrique Perazzi de Aquino Prometo também não usar as folhas já lidas em finalidades outras.
Ontem às 09:51 · Curtir · 1
Roberto Magalhães Melhorou. Uma vez mais agradeço ao amigo a presença prestigiosa no lançamento dos livros. Valeu!!!
Ontem às 10:03 · Curtir · 1
Henrique Perazzi de Aquino Roberto Magalhães, duas coisinhas. Eu escrevo e depois vou refazendo o texto, relendo e tentando corrigir. Incluo mais umas coisinhas, no fim, nunca está pronto. Desculpe os errinhos. é que vc não foi meu professor. E a outra: Diga para os interessados (sempre existirão), onde os livros podem ser encontrados... Um baita abracito, a festa e a recepção estava pra lá de ótima. Vc é um ótimo anfitrião.
Ontem às 10:07 · Curtir · 3
José Paulo Berbel · 17 amigos em comum
Grandioso Prof. Roberto Magalhães, como vai? Quero parabenizá-lo pelo lançamento dos dois livros. Que Deus olhe sempre por você e por vocês. Grandes pessoas!
Ontem às 10:37 · Curtir · 1
Wanny Souza Uma referência em minha vida, amo seu trabalho, Professor Roberto, além de grande escritor, mestre toca muito parabéns
Ontem às 10:41 · Curtir · 1
Adriano Coelho Hernandes Sim, isso é um retardado redirecionamento endubitacional e periondotólogico da cavidade retronasal induzia a decavidade geométrica pífia e termal. Também não v~e assim, caro Adriano?
Ontem às 10:55 · Curtir
Luana Cortez Henrique Perazzi de Aquino, realmente a noite foi ótima! Adoramos poder fazer parte dessa festa. Parabéns ao querido Roberto Magalhães! Já já começo minhas leituras também. Bjoooo
Ontem às 12:03 · Descurtir · 2
Ricardo Coelho Henrique, muito bom o texto
Ontem às 12:20 · Curtir · 2
Denise Amaral Amo o que vem de vocês. ...professor Roberto e Henrique! !!!
Ontem às 12:22 · Descurtir · 3
Isaac Ferraz de Camargo Sensacional!!!
Ontem às 12:25 · Descurtir · 5
COMENTÁRIOS EXTRAÍDOS DO MEU FACEBOOK:
Ademir Elias Tive a honra de ser aluno do professor Roberto Magalhães no curso de Jornalismo da Unesp. Infelizmente não pude participar do lançamento dos livros deste GRANDE MESTRE!
há 23 horas · Descurtir · 4
Paula Velozo Parabéns, professor! Sucesso é o que desejamos!!!!
há 23 horas · Descurtir · 2
Eu também tive o privilégio de ser aluno do Roberto Magalhães, na USC,no curso de Letras. E se ele tem tantos amigos assim, como eu, que gostam das letrinhas, das palavras, da oratória, de tudo o que é bom; é culpa toda dele: quem manda ser essa pessoa maravilhosa, esse profissional competente, esse romancista, esse cronista, esse AMIGO com olhar de poeta? Parabéns querido e, guarde os meus que quando eu for a Bauru, vou apanhá-los. Um baitabraço a você e a todos esses amigos e amigas que participam da sua vida e participaram deste evento tão gostoso!
ResponderExcluirDuílio Duka