quarta-feira, 13 de agosto de 2014

BEIRA DE ESTRADA (38)


BIOGRAFIAS NÃO AUTORIZADAS DO LADO B DE BAURU (09)*
*texto publicado na agora Revista METRÓPOLE NEWS (dos amigos Vinicius e Borika), edição de AGOSTO 2014, começando a circular hoje em Bauru na sua versão impressa. No texto do mês reverencio a eterna amizade com um macanudo que me entende um bocadinho.

DUÍLIO DUKA É DOS CARAS MAIS PORRETAS QUE CONHECI NA VIDA

“Quem tem amigo não morre pagão”, reza um ditado popular. Eu tenho alguns e dentre eles escrevo hoje de um. Um baita de um sujeito. DUÍLIO DUKA DE SOUZA, hoje um aposentado professor e residindo temporariamente na vizinha Botucatu. Inesquecível sua trajetória de luta, inquebrantável pessoa, dessas iguais a aroeira, vergam, mas não quebram. Tenho tanta coisa para escrever dele, que temo me esquecer das partes mais saborosas de sua intensa vida. Na última (pelo que sei), acabou detido lá em Botucatu, quando aquela Câmara de Vereadores acabou livrando a cara de um vereador envolvido até o pescoço com sonegação de impostos. A maioria dos vereadores votaram para que o cara continuasse exercendo o cargo e meu amigo, junto da esposa ROSANA ZANNI, por legitimamente protestaram contra o descalabro do que ocorria naquela cada de leis (sic), acabaram sendo levados para o plantão policial dentro de um veículo policial. Isso ocorreu dois meses atrás, mas não é de hoje que esse espevitado e inquieto cidadão não consegue se segurar nas calças diante das iniquidades diante de nossos olhos.

Bauru toda se lembra da atuação de Duílio, dentre tantos militantes quando dos manifestos pela cassação do ex-prefeito Izzo. Inesquecível o dia em que protestando nas ruas contra o aumento abusivo das passagens dos ônibus urbanos sofre uma sonora bordoada de um policial, rachando-lhe o cocuruto. Sangrou, mas não saiu da avenida Rodrigues Alves, o palco daqueles acontecimentos. Noutra passagem, algo também mais do que elogiável. Imagina alguém ser criticado pelo deputado Pedro Tobias. Todos os que o são, podem conferir, tudo gente boa. Com Duka não foi diferente. Relembro aqui quando Duka e LUZIA QUINEZI, ambos representando os professores, diretores da Apeoesp, descobrem o deputando votando na Assembleia Legislativa Paulista contra o professorado e aqui em Bauru esse se dizia defensor da categoria. Questionado via imprensa por Duka, acuado, Tobias não respondeu, mas cutucou: “Esse desqualificado tem várias mulheres, nem sei se paga suas pensões, um vagabundo”. Duka respondeu com elegância e luva de pelica na mão. Elogiou o deputado, ignorou a agressão pessoal e provou que a denúncia feita era verdadeira.

Duílio Duka é o meu irmão de fé, camarada em todos os momentos possíveis e imagináveis. Num mundo onde cada vez mais nos distanciamos das pessoas, possuir amizades sinceras e desinteressadas é um grande alento. Para mim, essa pessoa é o velho Duka, 62 anos de muita resistência e persistência na busca dos seus ideais. Professor de História, líder sindical, poeta, escritor, militante do movimento negro, deserdado do PT, especialista na confecção de projetos, pai de 3 filhos e uma filha, eterno quebrado financeiramente, devorador de Paulo Freire e Milton Santos, além de boa praça e consultor sentimental nas horas vagas. Vive sempre com a cabeça fervilhando de novas e mirabolantes ideias. Sobreviveu dando suas aulas e dividindo seu tempo com outras tantas atividades, dentre essas cito algumas, a de ter sido presidente do Conselho Municipal da Comunidade Negra, ter feito vários greves de fome ao longo da vida e ter o mesmo corpinho desde que me conheço por gente (não sei como consegue - deve ser bruxaria).

Não dá para falar mal de uma pessoa dessas, nem que queiram, pois sua ficha é das mais limpas do pedaço. Deve, como a grande maioria do povo brasileiro, mas isso faz parte desse mundo capitalista, que nos oferece tudo, sem propiciar os meios suficientes para quitarmos nossas pendengas. Até suas quatro ex-mulheres convivem maravilhosamente com ele, amigos para sempre, algo inimaginável para muitos. Não deve ser santo, pois isso deve ser chato paca, mas passa ao largo de críticas. Quem quiser saber mais dele, basta clicar o seu nome nesse treco denominado Google na internet e terão uma bela surpresa. O cara é universal. Além do mais é um intelectual da espécie aguerrida. Desses que não podemos deixar de prescindir.

Tenho muitas fotos tiradas com ele. Numa dessas, ambos com um nariz de palhaço, em dia de antiga e conturbada sessão da câmara de vereadores. Em outra, ele está ao lado, de nada menos do que Danny Glover, o astro negro do cinema mundial, quando de um encontro em Durban, na África do Sul. Duka é do cacete, acredito até que seja ele a verdadeira identidade do Menino Maluquinho. É pau para toda obra, tanto que lhe deixo aqui uma súplica:

- Empresta algum aí, amigão! Esse mês está difícil de terminar.

Puxa, acho que me esqueci de um monte de coisas desse cabra da peste, mas agora já foi. Fica pra outra oportunidade. Eu te amo DUKA!

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