Irresistível quando viajando ir conhecer as feiras de cada lugar. Não só as feiras, mas os ditos “Mercado das Pulgas”, existentes mundo afora e em cada lugar com uma característica bem própria. O de Buenos Aires está incrustado no meio de um bairro residencial, Palermo e abrigado num antigo barracão. Ali, um prédio onde antigamente funcionou uma antiga fábrica. Após anos fechado o local recebeu durante uma primeira tentativa uma leva de ambulantes, que retirados do centro da cidade, foram para ali levados. O projeto não deu certo e após amargar mais um período de fechamento, eis que numa nova investida de sua utilização, eis que ali é instalado o hoje famoso, ponto turístico da cidade, o “Mercado de las pulgas”. O prédio chama muito a atenção, pois em todo o seu entorno estão gravados verdadeiras obras de arte, grafita dos por artistas famosos na área.
Circular por suas vielas (isso mesmo?) é inebriante. O ali existente e em exposição, existe em variados outros lugares, peças raras, desde talheres, louças, até móveis antigos, peças e maquinários antes úteis e hoje, utilizados para decoração mundo afora. Vasculhando seus quiosques, pode ser encontrado tanto uma placa de rua como uma bomba de um antigo posto de combustível dos anos 50. “Quem procura acha”, esse o verdadeiro slogan desses lugares ou até mesmo algo do tipo, “venha sem expectativas e sai com uma bela peça de recordação”. Tem quem passe por lá só para procurar louça, outros móveis e assim por diante. O fato é que o lugar está sempre com um bom público, renovado e vindo dos mais diferentes lugares.
Circulei junto de Ana Bia e de Ana Rabello, além de outros professores brasileiros da área de Design. Cada um com uma expectativa, buscando algo, olhando para uma direção e circulando por um quiosque. Uma dispersão generalizada desde a entrada. A maioria do grupo acabou convergindo para um quiosque, justamente o mais desorganizado, o mais bagunçado e assim como estampado numa matéria do jornal Clárin, “El más pulgoso de todo el mercado”. A história do simpático Hernán Esteban Fernandez, que gostaria de contar, já o foi e aqui disponibilizada no link a seguir: http://www.clarin.com/ciudades/pulgoso-mercado_0_1150085069.html. Hernán é dessas pessoas cheias de boas histórias e quando rodeado de gente interessado no que faz, sai-se com essa: “Sabia que de todos os comerciantes aqui do mercado eu sou o que mais vende. Quem entra na minha bagunça sempre acaba encontrando algo e levando alguma coisa. Barata ou caro, o importante é que vendo bastante”, conta rindo.
Diante da curiosidade de uma das moças do grupo, Hernán não resiste e aproximando-se lhe diz: “Não se assuste. O único problema é que algumas iguais a você que entraram em busca de algo nunca mais foram encontradas. Estão perdidas ali dentro”. Risos e as que ainda estavam indecisas entraram na generalizada desarrumação. Sim, o local é inusitado exatamente pela “bagunça organizada”, algo até sem sentido, mas com o todo o sentido nesses lugares. Ali de tudo um pouco e do tudo um nada. Você pode encontrar tanto um quadro velho, descartado de uma residência qualquer, como uma chaleira, um balde, um retrato velho, uma garrafa de leite, uma boneca ou mesmo um patinete. Uma verdadeira loucura, maravilha curativa. Com a publicação das fotos um bocadinho do que foi ali presenciado. Façam bom proveito, como nós fizemos quando lá estivemos há menos de duas semanas atrás.
Para mim, foi o que de mais inebriante presenciei por ali.E sabe o que mais me surpreendeu ali no quiosque do Hernás? Foi não ter encontrado sujeira (sic), muito menos nenhum tipo de pequeno animal, do tipo rato ou barata circulando pelo local. Tudo ali aparentada ser uma INSTALAÇÃO, ou seja, estava ali postado, mas fazendo parte de um contexto maior, onde a sujeira não se faz presente. Lindo não???
Henrique, amigo, discordo da "bagunça organizada"! Era uma super bagunça, totalmente caótica a loja do "pulgoso"! Mas ele parecia gostar assim...Muito interessante!
ResponderExcluirAna Rebello - Rio de Janeiro
Esta visita foi incrível, pra lembrar com carinho!!
ResponderExcluirJUliana Barbosa - Belo Horizonte MG