UM LUGAR POR AÍ (54)

A REPAGINADA DO BAIANO LÁ DO GEISEL

Coisa mais maior de boa é ver os amigos se repaginando e tocando o barco sempre em frente. Hoje fui com toda a família (só não levei o cachorro) para almoçar num dos lugares mais bucólicos de Bauru, o Bar do Baiano, lá na curva do Geisel. Na verdade, a ida foi impositiva. Meu pai, do alto dos seus 86 anos, completados no último dia 6 e também levando em consideração que amanhã é o Dia dos Pais, me disse logo pela manhã quando lhe comuniquei que íamos almoçar fora: “Quero ir no Baiano. Faz tempo que não vamos lá”. Pois bem, como não deixar de cumprir uma ordem dessa envergadura e vinda do seu Heleno. Fomos e como sempre, por lá não existe arrependimento. Existe festa e alegria. O restaurante do Baiano e da esposa não é nada chique, mas o cabra sabe receber como nenhum outro. Ele se desdobra para bem receber quem por lá coloque os pés.

Logo de cara a grande novidade foi ver tudo de cara mais que nova. O Baiano repaginou seu espaço e ao seu modo e jeito deu uma cara nova para tudo. A exposição permanente que por lá ocorre continua rolando e pode ser visitada a qualquer momento, mas só no período em que as portas estiverem abertas. Brinco que de tanta coisa por lá, o chato é só uma coisa. De vez em quando você está almoçando calmamente e cai assim como quem não quer nada uma bigorna dentro do seu prato. Mas tudo é resolvido rapidamente e em minutos é como se nada tivesse ocorrido. O acervo da casa continua crescendo, segundo seu proprietário. Os banheiros agora são nota dez, o piso foi trocado, o balcão frontal idem e o aspecto visual da casa num todo melhorou em mil por cento. Quer dizer, o Baiano acertou na mosca.

A casa do dito cujo está toda pimpona, lindona e o cardápio continua o mesmo, feito por amor com gente que trabalha ali sorrindo. A cozinheira chefe é um amor de pessoa e toda vez brinco muito com ela, desde quando levei um sonoro pito. Cheguei lá e ficava vangloriando que “o Baiano faz isso, a comida do Baiano é assim e assado”. Ela só assuntando. Até quando não suportou mais e me cutucou: “Escuta aqui. O Baiano não frita um ovo e é ele que fica com a fama toda. Pare com isso, quem faz tudo aqui sou eu”. Apaixonei na hora por ela e por tudo ali. Daí voltarmos sempre. Passar por ali é o melhor remédio contra desgostos variados, pois tu chega triste e sai alegre, com as histórias ali ouvidas, os olhares diversos possibilitados pela parafernália ali exposta e o alto astral advindo de toda a gente generosa que está por detrás do balcão e também a clientela. O Baiano parece que escolhe cliente a dedo, pois até hoje não vi gente chata por lá. Acho que o único sou eu, mas isso é outra história.

Se eu fosse você, eu ia lá correndo para conferir as mudanças que o gajo fez no seu estabelecimento. Está tudo nos trinques e se melhorar estraga. Tá no ponto. Por fim, me paparicou até e fez um caldinho de mocotó só para mim. Como não destravar a língua e falar um monte de coisa boa pra eles todos. Eu morro de amores por lugares assim. Quando encontro um, esteja onde estiver, teço loas e loas sobre a boa querência saída deles. Em Bauru tem outros bons e estou sempre enaltecendo isso por aqui.

OCUPAÇÃO ALOÍSIO MAGALHÃES - EXPOSIÇÃO ITAÚ CULTURAL SP

Adoro acompanhar Ana Bia Andrade nas suas andanças pelos museus e exposições por onde ande. Ela é muito antenada nisso e estamos na mesma sintonia em mais esse quesito. Paramos pouco por Sampa essa semana, mas ela tanto fez que encontramos em tempinho para curtir a exposição rolando lá no Itaú Cultural, na avenida Paulista sobre o histórico de um dos maiores designers do país, o desbravador ALOÍSIO MAGALHÃES. Havia lido uma matéria muito boa semana retrasada na Carta Capital, a "É bom evocar Aloísio Magalhães quando nossa autoimagem está em crise - Um rosto para o Brasil", texto brilhante do Nirlando Beirão (um dos jornalistas que mais aprecio ler no momento), que infelizmente não encontro disponibilizado na edição virtual da edição 810, de 30/06. Para saber mais do que representou esse cara basta clicar seu nome no google e terás o espanto diante dos olhos. "Tinha o poder de realizar sonhos em realizações possíveis", "foi a imaginação no poder", "dialogava com quem estivesse propenso ao diálogo", "estendeu o guarda-chuva do apreço intelectual e da proteção pública a patrimônios ecléticos, nem sempre tão grandiosos, mas nem por isso desprezíveis" e "ele tinha, a corroê-lo por dentro, uma ansiedade de brasileiro de raiz, protegendo-se das tentações frívolas dos ambientes sociais esteticamente corretos", disse dele Beirão.Inesquecível sua passagem pelo IPHAN, também os desenhos de algumas de nossas mais conhecidas cédulas e algumas das marcas mais famosas perdurando por aí por décadas. Mais dele nas fotos.