sábado, 18 de outubro de 2014

O QUE FAZER EM BAURU E NAS REDONDEZAS (52)


UMA AMIZADE E O DIA DOS MÉDICOS
Adoro minhas amigas e amigos, principalmente os que me instigam a fazer coisas, me cutucam. MÁRCIA PESTANA MOTA, uma dessas. Ela foi uma das últimas (ou a última) lembrança de que a Casa dos Conselhos de Bauru existia e funcionava atendendo a finalidade pela qual foi aberta. Após sua aposentadoria e o que fizeram do local e do Conselho de Defesa da Mulher (com a ajuda de uma vereadora), aquilo degringolou. Márcia não permitiria isso e nesse momento faz questão de me lembrar de algo, “Hoje é o Dia do Médico. Bom dia, Henrique, tô pensando, pensando, e não consigo achar palavras para homenagear os médicos cubanos sem desmerecer os daqui (existem os que exercem a medicina com um olhar humanístico). Recorro a ti, pois seus textos são esclarecedores. Lembrei do Dr Davi Capistrano e outros. Abraços”.

Respondo ao meu modo e jeito. Como o finado e saudoso David só mesmo os cubanos, pois são da mesma linhagem e formação, HUMANISTAS POR NATUREZA. Entendo tudo de uma maneira muito simples. Os cursos de hoje no país aboliram as matérias humanistas em prol desse tal mercado de trabalho, que no nosso mundo é mais importante que tudo. Daí saem pessoas loucas para ganhar dinheiro e preocupando-se pouco com o ser humano diante de si. Lhufas para um juramento, dos mais belos que conheço, porém hoje em dia mera formalidade. Existem as exceções? Sim, claro. Poucas, mas existem e precisam saber se impor diante de algo tomando conta do mundo de hoje como praga, o “deus dinheiro” acima de tudo e de todos. Não só com os médicos, mas muito acentuado nessa profissão. Reverter isso é possível, mas como fazê-lo diante de um mundo cada vez mais endurecido, acirramento de posições, conservadorismo ganhando espaços e mais uma constatação, nosso Congresso Nacional as urnas sagraram a vitória do fisiologismo e preocupante declínio das frentes sindical, de direitos humanos e dos movimentos sociais. A guinada conservadora ocorre por todos os lados e com o segmento médico não podia ser diferente. Temos vereador médico dito socialista em Bauru votando declaradamente no candidato da direita. A nossa vereadora médica diz não entender como um médico cubano pode ficar com tão pouco e deixar ir para seu governo um valor tão grande. Não vai entender nunca, pois só entende a lógica do capital. Se isso é normal tudo o mais é normal lá para eles. O que vejo ocorrendo no meio médico hoje é o puro reflexo disso, formação inadequada e cada vez mais entronizados de corpo e alma nesse modo de vida capitalista. Não podia dar outra coisa. Mas muitos Davids existem por aí e agem igual à lição que os médicos cubanos estão dando ao país. Estamos aprendendo com esses e isso não é demérito para ninguém.

REVI COISAS ONTEM E ME BATEU UMA SAUDADE: CADÊ O CODEPAC???
Estive ontem em três momentos diferentes na 10ª Feira de Ciência e Tecnologia de Bauru, evento capitaneado brilhantemente pelo professor e jornalista Luis Victorelli e esse ano ocorrendo no 3º piso – estacionamento do Bauru Shopping Center. Circulei muito, fiquei com minha Ana outro parte do tempo, circulei com o filho, bati papos aqui e ali, vivenciei as experiências dos estudantes, ou seja, apesar do insano calor, curti tudo a contento. Sempre existe algo que te prende mais a atenção e no meu caso foi inevitável, logo na entrada no stand da FAAC Unesp duas maquetes me chamaram a atenção. Na primeira a da igreja lá de Aymorés e na segunda o prédio residencial mais antigo de Bauru, o do cruzamento das avenidas Rodrigues Alves e Nações Unidas. Sei como foram feitos, frutos de uma parceria (que poderia ser novamente incentivada) entre a Arquitetura da Unesp Bauru (através da professora Rosio) e a Secretaria Municipal de Cultura (acho que na época do Losnak). Foi feito um belo trabalho de resgate, em maquetes e nas plantas dessas edificações. Ontem revi duas dessas peças e foi inevitável lembrar de algo.

Que fim teria levado o CODEPAC – Conselho de Defesa do Patrimônio Artístico e Cultural de Bauru? Não se ouve mais falar nada dele. Teria caído no ostracismo? O que é péssimo para tudo e todos, pois deixa ao deus dará tudo o que já foi feito, o que estava em andamento e as ações futuras. Presidi o referido conselho por dois mandatos, quatro anos à sua frente e no mínimo fazíamos barulho. Não uma marolinha, mas causávamos e com o devido respeito, sempre respaldado e fundamentado. Até o começo desse ano ainda ouvi algo sobre o conselho, suas atividades, mas de uns tempos para cá, mais nada. Que terá acontecido? Lembranças inesquecíveis de Gabriel Ruiz Pelegrina, Luciano Dias Pires, Fábio Pallotta, Sérgio e Célio Losnak, Muricy Domingues, Rosio Salcedo, Nilson Ghirardello, Márcia e Hamilton Nava, Ludmilla Tidei, Orlando Alves, Neli Viotto, Ricardo Coelho, Ricardo Bagnato e tantos outros. Inesquecível o dia em que o arquiteto Jurandyr Bueno Filho esteve numa de nossas reuniões a defender um projeto seu e promoveu um espetáculo hoje inimaginável. Relembro tudo isso com saudade e, é claro, todas as conquistas, os tombamentos, as disputas com o poder constituído, as quedas de braços, o horror do destombamento da Matarazzo, etc e etc. O último embate o da àrea ao lado da estação da Sorocabana e a construção de um conjunto residencial no local (Ainda indefinido? Nem isso sei nada). Boas e más lembranças, mas de ampla e intensiva atuação, quase ininterrupta. Mas o que ocorre agora, das duas uma, ou estão atuando na surdina ou tudo está devidamente parado. E por que? Pensei nisso tudo ontem ao rever as tais maquetes.

O SAX DO ARGENTINO HECTOR COSTITA DE VOLTA À BAURU HOJE NO SESC
Nesse mafuá eu tenho de tudo um pouco e do pouco um tudo. Preciosidades que vou tirando de minhas empoeiradas estantes, como agora nesse momento, quando estou nos preparativos para rever um cara que ouvia demais da conta lá pelos anos 80/90 do século passado, o argentino HECTOR COSTITA e o som proveniente de seu magistral saxofone. Esse cara escolheu o Brasil para tocar e viver e não é de hoje. Tenho deles dois belos exemplares dos antigos bolachões, o LPs, "Hector Costita 198" (Som da Gente, 1981) e “Paracachúm” (Som da Gente, 1984, capa do desenhista argentino Sábat). Esse cara fez minha cabeça desde o primeiro momento que o ouvi e sempre que posso retiro do altar onde os guardo, colocando para rodar na minha vitrolinha. Eles fazem parte de belos discos que essa gravadora, a Som da Gente produzia, a maioria instrumentais e todos da mesma laia, de rara qualidade. Primeiro fiquem curtindo isso aqui bem devagarzinho, sem muito barulho no entorno:https://www.youtube.com/watch?v=sMLu00dtHks. Paz de espírito total, inebriante. Depois essa Ariela: https://www.youtube.com/watch?v=j9zTbkH7Cgo. Choro porteño com uma bandonéon de arrasar quarteirão:https://www.youtube.com/watch?v=NhEm5H0NoO0. E por fim Lou, de um desses dois discos, que ele tocou aqui em Bauru em 2011, lá no Templo Bar ao lado dos Irmãos Brother’s: https://www.youtube.com/watch?v=mu0rn92nO1Q. Pela bagatela de menos de R$ 10 reais ele hoje estará se apresentando no SESC Bauru. Não tenho o que dizer, só isso: quem perder é a mulher do padre.

Um comentário:

  1. COMENTÁRIOSDO FACEBOOK SOBRE MÉDICOS E DAVID CAPISTRANO:

    Claudio Lago oi henrique, pouca gente sabe que se nao fosse pt e o capistrano, quando prefeito de santos, bancarem um tratamento por contagio de mercurio da marina, ela teria morrido, david sofreu ataques e tentativa de impeachment pelo pessoal que hoje ela apoia,,,,,
    7 h · Descurtir · 1

    Henrique Perazzi de Aquino Bom resgatar isso. Capistrano fazia isso tudo por puro humanismo.
    7 h · Curtir · 3

    Marcia Pestana Mota Perfeita tradução do meu pensar e um alento ao meu coração.Estou compartilhando, na esperança de despertar a consciência de alguns amigos, que também se diziam socialistas.É muito bom saber que me tens como amiga.!
    7 h · Descurtir · 1

    Henrique Perazzi de Aquino Eu adoro ter amigas (os) como você Márcia? Não viveria sem vocês...
    6 h · Curtir

    Elaine Oliveira Meu conterrâneo...
    6 h · Descurtir · 1

    Marli Baccan Nossa! Henrique que bom lembrar do Dr David Capistrano. Quantas coisas em pró da saúde de Bauru teve a participação dele. Sinto me honrada por ter tido contato com ele, admirava o trabalho e as idéias humanitárias. Acho q resgatar Capistrano e um pouco resgatar a saúde do trabalhador. Que bom q VC lembrou dele. Bjs
    5 h · Descurtir · 2

    Acyr Santinho Motta Márcia,Henrique,amigos Lembrar Dr DavidCapristano,tê-lo conhecido é uma honra!.Ha´ outros médicos humanitários sim , mas se encontram impedidos de se manifestarem.Deveríamos conseguir fazer uma campanha e impedir que aqueles que tentam bloquear a medi...Ver mais
    1 h · Descurtir · 3

    Acyr Santinho Motta Vamos fazer campanha"""
    1 h · Descurtir · 2

    ResponderExcluir