sábado, 29 de novembro de 2014

ALFINETADA (127)


O QUE ESTÃO A FAZER COM A PRAÇA DE PIRAJUÍ?*

* Esse texto saiu publicado na edição circulando hoje d'O ALFINETE, o intrépido semanário da vizinha Pirajuí SP e versa sobre um problemão em muitas cidades do interior paulista. Tem algo ainda não muito explicado e nem entendido nessas liberações absurdas de valores para remodelação das praças interioranas e como estão sendo executados a maioria desses projetos. Abaixo o texto e aberta a discussão, não só envolvendo essa praça, mas tantas outras que foram descaracterizadas com algo que era para sua remodelação, mas ocorrendo exatamente o contrário. Vamos ao texto:

"Nos últimos anos, tanto os Governos Federal como Estadual estão disponibilizando verba para que os municípios reformem e repaginem suas praças centrais. É uma verba carimbada, que os prefeitos fazem questão de usar, alguns de forma meio descabida. Os exemplos nesse sentido são bem visíveis nas cidades onde já ocorreram. Em Pirajuí está em andamento a tal reforma de sua praça central, causando rebuliço dentre os que a vêem piorando e não melhorando, como deveria ocorrer numa remodelação. “O moderno não deve priorizar a eliminação do verde, muito menos privilegiar o concreto”, esse o lema dos que querem rever o que está em curso.

Francisco Bonadio Costa é bancário aposentado, pirajuiense e residente em São Paulo, mas sempre antenado com as coisas de sua cidade natal. Está incomodado com as tais reformas na praça central da cidade, até porque não viu nenhuma consulta popular sendo feita antes da obra começar. Envia mensagem passada a ele pelo famoso homem de teatro, Naum Alves de Souza, também pirajuiense. Leiam o que ele escreveu e entendam mais um pouco do que verdadeiramente está em discussão.

“Autoridades de Pirajuí: em nome da memória de nossa nobre e querida cidade, mantenham o formato de nosso belo jardim, não o destruam com inconvenientes modernidades, justo quando se aproxima o centenário. Faço parte de um grupo de pirajuienses residentes em São Paulo e nos reunimos todos os meses para lembrar e falamos muito de nosso jardim. Será uma pena, um horror visitar a cidade no seu centenário e ver o jardim desfigurado, a exemplo do que foi feito no parque infantil. Ainda é tempo de parar essa obra destruidora, manter a forma original e recuperar o que está deteriorado. Ponham as mãos em seus corações e nas memórias de seus antepassados”, escreve Naum Alves de Souza, escritor, dramaturgo, diretor de teatro, ópera e artista plástico.

Na verdade, o que ocorre em Pirajuí já ocorreu em muitas outras cidades no seu entorno. Reginópolis uma delas. O Estado de SP provém recursos com essa finalidade, recuperação de praças e os prefeitos as usam para implantar uma tal de "modernização", que na verdade descaracteriza as praças, pois retira o verde e implanta em seu lugar o concreto. A de Reginópolis ficou pelada, uma parte dela sem sombra, tudo para privilegiar um espaço para eventos e shows (algo que poderia ter ocorrido em outro lugar). E no lugar do velho calçamento, foi colocando um concretão impermeabilizando o solo e deixando tudo com aquele piso liso, sem quase nada no entorno. Estão a piorar o interior e não melhorar. Uma modernização que veio para piorar, para enfeiar as cidades.

Dessa forma, a grita do Bonadio e do Naum é mais do que pertinente. Pior que isso, algo pouco discutido quando da chegada dessa verba. A população precisa entender melhor dos motivos desse projeto ter ocorrido sem uma discussão dos seus maiores interessados, a população. Qual o motivo de tudo ocorrer tão rapidamente, meio que as escondidas? Na maioria das cidades ocorre dessa forma, projeto pronto por uma equipe de fora, desconhecendo a realidade da cidade, dinheiro despejado na obra, necessitando de maiores explicações e entendimento em todas suas etapas. O motivo do poder público se recusar a sequer discutir o assunto demonstra insensibilidade. Nada que uma boa mobilização popular não os demovam da idéia de que são os senhores todo poderosos. Lembram-se do lema: “O povo unido jamais será vencido”. Pois que ele ocorra, de fato e de direito".

OBS.: As fotos são todas ilustrativas da praça central de Pirajuí.

2 comentários:

  1. Antonio Carlos Pavanato Henrique Perazzi de Aquino tomei conhecimento sobre este absurdo há poucos dias aqui mesmo no Facebook!
    Não imaginava que alguém de sã consciência pudesse fazer tamanha barbaridade com algo que representa tanto para a cidade.
    Existe muita história e motivos suficientes, para que em primeiro lugar fosse aberta uma discussão ...ouvir da população qual a sua opinião sobre esta "reforma" ...pelo que sei isso não foi feito!
    Soube por você e por comentários feitos aqui mesmo no Facebook, o descontentamento geral que isso esta causando na cidade, embora também sei que muita gente é a favor da "reforma geral" ...cada um tem a sua opinião e eu as respeito!
    Escrevi isso num post do "Jornal O Alfinete" e também fui mal interpretado por muita gente:
    - Países europeus, vamos usar Roma na Itália apenas para citar um exemplo ...imaginem se ao longo dos anos, algum "ser-iluminado", só porque a construção é "velha", resolvesse "modernizar" toda a sua arquitetura "ultrapassada" pelo simples prazer de gostar do "moderno" e "atual" sem levar em consideração toda a sua importância para com a humanidade e seu valor histórico! - Um desastre sem precedentes!
    Espero que se chegue a um consenso e que a reforma respeite toda a história que esta praça representa para a cidade de Pirajuí!
    Oremos todos!!!
    Antonio Carlos Pavanato

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  2. Pavanato, Você não foi mal interpretado, existem em Pirajuí como em qualquer outro lugar, quem não tá nem aí pra cidade e, sim no interesse de ser amigo do poder ou naquilo que o poder possa oferecer de vantagens, defende-se com insultos aquilo que não tem argumento deturpando o que vc idealiza, mas são a minoria. Sua analogia foi correta e ótimo comparação. Temos que seguir e copiar aquilo que é bom, pois de maus exemplos chegam alguns políticos de plantão, que estão nos cargos e pensam que são donos daquilo que é público...
    Gustavo Barros

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