sexta-feira, 7 de novembro de 2014
O QUE (NÃO) FAZER EM BAURU E NAS REDONDEZAS (53)
ATÉ O B B KING JÁ CANTOU E ENCANTOU NA CERVEJARIA DOS MONGES Eu sabia tudo o que estava por detrás da Cervejaria dos Monges, aquele palacete (não seria castelo?) levantado lá pelos lados da Getúlio, o reduto dos chics dessa terra varonil, mas mesmo assim de vez em quando marcava presença por aquelas bandas. Inesquecível o dia em que B. B. King ali aportou e arrasou. Foi um show para marcar época. O chopp de lá fez história. Certa vez fui vender minhas chancelas em Niterói e um dono de cartório me pediu que desse um jeito de levar para ele da próxima ida, um barril de chopp com a marca Cervejaria dos Monges, pois tinha ouvido falar maravilhas da iguaria. Não dei jeito, mas bebi várias vezes do tal chopp e gostava muito. Fui lá naquele imenso salão algumas vezes e numa delas, num lançamento de um livro, perdi meu filho, ainda pequeno no meio daquelas mesas e quando o achei, estava comendo frios junto de gente que nunca tinha visto na vida. Presenciei espetáculos bons ali. Diziam que sua sustentação era feita através da lavagem de dinheiro. Nunca isso foi confirmado, mas se levar em consideração algo assim, não saio mais de casa, pois dinheiro utilizado de forma atravessada é o mais existe dentro desse sistema capitalista. Da última vez que lá estive, já tinha outro nome, um que nem me lembro e fui para assistir Leci Brandão. O show estava marcado para 23h e só começou depois das 1h30 da manhã e misturaram samba com um impraticável pagode mela cueca. Fiquei em pé o tempo todo e percebi ali no ato que o fim estava próximo. Chegou.
Coisa que muito me entristece é ver casas de espetáculos sendo transformadas em igrejas. Essa adaptação não me desce goela baixo. Ontem li a notícia de que a antiga Cervejaria, fechada por um tempo ali naquela nobre área bauruense vai reabrir suas portas dia 23/11 e com uma nova cara, identidade alterada. Agora quem vai fazer uso daquelas instalações é a igreja Bola de Neve Church. Essa, pelo que sei, estava ali na Nações, ao lado do Obeid e do Vitória. Pouco sei deles e o que sei já me basta. Dizem que o pastor tem como púlpito uma prancha de surf. É a forma encontrada por ele para trazer jovens para seu culto. Prefiro a forma habitual de atrair adeptos para a boa música, tocada com gente inebriante do ramo, seduzindo corações. Eu nem li a matéria inteira no jornal e nunca quis saber nada dessa igreja além disso que aqui escrevi. Tenho certeza não perder nada. Pastores pastoreando ovelhas existem hoje aos borbotões, florescem como areia no deserto do Saara. No geral, no frigir dos ovos, quando passo perto de algumas dessas e ouço assim de soslaio o que sai da boca de pastores, sempre em alto e bom som, apresso o passo e quando de carro, aumento o volume do que estou ouvindo. Prefiro nem comentar da desgraceira que o país está se enfiando com a proliferação desenfreada de cultos, alguns dantescos. Quando alguém se mete a querer discutir comigo sobre o tema religião, primeiro lhe pergunto se posso indicar algo mais para ler além de um único livro. Quando respondem positivamente continuo a conversa, do contrário o melhor mesmo é desistir logo de cara. Eu gosto de quem já leu mais de mil livros, continua buscando mais e mais e não em quem se espelha num só e não quer saber de mais nenhum.
O fato é que a cidade perde mais um desses prediões, levantados para serem templos culturais, depois perdendo sua finalidade primeira e ali acaba se estabelecendo outra forma comercial de alguns poucos ganharem muito bem a vida. Tudo são formas de comércio. O que tenho contra esses é a forma descabida de capitalismo doentio, arrecadatória e cada vez mais insalubre de trabalhar com a fé pública. Essa só mais uma. Mas dentre as duas, prefiro a cultural. A diferença é que nesse ramo de comércio, o empreendedor tem alguns benefícios e isenções não disponíveis para os que abrem casas de show e espetáculos. Uma paga tudo quanto é tipo de imposto e nessa aqui paga-se muito pouco imposto e a lucratividade é muito maior. Eu sou daqueles simplistas, não conseguindo entender como os braços da legislação não conseguem alcançar esses versáteis dribladores do fisco. Se lá rola uma infinidade de freqüentadores, pagam regiamente para ali estarem, bancam e sustentam sua funcionalidade, sempre alguns estarão se enriquecendo por detrás do biombo, por que não pagarem iguais a qualquer pobre mortal? Até porque, vejo na atividade cultural algo mais saudável. É, meus caros e caras, nada mais escrevo. Sei que dia 23, beberei uma dose reforçada de algum "mata peito" e em homenagem a um grande, a B. B. KING. Alguns vão entender dos meus motivos.
Henrique
ResponderExcluirIsso já vem de algum tempo, dez anos talvez um pouco mais... em Petrolina, perdemos o cinema da Praça da 21 de setembro pra uma igreja evangélica; em Juazeiro, perdemos o cinema São Francisco para outra, não sei se da mesma ordem; em Recife, nem se fala...
Incitando o fanatismo, impedindo as pessoas de pensarem.
Carmen Lucia Bezerra Bandeira - Recife - PE
Era a melhor casa de Bauru, é uma pena ter acabado.
ResponderExcluirAlexandre Borelli Facchini
COMENTÁRIOS VIA FACEBOOK:
ResponderExcluirCristina Maria Cristina Fui no show do B.B. King com meu bem e meus meninos - noite inesquecível!
7 de novembro às 19:42 · Descurtir · 3
Luis Giannini de Freitas Ainda guardo minha caneca.
Foto de Luis Giannini de Freitas.
7 de novembro às 20:10 · Descurtir · 3
Henrique Perazzi de Aquino Tive uma dessa, mas sumiu, deve ter quebrado. Tanto tempo.
7 de novembro às 20:14 · Curtir · 1
Claudio Lago estive no bb king, inesquecivel
7 de novembro às 20:30 · Descurtir · 1
Caio Vannini · Amigo de Tatiana Calmon e outras 80 pessoas
Henrique Perazzi de Aquino, eu minha esposa Andrea Huppert temos enorme prazer em ter escrito vários capítulos dessa história: do desenvolvimento do logo, cardápio, e todo resto da comunicação visual, tudo feito pela nossa pequena agência Crayon, né Sergio Cayres...inovamos em tudo e deu certo por muito tempo...de Rita Lee ao mestre BBKing (o ingresso número 001 autografado está guardado e uma hora dessas eu posto) de Luiz Melodia a JJ Jackson...com a cozinha comanda pelo saudoso, alegre e competentíssimo Juca (Geraldo Mesquita)...tudo isso foi muito bom mesmo!
Ontem às 10:43 · Editado · Descurtir · 8
Marcia Regina Zamarioli Fui algumas vezes...à noite e no happy hour...era muito bom..saudades foi logo que cheguei à Bauru...nunca entendi o que aconteceu. ..???
7 de novembro às 21:24 · Descurtir · 1
Silvio Selva virou Igreja? mantendo a tradição de lavagem monetária...
Ontem às 00:40 · Descurtir · 1
Célia Maria Grandini Albiero Sds de lá primão. Estive em vários momentos lá. Mas um que me marcou foi o show de Rita Lee. Amo. Bjs
Ontem às 08:32 · Curtir
Sergio Cayres · 4 amigos em comum
Caio Vannini e Andrea Huppert aquela realmente foi uma época fantástica. O desenvolvimento de campanhas e identidades visuais fluía mesmo sob uma baita pressão de prazos e achismos dos clientes. Lembro da liberdade que nos deram para o desenvolvimento da marca. Aliás, preciso deixar aqui a todos que nos lêem que o bom humor imperava na Crayon mesmo nos momentos de crise criativa rssss. Fazíamos piadas de nossas desgraças e assim íamos à frente. Sempre em frente. Jamais esquecerei o que aprendi para minha vida toda nessa pequena parcela em que pude fazer parte da equipe. Mas voltando à Cervejaria, lembro do quanto rimos das opções descartadas e das batalhas de opiniões e conceitos até chegar ao processo final. Cervejaria dos Monges. Eu fiz parte! Rssssss
Ontem às 09:17 · Curtir · 1
Henrique Perazzi de Aquino Então, minha gente, fizemos tudo isso, curtimos tudo, e por fim tudo desemboca em mais uma filial igrejista modernista, futurista e "para jovens", com inauguração prevista para 23/11. Li que lá também ocorrerão shows e espetáculos. Alguém se habilita?
Ontem às 09:24 · Curtir · 3
Ademir Elias Infelizmente, meu caro Henrique,mas um espaço cultural extinto na nossa provinciana cidade. Fazer o que????
Ontem às 11:36 · Curtir
Cleide Portes Pois então... um assunto que merece muita atenção porque além dos espaços físicos, as religiões também ocupam horários nobres de rádios e tvs....
Ontem às 12:19 · Descurtir · 1
Ademir Elias Boa observação, amiga Cleide Portes, tá virando um monopólio.
Ontem às 12:22 · Curtir
CONTINUA
CONTINUAÇÃO FACEBOOK:
ResponderExcluirCleide Portes Um absurdo Ademir Elias, até emissora de caráter cultural e educativo está terceirizando horário para as igrejas. A Legislação não permite isso.
Ontem às 12:26 · Descurtir · 1
Henrique Perazzi de Aquino A Cleide toca num ponto nevrálgico e que muitos fingem não acontecer: "Até emissora de caráter cultural e educativo está terceirizando horário para as igrejas, a legislação não permite isso". A licenciosidade hoje é uma devassidão, tudo pelo dinheiro, daí em seu nome tudo é permitido e cometido. Estive em Torrinha dias atrás e lá, na praça central, onde antes havia o cinema da cidade, fechado por décadas, sendo objeto de muita querência pelas igrejas, a Prefeitura toma a iniciativa e consegue o local, transformando-o no local da Cultural na cidade. Quer coisa mais triste do que os antigos cinemas serem ocupados por igrejas? Não existe. Casas construídas para serem foco de irradiação cultural acabarem tornando-se templos religiosos é algo para endoidecer gente sã. Resistir é preciso e o que posso fazer é só isso, soltar meu GRITO.
Ontem às 12:38 · Curtir · 1
Lu Bernardes Lamentável !!!!
Ontem às 14:24 · Curtir · 1
Andrea Huppert · 23 amigos em comum
Sergio Cayres....bons tempos....a gente lembra sempre e uma hora a gente precisava se encontrar pra tomar uma cervejinha e dar boas risadas. Sds de vc!
Ontem às 14:35 · Curtir · 2
Fernando Santos Fico feliz em ver que o prédio da antiga cervejaria vai ser usado e desfrutado... E não vamos ser generalistas em falar nas igrejas e tal. Vamos ficar felizes pq vivemos boas coisas lá e agora novas pessoas viverão sob outra ótica!
Ontem às 16:11 · Curtir · 1
Natalia Pereira · 40 amigos em comum
Tbem prefiro a forma cultural !!
23 h · Curtir
Henrique Perazzi de Aquino
Uma pena não ter comprado uma caneca quando lá estive em 2004.
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