terça-feira, 2 de dezembro de 2014

BAURU POR AÍ (106)


CÂMARAS MUNICIPAIS: PRÉDIOS NOVOS E FISCALIZAÇÃO NEM TANTO
No JC de sábado, 29/11, na manchete do seu Caderno Regional, algo sobre mais uma suntuosa inauguração predial na região, dessa vez a da nova CÂMARA MUNICIPAL DE AGUDOS. Eis a manchete: “Câmara inaugura prédio de R$ 4 milhões – Prédio foi alvo de muitas discussões e cogitou-se até transformá-lo em hospital; solenidade hoje irá homenagear frei e delegado como cidadãos agudenses”. Eis o link para leitura da matéria: http://www.jcnet.com.br/…/camara-inaugura-predio-de-4-milho…. O fato é que as edificações das Câmaras Municipais, antes bem modestas, hoje quase todas transferidas para verdadeiros palácios, nababescas construções levantadas para abrigar justamente aqueles que, possuem por função básica e elementar fiscalizar a vida do Executivo da cidade. Para fiscalizar estão remodelando seus espaços e daí a pergunta: E quem os fiscalizam?

Primeiro que para fiscalizar não se faz necessário suntuosidade nenhuma, muito menos estar enfurnado em palácios. Quem quer fiscalizar na acepção da palavra pode fazê-lo até mesmo da própria residência. Hoje, algo ao contrário e com justificativas das mais estapafúrdias. Muitos fazem questão de dizer que a modernidade se faz necessária para atender a população, para melhor recebê-los. Eu me retorço na cadeira, me vergo até doer minhas já carcomidas costas e vejo que algo anda muito do errado na concepção do que deve ser mesmo a função do vereador e sua relação com a cidade que o elegeu. O custo benefício não bate e o gasto, esse pouco vigiado e pouco fiscalizado recaindo como sempre, no bolso do munícipe. Uma confusão dos diabos na cabeça do pobre do cidadão comum. Esse, que dizem ser dono, vai lá só muito de vez em quando para visitar o gabinete do vereador. Visitinha de alto custo.

Nem pense isso ser exclusividade de Agudos, pois virou moda. Nem escrevo isso tudo pensando só neles. Por pouco algo assim não aconteceu em Bauru, mas se ainda não aconteceu, aguardem, que isso deve ser questão de pouco tempo para se concretizar. A Câmara teve a grande oportunidade de se transferir para um andar inteiro da Estação da NOB, mas preferiram reformar onde estavam, numa obra também cheia de nuances e meia que inacabável. Mais dia menos dia voltará à carga a ideia de levar tudo para a Nações Norte ou lá para os lados da Unesp, bem distante de onde o povo possa ter fácil acesso. Mesmo após a reforma, não se espantem se logo mais alguém (o novo presidente?) sugerir novamente a mudança de endereço. É o destino, daqui e de tantas outras. Virou sina.

Cliquem na pesquisa do Google algo assim: “Novos prédios de Câmaras Municipais” e vejam a suntuosidade sendo espalhada país afora. Já da fiscalização, conto uma historinha de uma cidade vizinha à Bauru, onde praticamente não existe oposição na Câmara (mas como, eles não são eleitos para fiscalizar?). Ouvi isso de um funcionário daquela Casa de Leis: “Aqui é uma vergonha, a sessão começa e em dez minutos acaba, ninguém pede a palavra e todos votam em conjunto, aprovando tudo o que vem do prefeito. Alguns tem até receio de falar algo, pois contrariando os interesses de quem manda na cidade, pode cair em desgraça. Nada de novo, tudo vindo do Executivo e aprovado rapidamente”. A situação é verídica e o prédio onde atuam também cheio de pompa. Mas isso não é nada, vamos curtir o momento e desfrutar de uma visitinha em todas elas, afinal somos seus donos e quem não gosta de uma casa nova. Não é não?

Um comentário:

  1. Henrique

    Conheço essa história.

    Frequento as sessões aqui na minha cidade e o que mais ouço eles dizerem é isso:

    "Dispenso o uso da palavra".

    E depois votam cegamente o que o Executivo envia a eles.

    Aqui não fiscalizam nada.

    LJH

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