quarta-feira, 17 de dezembro de 2014
MEUS TEXTOS NO BOM DIA BAURU (308)
ACABOU – AGORA NÃO EXISTE MAIS NINGUÉM RESPONDENDO PELO BOM DIA BAURU
Primeiro choro minhas sentidas lágrimas. Rememoro algo pelo qual muito me orgulho e ocorrido em dezembro de 2008, quando estava quase de saída de minhas funções exercidas na Secretaria Municipal de Cultura, no cargo de Diretor de Proteção ao Patrimônio Cultural de Bauru. Com o fim do mandato de Tuga Angerami, com ele me fui de minha única experiência na vida pública. Foram quatro profícuos anos. Ainda no cargo, pouco antes do Natal daquele ano, o Gilmar Dias então Diretor de Redação do BOM DIA BAURU me oferece um espaço para escrever semanalmente num jornal que surgia e já estava naquele momento vivendo um grande momento, com uma equipe dessas para endoidecer gente sã. Eu nunca fiz parte da equipe, pois minha modesta participação sempre se deu como articulista na edição de sábado. Publiquei a primeira em 27/12/2008, com o título “Bordini” e a última, a de número 308, “A maioria decide, mas...”, em 13/12/2014.
Escrevo última porque fico sabendo que a partir de agora não mais existe equipe nenhuma no jornal. O último dos moicanos, o jornalista GABRIEL DUARTE, que fazia tudo sozinho e de sua casa está de saída e o jornal circula hoje com uma única matéria sobre Bauru e a partir de amanhã e ninguém sabe até quando, sem nenhuma mais da cidade, tudo vindo da matriz paulistana. Ouço que até vai continuar circulando com o nome Bom Dia Bauru, mas sem nada daqui. Uma lacônica despedida, com uma circulação que ninguém sabe ninguém viu. Nada a reclamar, pois publiquei meus textos sem nenhum tipo de censura durante todo esse período e com somente duas semanas de interrupção. Completo agora seis anos de participação, uma por semana. Ganhei até um processo por causa de um dos textos, mas saio enormemente gratificado por tudo e com todos. De minha parte, acredito ter cumprido um bom papel. O projeto era bom, contava com gente de muito talento, começou com um belo de um pique e depois, com as mudanças de percurso foi esmorecendo até o que se vê hoje, só nas bancas. Se for rememorar as histórias vividas e retratadas pelo jornal passaria dias por aqui. A CRistina e a Camila me toleraram além do permitido.
Não tenho mais a quem enviar meus textos. Nunca fui procurado por ninguém dessa nova direção. Com a saída do Gabriel me despeço junto. Fui até onde deu. Acredito que daqui para frente, tudo já perdeu o sentido. Relembro aqui o nome de alguns que convivi e tenho gratas recordações. Quando comecei o Flávio de Angelis já havia falecido. Convivi com Gilmar Dias, Josi Vicentin, Cristina Camargo, Camila Turtelli, Sergio Pais, Junião, Thiago Roque, Sergio Bento, Cristiano Zanardi, Bruno Mestrinelli, Luly Zonta, João Pedro Feza, Cristiano Pavini, Julio Cesar Penariol, Armanda Rocha, Kelli Franco e tantos outros, muitos dos quais peço perdão pelo esquecimento. Bauru perdeu e muito com tudo o que ocorreu ao Bom Dia, pois a informação sempre sai mais oxigenada, mais disputada quando mais de um bom órgão de informação na cidade. Nessa minha despedida, reproduzo abaixo meu último texto, publicado sábado passado:
A MAIORIA DECIDE, MAS... O viver coletivamente nem sempre é plenamente entendido pelos seres humanos. Todos nós, frutos de formação diversificada chegamos ao que somos hoje de diferenciadas formas e impossível alguém de dizer totalmente pronto e acabado. Parece vicejar em alguns ambientes serem o suprassumo, o fio condutor de todos os demais. No continental Brasil, amplo em todos os seus aspectos, eis a impossibilidade de um segmento tentar impor o seu entendimento como o mais adequado para tudo e todos. Por que o entendimento praticado por parcela dos paulistas, por exemplo, deve prevalecer sobre o dos nordestinos? Não dá. E onde estaria o meio termo disso tudo?
Parece até simples demais. Bastaria um entender o outro, assimilar o bom, rejeitar o supostamente ruim, interagir no máximo da plenitude e aceitar outras formas, não só convencer, mas em alguns momentos aceitar ser convencido. A diversidade frutificar, os laços antagônicos atuando dentro da mesma federação sem maiores problemas. Nada disso do mais forte querer continuar impondo somente a sua vontade e menosprezando as demais. Quando uns continuam querendo impor à sua vontade, mesmo não sendo ela o resultado demonstrado pelas urnas, algo não anda muito bem na condução do regime escolhido para se viver, o dito democrático, defendido e entendido de forma diferente por uns e outros.
Pela imposição, a perpetuação do estilo colonial. O estilo casa grande e senzala nunca permitirá uma real integração nacional. Cito dois exemplos de minha linha de pensamento. Primeiro quando a vizinha Bolívia discutia na mesa de negociações com o Governo brasileiro sobre a questão do petróleo brasileiro em seu território. Muita besteira foi escrita, como se Evo Morales tivesse humilhado o Brasil. Na verdade, isso nunca ocorreu. Alguns queriam ver a Bolívia humilhada, vergada sob a força imperial brasileira e ocorrendo o contrário, uma posição de congraçamento com um país irmão, vizinho e parceiro, o descontentamento. Nem o estender a mão e o bom senso das relações são mais compreendidos por parcela da população.
Outra evidência, essa mais recente ocorreu após a reeleição da presidenta Dilma. A reação, principalmente paulista não aceitando o resultado das urnas e colocando em pratica algo de cunho golpista, ininterrupto clima de contenda, briga de rua, agressividade extremada, exacerbada até com clamores pedindo o retorno do regime militar. Clara oposição à continuidade do regime democrático, decisão coletiva de todos. Essa não aceitação é o tema desse escrito. Essa crença no absolutismo de sua linha de pensamento como única possibilidade é o retrocesso batendo à nossa porta. Pior é verificar, que para fazer valer suas ideias aceitam pegar até em fio desencapado. Triste momento da história do país, quando muitos renegam tudo o que foi duramente conquistado e abertamente conspiram, não por melhorias e mudanças, mas pela continuidade dos privilégios deles mesmos.
COMENTÁRIOS VIA FACEBOOK 1:
ResponderExcluirCristina Camargo Henrique, você contribuiu em muuuitas pautas, além dos artigos. Obrigada!! Não convivi diretamente com o Gabriel Duarte, mas percebi que ele fez o que pode nessa fase estranhíssima do jornal. Boa sorte, Gabriel.
17 de dezembro às 18:36 · Descurtir · 9
Júlio César Penariol Perazzi sempre ajudou muito mesmo - e, pra minha sorte, continua me ajudando sempre aqui na TV!
17 de dezembro às 18:42 · Descurtir · 8
Josi Vicentin Que triste final para um projeto tão lindo. Henrique Perazzi de Aquino, espero que encontre outro veículo para publicar seus textos.
17 de dezembro às 18:49 · Descurtir · 8
Camila Turtelli Fiquei sabendo ontem sobre o fim. É uma pena, para todo mundo, a cidade ter apenas um jornal circulando. Todo mundo perde. E, Henrique, sem dúvida você contribuiu muito com essa história e vai continuar contribuindo com outras --aliás, te liguei essa semana, mas você não estava. De toda forma, o Bom Dia foi uma grande escola.
17 de dezembro às 19:01 · Descurtir · 11
Cristiano Pavini O jornalismo e o cidadão bauruense perdem. Uma pena um projeto tão bacana terminar assim. Mas o Bom Dia agonizou mais do que deveria, estava na hora do golpe de misericórdia.
17 de dezembro às 19:40 · Curtir · 7
Bruno Mestrinelli Ficam as boas lembranças!
17 de dezembro às 19:43 · Curtir · 6
Luly Zonta A notícia é das mais tristes, mas contamos inúmeras histórias e fizemos história...
17 de dezembro às 19:47 · Curtir · 9
Fernando Beagá Foi um grande jornal e tinha um timaço. Identificava-me muito e fiz muitos amigos por lá. Abandonei o barco antes, Henrique Perazzi de Aquino , mas foram 2 anos de coluna, uma ótima experiência.
17 de dezembro às 19:48 · Curtir · 3
Neide Turtelli · Amigo de Neto Amaral e outras 27 pessoas
Realmente foi uma pena!
17 de dezembro às 20:05 · Curtir · 3
Kelli Franco Uma pena pra cidade
17 de dezembro às 20:05 · Curtir · 3
Paul Sampaio Chediak Alves um abraço e parabéns a todos vcs que participaram dessa História
17 de dezembro às 20:09 · Curtir · 1
Reynaldo Grillo E realmente muito chato o fim do Bom Dia Bauru..Vai realmente fazer muita falta.
17 de dezembro às 21:10 · Curtir · 2
Silvio Selva Sou solidario aos profissionais que perderam o emprego, mas enfim, parece que o jornal pertencia ao J. Havilla, que segundo alguns, era laranja do Teixeira da CBF, ou seja...
17 de dezembro às 21:18 · Descurtir · 4
Neste momento, muitos são os lamentos ou os 'eu te avisei', mas só quero agradecer a todos que direta, ou indiretamente, estiveram presentes no fim desta trajetória que teve, assim como a vida, suas dores e delícias, nem sempre partes iguais. Dos antigos, como a Cristina Camargo, Luly Zonta, Cristiano Zanardi, Cristiano Pavini, Rafael Tadashi, Thiago Roque, Bruno Mestrinelli e Daniela Penha - cito esses pois são os que eu lembro de ter cruzado em coberturas, sendo freela ou ter lido (besta) os trabalhos que produziram, mas sei que são muitos - ficou a inspiração. Dos colunistas, ficarão as palavras de motivação. Dos colegas que convivi, quando ainda tínhamos sede e fechávamos o jornal ao som de Anitta (uma forma inusitada de dizer 'dever cumprido') agradeço à Camila Turtelli, Gustavo Araujo Longo, Patrícia Lacerda, Carol Btr, Rosangela Graziano, Nah Rodrigues, Leila Baleeiro, Marcela Cottes, Kelli Franco, Paulo Macarini, Henrique Costa... Os dois últimos, junto com o Bruno Christophalo e Felipe Luis, também tiveram participações fundamentais (e especiais) nos 'se vira nos 30' que era tocar o jornal de casa; sempre com a ajuda, conselhos e paciência da galera de São Paulo. Todos estes são inspirações que só me enchem de gratidão. Seria bom que a cidade tivesse outro jornal? Sim, mas os tempos são de mudanças. E todos, em menor ou maior grau, também estão lidando com a crise que o meio vive, dançando na corda bamba de sombrinha, mas com a certeza que o show (ou a notícia) tem que continuar. No que tanta mudança irá dar? Só Deus sabe. A nós só nos cabe 'tocar o barco do dia', como na frase que usávamos ao encerrar as reuniões de pautas. E tem sangue novo na praça, como a moçada do Participii que, com idealismo e talento, também está aí nas praças digitais, dando voz (digna) a muitos que ainda são excluídos da mídia, da cidadania, de seus direitos... Assim como todos nós um dia também tentamos fazer. Assim como os outros colegas que ainda continuam no batente, no Jornal da Cidade de Bauru ou telejornalismo e radiojornalismo local, também estão tentando fazer. Enfim, falo da minha experiência que espelha a de muitos de vocês: foi uma escola que o tempo não substituirá. Por isso o agredecimento. E, ao fim de tudo, nós, que passamos por ela, hoje ficamos meio como o Belchior: um pouco nostálgicos, mas sentido "vir vindo no vento o cheiro da nova estação". Meus sinceros agradecimentos pra todo mundo que acreditou (e ainda acredita) no jornalismo. Qualquer dia a gente se vê, ainda temos muitas histórias para serem vividas, vistas, relatadas e noticiadas
ResponderExcluirGabriel Duarte
COMENTÁRIOS VIA FACEBOOK 2:
ResponderExcluirNah Rodrigues Gabriel fizemos nossa parte ....encerramos o ciclo , com todas as dificuldades possíveis ..... grande aprendizado , mas acima de tudo as amizades que vão seguir conosco , independente dos caminhos serem opostos ..... espero nosso almoço valeu por tudo ....
17 de dezembro às 21:43 · Descurtir · 6
Gustavo Araujo Longo Sem lamentações e sem procurar motivos. Ficam as boas lembranças e memórias deste período. Só assim evitamos a morte completa...
17 de dezembro às 21:50 · Descurtir · 9
Rosangela Graziano · 36 amigos em comum
Adorei a experiência que tive no BD. Um aprendizado e tanto. Ficam as amizades...
17 de dezembro às 23:46 · Curtir · 4
Wesley Batista · 19 amigos em comum
Aprendi muita coisa que vou lembrar pro resto da vida!
18 de dezembro às 01:44 · Curtir · 2
Wesley Batista · 19 amigos em comum
Rodrigo Viudes
18 de dezembro às 02:04 · Curtir · 1
Henrique Perazzi de Aquino Gente: recebo um escrito via Bate Papo do sr Fábio Pescarini, responsável pela rede BOM DIA interior sobre meus escritos e o fim do diário em Bauru. Eis parte dele, divulgado, pois não vejo problemas em fazê-lo: " Henrique, boa noite. Meu caro, li emocionado o seu texto no Facebook, sobre o fim do jornal. Mas ele não acabou e só não o procurei ainda por pura falta de tempo. Gostaríamos que você continuasse como nosso colaborador. Da minha parte, lhe prometo que vou lutar muito para que nenhum BOM DIA morra. Afinal, estou desde o primeiro número no jornal (comecei em Jundiaí) e não quero estar no último.... meu e-mail caso queira anotar: _______
Abraço forte". O jornal, pelo que vejo não acabou, o que acabou foram as notícias locais, permanecendo sua publicação sem nada da cidade, a não ser o título BOM DIA BAURU. Decidindo...
18 de dezembro às 09:31 · Curtir · 6
Fernando Beagá Independentemente da continuidade dos colunistas, informo que a coluna MEMÓRIA DA BOLA, do prof. João Francisco Tidei de Lima, será publicada no CANHOTA 10 - e como sempre estará no blog do Reynaldo Grillo
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18 de dezembro às 09:40 · Descurtir · 5
Zilda Ribeiro Procurei tanto uma matéria que a Josi Vicentin fez comigo no teatro, mas não achei arquivos... onde encontro???
18 de dezembro às 09:55 · Descurtir · 2
Wellington Leite Uma lástima!
Ver tradução
18 de dezembro às 10:33 · Descurtir · 1
João Pedro Feza Zilda: salvo engano, matérias antigas do BD pela internet não estão disponíveis. Não há essa memória digital. Abs.
18 de dezembro às 10:43 · Descurtir · 3
Elaine de Sousa · Amigo de Kyn Junior e outras 74 pessoas
Pena... o projeto original era sensacional! Tenho orgulho de ter participado disso. Os poucos meses que vivi com aquela equipe (Márcio Abecê, João Pedro Feza, Juliana Lobato Une, Sergio Bento, Sergio Pais, Fernanda Moraes, Reinaldo Chaves, Lilian Venturini, Adriana Alves, Thárcio e tantos outros... ) foram intensos e de muito aprendizado profissional e de vida.
18 de dezembro às 13:06 · Descurtir · 4
Manoel Fernandes · 34 amigos em comum
Já dei adeus ao Bom Dia a muito tempo !
18 de dezembro às 21:06 · Curtir
Tatiana Calmon uma pena
19 de dezembro às 16:39 · Descurtir · 1