MAIS CINCO HISTÓRIAS DE GENTE QUE FAZ O CARNAVAL DE BAURU - ATORES PRINCIPAIS
1.) MATEUS É MESTRE DE BATERIA AOS 16 ANOS
Existem atividades onde se faz necessário larga experiência para se conseguir galgar alguns degraus em suas hierarquias. Outras, o acaso facilita as coisas e antecipa etapas. Sabe aquilo do sujeito estar no “lugar certo e na hora certa”, pois isso ocorre também com certa regularidade. Conto hoje a história de um garoto, com seis anos no exercício de uma função e hoje conseguindo o mais alto posto dentre os seus. Um exemplo aqui valorizado e enaltecido.
MATEUS NERI DIAS DE SOUZA é um garotão de apenas 16 anos, cursa o equivalente ao 2º ano colegial na EE Airton Busch, no Jaraguá, bem pertinho de onde mora, na avenida Gabriel Rabelo de Andrade. Gosta muito de samba e ingressou bem cedo, aos 10 anos de idade no Projeto Semente do Azulão, talvez o único existente na cidade formando músicos mirins para escolas de samba e com outra característica, essa fundamental, a de tirar adolescentes da periferia da rua e lhes propiciar atividades. Sabe o que aconteceu com Mateus? Pois bem, nesse ano faz sua estréia no Sambódromo de Bauru como Mestre de Bateria da única escola pela qual tem saído até então, a Azulão do Morro. “Muita responsabilidade e orgulho”, é dessa forma bem simplificada, com poucas palavras e sem parar de reger e de tocar instrumentos que diz da felicidade propiciada a ele pela Cidinha do Azulão, quando lhe comunicou que seria ele o regente da bateria. Não falta em nenhum ensaio e o fato de ter alcançado o mais alto posto na bateria da escola, faz com que muitos outros jovens do bairro tentem o acompanhar. E daí a escola está cheia de jovens instrumentistas. Eis o recordista dos recordistas.
2.) FABIANO O SAPATEIRO DAS ESTRELAS DO CARNAVAL
Bauru é uma cidade cheia de gente com ótimas histórias, muitas delas aguardando o momento certo de serem contadas. Não tem esquina onde não exista um personagem com algo interessante para ser relatado. Todos muito envolventes, relatos cheios de vida, encantamento de encher os olhos. Impossível não parar e prosear com gente como esse personagem aqui retratado hoje. Uma belezura de pessoa humana.
JOSÉ CARLOS FABIANO, 73 anos é um profissional na excelência da palavra. Foram 35 anos com uma sapataria funcionando na Praça Adventista, ali no final (ou seria começo?) da Pedro de Toledo. Tentou até comprar o ponto, mas não houve jeito, daí atravessou o viaduto sob os trilhos e foi reabrir seu negócio ali na Alfredo Maia, num portão alto, logo depois do comércio da esquina, bem defronte o ponto de táxi. Ali já completou 5 anos. É do pedaço, pois na casa onde hoje é seu comércio residiram seus pais, mas hoje mora no distante Geisel. Cresceu sentindo cheiro do couro, já tendo trabalhado em financeira e como vendedor de fermento Itaiquara, mas acabou seguindo a profissão do pai, famoso fabricante de sapatos, chuteiras e afins. O nome do seu pai é conhecido no meio, Pedro Fabiano, já tendo feito chuteiras para o Dondinho, Luis Marini, Pierre e tantos outros craques da pelota. A pequena fábrica do velho ficava na Rubens Arruda com a XV de Novembro. Hoje, faz de tudo, mas se especializou mesmo nos pisantes variados para carnavalescos, já tendo servido Paulo Keller, Esso Maciel, os Fanecos todos, Gê Cabeleireiro, Paulo Burian e tantos outros. Tem mais, faz também sapatos de tecido, fino trato, para noivas e madrinhas. Passando por lá esses dias, tá cheio de serviço de gente que vai sair na avenida do samba.
3.) MAZOLA E O SEU CARTAZ COM O “EU JÁ SABIA”Bauru é uma cidade cheia de gente com ótimas histórias, muitas delas aguardando o momento certo de serem contadas. Não tem esquina onde não exista um personagem com algo interessante para ser relatado. Todos muito envolventes, relatos cheios de vida, encantamento de encher os olhos. Impossível não parar e prosear com gente como esse personagem aqui retratado hoje. Uma belezura de pessoa humana.
JOSÉ CARLOS FABIANO, 73 anos é um profissional na excelência da palavra. Foram 35 anos com uma sapataria funcionando na Praça Adventista, ali no final (ou seria começo?) da Pedro de Toledo. Tentou até comprar o ponto, mas não houve jeito, daí atravessou o viaduto sob os trilhos e foi reabrir seu negócio ali na Alfredo Maia, num portão alto, logo depois do comércio da esquina, bem defronte o ponto de táxi. Ali já completou 5 anos. É do pedaço, pois na casa onde hoje é seu comércio residiram seus pais, mas hoje mora no distante Geisel. Cresceu sentindo cheiro do couro, já tendo trabalhado em financeira e como vendedor de fermento Itaiquara, mas acabou seguindo a profissão do pai, famoso fabricante de sapatos, chuteiras e afins. O nome do seu pai é conhecido no meio, Pedro Fabiano, já tendo feito chuteiras para o Dondinho, Luis Marini, Pierre e tantos outros craques da pelota. A pequena fábrica do velho ficava na Rubens Arruda com a XV de Novembro. Hoje, faz de tudo, mas se especializou mesmo nos pisantes variados para carnavalescos, já tendo servido Paulo Keller, Esso Maciel, os Fanecos todos, Gê Cabeleireiro, Paulo Burian e tantos outros. Tem mais, faz também sapatos de tecido, fino trato, para noivas e madrinhas. Passando por lá esses dias, tá cheio de serviço de gente que vai sair na avenida do samba.
Gosto da irreverência, principalmente quando parte da camada mais simples. É uma forma de extravasar, de por pra fora um desabafo. Muito utilizado no futebol, na política e também no Carnaval. Quando feito de uma forma saudável, provocativa, mas com irreverência, sapiência, merece o aplauso. No calor de uma disputa, os ânimos estão no seu ápice e quando a vitória desponta, eis uma resposta feita com sentimento. O baita sorriso estampado no rosto do vitorioso diz muito do gesto. Adoro registrar esses momentos.
CLAUDIONOR ROBERTO DE SOUZA, 53 anos (completados em nove de janeiro) é o popular MAZOLA, um negro retinto, sorridente, funcionário público municipal, lotado na EMDURB, mas precisamente cuidando da capinação de todas as escolas municipais da cidade. Casado, morador do Parque Roosevelt, no novo Residencial Buriti. Devido ao porte físico avantajado trabalhou muito tempo como segurança em festas e formaturas. Até hoje faz bicos nessa área. O samba o acompanha desde muito tempo, pois filho de dona Maria Izabel, antiga presidente da hoje não mais existente Vai Vai, do Bela Vista, foi pegando gosto pela coisa já moleque. Na Escola de Samba Cartola desde sua fundação, hoje bate forte no treme terra da bateria. Por esses dias suas mãos estão cheias de esparadrapos, tudo para proteger do inevitável sangramento. Ano passado, quando da apuração dos votos dos campeões lá no Teatro Municipal, ao saber que sua escola foi novamente campeã sacou do bolso um papel com um escrito a mão e o exibiu com orgulho e o baita sorriso estampado no rosto: “Já sabia”. Foi algo natural e conta da ideia: “Saímos no sábado, na terça escrevi na folha e guardei no bolso, quando ganhamos, tirei e levantei bem alto enquanto o pessoal da escola erguia o troféu. Esse ano vou fazer outro relembrando dos títulos de 2012 até o desse ano. Vão ser quatro títulos seguidos”. Mazola ama tocar na bateria da escola que lhe toca fundo.
4.) ELIZABETH TOMA CONTA DO SURDO NA TRADIÇÃO DO MARY DOTA
As pessoas se descobrem e são descobertas pela forma como se vestem, pelo andar, pelas companhias e até pelos instrumentos que tocam. Tem pessoas que só de bater os olhos em algo, dizem pra si mesmas: “É isso que quero”. Daí uma busca até conseguir o intento. Para uns o caminho é mais doloroso, árduo, para outros nem tanto e ao conseguirem a aproximação e depois a consumação, eis um momento mais do que mágico. Conto hoje um pouco dessa magia na descoberta que uma pessoa teve com um instrumento musical.
ELIZABETH SOUZA SÁ, 21 anos é grandona, forte, dessas impondo muito respeito por onde passe, tudo isso aliado a outro forte quesito, muito simpática. Mora no Beija Flor e formada em Educação Física, trabalha na área como educadora. Gosta muito de música e nas horas vagas toca violão. Acompanhava até ano passado, a escola de samba do seu bairro, a Tradição, meio que a distância. Fez isso por três anos, sem coragem de se aproximar. Ia ver os ensaios, mas nunca tinha saído na avenida. Esse ano, através de um amigo lá na bateria da escola, o Paulo, chegou mais e de tanto olhar, acabou recebendo o convite: “por que não vem tocar com a gente?”. Aceitou e pediu para escolher o instrumento. Foi de cara no surdo, o maior de todos. “Nunca tinha tocado esse instrumento, mas sabia só de olhar que me daria bem com ele, prestava a atenção em todos os seus detalhes. E me dei mesmo, foi amor à primeira vista. Eu entrego um pouco da alma batendo nele”, diz. Quem a vê tocando, percebe a intimidade dela com o instrumento, a forma forte, exigência do ritmo, porém com acerto, a batida no momento certo, o ouvido atento e a pegada certa. Elizabeth vive uma verdadeira história de amor nesse carnaval.
5.) MAURINHO E OS INESQUECÍVEIS SAMBAS SAÍDOS DE SUA CACHOLA
Quem tem história para contar, conta que é uma beleza. Gosto muito da própria pessoa, tendo talento não ficar usando de falsa modéstia e desdizendo de suas próprias qualidades. Esse aqui diz e mostra o que tem que ser dito, prova por A + B toda sua trajetória. Nesses casos e momentos, o melhor mesmo é parar e ficar ouvindo atentamente a voz da sapiência ir relatando tudo o que já fez, por onde já passou e as láureas conquistadas. Esse aqui tem muita história para contar.
MAURINHO SANTOS, 58 anos é talvez o maior compositor dentre toda uma gana de gente que já criou samba para as mais variadas escolas de samba de Bauru. Sua produção é contínua e dentre todas as escolas hoje existentes só para uma ainda não compôs nada, a Coroa Imperial. Para as demais, seu nome já está inscrito no panteão dos seus compositores. Um alegre personagem de todos os carnavais, pois não ficou de fora em nenhum nas últimas décadas. Vendedor publicitário numa pequena empresa de sua propriedade, morando hoje no Bauru XVI, o Núcleo Edson Francisco da Silva, casado, 3 filhos e 12 netos, um sujeito de bem com a vida e fazendo sambas só para o Carnaval, sua especialidade. Começou no Flor da Vila Dutra (“dos tempos do Passa Largo tocando corneta”, diz) e não mais parou. Foi também cronner de orquestra por muito tempo, sendo só com o Badê 17 anos de estrada. Camisa 10, Mocidade, Cartola (“o hino deles é de minha autoria”) e tantos outros. Vai relembrando de cabeça os sambas da Império da Vila, da Nova Esperança: “84 foi Quilombo dos Palmares, 86 foi Iluda ilusão de ser iludido, quando fomos campeões, 87 com o Belas Mentiras, 88 com A Estória que a História não contou e 89, com o 171, mais atual que nunca”. Prefere escrever sozinho, sem parceiros e assim tocou a vida. Esse ano fez o samba da Azulão e cheio de pompa e sem falsa modéstia diz a plenos pulmões: “Esse Sem Medo de Ser Feliz é o melhor refrão do Brasil na atualidade”. Insiste na audácia, em não temer se intitular bom nesse negócio de samba enredo. Pudera, Maurinho é o compositor mais premiado na história dos carnavais bauruenses.
Assista clicanbdo a seguir o Maurinho cantando seus sambas e o "melhor refrão do ano": https://www.facebook.com/video.php?v=1007039519326057&pnref=story
comentários do fabiano sapateiro no facebook:
ResponderExcluirSilvia Ramalho · 10 amigos em comum
Fez botas e sandálias pra mim qdo eu saia na Mocidade, bons tempos de Paulo Keller.
10 de fevereiro às 19:59 · Curtir · 3
José Manoel Picole Picole · 11 amigos em comum
Henrique, por isso cada vez que vejo suas postagens, me alegro, pois você se preocupa , não com a ponta dos holofotes, mas com aqueles que os fazem brilhar, parabens. Isso representa humanismo. Grande abraço.
10 de fevereiro às 23:19 · Descurtir · 2
Jorge Santtanna Faço calçados para meus trabalhos com seu Fabiano há exatos 26 anos!!!!!!! Incrível talento... excepcional artista!!!!! PARABÉNSSSSSSSSSSS
11 de fevereiro às 01:23 · Descurtir · 4
Mariza Basso Formas Animadas Querido Seu Fabiano fez os sapatos fantásticos do espetáculo "O Sapato que Sabia Andar" baseado na maravilhosa obra de nosso poeta Luiz Vitor Martinello!
Foto de Mariza Basso Formas Animadas.
11 de fevereiro às 19:00 · Descurtir · 3
Luiz Vitor Martinello E QUE (que na função adjetiva) sapatos, hein, Mariza! Lindos, expressivos!
11 de fevereiro às 19:42 · Descurtir · 3
Ricardo Fabiano · 6 amigos em comum
Linda homenagem, muito orgulho dele!! Obrigado, Henrique Perazzi de Aquino.
12 de fevereiro às 20:53 · Curtir
Paulo Henrique Gouveia Gouveia parabens
16 de fevereiro às 12:13 · Curtir
Nosso amigo ha 50 anos pessoa fantastica..otimo profissional
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