segunda-feira, 25 de maio de 2015
UMA MÚSICA (123)
GENTE É O QUE ME INTERESSA
Meu negócio é escrever de gente, de preferência esses que suas histórias não saem em lugar nenhum. Esses que, ao passar pelas ruas, na maioria das vezes, passa-se como se nada estivesse por ali, mas na verdade, estão e cheios de histórias, prontinhas para serem relatadas e passadas adiante. É disso que gosto, de ficar ouvindo história e passando elas adiante. Se pudesse passaria meus dias nisso. Nesse domingo tenho mais uma história para contar, de um CD que comprei na banca do Carioca, lá na Feira do Rolo e por meros R$ 5 reais trouxe para casa o “Linguagens”, obra do jornalista Nelson Gonçalves e com nome artístico de Nelson Itaberá. Já fui num show dele lá no SESC, já ouvi algumas de suas canções pelas ondas do rádio, já até ganhei um CD num programa que o Paçoca tinha na FM87 e que, por mero esquecimento acabei não indo buscar. O programa acabou e o CD perdeu-se pela aí. Achei esse lá na banca mais democrática dessa cidade, ainda com plástico, sem rompimento, virgem e casto de ouvidagens. Trouxe no meu embornal e só hoje o ouvi no aparelhinho do carro. O Nelson a gente lê diariamente na Entrelinhas do JC, tendo dias que concordamos e outros não. Tenho assistido o programa dele, onde grava entrevistas com gente dessa terra lá na TV Câmara e aí vejo belos registros. Tenho com seus escritos uma relação de amor e ódio, algo mais do que natural em quem se mete nesse negócio de escrevinhações. Queria achar por esses dias uma música que falasse desse meu assunto, GENTE e ao abrir a camisinha que envolvia o tal CD, logo na faixa 1, o título mais do que sugestivo:
GENTE
Gosto de gente que faz pirraça
Gosto de quem faz graça, de graça!
Gosto de gente que não planeja tudo
Gosto de quem não se acha o dono do mundo
Gosto de quem tem piada para contar
Gosto de gente que erra sem medo de errar
Gosto de gente que é gente, gente boa
De gente fina, inteira, de boa, na boa
Gosto de quem não põe o dedo em riste
Gosto de quem sorri por fora mesmo triste
Gosto de quem olha no olho
Gosto de quem não rasteja, não se faz de caolho
Gosto de quem sai na rua de pijama
Gosto de quem não julga, apenas ama, ama, ama.
Essa a letra, bem a minha cara. Comento. Muitos me veem aqui escrevendo e me acham intolerante, mas sou exatamente o contrário. Sei que não devemos e nem podemos nos achar isso e aquilo por causa de uns escritinhos cheios de erros, como os meus. Não me empolgo, mas insisto, só isso. Despretensiosamente, sem querer afrontar ninguém, sem colocar o dedo em riste, sem planejar quase nada, sem se achar dono de nada e sem eira nem beira, cutuco sim, mas o faço contra esses que hoje se apresentam como santos, mas o sendo somente do pau oco, merecem mesmo umas sonoras bordoadas. Não sou exemplo para nada, nem peço que me sigam, pois os caminhos que trilho alguns podem desgostar e, certamente quando souberem por onde ando, serei objeto de muitas admoestações. E nem por isso paro, ou ameaço mudar de estrada e de insistir em continuar dando murro em ponta de faca. De uma coisa tenham certeza, não rastejo, dificilmente me vergo e como tenho comigo que essa vida aqui é única, procuro ir fazendo coisas e mais coisas, criando um caso aqui e outro ali, jogando um bocadinho de areia e sabão no caminho desses que hoje acham que tudo deve ser seguido por um único caminho e quem sai dos trilhos é louco. Sim, sempre fui meio louco. Fui ler a letra do Gonçalves, ou mesmo Itaberá e vejo que muito do que escreve faz sentido para mim. Umas coisas mais outras menos. Ele diz que gosta dos que não julgam, mas é difícil escrever sem julgar, pois não consigo permanecer indiferente a tantas injustiças como agora, tanta pieguice, hipocrisia e caolhice. Daí afirmo que julgo, assim como me julgam. Eu sempre tive um lado e todos os que não ficam em cima do muro devem se acostumar a levar bordoadas, serem julgados, execrados e até gente fazendo novena contra sua saúde. Convivo com tudo isso e assim toco minha vida. Apesar de tudo isso e muito mais, afirmo uma só coisa: eu gosto de GENTE.
Em tempo: O Nelson sabe que a gente deve ser muito sincero nas coisas que faz e por causa disso não o julgo, mas escrevo o que achei do que acabo de ouvir (duas vezes seus CD pelo rádio andando pela cidade): Gostei mais, muito mais de suas músicas do que dos seus escritos. Essa GENTE mesmo é muito boa e outra, a “Contracultura” são minhas preferidas. Julguei? Sei lá. Saiu assim numa segunda, intervalo de leituras mil, trabalheira mental danada de dolorida. E daí a gente divaga um bocado...
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ResponderExcluirNelson Itaberá Gonçalves
Grande Henrique Perazzi de Aquino! Grato pelo comentário e, claro, por ter gostado de alguns dos escritos musicais... Uma atualização, me permita: não escrevo mais há uns dois anos já a coluna Entrelinhas, que lá no jornal é coordenada pela diretoria de redação. Mas escrevo, claro, matérias do caderno do DOMINGO. Alias, outro dia, fui presentado com um de seus amigos e antigo personagem do lado B, lá da Oficina, pertinho da Rodrigues. E vi que vc leu esse texto.... QUANTO AO CD, o convido p um café e passando na TV Câmara pega o terceiro cd LIÇÕES DE VIDA, que lancei recentemente.... vALEU!! GRANDE ABRAÇO!!
Descurtir · Responder · 1 · 25 de maio às 20:19
Henrique Perazzi de Aquino O Adelino é uma rara pessoa, desse tipo de GENTE que a gente fica num contentamento imenso toda vez que o vê. Evito até passar perto de sua oficina, pois toda vez são tantas histórias, tanta conversa jogada dentro, que esqueço de tudo, até de inadiáveis compromissos. é desse tipo de GENTE que gosto e vejo que segues no mesmo caminho.
Curtir · Responder · 1 · 25 de maio às 20:22
Nelson Itaberá Gonçalves https://youtu.be/WGNyfJ1jGIs
DVD NELSON ITABERÁ música GENTE
YOUTUBE.COM|POR UC0G5LV9MTV7Z9C3ANCDNNYW
DVD NELSON ITABERÁ música GENTE
Gosto de gente que faz pirraça Gosto de...
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Descurtir · Responder · Remover visualização · 1 · 25 de maio às 20:28
Henrique Perazzi de Aquino É que o Entrelinhas é algo bem político, pulsante, linda editorial do jornal, daí causa amor e ódio, dependendo da abordagem. No mais, os texto dominicais (demonicais?) de sua autoria são todos bons.
Curtir · Responder · 1 · 25 de maio às 20:33