domingo, 28 de junho de 2015

O QUE FAZER EM BAURU E NAS REDONDEZAS (64)


SAI GANHANDO: NÃO ASSISTI A SELEÇÃO, MAS VI O “CAREQA” REVERENCIAR TOM WAITS NO SESC

Nem pensei duas vezes. Ontem estava um friozinho bom de ficar dentro de casa, talvez até vendo TV (tinha jogo da Seleção, classificatório na Copa América). Preferi fazer tudo diferente. Insisti com Ana Bia e fomos ao SESC assistir ao show do CARLOS CAREQA, um multi artista que vim a conhecer dos tempos quando perambulava sem eira nem beira lá pelos lados de Curitiba, coisa de uns bons 15 ou 20 anos atrás. Foi quando peguei um amor além da conta por gente da laia de Dalton Trevisan, Leminski, Solda, Arrigo Barnabé e esse Careqa, esse mesmo já morando em Sampa, não saia de sua fria terra. Foi num tempo onde existiam ainda três cinemas cults na rua XV, a do Calçadão e muitos teatrinhos de pequeno porte espalhados no centro e lá pelos lados do Largo da Ordem. Era onde me deliciava procurando shows. O Dalton eu caçava e cheguei a vê-lo uma vez numa livraria onde marcava ponto, lá nos Altos da XV. Fiquei tão abasbacado de cruzar com o “Vampiro de Curitiba” que, quase me borrei todo e na tremedeira nem me acheguei perto. Dessa época trouxe de lá um CD, que ouço de vez em quando, o “Os homens são todos iguais”, do Careqa. “Eu gosto de Cu...ritiba”, é uma que rodo sempre na minha vitrolinha. O CD é de 1996, da extinta Velas, mas acho que o comprei anos depois.

Depois de lá, quando diminui as idas e vindas para Curitiba, onde ia vender minhas chancelas, assisti somente mais um show dele. Foi aqui em Bauru e também no SESC. Lembrei disso ontem quando saquei do CD, o “Tudo que respira quer comer” , onde cantava com muita gente boa e conhecida, assinado por ele em 13/05/2005 e o próprio ao vê-lo assinado me diz: “Esse já assinei, mas faça isso mesmo, toda vez que me assistir traga de volta que reforço e coloco a data nova”. Mas antes de escrever disso, faço algo do show. Quando saímos com o carro, eu e Ana, ela me disse: “Isso está me cheirando a roubada”. Dois amigos inventaram desculpas e não nos acompanharam. Ganhei os dois convites da organização do SESC, quando me comuniquei com eles no meio da semana e disse gostar muito do artista. Cheguei em cima da hora e a eficiente Sandra Botelho (quinta tem Jaques Morelenbaum, hem? Posso ganhar outros convites?) já me esperava com os dois na mão. Esperamos Careqa acabar de cantar a primeira música e adentramos o auditório. Lá estava o gajo num impecável smoking com chapéu coco, todo de preto e fazendo a voz do Waits, mais rouco impossível. Sabe o que aconteceu? Havíamos sentado na quinta fila e fomos quase imediatamente para a segunda, para ficar mais perto e gravar algumas das canções. Sento ao lado do Sinuhe Preto e do seu filho, esses mais dois que desistiram de assistir a Seleção pela TV.

Nem respiramos mais e nem ficamos a trocar aquelas beijocas durante o show. Careqa incorporou o Waits e nos deliciou com belas interpretações livres de suas músicas, nenhuma em inglês. O time ao seu lado era dos melhores, começando por Mário Manga, que sempre o acompanha (ele do inenarrável Premeditando o Breque), na guitarra e cello, mais Márcio Nigro, no baixo e guitarra e Cláudio Tchernec na bateria. Sabe aquilo de tocar com amigos e todos do mais fino trato? Sempre dá coisa mais que boa. E ele destilou (ou desfilou, sei lá) o fino repertório onde encaixou citações suas para as letras do norte-americano. Depois me explica no final do show: “As citações do Waits eram com algo bem dele, que poucos daqui conhecem, daí coloquei os nossos”. É sempre um deslumbre ouvir o “Guaraná Jesus”, que no original chama-se “Chocolate Jesus”. A minha preferida ele não cantou, a “Boa noite Matilda” (original Tom Traubert’s Blues). Contou histórias e pegou no pé do Manga o tempo todo. Perguntava o resultado do jogo e quando Sinuhe lhe disse termos perdido a classificação nos pênaltis para o Paraguai, lembrou que é a segunda que perdemos sem o Neymar. Uma sina logo esquecida com muita música. Lembro também de como consegui o CD “À espera de Tom” (outubro de 2007). Havia emprestado de um amigo que o tinha (quem será? Não consegui me lembrar?), piratiei tudo, a gravação e os encartes. Ficou lindo.

O show começou às 20 hs e terminou umas 21h30. Pouco antes, fazendo a propagando da venda dos seus CDs, falou do amigo lá do lado de fora, seu produtor, que havia participado da formação original do Grupo Tarancón e canta algumas do grupo ao piano. Tudo para divulgar terem os seus ali na saída. Ana não se contém e me canta aos ouvidos uma deles, a “Boquita de Cereza”. Saímos e vamos conhecer o amigo do músico, um desses morenos com cara de paraguaio, conversador, camiseta de mangas curtas no frio e propagador da obra carequista. Seguindo sua dica compramos mais um CD, o “Made in China” e aguardamos o Careqa para os autógrafos. Ele chega todo alegre e conversador. Ótimo papo e prosseguimos a conversa sobre o Tarancón quando Ana não se segura e diz saber inteira a “Boquita”. Canta e Careqa a acompanha ali no hall. Eu boquiaberto, sem saber o que fazer, nem me lembrei que podia ter gravado tudo. Perdi a oportunidade. Autografou tudo, rimos do pirata (ele me diz: "Eu também sou pirata, mas do Waits"), lembramos histórias curitibanas e por fim, me faz um mimo. Diante dos três que já tinha e mais um que havíamos comprado, me presenteia com mais um, o “Palavrão – Música Infantil para Adultos”. Voltamos para casa ouvindo esse Tom Waits brasileiro, mais original impossível e no caminho Ana me disse: “Desculpe por ter achado que iriamos numa roubada. Foi ótimo. Gostei dele, muito simpático, dos músicos, ótimos e até cantei. Melhor impossível”. Achei o mesmo, já da Seleção Brasileira do Dunga, do Farah e do Marin, isso são outros quinhentos.

Voltamos em pleno estado de graça para casa. “Carecando” da melhor maneira possível...

DOMINGO - MINHAS FIGURINHAS ESPECIAS, MEU LADO B, NA FEIRA E NA VIDA
Vejam vocês se existe como eu não continuar frequentando a feira dominical, ali na Gustavo, mais precisamente lá na Julio Prestes, imediações da Feira do Rolo? É ali que me renovo, recarrego e revejo as pessoas com as quais vou construindo minhas histórias. Passei hoje pela Banca do Carioca e lá, ele já conhecendo meus gostos e preferências, guardou para mim um livro que lhe chegou às mãos e com a temática da mulher da ferrovia, escrito pela minha ex-professora, a Lidia Maria Vianna Possas, o "Mulheres, Trens e Trilhos", que já tenho e esse exemplar será presente para dileto amigo araraquarense, o escritor Ignácio de Loyola Brandão (ele já me prefaciou um livro que ainda vou escrever um dia). Compra feita quem passa pela banca é o vereador Roque Ferreira e daí se iniciam conservações múltiplas e variadas. Na sequência quem passa e puxa assunto é o ex-vereador Marcelo Borges junto de sua filha (veja isso Silvia Oliva). De lá eu e Roque resolvemos tomar um chopinho da Germânia ali na esquina, com o sanfoneiro que está montando um point popular.
Na sequência das fotos, quem primeiro para ali é o Clarindo Fogaça, famoso criador de sacis. Depois o Luiz Maffei, ex-garçom do Jeribá e hoje no Alex, meu quase vizinho e que me diz já ter lido o que havia escrito hoje pelas redes sociais. Outra que para só para conversar é a Vanessa Santos, professora da rede pública e minha amiga de shows no SESC. Me enche de orgulho, pois diz que estava procurando a tal choperia da feira que tanto falo. Achou e eu nela. O cabeleleiro Zaza Cabeleleiros passa com a esposa e além dos cumprimentos tiro logo uma foto deles. Manoel Carlos Rubira e Rubens Colacino param, sentam e ficam a prosear conosco em conversas de tudo quanto é espécie. O serralheiro Edilson Barduchi passa com a esposa e ainda procurando sua caixa de ferramentas roubada dentro do carro e diante de sua casa. Nosso amigo sanfoneiro, dono do estabelecimento e que não consigo me lembrar do nome correndo de um lado a outro, casa cheia. Carioca passa com um vinho comprado logo ali numa banca e levando para oferecer aos seus clientes lá na mais famosa banca de livros da cidade. Como não notar um senhor japones comprando nabos na banca logo ao lado, cena linda de ser registrada. A amiga Vanessa está acompanhada hoje de uma ilustre pessoa, a estudante cubana JANYS, fazendo doutorado em São José do Rio Preto e de passagem por Bauru e já tomando chopp na feira.
Um deslumbre e daí, claro, altos papos cubanos entre todos os presentes. Benedito Requena, intrépido jornalista vai chegando e ficando, primeiro ouvindo as prosas todas e depois delas participando. Não quiz beber choop, mas entrou no café servido pela casa. Outra que não tomou chopp foi a nossa museóloga, vindo diretamente do Rio de Janeiro para Bauru, a Luiza, que nos disse que em dois anos de Bauru está solteirissima. Tomou um suco verde, hortelã com alguma coisa. Ainda proseamos mais todos numa grande roda e cedemos lugar para as damas sentarem e fomos comer nosso pastel na banca ali quase do lado. Na hora em que eu e Roque já estávamos levantando ancora eis que surge adentrando a feira o querido Mirtão Dota. Paramos para conversações na beirada de calçada, quase todas sobre os destinos desse pessoal desgarrado da esquerda e de para onde podemos ir nesse momento. Daí não aguentamos mais, a barriga roncava, compramos um galeto assado ali na esquina da Antonio Alves com a Julio Prestes e por meros R$ 18 reais fizemos nosso almoço (levo Roque em seu lar). E assim a manhã foi sendo devidamente engolida e degustada. Esse meu matinal domingo. Não penso em outro. Esse é o meu lugar. E tô errado????

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