A TRANSEXUAL CRISTIANE FOGE DOS GUETOS*
*Saiu nessa segunda, 13/07 a nova edição da AZ, a de Julho 2015 e nela mais um texto de minha lavra, o quinto deles, abaixo reproduzido:
Essa cidade pode ser abordada de diversas maneiras, modos e jeitos. Cada personagem nela vivendo, representa um segmento e na junção de um com o outro, a formatação do que venha a ser essa nossa aldeia. Não quero escrever da cidade num todo, de efemérides, episódios, grupos políticos e sim, de uma personagem bem típica, digna representante do momento atual. Ela foi escolhida a dedo, pois segundo consta, representa um segmento marginalizado, oprimido, perseguido e também injustiçado. Seria isso mesmo? Ao me deparar em como ela encara a si mesmo e o seu papel num todo, eis uma nova possibilidade. Uma abordagem apresentada numa outra vertente. Ótimo, era o que necessitava para discutir Bauru (e por que não o país?).
Cristiane Ludgero, 32 anos é transexual. Conquistou seu nome feminino, de papel passado e tudo, mas não se vangloria da situação, como se isso fosse a salvação da lavoura. Moradora da vila Nova Esperança, essa cabelereira, já tendo atuado em diversos salões da cidade, hoje só atende em sua casa ou a domicílio. Seu diferencial, o de não gostar nem um pouco de viver acuada por causa de sua condição. Foi Rainha da Diversidade no Carnaval bauruense desse ano, a única eleita duas vezes e segundo ela, a primeira transexual que teve seu nome feminino registrado em Cartório em Bauru. Um luxo só. Samba no pé não lhe falta, muito menos profissionalismo na profissão escolhida, mas nos últimos tempos e diante de acontecimentos dentro do meio LGBT, marca um posicionamento pouco usual, portanto, de vital importância ser divulgado e discutido.
“Sou contra a maioria dessas ONGs que dizem atuar em nossa defesa. Quanto mais classificam, mais desunem. A lei, a Constituição vale para todos no país e não se faz necessário criar nada especial em nossa defesa. A maioria deles se beneficia da situação e pouco nos ajudam. Somos todos seres humanos, com os mesmos direitos e deveres. E também discordo da propagação de rótulos, principalmente entre nós mesmos, com a repetição de termos como maricona, boy, trava ou mona. Somos todos de uma mesma classe. O que determina o ser humano é a sua capacidade, o seu potencial e não as suas opções. Os negros e os homossexuais precisam parar de sofrer com a síndrome do ‘alvo’. Achando que somos alvo em tudo, estigmatizamos demais nossa situação”, diz.
Polêmica? Sim. Mas não é isso o que quer. Quer mesmo é levar sua vida igual a qualquer outra pessoa e tenta fazê-lo, mesmo quando diante das tais adversidades. “Quanto mais me exponho, mais quero impor minha situação. Vejo muitos iguais a mim querendo se auto afirmar em cima de um direito natural. A exposição gratuita do corpo é uma forma de agressão a quem é contra e a intimidade deve ser feita a dois e em lugar apropriado”, conclui. Conservadora? Não, longe disso. Não quer é se vitimizar, faz o que tem que ser feito, sem também querer aparecer mais do que necessário. Antes da despedida pergunto: “Já sofreu algum tipo de preconceito?”. Sua resposta é a melhor forma para encerrar esse texto e demonstrar o quanto é necessário um melhor entendimento das diferenças, cada um tocando sua vida sem se preocupar com a do outro: ”Não sei, não presto atenção nas pessoas, apenas vivo”. Viver e deixar viver, eis a questão.
ALGO SOBRE A ENTREVISTA DO MÊS E MATÉRIA DE CAPA DA REVISTA – A AZ abriu possibilidade, numa nova entrevista ocorrida essa semana com o coronel Meira que, novas perguntas lhe fossem feitas. Indaguei isso aqui: “Não o vejo como nenhum salvador da pátria, até porque erra como todos os outros que se dizem querer enveredar pelo mundo da política. Inesquecível para todos nós, a pisada na bola quase na sua despedida como funcionário público. Enquanto lá dentro do sistema um posicionamento, agora aqui fora mais liberal e se dizendo atento aos clamores populares. Não entendo isso”. A íntegra da entrevista a revista vai publicar nos próximos dias e nela a sua resposta para essa indagação.
OUTRA COISA - ESSA É PARA QUEM GOSTA DE FUTEBOL DE VERDADE:
No Rio, na Livraria Travessa de Botafogo me deparo logo no balcão de entrada com uma revista que havia ouvido falar, já circulado pelo site, mas não a sentido com as mãos e olhos (peno em ler pela internet), a CORNER. "Uma nova proposta para ler, sentir, pensar o futebol. (...) Nós contamos as histórias que são deixadas de lado. Para Corner o roupeiro do 'Atlético Qualquer Coisa' revela tantas surpresas quanto o guarda-roupas de um multicampeão. (...) Liberdade de estilo, independência literária e profundidade de conteúdo são imprescindíveis. Escrevemos para quem tem vontade de refletir sobre a sociedade através do futebol. (...) A Corner é o futebol acima do jogo. É o futebol que se lê nas entrelinhas".
Viajei na maionese. Gostei demais da conta e trouxe comigo a número 1 (a revista é trimestral). Para quem quiser tomar conhecimento dessa bela proposta, cliquem a seguir no site e vejam os textos iniciais, todos belas reflexões sobre algo do campo de jogo e muito também do extra-campo, histórias simples, emaranhados de junções e possibilidades do encanto e da magia futebolística.
Não dou, mas empresto para os que não gostam muito de ler pelas telas do computador. Porém, exijo devolução. Faz parte do acervo permanente do Mafuá do HPA.
Cliquem a seguir e desfrutem: www.leiacorner.com.br
OUTRA COISA - ESSA É PARA QUEM GOSTA DE FUTEBOL DE VERDADE:
No Rio, na Livraria Travessa de Botafogo me deparo logo no balcão de entrada com uma revista que havia ouvido falar, já circulado pelo site, mas não a sentido com as mãos e olhos (peno em ler pela internet), a CORNER. "Uma nova proposta para ler, sentir, pensar o futebol. (...) Nós contamos as histórias que são deixadas de lado. Para Corner o roupeiro do 'Atlético Qualquer Coisa' revela tantas surpresas quanto o guarda-roupas de um multicampeão. (...) Liberdade de estilo, independência literária e profundidade de conteúdo são imprescindíveis. Escrevemos para quem tem vontade de refletir sobre a sociedade através do futebol. (...) A Corner é o futebol acima do jogo. É o futebol que se lê nas entrelinhas".
Viajei na maionese. Gostei demais da conta e trouxe comigo a número 1 (a revista é trimestral). Para quem quiser tomar conhecimento dessa bela proposta, cliquem a seguir no site e vejam os textos iniciais, todos belas reflexões sobre algo do campo de jogo e muito também do extra-campo, histórias simples, emaranhados de junções e possibilidades do encanto e da magia futebolística.
Não dou, mas empresto para os que não gostam muito de ler pelas telas do computador. Porém, exijo devolução. Faz parte do acervo permanente do Mafuá do HPA.
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Henrique Perazzi de Aquino Confesso algo, gostei de quase tudo, mas algo não pode passar batido: não achei uma boa ideia o bigode na ilustração. Sei que não teve nada de intencional da parte da ilustradora, mas está aí e marca.
Curtir · Responder · 2 · Ontem às 13:07
Claudiae Paulinho Pereira Conheci a Cristiane e acho corretíssimo o posicionamento dela!" fazer o q tem q ser feito e ponto!"
Curtir · Responder · 1 · Ontem às 13:54
Leila Antonelli · 29 amigos em comum
Respeito sua opinião, mas em nenhum momento a imagem foi escolhida pelo cunho pejorativo. A revista passou por revisão de todos aqui antes de ir para a gráfica, e nossa equipe não viu maldade nenhuma. Aliás, explicando o conceito da ilustração: não foi retratada a transexual Cristiane em específico, mas um símbolo transexual como um todo. Foram estudadas várias formas de retratar em uma ilustração o tema antes de chegarmos a um resultado final. É considerado um "tabu" na sociedade, mas queremos desmitificar e tirar da margem do preconceito. Mas o curioso e o inesperado é que houve exatamente o contrário, o preconceito dentro do próprio tema abordado.
Mas tudo bem, Henrique, esses tipos de polêmica são possíveis consequências em nosso meio de comunicação. Nem sempre agradamos a todos.
Sou a designer da Az!, peço desculpas e me responsabilizo pela ilustração. Mas confesso que foi uma coluna que me orgulhei de fazer e gostei do resultado, e tenho amigos gays que também gostaram.
Atenciosamente,
Leila Antonelli
Curtir · Responder · 6 · Ontem às 17:52
Henrique Perazzi de Aquino Leila foi só uma opinião pessoal baseada no fato de que todas elas são tão femininas. Sua explicação me contempla.
Curtir · 1 · Ontem às 19:58
Leila Antonelli · 29 amigos em comum
Como já dizia Fred Mercury, de saia e bigode (por que não?), "I want to break free..." Emoticon smile
Foto de Leila Antonelli.
Curtir · 19 h
Henrique Perazzi de Aquino Fred era um esperto, com seu bigodão, sempre saia só com as sem bigodes e muito femininas, vide as vezes qem que se hospedou nos melhores hotéis brasileirosa e sempre na companhia delas.