sexta-feira, 14 de agosto de 2015

RELATOS PORTENHOS (20)


DIREITOS HUMANOS, EITA BICHINHO COMPLICADO DE ENTRAR NA CACHOLA DE ALGUNS - NA DOS ARGENTINOS NÃO.
Bastou a citação dessas duas palavrinhas, que quando ajuntadas nessa sequência causam rebuliço danado na mente de alguns que a enxergam com toda a distorção desse mundo. Digo isso aqui do Brasil e dessa Bauru, onde vez ou outra vejo gente fazendo questão de interpretações distorcidas, tudo para continuar confundindo incautos. DIREITOS HUMANOS, eis a dita cuja. Tem quem faça questão de repetir que ela é coisa de mão única, que não olha para, por exemplo, parentes de policiais militares atingidos pela ação de confronto nas ruas. Pura balela de quem desconhece, mente ou chuta de bico. Numa outra vertente vejo outros dizendo “Direitos humanos para humanos direitos”. Sim e não, não adianta ficar tentando impingir a uma das mais belas ações desses nossos tempos, restringindo sua ação somente para favorecer certos segmentos. Fazendo jus, a amplitude é mais ampla do que imagina nossa vã filosofia.

Escrevo disso hoje por um simples motivo. Quero reviver aqui e agora uma visita que fiz semana passada lá em Buenos Aires para uma das coisas mais adequadamente resolvidas nessa questão que vejo ocorrer na face desse planeta: Como os argentinos resolveram historicamente essa pendenga do massacre feito pelos militares aos opositores durante seu nefasto período militar. Não tiveram medo nenhum de culpabilizar quem de direito e isso está exposto em repetidos lugares, numa espécie de expiação pública necessária para que aquilo nunca mais possa voltar a acontecer. Nas ruas da cidade, em cada lugar onde foi sequestrado, o local do desparecimento de algum opositor, na calçada existe uma placa citando o caso, nome das pessoas e datas. Existe até um roteiro de visitação disso na cidade. Eu mesmo fotografo elas todas as vezes que por lá volto, pois as encontro pela cidade toda. A repressão militar deles foi mais agressiva que a nossa, que mais branda, só não chegou ao mesmo nível, pelo menos para mim por um único e exclusivo motivo, eles, os militares, não tiveram necessidade de fazê-lo e se tivessem teriam agido da mesmíssima forma. Na Argentina o jogo foi muito violento e eles recontam isso de várias formas.

Fui conhecer um desses lugares junto de Ana Bia. Trata-se de um grande conglomerado, envolvendo a conhecida ESMA - Escola de Oficiais da Marinha, hoje transformado no Espacio Memoria y Derechos HUmanos, na avenida Libertador 8151, junto de muitos outros espaços, como Sítio de Memória ESMA, o Centro Cultural de la Memoria Haroldo Conti, o Abuelas de Plaza de Mayo e o lindo e recém inuagurado Museo Malvinas. Um lugar onde a emoção ocorre do começo ao fim. Impossível tentar manter-se indiferente ao o que ali ocorreu, a forma como se sucedeu e os resquícios que os argentinos fazem questão de contar e recontar, numa riqueza de detalhes dessas de doer até a alma.

O antigo Cassino dos Oficiais foi o centro de tortura da antiga ESMA. Todo o conglomerado festivo foi transformado em centro de tortura, onde presos permaneciam encapuzados e em cubículos, m uitos por alguns anos e na mesma condição, degradante e desumana. Circular, com o acompanhamento de uma rica monitoria, toda cheia de muitos vídeos, com depoimentos e depois, ali ao seu lado as marcas ainda nos locais é como se voce ouvisse a voz e o lamento de uma geração que foi ali violentamente torturada. O argentino quando voce chega num lugar como esse, indo por livre e espontânea vontade, a partir do momento em que chega e está desejando conhecer algo de sua história mais trágica, eles te mostram tudo de forma muita minuciosa e nada da visita ser feita rápida. Eles querem que veja tudo, que sinta o clima e saia de lá horrorisando aquilo tudo, para que passe a ser um porta voz de uma mensagem de que algo como aquilo nunca mais deva acontecer em nenhum lugar desse planeta.
 

Outro lugar comovente é o Museo Malvinas, um lindo espaço, todo reformulado e contando esse episódio não tão distante da história argentina. Para eles é imprencindível que as Malvinas sejam argentinas e daí de forma bem didática tudo é apresentado, principalmente aos estudantes que chegam aos borbotões, numa espécie de excursões, lotando seus espaço, desde os dedicados para as crianças de menor idade, até os jovens. Lá uma sala em 180°, com uma imensa tela circundando a pessoa e no telão imagens da história da ilha, da guerra, do povo nas ruas na Argentina e o hoje. Meio que impossível sair antes de tudo se findar, pois o esmero com que tudo foi ali preparado é para babar. Está lá escrito numa placa ser o museu uma "marco pela paz, a memória e a soberania". Depois nos outros espaço os fragmentos da guerra, ainda bem viva na mente do povo argentino.

Essa foi uma tarde quando passamos totalmente enfronhados com algo bem "caliente" da historiografia do povo hermano. A crueldade da tortura também mancha nossa história, a do nefasto período militar.; São desses lugares que, por tudo o que está ali contido e compreendido, merece um retorno, com maior tempo, para visitar cada detalhe daquilo tudo. A monitoria completa demora mais de tr~es horas, mas percorre todo o espaço. A nossa fizemos no espço da ESMA e no restante fomos no embalo, nos juntamos a grupos de argetinos e junto deles, ouvindo de soslaeio um bocadinho dos comentários deles próprios para algo deles, aprendemos mais. Quando penso em como tratam aqui no BRasil a questão dos Direitos HUmanos, muitos com certo desprezo, vejo que precisam mais e mais conhecer lugares como esse, para não repetirem besteira quando citam inverdades sobre as tais duas palavras.

2 comentários:

  1. Excelente artículo Henrique! Felicitaciones! Me encantaria que hubiera algo parecido en Brasil, para que nunca más se olviden del sufrimiento, tortura y asesinatos que ocurrió aquí. Es una clase de historia al vivo.
    Gioconda Aguirre

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  2. Nossos hermanos são mais decididos e menos massa de manobra que o brasileiro.
    Aparecido Ribeiro

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