sexta-feira, 18 de setembro de 2015
RETRATOS DE BAURU (176)
EDILSON ESTRAVAZA INTENSA ALEGRIA PELA SUA REINTEGRAÇÃO As histórias emocionantes pintam assim meio que sem querer e me tocam profundamente. Essa aqui narrada hoje me arrepiou por inteiro. Minha emoção ocorre pela coincidência de poder estar relatando nesse exato momento algo de uma injustiça cometida quase uma década atrás e hoje reparada. Um afastamento de funções e a reintegração da mesma após um longo processo administrativo, com a seguinte conclusão: Inocente. Vi esse velho conhecido trabalhando na Parada LGBT, empurrando um carrinho de bebidas pela avenida e parei para algumas fotos, ele ali trabalhando e se divertindo. Dias depois quando fui complementar o texto, tomo conhecimento de um algo mais de sua história. Foi o que me tocou profundamente. Dar a volta por cima é algo maravilhoso de ser descrito e enaltecido. Faço isso com ele e por ele.
EDILSON WILLIAM GONÇALVES DARIO, 47 anos, solteiro, homossexual assumidíssimo é funcionário público municipal desde 1984, ocupando o cargo de Vigia e vive hoje uma situação pra lá de inusitada. O conheci quase uma década atrás quando exerceu essa função na Cultura Municipal. Depois fico sabendo que havia atuando também na Saúde, Educação, Botânico e Zoológico. Como ele mesmo diz sempre sorrindo: “Cão mandado não tem escolha, trabalha onde lhe colocam”. Edilson foi confundindo com alguém que lesava a Prefeitura e foi afastado de suas funções. Recorreu desde o primeiro instante e só agora, conseguiu ser reintegrado às suas antigas funções. Calmo, comedido em sua fala, talvez por ser do candomblé, mais precisamente Yaô de Airá com Oxum, seguindo regiamente um conselho ouvido por lá: “a gente tem que se vigiar”. Foi em busca dos seus direitos e da reconquista do trabalho. Penou por sete longos anos em atividades distintas e na última, montou uma banca de flores e plantas defronte o Panelão do Redentor, a poucos metros de onde mora. Tocava a vida como podia, sem nunca esmorecer. Sempre presente nas Paradas da Diversidade, vai para extravasar e por pra fora as amarguras. Rindo toca sua vida. Com quase 1m90 de altura, tipo físico avantajado, Edilson não tem vergonha de dizer que faz artesanato, gosta de tricotar. Isso mesmo, ele faz tricô e muito bem feito. Vestindo branco, sua cor preferida, voltou ao trabalho no último dia 15 e amanhã, sábado, dia 20, completa mais um ano de vida. Seu presente foi o retorno. Sabe como ele responde aos que o entenderam nesses anos todos? Com uma frase que ele diz ser da Xuxa: “Carinho a gente não fala obrigado, a gente retribui”. Sua história é a da superação.
Os que não desistem nunca estarão sempre por aqui.
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