domingo, 14 de fevereiro de 2016
MÚSICA (133)
O SERTABREGA ADENTRA ATÉ O CARNAVAL, TAMBORIM DE OURO E CAMINHÃO PALCO
“Olha as Meninas de Chico cantando na Pedra do Leme. Quem diz que música de qualidade não atrai multidão?? Só os imbecis que gerenciam as gravadoras!!!”, meu amigo e músico GILSON DIAS, hoje radicado no Rio de Janeiro publica ontem essa frase e algumas fotos de um local cheio de gente pulsante e cantante, num claro exemplo de que o povo brasileiro gosta e muito de música de boa qualidade. Gostar de tudo um pouco, ser bastante eclético deve fazer parte da vida de todos nós, mas sou partidário e disso não abro mão: existem momentos para cada tipo de música. Explico.
Ontem fui na festa de entrega do troféu Tamborim de Ouro, evento mantido exclusivamente por causa de Tobias Ferreira Gomes Filho e Lea Maria Ferreira Gomes. O fato que quero me ater é sobre as escolhas musicais para esse tipo de evento. Supimpa o local, ao ar livre, área externa ao lado do salão principal da ADPM, Associação Desportiva da Polícia Militar. Um caminhão palco de primeira linha, impecável e sendo estreado ali, demonstrando algumas das possibilidades que poderão advir de sua utilização daqui por diante. Todos ficaram encantados com sua praticidade e operacionalidade. Um som bem audível, sem microfonia, luzes divinais, palco em excelente tamanho, mas algo sendo notado como não muito recomendável para eventos como o da noite de ontem.
Só um tipo de música rolou o tempo todo em playback antes e depois do evento, uma envolvendo axé, sertanejo, pagodinho, mas nada de samba e muito menos de carnaval. E estávamos todos ali para festejar mais um grandioso evento tendo como tema o CARNAVAL. Não entendo dos motivos dessa insistência. Vou até o Tuba e ouço dele: “Estamos velhos, meu caro, o povão gosta disso agora”. Sim, velho estou, mas não concordo. Se tivessem tocado só Carnaval, daria para sentir que o remelexo de todos se daria até com maior intensidade do que o vislumbrado. Ontem, o negócio era Carnaval e daí, um tanto sem sentido música fora desse tema. Querendo ouvir e ver outros ritmos, existem outras tantas datas espalhadas pelo ano todo. Vejo que dessa forma diminuem o Carnaval. Vá fazer isso num evento no Rio de Janeiro, por exemplo. Não podemos nos deixar levar pelo "vai da valsa" das facilidades.
Tenho uma experiência ocorrida comigo ainda nos tempos em que atuava nas hostes da Cultura Municipal. Também levávamos música para os bairros e no antes e depois dos eventos, deixando tudo por encargo do sonoplasta, funcionário de plantão, ele colocava o que achava conveniente, seu gosto e preferência. Sem controle, tudo vira bagunça. Tínhamos que impor o que seria tocado ali, pois do contrário prevaleceria o gosto de um sobre a intenção maior do evento. E rolava uma música diferente do que estavam acostumados a ouvir. E tudo fluía muito bem. Ontem ouvi do músico Ralinho, ali presente sobre quando eles vão tocar em cidades pequenas, levando o show do Derico e o público fica apreensivo quando eles começam a executar JAZZ. Da apreensão, surgem esboços claros de gente maravilhada. O comentário de um desses, dito a mim por ele foi mais ou menos assim: “Se jazz é isso, estamos gostando muito. Não conhecia, mas já passei a gostar”.
Música em lugar público tem que seguir um padrão diferente do proposto por essa massificação horrorosa a nos atormentar dia e noite. Quando reproduzem a mesma coisa, algo de muito ruim está a ocorrer. Lá no Sambódromo a mesma coisa, nesse e em todos os demais anos. Contrata-se uma empresa para gerir o som, mas deixam ao bel prazer a escolha do que irão colocar como pano de fundo. E daí vê-se até tocando sertanejo em pleno Carnaval no Sambódromo. Eu não me canso de reclamar disso e entendo que, se algo pode ser feito para mudar o atual quadro, quando deixamos de fazer, estamos seguindo meio sem rumo. No mais, a festa de ontem foi muito boa, teve até a bateria da Escola de Samba Mocidade Unida, enfim, o Carnaval pulsava, mas nos intervalos algo totalmente ao contrário. Fica o registro para avaliações múltiplas e variadas. Em caso de alguma dúvida, Gilson Dias e Ralinho podem dar belos depoimentos sobre como agir em circunstâncias específicas.
HPA - Bauru SP, domingo, 14/fevereiro/2016.
MAIS DELE - LUIZ MANIA NO CARNAVAL E NA FEIRA DOMINICAL
Escrevo um texto e cito ele, Luiz Manaia, o popular Ralinho, um dos nossos mais entusiastas bateristas, músico de primeira linha e cidadão de cepa irreparável. Meu quase vizinho aqui nas bandas baixentas da cidade, ele do lado de cima da linha (casa de sua mãe) e eu na de baixo (casa de meu pai). Um cidadão acima de qualquer suspeita, pois trata-se como sabemos, de CULPADO por ter refinado gosto musical e pessoal. O que tinha para dizer dele já está dito no texto de hoje cedo e naquelas poucas linhas uma amostra de todo o seu valor. Nas fotos, ele e mais uma legião de abnegados adoradores de LPs, buscamos preciosidades onde elas existirem, como na Banca do Carioca, coração da feira do Rolo. Uma delícia escrever de gente como Ralinho, dá gosto e contentamento.
Que acham que devo achar de um sujeito que sai com uma camiseta com a inscrição: GAFIEIRA & CIA pelas ruas da cidade, assim sem mais nem menos?
COMENTÁRIOS VIA FACEBOOK:
ResponderExcluirHelena Aquino Ahhhhh mas mtos são bregas ...eu sou .... e amo sertanejo
Henrique Perazzi de Aquino Nada contra, mas no meio do Carnaval é demais da conta. Cada um no seu quadrado...
Helena Aquino Pra mim não existe quadrado ....rsss.....
Henrique Perazzi de Aquino Pra mim sim, no Carnaval não pega bem sertanejo, assim como num show lá do Cris e do Monte não encaixa um carnaval...
Tatiana Calmon Karnaval Não gosto de sertanejo...... E no carnaval acho uooooo
Tobias Ferreira Gomes Filho Tb prefiro samba no carnaval....marchinhas tb...mas os grupos de pagode são especializados em "Pagode" e tentamos contratar uma banda de carnaval mas fica inviavel peço preço que ele cobram...e por incrível que pareca depois que vc foi embora o grupo que estava se apresentando fez uma seleção de sambas e completou a festa "Vou festejar"...sambas enredos e tudo mais. Tb não acho que no carnaval não é lugar de sertanejo, mas fazer o que?. Como disse e vc conferiu o povo gosta...acho que realmente estamos "ficando velhos"..rs. Um abraço.
Henrique Perazzi de Aquino Tuba, eu já sou velho ranzinza e quase gagá. Compreenda...
C
Henrique Perazzi de Aquino Vi zanzando por ali o Sassi da Banda Da Folia e já imagino o que fariam com uma naipe de sopros e com a Denise Amaral no vocal. Seria muito mais divertido e poderiam se apresentar com um grupo reduzido de pessoas. Tenha certeza, todos dançaríamos muito mais.
Tobias Ferreira Gomes Filho Foram eles que eu tentei levar...mas não deu certo!
Henrique Perazzi de Aquino Se vê como estamos na mesma sintonia...