quinta-feira, 16 de junho de 2016

COMENTÁRIO QUALQUER (152)


O CAFÉ DA POLÍTICA, 70 ANOS DE ALDIR BLANC E RESPONDENDO AO AMIGO MARCÃO


1.) A HISTÓRIA DO CAFEZINHO PELA JANELA SERVE PARA A CAMPANHA ATUAL

Estive ontem à tarde com o amigo e advogado Gilberto Truijo. Ele me relembrou velha história de eleições passadas em Bauru, algo mais do que folclórico, mas a evidenciar muito bem como surgem os candidatos e de suas andanças por lugares nunca dantes imaginados. Pois bem, reza a lenda (mas é a mais pura verdade), que um desses na disputa para prefeito, empoada pessoa, foi obrigado a sair do seu reduto e ir num comboio para visita na residência de um presidente de associação de moradores, lugar simples e sem nenhuma pompa na periferia. Chegando lá, sala cheia, lhe passam um café, coado na hora, numa xícara simples. O danado fica com o negócio na mão esfriando e sem nenhuma vontade de beber o líquido. Segundo reza seus preceitos de classe, só ingere algo proveniente de fonte conhecida e ali, no desconhecido, reduto que não é o seu, não quer arriscar. No descuido de todos os presentes e diante de uma janela aberta, joga sem pestanejar o conteúdo para fora. Por azar, tudo cai na cabeça do filho do dono da residência, o tal presidente da Associação. Momentos depois, o garoto adentra a sala e reclama ao pai na presença de todos, que jogaram café pela janela e na sua cabeça. A sequência deve ter sido algo para entrar nos anais (ui!) do contorcionismo de como é o fazer política e de como tocar eleições em situações múltiplas e variadas. Só quem lá esteve, como o dr Truijo, para contar em detalhes o final dessa história.

Reservo-me a pensar em tantos outros roteiros. Um deles me é sugerido pela coluna Entrelinha, do Jornal da Cidade, quando na edição do último domingo, logo no topo das notas, diz de um encontro com uma sopa de letrinhas, ou seja, uma reunião de inúmeros e variados partidos em torno de um só candidato, tentando aclamá-lo como o candidato ungido pelos céus, o queridinho dos "donos do poder" local. Tem na tal sopa, para todos os gostos e sabores. Na cabeça de chapa, um doutor, médico de olhos, desses que enxergam tudo, mas quando abre a boca solta algo desse tipo: “Médico não trabalha por mixaria, quem faz isso é médico cubano”. Depois, numa palestra do então ministro da Saúde em Bauru, levanta e dedo e faz para ele uma pergunta “Os médicos cubanos possuem o mesmo preparo que os brasileiros?”. Foi ótimo ouvir na sequência pela boca do Sectário, ops, Secretário de Saúde de Bauru que, nunca teve problemas com os médicos cubanos no trabalho e todos os que possui são advindos dos médicos com registro em carteira, ou seja, os locais. A campanha em Bauru começa a ganhar corpo, pegar fogo e de agora pra frente, historinhas é o que mais teremos. Não vai faltar para aumentar casos e causos para o anedotário. Quem souber a primeira que conte agora...

2.) OS 70 ANOS DO MESTRE DOS MESTRES: ALDIR BLANC

Poeta vivo para mim tem um acima de todos os demais, ALDIR BLANC. Um a retratar as coisas suburbanas como nenhum outro. Tenho encantamento em permanecer horas ouvindo canções com as divinais letras desse magistral personagem da vida musical brasileira. Hoje mesmo tenho uma historinha para contar dele. Passo cedo na banca da Ilda, a lá no verdadeiro aeroporto de Bauru e nada de novo para ser adquiro. Conversa vai, conversa vem e vejo na capa do Estadão, uma chamada com direito a foto sobre os 70 anos do Aldir. Compro o vetusto jornalão só por esse motivo, recorto a matéria e descarto o restante, totalmente desprezível. Só uma pessoa como Aldir ainda me faz fazer algo dessa natureza. E faço com imenso prazer. Tive outro prazer na vida e foi quando dos 50 anos dele, estava no Rio e uma baita festa no Canecão para homenageá-lo. Consegui um ingresso e me deliciei, trazendo de lá o primeiro CD só com ele. Dele tenho até hoje todos os lançados junto com o João Bosco (o original, o barbudo). Depois, tudo o que ia saindo dele, comprei e até um livro com todas as letras de suas canções. Por que disso tudo? Pelo simples motivo de não existir outro a retratar o mundo onde gosto de estar, escrever, ler e pensar, o suburbano, o periférico, o do dia-a-dia mais caloroso desse país. Pois bem, Aldir chega aos 70 e dele saco algo do youtube para que viajem, como faço e depois me contem se tenho ou não razão em louvar o gajo. Sou feliz por ainda ter alguém como Aldir para colocar a mão no fogo. Quere saber algo mais dele? Simples, o ouçam. Achei o CD inteiro dos seus 50 anos, mais de uma hora de Aldir e amigos:https://www.youtube.com/watch?v=XEBoP9rsKG8

3.) MARCÃO É MEU AMIGO – RÉPLICA


A CEGUEIRA DO PROFESSOR PERAZZI - Carta de Marcos Paulo Resende publicada hoje na Tribuna do Leitor do Jornal da Cidade - Bauru SP:
Ao ler nesta tribuna uma nova missiva do professor Henrique Perazzi classificando de visão turva os que criticavam o governo afastado e agora estão diante de algo terrível que é o governo interino do Temer, tenho a dizer: uma visão turva ainda pode enxergar algo, pior o cego que nada vê. Essa tentativa patética de vitimização e jogar a culpa sempre nos outros mostra a falência do debate político no Brasil, que virou uma extensão da guerra insana das redes sociais. Sou contra o impedimento da Dilma, mas pelos motivos diferentes do professor, pois acredito que o povo deve, através das eleições, decidir o futuro do país e que impeachment não é solução para governo ruim. A Dilma não é uma criminosa e caiu pelo seu único acerto que foi deixar as investigações correrem, coisa que o próprio PT, na figura do Lula, que sempre quer bancar o tutor, tentou melar pedindo a saída do ex-ministro Zé Eduardo Cardoso, que é um homem decente e que ainda se dispõe a servir o país.

Não vi nenhuma missiva do professor criticando o “ajuste fiscal” e as retiradas de direitos dos trabalhadores pelo governo afastado, sim, porque todo esse processo já estava acontecendo pela traição ideológica do PT, afinal, quem foi que colocou o Temer de vice e toda essa trupe pilantra do PMDB? Cadê a desculpa esfarrapada da tal governabilidade agora? Está aí o “grande” serviço prestado ao país. Quem foi que em troca de apoio entregou Furnas para a turma do Eduardo Cunha? Quem deu a vice-presidência da Caixa para o mesmo Cunha? E agora vem com essa de “lavo as mãos”? Me causa estranheza ver que meu antigo professor e amigo se contradiz ao tentar justificar e defender sempre o partido que traiu a classe e se aliou com os de sempre, o mesmo partido que no passado o expulsou, agora retorna nos braços dos mesmos que fizeram a derrocada do PT.

Quero saber quando vamos discutir política econômica, industrial, ciência e tecnologia etc. O país está em frangalhos e não dá para esperar um minuto a mais para termos um real projeto de nação, com desenvolvimento pleno para benefício do povo trabalhador brasileiro. Sou mais novo que o professor Perazzi, mas não tão jovem para alimentar ilusões mais. Os quase 40 anos, e muitos vividos na militância política, não me permitem mais cair em discursos vazios e contraditórios com minha ideologia marxista, o que me faz um pouco descrente ao país, porque antes eu tinha que criticar apenas os inimigos e hoje me vejo tendo que criticar também os amigos.



E daí minha resposta ao amigo:
Não desmereço o dito por Marcos Paulo Resende, um dos únicos com cabedal para se intitular com a devida galhardia e pompa como ‘Comunista em Ação’. Faz críticas à minha carta publicada terça no JC, 14/06, “Aos que ainda continuam com a vista turva” (http://www.jcnet.com.br/editorias_noticias.php?codigo=243851), com a sua “A cegueira do professor Perazzi”, 16/06 . Leio e acato o que tem que ser acatado. Sim, poderíamos estar em outro momento. Vacilos, pisadas de bola, escorregões, infidelidade ideológica e quetais ocorreram, mas avanços também, inegáveis e incontestáveis. Ele não me cutuca, nem me chateia, enfim, nos entendemos, ele tentando me levar para o Fora Todos! e eu, ainda vendo algo de louvável num Volta Dilma! Sei que ele vê como saída para a transição alguém como Ciro Gomes, do qual nutrimos simpatia e também por Dilma, aquela que menos tem culpa diante de tudo o que temos visto. Continuo nessa trincheira atual, acreditando que a caminhada se faz passo a passo, pois do contrário, só mesmo via revolução, sem isso de coligações e governabilidade. Como difícil isso nas condições atuais, estou lutando contra o retrocesso do golpista (des)Governo de Temer e a retomada da caminhada até a concretização de nossos quase utópicos sonhos. Nisso nos entendemos. Baita abracito pra ti e os envolvidos nessa necessária transformação.

4 comentários:

  1. SOU DA PERIFERIA E AINDA CONVIVO NELA, MUITOS DESSES FATOS PITORESCOS OCORREM EM ELEIÇÕES E VÃO OCORRER, MAS A PERIFERIA E ASSOCIAÇÕES DE BAIRROS É O QUE HÁ. EM MINHAS ANDANÇAS CONHECI GRANDES LIDERANÇAS QUE DÁ DE 10 A ZERO NESSES PSEUDOS LIDERES ZONA SUL. MUITAS HISTORIAS, COMO AQUELA DO PREFEITO TIDEI QUE MATOU UMA BARATA SUBINDO A PAREDE DE UMA CASA NO GASPA, NESSA EU ESTAVA LÁ E POSSO FALAR O NOME DELE, POIS A FAMILIA TIDEI DE LIMA É DE MINHA AMIZADE, NA HISTORIA DO CAFÉ NÃO ESTAVA NO LOCAL, MAS UM AMIGO DE CONFIANÇA ME CONTOU. VAMOS FICAR ATENTOS Henrique Perazzi de Aquino E CONHECER NOVAS HISTORIAS. APROVEITANDO GRANDE ABRAÇO NO LuIZ DO ROSEVELT, MARIA E IZABEL DO GASPA, JESUS E VERA DA DUTRA, SANCHES LA DO AMÉRICA VILA IPIRANGA E Jesus Adriano, grande LIDERANÇA COMUNITÁRIA, QUE TRABALHAM E DIANTE DISSO NÃO PODEM IR NAS REUNIÕES DO ORÇAMENTO PARTICIPATIVO DA PREFEITURA AS 14.00 HORAS. ABRAÇO HENRIQUE E NA PERIFERIA NÃO GOSTAM DE MIXARIAS. ABRACITO MENINO E O SORVETE E ONTEM DISPAROU MINHA DIABETE.
    GILBERTO TRUIJO

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  2. Realmente este ano as eleições municipais serão mais difícil de engolir do que um conhaque de alcatrão. Não acredito mais em político e partido nenhum, mas Bauru é um palco de horrores na busca pelo executivo e legislativo. Quem serão os novos donos do poder? Estou com medo só de pensar nos amadores que serão eleitos.
    Em relação ao Marcão eu estou de acordo. Agora esse papo de que Dilma é inocente e honesta só é mais verdadeira que o bicho papão e a mula sem cabeça.

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  3. Caro anônimo, não falei em momento algum que a Dilma é inocente ou ingênua, mas daí para ser uma criminosa é algo bem diferente. Foi mais um governo péssimo como os antecessores, mas ela foi afastada por um único e simples motivo, não ter enterrado a lava-jato. A moral do Lula é frouxa, a dela não.

    Camarada Insurgente Marcos

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  4. Pegando o gancho dessa história do café pela janela, bem conhecida no meio político por sinal, vou contar uma que presenciei uma vez também que vai nesse sentido.
    Certa vez, um candidato após sair de uma tarde compras com a esposa num supermercado, é abordado por um dos ignorados como bem cita o blogueira, um tiozinho que sempre lá estava para tentar juntar suas moedas para sua refeição diária, eis que o candidato, talvez por fazer jus ao termo "ignorados", seguiu até o carro com uma frieza incrível, nenhum olhar para o ignorado, ignorando completamente durante a caminhada até o pomposo veículo, o tiozinho ainda alertava não ser bandido, queria apenas uns trocos, mas a frieza do candidato era impressionante.
    Ao ver a cena, refleti que discursos se tornam vazios quando não se tem humanidade, mesmo sem poder ajudar com uns trocados, olhar nos olhos do humano excluído e dizer algo, muitas vezes podem valer mais que algumas moedas, muitos ficam felizes quando lhes dão atenção.
    Com gente assim como o do café também eu jamais andaria junto, sem humildade nos olhos não me serve pra nada, muito menos para governar os que mais precisam.

    Camarada Insurgente Marcos

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