terça-feira, 23 de agosto de 2016
BAURU POR AÍ (129)
DA CONVERSA COM DOIS UMA CERTEZA: FALTAM LUGARES NA CIDADE PARA DISCUTIR OPINIÕES FORA DO CONSENSO COMUM
Um comentário mais do que rápido em cima de algo ouvido de duas personalidades dessa cidade. Estive com ambos, um ontem, Tidei de Lima, ex-prefeito, ex-deputado federal, engenheiro, aposentado e não mais querendo concorrer para cargos eletivos e outro hoje, Nilson Costa, ex-prefeito, ex-deputado estadual, jornalista, aposentado e não mais querendo concorrer para cargos eletivos.
Estou a escrever um livro (depois conto mais, finalizando os escritos) e na sequência dos trabalhos os entrevistei junto com outra personalidade dessa varonil cidade. Papo que vai, papo que vem, ontem junto com Tidei, ele conta detalhes de sua atividade política, ainda nos tempos de Brasília, quando foi um dos últimos deputados atuando por Bauru no Congresso Nacional. Um conversa proveitosa, recheada com a citação de variados políticos e situações que estiveram à baila como questões nacionais e locais. Ele fez parte de uma bancada do antigo PMDB mais à esquerda, cujo último reduto hoje reside no senador paranaense Roberto Requião. No final, assim do nada, após falarmos das injustiças desse bestial impedimento, ouço algo dele: “Precisamos muito criar um grupo de pessoas para debater política, sem esse ranço existente hoje. Sinto falta disso”.
Entendi o que quiz dizer. Também sinto falta disso. Hoje a conversa foi com Nilson Costa. Sei que ele se reúne nas manhãs dos dias de semana num café na rua Primeiro de Agosto, com amigos, aposentados, conhecidos e muitos outros. Fez parte do Lions e outras associações, como a extinta Associação dos Cronistas Esportivos de Bauru. Hoje se diz um tanto desiludido, pois na maioria das rodas em que circula prevalece algo a favor do golpe e do impedimento de Dilma. Assim sendo, prefere mais ouvir, pois está sempre em minoria e até deixou de escrever, pois diz não existir mais espaço para publicação como gosta de fazer, pela via escrita. E dessa forma, mesmo ainda circulando pela cidade, cada vez menos expõe seus pontos de vista. Num desabafo diz: “Falta um espaço democrático na cidade, um ponto de encontro onde ainda circule livremente as opiniões e não ocorra só a expressão de uma linha de pensamento”.
Posso ter muitas divergências com os dois citados, mas confesso algo de ambos: muito bom conversar com eles. A conversa flui de uma forma agradável, palatável e com sapiência. Boas reflexões, sempre. E daí, o ponto onde quero chegar. A dita esquerda ou mesmo algo próximo dela, os não concordando com essa linha adotada hoje, a do pensamento único, a do endeusamento do “deus mercado”, a do escrachado neoliberalismo predatório, onde ainda se encontram para colocar as muitas conversas em dia? Existe esse lugar na cidade? Os do outro lado, poderia citar muitos, o Café do 21 Center, o Fran’s da Getulio, o Café do Raduan na quadra da Batista perto da Gustavo e tantos outros. E para discutir e debater o oposto, quais os redutos? Vamos criar alguns, pois na mesma situação do Tidei e do Nilson vejo uma imensa legião de gente necessitada de conversa (e ação).
Falam, mas são dois que não mediram fisiologismo para seus governos. Do Nilson vi bem de perto como eram dadas as relações políticas, por isso sempre afirmo que é incomparável as atitudes do Tuga com qualquer outro que tenha ocupado o executivo, eu tinha críticas pontuais com seu último governo, mas a austeridade dele em lidar com o dia a dia político e não aceitar clientelismos era ótima.
ResponderExcluirFalar bonito de política não estando mais nela é fácil, deveriam ter feito bonito quando lá estavam.
Camarada Insurgente Marcos
Sim, também acho, mas não me furto em sentar e ouvir, debater. No caso de Tidei boas histórias dos seus tempos de Brasília, quando o PMDB era muito mais palatável, possuindo até um núcleo à esquerda. Lembramos a última entrevista dele com o Duda da TV preve e o entrevistador querendo convencê-lo a mudar de opinião no ar, quando disse que era contra o impedimento de Dilma. Fio hilário. De Nilson, tomo conhecimento, não por ele, mas por outra pessoa, que dias atrás, cada vez mais isolado e querendo conversar, participar, ligou para dirigente local do PT e se propôs a se filiar ao partido. A solidão de bate papo dentro de uma linha de pensamento palatável deve ser algo a isolar mais e mais as pessoas.
ResponderExcluirHenrique - direto do mafuá
Sim, meu comentário foi em cima das figuras políticas que conheci, o Nilson e o Tuga pude ver bem mais de perto do que o Tidei, mas me incomoda ver o Tuga terminar o mandato dizendo que queimou o seu patrimônio eleitoral para sanear as contas da cidade, quando o moleque arrebentou tudo de novo, triste porque é o melhor político bauruense que conheci e quem deveria estar queimado com o eleitorado são esses outros citados, mas a história faz justiça como já está fazendo ao comparar as diferenças do Tuga para o governo atual.
ResponderExcluirO que gosto no Tuga é que ele sempre soube ouvir e ter entrada na população, sempre com os pés na realidade, jogo de cintura e sem querer se impor aos gritos de clichês. Ele é a prova que é possível governar sem essa balela inventada pelo FHC de governo de coalizão. O Tuga nos bastidores sempre deu exemplo de austeridade, aquele episódio do fim da aliança com o PT acho que foi uma das coisas mais exemplares e belas que vi nos bastidores da política, algo raro que deveria ser a regra.
Que o Tuga possa curtir sempre bem sua aposentadoria, merece pelo político austero que foi e com muito mais elogios do críticas pontuais.
O anonimo voltou no texto abaixo com suas "aulas".
Camarada Insurgente Marcos
Marcos
ResponderExcluirTudo o que escreve do Tuga, referendo e assino embaixo.
Para mim, ele é tudo isso e muito mais
Henrique - direto do mafuá