quarta-feira, 10 de agosto de 2016
CARTAS (162)
MAS ELES NÃO REPRESENTAM TODOS A MESMA COISA?*
* Texto de minha lavra e responsabilidade enviado para a Tribuna do Leitor do Jornal da Cidade há semana e meia atrás, mas como não saiu publicado lá, sai no mafuá:
Acompanho aqui do meu canto o desenrolar desse novelo denominado Eleição 2016 para prefeito em Bauru. Um emaranhado que, pouco a pouco, vai sendo decifrado, ou como queiram, desenrolado. No início uma batelada de ungidos pelos deuses supremos queriam disputar o pleito. Cheguei a ficar contentinho, pois vi que a atual Câmara de Vereadores poderia ser esvaziada quase na sua totalidade. Incondicional e automática renovação. Fora os cassados e os em vias de, mais da metade dos nossos edis postulavam subir de degrau e instalar gabinete no Palácio das Cerejeiras.
Foi um tal de Gazzetta conversar com Raul, Raul tentar Telma, Sakai instigar Lamoso, Renato atiçar a brasa pro lado do Arildo, Almirates se oferecer para Gimenez e assim por diante. Até as duas ditas representantes dos partidos de esquerda ousaram jogar cartas na mesma mesa. Sabe aquilo da disputa pelas cadeiras, quando a cada volta uma desaparece e um fica em pé. Eles conversam que é uma maravilha, trocam figurinhas, jantam uns nas casas dos outros, revezam o bastão e gastam no mesmo cartão, ou seja, comem no mesmo prato. Tudo entre muito risinho e tapinha nas costas. Entendimento mais que maravilhoso, diria, divinal. Se revezam em tudo e no final, mesmo tudo se afunilando, o entendimento é mágico, diria, doutro mundo.
Hoje vejo as definições ocorrendo e a poeira abaixando, donde começo a enxergar melhor o que está por detrás do até então nevoeiro. Com dedicado esmero fiquei a ler e ouvir o que cada um teve para dizer. Quase fui às raias da loucura e após comparar isso e aquilo, juntar o que um falou, com o que o outro confirma como salutar, somando o dito ali com o resumido acolá, a conclusão é a mais óbvia possível. Estamos diante de um candidato único. Isso mesmo, se depender desses todos citados, Bauru não terá diversidade de propostas, opiniões, programas, pois todos estão afinados com algo em comum. São todas a mesmíssima pessoa. Um Frankestein mal ajambrado e costurado coletivamente.
Vejam se não tenho razão. Todos são golpistas, afinados com o pregado pelo mercado como única alternativa de salvação da Pátria (no caso, da cidade), neoliberais até a medula, pregam a mesma saída para a Educação, Segurança, Saúde, Cultura, Transporte e até mesmo no quesito privatização do DAE e entrega do que nos resta para a iniciativa privada. Ouçam o que diz Raul, Renato, Gazzetta, Almirates, Lamoso, Sakai, Arildo e Gimenez e me digam, onde está a novidade?
Pode por a fala de um na boca do outro e não vai sentir diferença nenhuma. Sendo um discurso escrito, faça o teste, mostre ao seu amigo sem dizer de quem é e pergunte da procedência. É de todos. Sabe aquilo do cara na sorveteria e diante de uma infinidade de sabores, demora meia hora para escolher o preferido. Fica surpreso quando o atendente abre a tampa tira a massa de uma só cumbuca e a entrega com a cara mais lavada do mundo. É exatamente o que está a acontecer com nossos candidatos, sem tirar nem por. Mesmo sabor, cor, procedência, articulação e, provavelmente, atuação. Cadê a novidade, o novo, o surpreendente, o avassalador, o revolucionário, o que vai transformar essa cidade? É isso o que temos?
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