sexta-feira, 9 de setembro de 2016

UM LUGAR POR AÍ (86)


UM CANDIDATO A PREFEITO ENVERGANDO O VERMELHO NO DIA A DIA
Não, isso não está a ocorrer aqui em Bauru, mas na vizinha Barra Bonita, onde o candidato Marcelo Cavinato, bravo guerreiro petista, desses resistindo dentro da sigla sai às ruas com um velho ideal na mente e nas ações. Conferir como se processa uma campanha feita da forma mais simples possível, no velho e salutar estilo petista de caminhar pelas ruas, conversar com todos, ouvir, trocar ideias, expor as propostas um por um, detalhe por detalhe, como uma formiguinha, pois bem, isso ainda contece nos dias de hoje. E se acontece, nada como conferir.

Barra Bonita é logo ali nas barrancas do rio Tietê. Décadas atrás foi um ilustre balneário turístico, com uma famosa eclusa onde a ponte sob o rio se abre, interrompe a passagem dos carros e um navio restaurante irrompe e atrai a atenção geral. O tempo passou, a eclusa continua funcionando, mas o polo turístico foi pouco a pouco menosprezado e hoje, a cidade não vive um bom momento nesse quesito. Faltou criatividade, vontade política e desejo de seguir adiante com algo inovador. A Barra não tem cara de ser polo industrial e sim de explorar de forma ampliada o seu imenso filão turístico. Seus últimos prefeitos parece não deram bola para isso e hoje, a cidade vive um bom momento comercial, mas triste no quesito onde poderia auferir seus melhores lucros, o turistico.

Vi isso com meus próprios olhos e circulei nas ruas com Marcelo, junto de outro bauruense, Claúdio Lago. Numa cidade com pouco mais de 40 mil habitantes fazer corpo a corpo do jeito que Marcelo faz é algo para um ano todo. Ele simplesmente não entrega folhetos, ele conversa com as pessoas, repete seus sonhos e ouve o sonho da pessoa ali nasua frente. Tenta juntar tudo ali mesmo na calçada e diz claramente o que pode e como pensa em fazer se chegar a ser prefeito na cidade. Vive um momento peculiar, com três candidaturas na cidade, embate de dois ditos pesos pesados (sic) da cidade de um lado e ele, o cavalo azarão de outro. Os outros dois fazem barulho com carros de som, gente distribuindo folhetos e muitas esquinas, bandeiras espalhadas e ele no contraponto disso tudo, numa modestíssima campanha, ele, a esposa Ana Fortunato, candidata a vereadora e com um filho de colo num dos braços, além da vice, a hoje decoradora Maíra Lotus e alguns abnegados amigos e amigas. dessa forma faz barulho por onde circule. Aliás, ele sempre fez isso muito bem, um alegre e espontâneo comunicador.

Ele é desses candidatos que não tem vergonha nenhuma de se dizer petista. Diante de alguma intercação, apregoa tudo o que foi feito e compara com outros governos, fazendo também uma comparação com o nada que virá com a chegada dos atuais mandatários do país. O povão entende essa linguagem e a conversa flui. Cidade pequena favorece porque dificilmente são encontradas pessoas que não o conhecem. Já foi vereador e continuou depois como um instigante agitador cultural e político na cidade. Entrou num salão com mototaxistas e além de muita conversa sobre os problemas da cidade, o profissional foi mostrando seu instrumento de trabalho e juntos foram pensando em como trabalhar essa questão na cidade. Assim se deu por todos os lugares, bares, restaurante, lojas, bancos variados, de praça e de pontos de ônibus.

Ele caminhou sózinho, junto de nós dois e no percurso todo, não deixou escapar ninguém. Um percurso de poucos quarteirôes, normalmente feito em minutos por muitos candidatos, ele levou horas. E assim me diz passar seus dias. Ele e a esposa nos serviços domésticos diários, depois a gravação dos programas de rádio, a convocação de gente por telefone, resolver pessoalmente todos os problemas diários de uma campanha e sair pras ruas. Vive isso intensamente e ontem, com a chegada de 5000 folhetos, entrega um por um, sem nenhum desperdício. Com uma sacolinha dessas de plático, de superercado, saca um de cada vez e entrega para as pessoas, sem esbanjar e olhando para os lados para ver se algum foi jogado no chão.

A caminhada foi interropida no meio da tarde de ontem com a passagem pela cidade do presidente estadual do PT, o ex prefeito de Osasco, Emídio Pereira de Souza, acompanhado de assessores e pessoas ligadas à Macro Região do partido. O grupo foi ampliado e a conversa entre ambos se deu nas ruas, no contato com eleitores e com Emídio sentindo ali na própria pele como se dá a verdadeira campanha eleitoral em pequenos centros. Marcelo sabe que para sua campanha alavancar, sem TV e só com rádio, primeiro precisa que as pessoas saibam ser ele candidato e como não dispõe de recursos para ampliar divulgação, tudo tem e esta´sendo feito nas ruas, com aproveitamento total de cada instante. Cada novo momento é um baita momento para espalhar suas propostas e ele não perde tempo, usufrui disso de uma aneira só sua, peculiar, própria da espontaneidade construida oa longo dos anos.

Isso tudo vivenciado ali nas ruas da Barra Bonita é algo remetendo ao passado petista, de como foram feitas suas primeiras campanhas. Se hoje, o momento eleitoral é outro, com restrições variadas para uso de dinheiro nas campanhas, existe também bem evidente o momento em que o PT vive, encurralado, dai quem se predispõe a continuar defendendo os ideais petistas tem que suar a camisa, não contar com apoio vindo de fora, fazer uso de muita criatividade e gastar outro tanto de sola de sapato. Marcelo sabe disso e sorri para as advercidades. Não demonstra medo em enfrentâ-las e sua literalmente a caisa (ou camiseta, como prefere) pelas ruas da cidade. E o faz acreditando numa proposta montada junto dos seus e pensando numa cidade moderna, onde o polo turístico precisa ser repensado. Em cada parada, cada pessoa pela frente ele diz o que pretende fazer e com a ajuda coletiva.

O inusitado dentro de campanhas políticas e observado ali foi a quase não existência de rejeição, tanto pela sua presença, como ao tipo de abordagem feita por ele. Vestido como sempre esteve em todos os momentos de sua vida, de uma forma jovial, espontânea e descolada, foge do formato político tradicional. Não sei se isso é característica de uma cidade de pequeno porte, mas as pessoas não possuem um ranço, aquela típica rejeição encontrada em muitos outros lugares, principalmente os grandes centros quando diante de um candidato. Muitos candidatos não teriam coragem para uma exposição dessa natureza. Quem o faz corre seus riscos. Não vi Marcelo correr esse tipo de risco, pois pelo que observei nas conversas ouvidas não tem nada a esconder, coloca a cara para bater com a maior tranquilidade e navega bem com as críticas. Primeiro de tudo, um sujeito de bem com a vida, praticante de yoga, fisicamente bem posicionado, não o senti com preocupações filosóficas e nem arroubos de promessas mil. Juntou isso tudo e construiu ua forma propositiva de fazer política.

Pessoalmente, rodei algumas quadras com ele, vi de perto como se processa uma verdadeira campanha à prefeito sem recursos. Faço uma simples comparação com outras paragens, como Bauru, por exemplo, onde o PT ao invés de lançar candidatura própria e buscar uma identificação com o leitor, preferiu se aliar a um partido que o apunhalou até instantes atrás. Algo inexplicável no campo ideológico. Se lá em Bauru as propostas do PT estão diluidas e esquecidas, ocultadas pelo tacão autoritário de seus atuais mandatários, em outras paragens ela flui, ganha as ruas e demonstra viabilidade. Vim para Barra em busca disso, de ver se ainda encontrava algo feito de maneira simples, sem nenhum aparato, mas de forma sincera, sem arroubos, pés no chão, com sensatez e versatilidade. Encontrei algo disso e de um antigo PT, que para muitos não mais existe, mas vejo que resiste e persiste em redutos variados espalhados pelo país. Eis o fiapo de esperança.

Isso a ocorrer na Barra Bonita é um belo exemplo do que precisa ser feito e como deveria ser feito, principalmente por muitos que resignados se entregam ao desânimo dos que esperam tudo vir de cima, cair dos céus e não vão em busca dos seus sonhos. Deu para notar que a caminhada do Cavinato não será das mais fáceis, mas ele mesmo sempre soube que a caminhada dos ditos candidatos com propostas voltadas para o campo social sempre estiveram rodeadas de problemas variados e múltiplos. Marcelo e os seus arregaçaram as angas de camisas e barras de calças e estão na lida, sem pedir licença, sem medo de buscar algo pelo qual sonham, não isoladamente, mas coletivamente.

Posso ter carregado um pouco nas tintas de uma esperança tão sonhada, juntado utopia nisso tudo e enxergar a retomada de caminhos em detalhes onde muitos deixaram de acreditar, mas pelo sim, pelo não, ao ver na prática algo sendo feito, uma baita alento, uma recarregada de energias, tão necessária a todos nós. Esse texto tem esse intuito, o de mostrar que os sonhos não devem ser abandonados e que as oportunidades devem e precisam ser agarradas com unhas e dentes. Quem vivencia algo como o que vivi ontem é tocado por um algo mais, um empurrão para prosseguir a caminhada. Saimos da Barra, eu e Claúdio Lago, mais os também ilustres visitantes imbuidos de que a luta simplesmente continua e dsistir não faz parte do vocabulário de quem acredita que um outro mundo é sempre ainda possível.
HPA, ainda um tanto emocionado.

Um comentário:

  1. Henrique

    Belo texto. é de gente assim que o PT precisa para começar a dar a volta por cima. Ao ler o que escreveu me sinto como se voltasse no tempo e revivesse o Pt dos seus tempos iniciais, as campanhas simples, feitas sem recursos e de porta em porta. Voltar no tempo também é avançar. Tomara que esse Marcelo emplaque e consiga ser o fiel da balança em sua cidade e desbanque os dois caciques.
    Paulo Lima

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