terça-feira, 4 de outubro de 2016

RETRATOS DE BAURU (192)


ALLAWI, O RELOJOEIRO IRAQUIANO EM BAURU

Tem quem viaje mundo afora para fazer turismo, desses só alegrias. Porém, viceja hoje os que saem vagando em busca de outro lugar para viverem. Esse é o caso dos tantos refugiados do mundo árabe hoje vagando pelos mares em busca de uma terra firme. Dentre tantos que zarparam para outras paragens distantes das suas, em cada um reencontrado pela aí, uma história inebriante de vida. Esse eu o descobri na feira, conseguiu sair numa digna situação e fui conferir sua história no seu local de trabalho. Daria para escrever uma baita e longo texto, mas por enquanto fico nessa rápida apresentação.

ALLAWI KRAIDI é iraquiano, relojoeiro de profissão, profissão herdada de uma família onde muitos dos seus exerceram o mesmo ofício, algo passado de pai para filho. Manteve uma loja bonita, bela decoração, bem no centro de Bagdá, mas por causa das muitas guerras levadas até seu país, todas fecharam as portas. Divorciado, após receber proposta de um amigo estrangeiro morando em Bauru, aqui aporta dois anos trás e permanece um tempo trabalhando ao seu lado, perto do Bauru Shopping. Aos 52 anos, viu a necessidade de ter novamente seu próprio negócio, criou coragem e se estabeleceu com a Relojoaria Shirley, na rua Araújo Leite 20-69, lugar onde também mora. Conta algo inebriante de sua terra, “um país muito rico, Bagdá porta de entrada do Oriente e 50% do meu país falando, além do árabe, o inglês, tudo aprendido na escola pública, mas hoje tudo destruído. Deixei meu filho para trás, ele engenheiro, casado, ainda trabalhando por lá e eu, com 35 anos de experiência com relógios, vim para o Brasil e Bauru. Tinha que sair, não havia mais o que fazer por lá”. Relembra de décadas atrás quando muitos brasileiros trabalharam no Iraque, a maioria construindo estradas, quando empreiteiras daqui atuaram no seu país. Diz não ter mais motivos para voltar, seu país foi destruído e ele, mesmo ganhando pouco no Brasil, vive mais feliz. Conta sua história, mesmo as tristes com um característico sorriso no rosto e diz adorar as mulheres brasileiras, as magras como ele. De uma delas, Shirley, uma amiga que muito o ajudou quando da chegada, conversavam em inglês e o ensinou português, homenageou dando-lhe o nome ao seu estabelecimento. Hoje, mesmo com muitos árabes pela cidade, ele o único iraquiano, mas confessa: “Já não me sinto tão sozinho”.

Um comentário:

  1. COMENTÁRIOS VIA FACEBOOK:

    Reynaldo Grillo Caramba, eu nao sabia que Bauru vive um iraquiano.

    Rosangela Maria Barrenha Nem eu.

    Toka Miguel Garcia
    Toka Miguel Garcia Pô, super legal Henrique.... irei fazer uma visita ao ilustre bauruense - iraquiano e, tomara, que ele venha a torcer pelo nosso Norusca e Timao. E o seu livro de memórias , quando sai?????????????

    Henrique Perazzi de Aquino Isso mesmo Toka Miguel Garcia,quem tiver relógios para consertar ou em busca de ótimas histórias de vida, aportem por lá, Araujo 20-69, uma quadra pra cima da Duque. Fone 14.991668962.

    Toka Miguel Garcia Valeu Heródoto de Bauru.

    Helena Aquino Eu tenho relógio pra consertar. É o cara que te falei mano.

    Henrique Perazzi de Aquino Márcia Neme Buzalaf, Ricardo Buzalaf, Kizahy Baracat, Sergio Eduardo Araujo Baracat, Rose Madi, Marco Bechir...

    Relojoaria Shirley Alanssari Muito obrigado meu irmão.. abraço q Deus abençoe de você e sua família AMÉM.

    Juliana Guido Fantástica a sua história, Allawi! Muita felicidade para você, sempre!

    Relojoaria Shirley Alanssari Muito grato pra você minha amiga querida ..pra você também AMÉM

    Gilberto Truijo FANTASTICA A REPORTAGEM Henrique Perazzi de Aquino E QUE SEJA BEM VINDO ESSE AMIGO.

    Relojoaria Shirley Alanssari Muito obrigado Deus abençoe vc amém

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