quarta-feira, 23 de novembro de 2016

DOCUMENTOS DO FUNDO DO BAÚ (97)


UM CARA QUE BATEU ASAS, JOÃO FILARDI: CADÊ O GAJO???


Pela manhã dei uma pequena trégua em tudo o que tenho feito ultimamente e fui revolver papéis velhos aqui pelos lados do mafuá. Encontrei algo e com eles nas mãos, inevitáveis perguntas: Por que pessoas em destaque num certo período numa cidade, batem asas e somem, desaparecem permanecendo décadas outras sem dar notícia. Explico. Lá pelos idos dos anos 80/90, gostava demais da conta de escutar um som de um cara que sumiu de Bauru logo a seguir. Trata-se do músico JOÃO FILARDI. Pelo que soube na época, cansou de Bauru e foi de mala e cuia para o Rio de Janeiro. Cheguei a ouvir de algum amigo, muito tempo depois que era dono de uma loja de rações para animais. Será possível? Da música para o comércio canino? Sim, nessa vida tudo é possível quando a questão é a sobrevivência.

Falo mais de João Filardi. Tenho por costume guardar papéis velhos, recortes de jornais e desta feita reencontro em lugar incerto e não sabido (escapou de várias enchentes por aqui) nos confins mafuentos uma velha seção do JC, idos de 1993, a Porta Retrato, que toda semana saia publicada no JC Cultura (ele já existia). A de nº 53 foi com o Filardi e aqui a reproduzo. Nessa época já estava morando no Rio de Janeiro. Ali no pequeno currículo publicado junto ao texto a informação de outro achado, o de suas antigas publicações, primeiro pelo Diário de Bauru e depois, também pelo Jornal da Cidade, a crônica “Sapo Cururu na Beira do Rio”. Escritos sem pé nem cabeça, sem assunto definido, sem ninguém pressionando para que saísse dessa ou daquela maneira. E sempre saia coisa boa, algo muito em falta nos tempos atuais, onde a maioria dos textos publicados por esse todos os demais jornais é sempre algo sisudo, sério por demais. A seriedade, como sabemos, estraga tudo nessa vida. Só são felizes os ainda não sérios, sem querer levar essa vida louca a sério. Não enlouquecem nunca.

Pois bem, tenho recortado e colado aqui num velho caderno, já bem amarelados, quase todos os Porta Retratos, seção que gostava muito e também, acredito que todos os “Sapo Cururu...”, publicados pelo JC. Dei uma relida neles e até gostaria de propor para o pessoal lá do jornal, para tentarem algo assim, com sabor de rebeldia, como o Feza faz algumas vezes aos domingos nos seus textos. Isso faz falta nos jornais de hoje. Se eles quisessem, tem uma turma louca para incrementar e demonizar (melhor, democratizar, exorcizar o JC Cultura, mergulhando suas páginas no sal grosso) aquelas páginas ditas culturais. Iria aumentar a leitura, pelo menos entre os loucos de pedra, como eu, que hoje querem ler cada vez menos jornais, quase todos muito iguais. E por que não tentar agir diferente para sair da tal crise? Eis uma proposta de saída pela tangente, por uma vicinal (como é bom trafegar por vicinais).

Escrevi isso tudo só para perguntar do paradeiro do João Filardi. Cadê o gajo? Estaria ainda cantando? Ele vem ainda de vez em quando por aqui? E se vem, por que não montar um espetáculo com o dito cujo e aproveitar para uma baita de uma reunião conspiratória contra os alicerces estabelecidos e ainda vigentes por essas bandas? Primeiro vamos todos e todas focar nossos radares e localizar o cara. Depois, se tudo estiver bem (toc toc toc), atualizar as informações e falar dele, discutir dessas pessoas que batem asas (como é bom bater asas). Quem sabe algo dele que alevante a voz e atualize as coisas pra gente. Comecemos por esse sumido e depois falemos de tantos outros.

OBS.: Em tempos cada vez mais duros, empobrecidos pela bestialidade golpista,amenidades ajudam a aplacar a incontida ira.

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