sexta-feira, 4 de novembro de 2016

RETRATOS DE BAURU (194)


TEREZINHA, DANÇA POR TODOS OS POROS E POR TODOS NÓS

Em dias não muito alegres, me farto, ou melhor, me alimento com a alegria alheia. Quando a alegria está em baixa pelas minhas bandas (pudera, com tudo o que os golpistas aprontam com o país), melhor observar e tentar sacar como outros conseguem manter a aura do contentamento em seus corpos. Buscava alguém a representar exatamente isso que vos escrevo e eis que, ela me surge assim do nada e num bar. Uma linda pessoa, luz própria, sem notar o que ocorre à sua volta, adentra uma pista de dança e faz dela o local de irradiação de sua alegria. Fazendo isso, alegra não só a si própria, mas a todos de sua convivência.

TEREZA CHIUSO é a TEREZINHA, uma que faz a alegria no Bar do Makalé, lá nos altos da rua Gerson França, Altos da Cidade. Afirmam as boas e as más línguas que ela reside ali perto, junto da irmã e o espaço lúdico e musical do bar é como se fosse uma extensão de sua casa. Basta ouvir os acordes de alguma música ocorrendo naquelas dependências, larga tudo, coloca aqueles óculos no estilo mais carnavalesco possível no rosto e cai no samba, sem medo de ser feliz, sem nenhuma vergonha e fazendo o que gosta, do jeito que gosta e com quem gosta. Esse texto não tem o intuito de traçar um perfil de tão auspiciosa pessoas, mas só de reverenciar o seu estado de espírito, o da estabelecida alegria. Ela é dessas conseguindo se desplugar do mundo externo quando o samba começa a ser tocado, daí não resiste, entra no salão, na maioria das vezes sozinha e é feliz ao seu modo e jeito. Muitos, como eu, paramos e ficamos ali babando da mais saborosa inveja, pois para os contidos, os com o breque de mão puxado, impossível seguir ou tentar acompanhar o ritmo, a malemolência e o destravamento de dona Terezinha. Tem quem vai ao samba e continua com a mente pensando do lado de fora e tem outros, como ela, que se desligam e durante a permanência num lugar como esse, flanam, faz e acontecem e são felizes desse modo simples e encantador. A alegria dessa senhora merece ser enaltecida, mesmo em tempos onde a alegria pode não estar imperando, daí ela dá seu jeito e faz com que todos esqueceçam por alguns momentos de tudo o mais. Viva Terezinha e sua espontaneidade.

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