segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

PERGUNTAR NÃO OFENDE oU QUE SAUDADE DE ERNESTO VARELA (119)


CRISE FINANCEIRA SERVE DE DESCULPA PARA SE ENCERRAREM PROJETOS POPULARES – TOMARA QUE EM BAURU NÃO OCORRA O MESMO
Esse o grande mote do momento. Viram o que aconteceu no Rio Grande do Sul. Lá de uma só tacada o atual Governo estadual fechou quase todas as Fundações Culturais. Extinguiu de uma só vez, como se isso fosse salvar a gauchada da vertiginosa debacle política institucional a que estão enfurnados. A ruína, os maus resultados continuarão a acontecer, independente do que façam (já fizeram) com a Cultura, sempre uma das primeiras a ter projetos cancelados e a justificativa nesses momentos é sempre a mesma: “a crise nos obriga a agir dessa maneira”.

Incompetentes, isso sim. Inadmissível um Ministro da Cultura como Roberto Freire, PPS. Impossível algum tipo de diálogo cultural com um sujeito dessa estirpe. E não é só ele. Muitos dos novos inquilinos do poder, instalados em postos na Cultura são a confirmação de algo amedrontador: está em plena vigência a Cultura dos Reacionários. O viés reacionário, bem ao gosto do atual (des)Governo golpista de Temer e seus comparsas toma conta de tudo e a inflexão na área cultural é reflexo do que acontece por todos os lugares. O retrocesso está em curso e agride a todos nós. Os métodos sendo implantados aqui e acolá são devastadores para a Cultura, para a Economia, para a Saúde, para a Política Externa, Políticas Públicas num todo, etc. Desalentador.

Impossível se manter quieto e sem comentar algumas coisas das mais desagradáveis. Em tudo, se antes condenavam o empreguismo galopante, ele continua e piorado. Uns saem, outros entram e tudo continua piorado no “quartel de Abrantes”. Lá em Brasília estão empregando todos os que se deram mal nas últimas eleições e de alguma forma estiveram ao lado da tomada do poder pelos golpistas. Mandam embora os tais petistas e no lugar, os derrotados e agora acomodados. Só lá? Claro que não. Queria tanto poder acreditar na FUNARTE tendo a frente alguém como o ator Stepan Nercessian, mas ele também já não é o mesmo de antes. Deixou de ser faz tempo. Uma característica desagregadora toma conta de quem saca o que está em curso. Quem ouviu a fala do ministro sobre como será a lei Rouanet daqui por diante sabe que, muitos segmentos podem esquecer, pois se a distribuição era deficitária, agora inexistirá.

Tudo fenece a olhos vistos. Todas Oficinas Culturais do interior paulista foram fechadas, A TV Cultura sobrevive com aparelhos e o Projeto Guri sobrevive mas de forma manquitola, sem as duas pernas. Em Bauru muitas incógnitas. O secretário é alguém pelo qual nada se pode dizer, pois nada se sabe. Tomara que o desconhecimento de toda a estrutura possa ser positivo. Tomara. Torço, só isso.
O Paulinho Pereira na Direção da Ação Cultural é positivo, alguém do ramo, mas como todos sabem ligado aos tucanos. Se conseguir se desprender dessa amarra lhe atando os pés e mãos, poderá alçar bons voos, do contrário, atuando aqui e ainda se intimidando a cutucar algo que os grandões do Estado atuam, como o “Estado Mínimo”, daí nada de diferente vai acontecer. Ele sabe os caminhos, mas vai depender de se soltar, voar sem suas asas continuarem presas. Já da escolha da Direção do Patrimônio Cultural para o Jair Marangoni, até ontem Diretor de Ação Cultural, posso só dizer ter sido uma acomodação. Nada mais, Jair não é do ramo do Patrimônio. Se era para acomodar podiam ter lhe dado qualquer outra função e terem escolhido alguém do ramo. Ouvi ontem na feira algo que muito me preocupa sobre essa escola: “Pelo que sinto estão querendo unificar as duas diretorias. Enfraquecendo essa, a intenção é ter uma só com cargo de confiança, abrangendo tudo”. Se isso ocorrer lá na frente, vejo como retrocesso. Mais um.

Vejo muitos projetos bons já sendo tocados na cidade. Que não sejam interrompidos com a velhaca justificativa. O Carnaval um deles. Qualquer pessoa sensata sabe que os benefícios e lucros são muito maiores que o investimento. Basta de misturar alhos com bugalhos e aceitar aquele trôpego argumento de que a verba ali utilizada poderia servir para tapar tantos e tantos buracos. Desconhecer como de fato se processam as coisas e mesmo assim opinar, eis um dos males do momento. Queria ainda ver a possibilidade de muitos projetos inusitados serem implantados na área cultural e com variação e amplitude de proponentes. Isso oxigena, clareia, enobrece e deixa de favorecer poucos.

Torço por Bauru e sei como se dão as escolhas pelos nomes dentro da atual conjuntura. O que não queria mesmo é ver vingar leis como a da proibição de festas em locais particulares, cancelamento de muita coisa já consolidada, nada ser feito para a instrumentalização de um projeto Cultural sólido para a cidade, com ampla participação de todos seus agentes e, mais que tudo, que a “Cultura dos Reacionários” não favoreça lobbies, privilegie uns poucos e corte cada vez mais investimentos.

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