domingo, 19 de março de 2017

CENA BAURUENSE (158)


UM “ESTOPÔ BALAIO” PARA A SITUAÇÃO DOS RIOS E DAS ENCHENTES EM BAURU – DEU NA CAPA DO JC DE HOJE


No JC de hoje uma matéria com o título principal na sua primeira página sobre a despoluição dos rios que cortam Bauru, em especial o rio Bauru: “Fins do esgoto em rios de Bauru – A partir de julho, com todos os interceptores instalados, os rios, córregos e ribeirões da zona urbana da cidade deixarão de receber esgotos”. Pulei de alegria, mas logo voltei a me sentar e pensar no assunto. Quando olho para trás e vejo o quando já vivi aqui do lado do rio Bauru e por quantas enchentes passei, quantas vezes adentrei o rio na minha fase de moleque, tudo para pegar bolas caindo nas águas bostentas e até hoje tudo do mesmo jeito, chego a pensar em propaganda enganosa. Olho para a transposição do rio São Francisco, algo acalentado pelo povo nordestino desde os anos de 1800 e só agora sendo possível, começo a me arrepiar. Penso nas promessas de campanha e no que o atual prefeito disse quando em campanha, que em cem dias tudo estaria bem encaminhado e a cidade às mil maravilhas, começo a tremer, pois vejo que quase nada mudou e o jornal aposta sua credibilidade numa manchete que ainda pode dar muito o que falar.

Quero ainda ter a certeza, vendo com meus próprios olhos, constatar que aquela imensidão de esgotos que descia lá do Bela Vista e os canos todos despejando aquela água de cor escura, grossa e mal cheirosa já não mais existe. Quero crer, mas continuo com o pé atrás. Dou risadas sozinho. Leio a matéria de cabo a rabo e posto a seguir o link para quem se dispuser a ler a boa nova: http://www.jcnet.com.br/…/fim-do-esgoto-em-rios-de-bauru-a-….

São 93 km de interceptores e na foto da primeira página vejo algo que até então, só nos tempos de moleque: peixes vivendo nessas águas. Ali leio que, aqui perto, nas proximidades com o Fórum, pouco mais de quinhentos metros de onde moro, a água já é transparente. Amanhã vou lá pisar nessa área e contatar in loco. Depois conto dos resultados. Nada como fazer o Teste São Tomé, o ver para crer. Quero crer e até amanhã cedo, quando faço a inspeção por minha conta e risco, crendo que a transposição do rio Bauru é algo mais do que concreto. Aconteceu com o São Francisco e agora acontece na aldeia onde moro, Bauru.

Rindo a toa e nem se importando mais com a questão da carne estragada, junto essa melodramática história bauruense, que nem meu pai e mãe tiveram o prazer de ver em vida se tornar realidade e penso em algo que acabo de ler, a de algo também nesse sentido na zona leste paulistana.
Por lá, a euforia foi tamanha e tudo acabou se transformando num filme. Sim, da incontida alegria, um documentário contando uma doída e sentida história, dessas com final nem sempre certo e feliz. Lá, um bairro como aqui, dominado pela enchente, várzea do rio Tietê, jardim Romano e uma película, a “ESTOPÔ BALAIO”, direção de Cristiano Burlan, com histórias mais que vivas, diria, pulsantes e empolgantes. Inicialmente pareciam de ficção científica, não fosse a realidade ter se transformado em algo benéfico. Uma comunidade basicamente de migrantes nordestinos e da felicidade, permeada com tanto sofrimento ao longo de décadas, pelo novo momento. Explicam que o título, “estopô balaio” nada mais é do que “uma prosódia nordestina, um grito parado na garganta, aquele que não dá mais para sufocar”. Também quero dar o eu e nas barrancas do rio.

Impossível não associar o que vi no filme com o que vivencio aqui morando ao lado do rio Bauru. Leiam essa crítica: “Até que ponto a arte é capaz de agir como elemento de mudança em momentos tão intensos de trauma social e íntimo? O enredo serve como alento a uma realidade tão dura que, infelizmente, é uma triste rotina para milhões de brasileiros das classes menos abastadas, moradores nas maiores cidades do país. A abertura do longa-metragem, de imediato, despeja tamanha dificuldade. Cenas caseiras retratam a invasão das águas durante uma enchente no rio Tietê, percorrendo corredores e vielas sem qualquer controle. O relato da moradora não apenas ressalta a gravidade da situação, como também revela uma certo reconhecimento do ocorrido. A consequente informação de que a grande enchente ocorrida em 2009 se repete, ainda em 2015, aponta o crônico problema da ausência do poder público, no sentido de melhorar a vida daquelas pessoas.
É como se elas ali estivessem abandonadas, à própria sorte. Ao massacre diário da falta de assistência se juntam os inevitáveis problemas pessoais, por vezes intrinsecamente relacionados. Com habilidade, o diretor dedica a primeira metade do documentário a revelar o próprio Jardim Romano: não apenas seus problemas e localização, mas também quem são as pessoas que lá residem e como é a vida que levam. Há momentos cativantes, como a entrevista com as crianças, tão familiarizadas com as enchentes, e a visita à casa das duas senhoras, veteranas da situação e extremamente simpáticas. Pouco a pouco, momentos em que o coletivo atua são inseridos na narrativa, de forma a retratar o quanto influenciam na dinâmica local.”.


Chorei aqui, eu, meu cão e meu computador todo melecado de lágrimas. Será possível? De dentro de mim, algo me diz para não se empolgar. Pegar leve, tirar o pé do acelerador. Trata-se, no caso bauruense do fim do esgoto e não das enchentes. Comecemos por ela, depois brigamos com o Gazzeta pelo resto. Já penso em fomentar um filme para sensibilizar esse pessoal do poder público, pois agora que as chuvas se foram e enchente mesmo só ano que vem, nem da reunião de moradores com as autoridades falamos mais. Sugiro vermos todos o filme e nos prepararmos para as discussões que, certamente, virão pela frente. Eis o link do trailer: http://www.adorocinema.com/f…/filme-249044/trailer-19553527/ .

Quando se dará o "estopô balaio" bauruense? Será mesmo em julho, como diz o JC? Só acredito vendo

OBS.: As duas fotos e o gráfico dos rios é do pessoal do JC.

Nenhum comentário:

Postar um comentário