sexta-feira, 14 de abril de 2017

O QUE FAZER EM BAURU E NAS REDONDEZAS (88)


ALGO DESSA FORMA MAFUENTA DE FESTAR – O KIT SE FAZ NECESSÁRIO
Tem quem traga até mesa própria

Realizamos desta forma e jeito já faz certo tempo e nos damos muitíssimo bem. É tudo muito simples, assim como nós. Em comemorações diversas e variadas, desde um mero aniversário ou mesmo algum motivo fútil o bastante para nos reunirmos em grupo, botando o bloco na rua e animadamente estarmos ali, o jeito e maneira é quase sempre a mesma. Foi a maneira mais fácil de continuarmos festando, nos revendo e, sempre coletivamente, nos revendo.

Conto como se dá a coisa. O convite é feito e já fica estabelecido de forma implícita (ou seria explícita?) que: cada um convidado (intimado ou requisitado) deverá comparecer ao local indicado, munido de um kit. O que seria esse kit? Simples. Um bom pedaço de carne (na maioria das vezes um churrasco, onde não vale carne vadia) e uma bebida (também de boa procedência). Quando requisitamos a presença de um grupo musical, requer também trazer algum (nada abaixo de R$ 10 reais) para o tradicional chapéu, onde pagaremos não só os músicos, como também o churrasqueiro e a faxina, se for o caso. Tudo computado e feito coletivamente.
Tem quem traga isopor de casa

Ontem mais uma ocorrência desta natureza aqui pelos nossos lados e tudo correndo dentro do combinado (não sai caro). Ouço de um paulistano presente no evento, desses da antiga, passando dos 80 anos, algo bem tradicional lá no meio onde frequenta festas. “Em São Paulo isso não dá muito certo. Quem promove a festa é que banca tudo e quem é convidado acaba nem vindo se tiver que participar”, me disse. Retruquei na hora. “ou o seu meio é mais abastado ou meio abilolado, pois hoje, em tempos de vacas mais do que magras, se tudo não ocorrer com a divisão do prejuízo, já havíamos deixado de festar faz tempo”. Ele se espantou e disse temer tentar fazer algo assim lá no seu território e a festa ser esvaziada. Tudo é uma questão de tentar, começar e insistir. Tem tudo para dar certo.

Somos abusados e até em festas de aniversário estamos a praticar o modelo festivo participativo. E se existirem reclamações, elas ainda não se fizeram ouvir mais do que um mero muxoxo. Na de ontem foi assim: a aniversariante bancou a comida, farta e suculenta e os convidados foram seduzidos a trazerem a bebida, participando no pagamento aos músicos. E tudo rolou divinalmente, sem ocorrências de grande monta (só uma quebra de copo). Todos satisfeitos, com pequenos gastos e felizes da vida pelos possibilitados reencontros e papos além do trivial.
Isopor estrategicamente localizado

Tem quem traga um coller, ou seja, um isopor particular com a bebida dele e introduza na festa. Ontem foram três e em todos, implícito algo estabelecido como regra: tudo bem, desde que o acesso esteja liberado. Enfim, estamos entre amigos e aos poucos, dessa forma as sacanagens também vão sendo abolidas, como a do cara que traz um colhão duro e quer só comer filé e a do que traz cristal e quer só beber Skol. Nos toques dados em forma de brincadeira tudo isso é devidamente consertado e reparado sem grandes escoriações. O que não contribui na passagem do chapéu tem também seu nome anotado e na próxima é cobrado em dobro.

Tudo isso por um único e simples motivo: a necessidade de FESTAR. Simples assim. Não fui eu, nem ninguém por aqui o inventor disso tudo. Nem sei se copiamos de alguém, mas foi a melhor forma encontrada para possibilitar esse maravilhamento de nos revermos constantemente. Estamos felizes desta forma e jeito. Vai se juntar à nossa forma de festar? Não se esqueça, traga o kit...

OBS.: Essas poucas fotos são da última, a I Festa Clandestina de Bauru, em justa homenagem ao Santo do Pau Oco, o que promete e não cumpre. Até um isopor é colocado em lugar estratégico, pois o sujeito chega e ali deposita parte do kit, ou outro vai diretamente para a beirada da churrasqueira.
O churrasqueiro é paparicado por tudo, todas e todos...

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